RPG ROLEPLAY AMBIENTADO NO UNIVERSO DE NARUTO
Shinobi World
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Lua Sangrenta
Arco 5 - Ano 785
Com a interrupção durante o Torneio Shinobi, Shin mostrou ao mundo seus verdadeiros poderes. O revelado Primeiro Hokage liberou sobre a Nuvem uma gigantesca besta de dez caudas que destruiu grande parte da Vila, se mostrando uma antagonista capaz de se opôr mesmo à quatro das cinco Sombras unidas. Com a união de todos os ninjas das cinco nações e alguns renegados, a besta foi finalmente derrotada.

Mas, para a surpresa de todos, o verdadeiro caos veio quando Shin liberou seu verdadeiro poder — Shinra Tensei —, assolando Kumogakure praticamente inteira. E, com o fim da batalha na Nuvem, um olhar sanguinário brilhou no céu, com a revelação da Lua Sangrenta.Um ano após os acontecimentos no País do Relâmpago, uma grande fissura surgiu na superfície da Lua Sangrenta, causando especulações de todos os tipos. As Nações, mais uma vez banhadas na incerteza e insegurança política, se vêem em uma tensão que pode eclodir em uma guerra à qualquer instante, entre qualquer uma delas. O ciclo, outra vez, se inicia.
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Post Mortem




I

Aquela fotografia amarelada, marcada pelo tempo, disposta sobre a mesa, exibia macabramente duas crianças, arrumadas de maneira a parecer que as duas estavam dormindo um sono santo, puríssimo, enquanto do céu os anjos desciam, cantando o seu virginal e fúnebre requiem. A imagem, um tanto marcada pela sombra quanto pelo bizarro, destacava-se no meio de um extenso álbum, onde uma família orgulhosamente lembrava de seus entes queridos e de suas passagens. Tomie deixou sua mão tocar a superfície de cada uma das fotografias, sentindo a aspereza quase que cortar seu dedo, era muito estranho como todas aquelas pessoas jaziam ali, tão perto dela, ao mesmo tempo que estavam tão longe. Uma senhora se aproxima da moça, carregando consigo todo um aparato para servir chá. Com as mãos vacilantes, ela coloca todos os utensílios sobre a singela mesa de centro, enquanto senta numa cadeira de acabamento fino.

— Eu nunca imaginei que veria você aqui, querida sobrinha, é realmente triste o que aconteceu com seus pais e sua irmã… — disse, embora não conseguisse esconder o tédio de ter que lembrar de parentes tão distantes, contudo, assim como um animal doente que aceita de bom grado ser abatido, tamanho seu ócio, proveniente de sua riqueza, que ela não poderia evitar receber em sua sala sua “querida” sobrinha. — Elise, aquele acidente pegou a todos de surpresa, creio que eles tenham deixado uma boa quantia de dinheiro para trás, certo?

Tomie queria muito rir, toda a situação exibia o charme da nobreza que se sustentava com o sofrimento alheio. O dinheiro é a alma do burguês, a tradição a do nobre. Apesar de querer esconder a sua origem por meio de títulos nobiliásticos comprados, a senhora permanecia sendo uma típica burguesa no fim da vida. Dona de dois restaurantes e de uma grande loja de ferramentas ninjas, a senhora ainda possuía bens em diversas casas que alugava por toda a aldeia oculta, como também em outros vilarejos no País do Fogo e nações satélites. Todo o seu requinte, sequer poderia ser comparado com o mais empobrecido dos nobres, a maneira caricata com que atuava, aquele papel bobo, dava a cena uma comicidade ímpar para a ninja. Até mesmo a maneira que a velha, com muita dificuldade, bebericava seu chá, revelava toda a sua falta de compostura, diante das rígidas normas que regem o comportamento das famílias de sangue azul.

— Ainda não me preocupei com isso, tia — respondeu Tomie —, mas creio que minha visita não tenha acontecido em boa hora, vejo que tem com você uma carruagem distinta, parece que veio de outro país, estou certa?

A senhora sorriu, um sorriso estranho, como se estivesse chegando a alguma conclusão, de algo escondido nas intrépidas névoas de um segredo óbvio, mas que ainda assim permanecia ali, entocado, em nome de um benevolente jogo infantil, paradoxalmente diabólico, de qual ambas as partes saiam entretidas.

A ninja por um momento pensou ter se entregado, afinal, estava lidando com uma velha raposa que conseguia ler nas entrelinhas de seus clientes que formou durante sua longa vida, ainda assim, o rosto fresco de Elise caia tão bem no seu, que por mais que a mulher alimentasse certa desconfiança, ela não tinha certeza de nada.

— Se engana mocinha, achando que o dinheiro não é uma coisa para se preocupar, veja, você viu as fotos das minhas filhas, certo? — Com dificuldade, a mulher levantou-se até a mesa de canto, abriu a gaveta e retirou novamente aquele álbum de fotografias novamente. — Todas as noites ainda penso o que poderia ter feito para salvar as duas se tivesse um pouco mais de dinheiro, infelizmente, não tive como tratá-las.

— E por que não pediu ajuda ao vovô? — perguntou Tomie, honestamente curiosa.

— Pelo visto você se esqueceu com quem eu me casei — respondeu sem pestanejar. — Seu avô jamais aceitou meu casamento e via as próprias netas como um erro, muito diferente do que ele faria por você, minha querida, se estivesse na mesma situação.

