A Muralha da Folha

— Taaaaaaaai, acorda, acorda, acorda, acorda, chegou uma missão para você!! Acorda menino! — A travesseirada veio como um meteoro no rosto do loiro, despertando-o de seu sono aos sustos, girando na cama e caindo com a barriga para baixo no chão. O estrondo da cada tremia a casa inteira, enquanto ele olhava para cima vendo sua mae parada com os braços cruzados. Demorou para se levantar, sentando na beirada da cama com o rosto tomado por uma insatisfação. — Mas precisava mesmo me dar uma travesseirada, mae? Eu já estava acordando... — Passou a mão no rosto, retirando os amassados por ter dormido tao profundamente. Ainda entre bocejos e um olhar pesado, com a visão um pouco embaçada, puxou sua coberta até as pernas. — Uma missão mamãe? O que aconteceu? Eu não estou sabendo de nada... — Confuso, geralmente era quem recebia as próprias missões. Foi então que a mulher se sentou ao lado do loiro na cama e puxou um pequeno convite de seu bolso. Era um bilhete escrito e mão, em um papel manchado em vermelho nas pontas. — Precisamos da ajuda do herói FatGum para servir nossos clientes esta noite. Estamos passando por dificuldades dentro do nosso restaurante e ninguém melhor do que o famoso herói para ajudar! Por favor, FatGum, nos ajude! — Lia a carta com o mesmo sentimento da qual foi escrita, sorrindo levemente emocionado pelo reconhecimento naquelas palavras. — Hahaha, pode deixar comigo. Eu vou ir sim, aprendi bastante vendo você cozinhar mamãe. Vou tirar de letra. — Sorriu e se levantou, arrancando uma toalha de seu guarda-roupas e seu uniforme amarelado.

A noite caiu rapidamente naquele dia, afinal estava tão ansioso que nem viu o tempo passar enquanto treinava seus discursos heroicos, suas poses e seus sorrisos encantadores frente ao espelho. Trajado com o famoso uniforme amarelado, aquele com as iniciais ‘’F’’ e ‘’G’’ nas laterais, saiu de casa com o peito estufado e pronto para ser o herói da noite. O restaurante que ficava no centro do vilarejo tinha o nome de Vilarejo Real. Bastou passar na frente para ser reconhecido, o dono do lugar já o aguardava do lado de fora e nem ousou esperar que atendesse as outras pessoas que pediam autógrafos. O Akimichi foi puxado pelo uniforme e arrastado com uma força que nunca havia encontrado em nenhum ninja ou vilao. Aquela era a força de vontade de quem carregava o desespero dentro de si. — Calma amigo, eu não vou fugir. — Um pouco desorientado, passavam pela portinhola dos fundos e entravam de cara na cozinha. Um avental foi jogado no colo do loiro, que olhou tímido. — Er... eu vou cozinhar mesmo? — A confiança do Akimichi se esvaiu. Mesmo todo o preparo que havia feito durante o dia não foi suficiente. A tensão dentro daquele ambiente era enorme, parecia que um peso surgia em suas costas no momento em que pôs os pés ali.

— Olhem, olhem, é o grande herói que salvou aquelas pessoas no hospital! Estamos salvos! Agora sim! — Somente a presença do herói amarelado era suficiente para levantar a moral dentro da cozinha e fazer aquela sensação tensa ser dissolvida em uma aura de alegria contagiosa. Respirou fundo para acalmar os nervos. — Eu não fico assim nem contra vilões. — Olhou para o chefe de cozinha ali, colocando logo seu avental. — FatGum-kun! Eu preciso que você de um show hoje, preciso atrair clientes! — Pode ver o desespero do homem em seus olhos marejados, que tremiam com a atual situação de seu querido estabelecimento. Concordou com um sorriso, e por fim se pôs a trabalhar no local mais exposto da cozinha. O conceito do restaurante era possuir algo aberto, ter uma conexão entre cozinha e clientes, por isso todo o serviço para visível a clientela. A presença do Akimichi com avental retirou olhares curiosos dos outros clientes, que começavam a comentar uns com os outros até o telefone sem fio surgir nos arredores. Em poucos minutos todo o local estava com clientes e uma fila se formava para realizar o atendimento. — Mão na massa, Taishiro. — Pensou consigo mesmo.

O Chefe marchava as comandas e com o auxílio do sub-chefe, e a breve explicação da receita, o Akimichi tentava reproduzir com cuidado, utilizando suas habilidades ninjas para trabalhar na precisão dos cortes, das quantidades de sal, óleo, pimenta e temperatura dos pratos delicados que iria servir. A sensação de excitação era tão grande quanto a sensação de deter vilões e estar em missões ninjas, aqueles cozinheiros e cozinheiras eram tão fortes quanto os ninjas da Aldeia Oculta da Folha, o trabalho de cada um era tão desafiador quanto, a tensão chegava a ser superior. A responsabilidade de servir uma experiência magnifica com o sabor do ingrediente, aquilo se tornou algo a se pensar. Mesmo o Clã Akimichi sendo tão ligado a comida, estavam quase sempre do outro lado do restaurante, sentados na mesa esperando ser servidos. Estar do outro lado era uma virada de chave. E se quisesse seguir esse caminho também? Tornar-se um cozinheiro shinobi? Quais eram as possibilidades que poderia alcançar? Tudo estava rondando seus pensamentos durante o árduo expediente que o fez acumular uma enorme experiência em poucas horas trabalhadas.

Do outro lado, a satisfação dos clientes era visível e todos deixavam claro que voltariam mais vezes para provar a deliciosa comida do Vilarejo Real. Intrigante como um maravilhoso restaurante estava escondido no centro de Konohagakure e bastava um pouco de atenção para que sua fama explodisse, se tornando em pouco tempo algo estrelado e ‘’hypado’’. No fim do dia, todos estavam cansados, como se uma grande batalha tivesse sido travada e todos saiam vitoriosos. O chefe reuniu os funcionários e o herói, agradecendo pelo serviço do dia. — Todos foram incríveis, o restaurante bombou e colecionamos elogios. Eu não sei como agradecer sua ajuda, FatGum. Você trouxe os olhos que precisávamos para alavancar nossas vidas, obrigado! — Todos se curvaram levemente para o amarelado, que tímido realizou o mesmo gesto, com a destra em seu peito. — Foi uma honra, senhor. Não precisa me agradecer, mas me chame mais vezes para aprender muito mais! Estou disposto a virar um cozinheiro também, haha! Obrigado a todos! — Deixou seu polegar direito para frente, agradecendo todos enquanto saia. Sua barriga roncou e lembrou ‘’não experimentou nenhum daqueles pratos deliciosos que cozinhou’’. O olhar triste tomou conta dele, mas ao olhar para trás, havia um banquete esperando. — HEY! JÁ VAI! VENHA COMER! — A felicidade voltou!

HP: 240/240 | CH: 240/240 | SA: 200/200 ST: 00/05 | GD 150/150