風邪

Voltaria nesta manhã para o vilarejo onde o marido de Shizune havia perdido sua vida, não sabia muito bem por onde começar para encontrar o homem, mas faria isso. Desta vez, levava junto de mim Nagini pelo longo percurso que precisava caminhar.

Horas eram gastas nessa empreitada, admirando a beleza do deserto em contraste ao sol e alguns mercadores que passavam por mim, algumas caronas negadas, preferia seguir todo o trajeto à pé, para que pudesse espairecer a minha mente. Estava indo rumo à puro vingança, mesmo que não fossem pelas mãos de Shizune, ela conseguiria isso e nesse momento me perguntava se eu desejava também vingar a morte de meu pai adotivo, devolver aos homens à cicatriz que me deram, marcando toda a minha vida.

Olhei para o céu como se buscasse alguma resposta nas nuvens, inútil. Um pássaro passava voando por ali me despertando certo interesse em sua direção, em sua liberdade, era certamente uma espécie que me intrigava, mesmo que eu me identificasse mais com as cobras, com a astúcia de Nagini e sua bela pele pálida, a troca de sua casca para sair inteiramente nova, era uma ótima representação de evolução. Será que existe alguma invocação de serpentes? Ou... Falcões? Pairava no ar minha dúvida.

風邪

Ao contrário da viagem anterior, dessa vez o silêncio reinava, devia admitir que sentia um pouco de falta da doutora Shizune e sua insistência para puxar conversa, por outro lado, nada podia superar a quietude, a paz de poder andar por bastante tempo calado sem ser perturbado.

Horas após a minha saída da vila da areia, finalmente encontrava as ruínas que tinhamos passado, estava perto. Alguns minutos e finalmente encontrava a entrada daquele pequeno vilarejo cujo escondia um homem perverso e cruel, que encontraria seu julgamento pela minha espada. Seu nome, Hihashi Namura, logo estaria entalhado entre outras lápides naquele cemitério e assim Shizune não precisaria mais visitar sua cidade natal com medo.

Chegava por volta da tarde, talvez 15 horas, não tinha pistas e precisava descobrir o paradeiro do homem, então caminhei pelas ruas em busca da primeira pessoa que surgisse em minha frente, para questioná-la. Percebia que para uma vila pequena, não via crianças brincando na rua e recordava da última vez tê-las visto pelas ruínas, o que era estranho, pelo afastamento, apenas uma nota mental, mas a presença de adultos pelo vilarejo era quase nula, da outra vez tinha ido até ali de madrugada, desta forma não podia perceber toda essa estranheza, agora era nítido que algo de errado estava acontecendo ali.

風邪

Enfim, uma pessoa na janela, me aproximei até o ponto onde estava apenas para que a mulher fechasse a janela ao me ver aproximando, imediatamente colocava as mãos em meu rosto, afim de confirmar que estava com bandagens, só isso poderia explicar a estranheza daquele lugar para com a minha presença, mas não era esse o caso, minha cicatriz estava coberta.

Parei no meio da rua sem entender como um pequeno vilarejo sobrevivia se todos ficavam escondidos dentro de suas casas por todo o tempo. Nagini descia do meu pescoço e rastejava ao meu lado quando eu voltava a me mover. Finalmente surgia algumas pessoas, cinco ao todo, vindo exatamente em minha direção, pareciam moribundos, com olhar profundo e vestimentas sujas. Um deles, o que estava bem ao centro dava inicio à palavra.

- Olá, senhor shinobi, deseja algo em nosso hjumilde vilarejo? - Cocei minha cabeça antes de responder o sujeito que parecia falar de um modo completamente falso, era evidente que alguma coisa muito errada estava acontecendo por ali.

- Sim, estou procurando por alguém, seu nome é Hihashi Namura, você sabe me dizer onde posso encontrá-lo?

- Sinto informar que não temos alguém com esse nome morando aqui.

風邪

Não precisava ser muito esperto para entender o que estava acontecendo ali, por alguma razão estavam me escondendo algo e eu tinha que descobrir, mas agora durante a tarde seria difícil conseguir algo.

- Eu... Eu devo ter ido para o caminho errado então, me desculpem atrapalhar o dia de vocês, adeus. - Me virei enquanto o homem se despedia, enquanto Nagini continuava me seguindo. Podia de fato ter por alguma razão errado o lugar, mas aquele cemitério não me fazia confundir, tinha absoluta certeza de onde estava, mas por hora era uma má ideia avançar sozinho, precisava de um disfarce.

Continuei meu caminho para fora do vilarejo, indo rumo as ruínas, onde ficaria durante toda a tarde. Procurava algum lugar onde tivesse uma sombra que pudesse me abrigar do calor do sol e logo em seguida retirava do bolso um pacote de bolinhos comprados em Suna, me sentava e vagarosamente retirava minhas faixas, Nagini se enrolava ao meu lado também usufruindo daquela sombra que encontrava.

Quando terminasse de comer, apenas encostaria a cabeça na pilastras onde minhas costas estavam apoiadas e fecharia meus olhos, não havia perigo ali, estava apenas esperando que a noite caísse para agir sorrateiramente e se necessário buscar em casa por casa onde estava Hihashi.

風邪

Finalmente a noite caía, seria mais fácil agir agora. Me levantava do lugar por onde ficava por horas aguardando, meditando. Voltava para o vilarejo com o henge no jutsu ativo, me disfarçando de um velho senhor, queria verificar se as pessoas também rejeitariam responder a alguem de maior idade, se afugentariam-se como haviam feito anteriormente.

Continuei andando até chegar em uma das casas onde duas pessoas estavam paradas na porta, sendo uma delas um dos que tinha me encontrado horas atrás. Com minha aproximação os homens encaravam, mas continuavam no mesmo lugar.

- Onde.. Fica o líder deste vilarejo? - Falei calmamente tentando imitar uma voz que não era minha.

- Siga em frente, verá uma casa com ornamentos azulados, é esta que você procura.

Abaixei a cabeça e curvei um pouco, logo em seguida segui para o caminho que me era indicado.

Chegando na residência que deveria ser do líder daquele vilarejo. Assim que chegava fui disfarçadamente para a lateral da casa, onde desfiz o henge para ficar mais confortável.

Comecei analisando as frestas da janela para ver se conseguia encontrar alguém na residência, felizmente via o sujeito completamente sozinho, mas ainda sim rondei um pouco a casa para ver se outros estavam lá.

風邪

Estava tudo limpo, o homem estava completamente sozinho naquele ambiente, era hora de agir. Depois de ter rodeado toda a residência, sabia onde estavam as janelas abertas e as fechadas. e bem ali, nos fundos uma semi-aberta, a levantei devagar com cautela para que o homem não percebesse a minha entrada e andei sorrateiramente até a sala onde ele estava sentado bebendo solitariamente uma garrafa de algo provavelmente alcolico, passei por sua cozinha e corredor antes de finalmente chegar até a sala.

- Olá... - Falei calmamente ainda vendo-o de costas para mim, o susto fazia-o derrubar o copo no chão e se levantar rápido se virando e me encarando.

- Se acalme... Eu sei o que você quer, só não podia.. Te alertar em meio à todos, por isso deixei as janelas abertas, esperava que tivesse me seguido até aqui.

- Certo, então me diga, o que esta acontecendo com esse vilarejo? - Podia notar o sentimento de angustia que aquele homem carregava, como se toda sua vida estivesse pesando em seus ombros. Ele caminhou devagar para mais perto de mim, onde uma grande mesa estava ao lado, e se assentou colocando as mãos na cabeça, como se tentasse remover algum tipo de dor.

風邪

- Eu sei onde Hihashi está... Todos desse pequeno vilarejo sabem. - Me respondia o óbvio, mas continuei em silêncio para escutar o que ele tinha a falar.

- Há alguns anos eu dei para Hihashi o poder de monitorar a vila, como um xerife, ele é um homem forte, conhecido por todos e já foi um grande shinobi... Com o passar dos anos, ele começou a abusar de seu poder e se envolver com coisas criminosas, ajudando a facilitar a rota de ninjas fugitivos, oferecendo abrigos e outras atividades ilegais envolvendo mulheres. Aos poucos alguns começaram a se revoltar contra ele, mas sempre apareciam mortos... Até um ano atrás tudo acontecia por baixo dos panos, mas Hihashi se cansou de esconder quem era e agora ele anda livremente pelo vilarejo pegando o que quer e quando quer, quem o entrega acaba morto... Ele já matou a minha esposa, levou nossa pequena filha e eu não pude fazer absolutamente nada. - O homem chorava desesperadamente, dava para entender suas razões, agora só tinha mais motivos para parar o assassino do marido de Shizune, a punição não viria somente por ele, agora todo um vilarejo dependia do sucesso dessa missão.

- Isso acaba hoje... Me diga onde ele está.

風邪

Finalmente tinha o endereço do culpado por todo aquele medo nos olhos dos moradores do vilarejo, saí da casa do pobre líder da  vila para seguir rumo à base do homem, já sabendo que seria um confronto problemático, visto o número de membros que tal  facção tinha, precisava diminuir a quantidade deles com algum ataque sorrateiro e massivo. Era informado que todos negócios clandestinos aconteciam dentro de uma mesma casa, quando chegava até o lugar, conseguia entender facilmente como aquele homem, Hihashi, tinha tomado o controle de toda a vila, sua casa era desproporcional às outras na vila, certamente construída com impostos indevidos, sua fortuna estava prestes a ruir em minhas mãos.

Logo na entrada, dois homens estavam conversando distraídos, precisava eliminá-los rapidamente para que não desse chance de alertarem todos os outros, portanto, saquei minha espada samurai e usei de toda a minha velocidade para realizar um único ataque, um corte reto na horizontal que visava atingir a garganta de ambos, Hisashi era sujo, todos que estavam ao lado dele também, friamente tiraria a vida daqueles homens, aproveitando me da escuridão noturna. Logo após executar aqueles dois, coloquei duas kibaku fuudas debaixo de seus corpos e os deixaria ali, jogados para quem fosse encontrar.

風邪

Iniciado o meu plano subia pelas paredes da casa até atingir o seu segundo andar, usando do jutsu simples de manipulação de chakra, prendias minhas solas na parede enquanto escalava em uma corrida para quebrar a primeira janela que visse. Entrava no cómodo já sabendo rapidamente estilhaçando o vidro e pegando de surpresa os homens que estavam ali, eram em grande maioria brutamontes, mercenários com pouca ou nenhuma habilidade exceto intimidar os mais fracos. Ao todo eram três homens, retirei duas shurikens e lancei contra a cabeça de dois deles enquanto corria em direção ao terceiro para finalizá-lo com um golpe na garganta. Todas as ações eram feitas em minha velocidade máxima, tornando dificil para que meros mercenários pudessem sequer reagir.

- Quebrou garrafa aí dentro de novo, né, Korono? - Via a porta se abrir lentamente e fiquei parado em frente à ela, apenas aguardando que ele ficasse exposto para mim. Mal teve tempo para sacar a sua espada, acelerei em sua direção utilizando shunshin e no fim atravessava o peito do homem pegando-o de surpresa. Deixava-o cair em cima de mim para que pudesse deixá-lo junto aos outros naquela sala com sangue por todos os lados.

風邪

Dentro daquela casa que mais se parecia com uma mansão, seria difícil descobrir onde estava Hihashi, precisa interrogar alguém. Saí da sala lentamente e caminhei pelos corredores de modo igual deixando meus ouvidos atentos para que não fosse pego desprevenido e pudesse escapar antes de um sinal grande de perigo. Abria lentamente as portas de casa lugar em que passava buscando encontrar alguém, mas nada acontecia pelas três primeiras tentativas, até ouvir a conversa entre dois homens.

- Que dia chega o carregamento? -

- Amanhã de manhã, chefe. -

Era ele, quem eu estava procurando, não tinha muito mais razão para me esconder, mas dar as caras alí apenas faria com que ele chamasse reforços, tinha que pegá-lo sozinho. Comecei a seguir o homem, mantendo-me sempre uma esquina atrás e abusando de minha audição para não perdê-lo de vista, até que finalmente o escutasse abrir uma porta. Precisava apenas.

Continuei o caminho e entrei na porta, vendo ali dentro Hisashi e mais dois.

- Quem é você? - Os dois homens imediatamente puxaram espadas e montaram guarda.

- É o shinobi que eu te falei chefe, que apareceu de manhã! -

- Vim cobrar a punição. - Falei friamente encarando-os.

風邪

- O nome Shizune Kamura te lembra de algo? -

Esse momento era critico e minha punição imparável, pela primeira vez utilizaria do nivel mais alto de minha habilidade como espadachim. Quando via Hihashi fazendo o primeiro selo já sabia que ele estava tentando atacar, tinham me alertado sobre suas habilidades como ninja, talvez um chunin ou tokubetsu como eu, de qualquer forma, ele era um Nukenin de Suna  eu iria levar sua cabeça de volta para a vila. Com o Iaido impedi que ele fizesse qualquer movimento defensivo ou até mesmo de ataque, o corte passava pelo seu corpo o fazendo cair ao chão.  Os outros dois homens que estavam ali me encaravam, nada era mais surpreendente para um espadachim do que assistir um verdadeiro samurai em combate, eu sabia disso, já tinha estado do outro lado.

- Larguem suas espadas e rendam-se ou estarão mortos antes que possam contar até dois. - Segurava firme minha arma, orgulhoso de minhas habilidades e em ter utilizado meu máximo para aquilo, não queria ter dado brechas para o inimigo e assim fazia. Os homens sem muito o que fazer soltavam suas espadas e se ajoelhavam.

- Seus malditos, cof cof, me defendam! - Gritava o bandido com os braços apoiando a barriga ferida.

風邪

Hihashi levantou com dificuldade, tentando inutilmente me atingir, estava muito mais rápido e qualquer movimento meu parecia um borrão para ele, em um instante parei em suas costas, levantei minha espada com ambas as mãos e girei o corpo junto da arma, passando-a em alta velocidade e precisão pelo pescoço do Nukenin.

A cabeça do homem caía para um lado e seu corpo para o outro, rolando pelo chão. Andei tranquilamente pela sala até olhar novamente para os dois homens que estavam ainda ajoelhados. - Vocês ainda estão aqui? - Uma curta frase, que fazia os dois correrem desajeitados em direção a porta, mesmo que alarmassem outros do que eu acabava de fazer, não ficaria ali por muito mais tempo. Infelizmente não tinha tempo de usar as Kibaku Fuudas escondidas nos corpos da entrada, mas ainda podia espalhar algumas por aquele ambiente atual, era isso que fazia.

Em seguida peguei um manto que cobria uma poltrona chique, comprada com dinheiro sujo e a usei para enrolar na cabeça decepada de Hihashi. Só me restava ir embora dali, descendo pela janela do ambiente e ao saltar realizava o selo necessário para explodir os papeis bomba deixados para trás, formando um belo show de fogos atrás de mim, que ia embora do pequeno vilarejo levando o que tinha ido buscar.