O tom de voz amargo e rancoroso com que respondeu sua suposta sobrinha fazia parte daquela peleja mental que as duas estavam travando. A pesquisa de antecedentes que fez sobre Elise, antes de matá-la, mesmo que tivesse substancial informação sobre o passado daquela família, poderia ter informações viciadas pelo ponto de vista da moça, que tinha não mais que quinze anos, e isso tornava tudo mais excitante, Tomie estava ansiosa para ser descoberta, contudo, a senhora avançava alguns passos em direção a verdade e recuava mais três, executando uma dança misteriosa. A ninja, deliberadamente, tinha consciência que estava presa num compasso ritmado pela sénior, e não faria qualquer esforço para sair dele, dançaria conforme a música. Mesmo assim, manteria em mente que não se repetiria os eventos que aconteceram com ela quando achou que estava manipulando a sua tia de verdade quando na verdade era ela, a manipulada.

— Eu sinto muito.

— Não há mais motivos para se sentir querida, vamos, coma alguns biscoitos.

Tomie pegou um biscoito delicado, branco, macio e com um recheio estranho, que envolvia a boca numa espécie de lascividade erótica, mastigou lentamente, deixando que o doce se misturasse a sua saliva, até se tornar nada mais que um amontoado de massa, engoliu-o, sentindo o percorrer seu corpo. Fez todo esse movimento com os olhos de sua suposta tia presa sobre seu corpo, como se ela dissesse, eureka! Ela enfim tinha descoberto que aquela não era sua Elise. Tomie levantou, tomada por uma estranha euforia, e caminhou até a porta, verificando que a mesma estava trancada, a chaves, que ela tinha tomado do mordomo que agora jazia morto em algum lugar ali.

— Como descobriu? — perguntou a ninja, mantendo o rosto de Elise sobre o seu, com um tom de voz passivo, tão passivo quanto a de um pássaro que canta ao fazer seu ninho.

— Elise não come biscoitos, além do mais, todo o seu comportamento é muito diferente da minha sobrinha — respondeu, bebericando o chá.

A tensão tomava conta do lugar, até mesmo o barulho do relógio, até então alheio a tudo o que aconteceu, fazia-se presente, como se gritasse para a sua velha senhoria para que saísse dali, imediatamente.

— Você não tem medo? — questionou Tomie, dessa vez pegando mais um biscoito.

— A idade não me permite ter medo.

— Tem mais alguém aqui além de você e o mordomo, certo?

— Tinha, não mais.

A senhora lançou tudo num movimento ousado de all in, supondo que a simples descoberta já havia vencido Tomie, a ninja, por outro lado, consciente de que, independente do resultado, a vitória já não seria mais sua, não aceitaria terminar com o sofrimento daquela senhora tão rápido.

— Uma pena.

— O que você quer? Vingança por alguma coisa? Dinheiro?

Tomie começou a rir, sua risada, típica, se tornou intensa, aguda e insuportável, como uma criança ao ouvir uma anedota supostamente infame. A mulher permaneceu com sua feição calma, como se a morte já tivesse lhe informado que o fim estava próximo.

— Dinheiro… Dinheiro não serve pra nada — respondeu Tomie. — Muito menos para onde você vai.

A moça se levantou, caminhou até a senhora que permaneceu sentada, sem encarar Tomie, como se a ninja não passasse de alguma alucinação a qual os médicos sabiamente mandam ignorar, porém, diferente de uma alucinação que nos induz a cometer atrocidades contra nós ou contra outros, Tomie possuía materialidade e, em poucos segundos, pôs-se-à chutar o rosto da senhora que foi se tornando cada vez mais arroxeado e inchado. Tomie, ofegante, repleta de um ódio reprimido, observou a sua obra de arte, enquanto a mulher jazia no chão, semi-morta.

— A morte é uma artista e eu sou sua maior fã, mas ainda não é tempo de você morrer, precisa me ajudar com algo — disse a ninja, ofegante, como se tomada por um intenso prazer. Realizou algumas posições de mãos e, de si, projetou um espectro que foi até a mulher, sarando algumas de suas feridas.

— O que é isso? — gritou a mulher. — Que diabos você está fazendo? Anna? É você Anna?

— Que estranho, ela acha que está vendo o espírito da filhinha morta! — constatou a ninja, em tom zombeteiro.  Mas ainda faltam alguns ajustes.

A ninja então pisou sobre o rosto da mulher, numa atitude de visível superioridade e então ordenou, assim como o faz um monarca absoluto:

“Vamos, diga-me, o que viu e como se sente?”

A senhora permaneceu repetindo o nome de sua filha, enquanto lágrimas vertiam de seu rosto. Tomie distanciou-se alguns metros e tornou a conjurar aquela estranha técnica, repetiu o processo inúmeras vezes, até beirar a exaustão e, quanto mais fazia, melhor a mulher se tornava, pelo menos fisicamente, mas pior se tornava mentalmente, como se a insanidade compusesse o principal aspecto de seu caráter. A senhora que parecia tão respeitável no início, agora não era mais que um bêbe, coberto de saliva, mijo e fezes, tudo isso acompanhado de perto pelos olhares gentil das filhas mortas.

— Agora é hora de procurar o seu netinho, você disse que ele escapou, mas duvido que tenha feito, visto que o cocheiro aceitou uma boa quantia minha para fechar os olhos e sumir daqui.

— Hikari jamais nos trairia — disse a velha, num ato de súbita lucidez. Um estranho vazio parecia contornar seus olhos como se, em breve, ela se materializasse numa fotografia gigante, post mortem, de si, mas sua preocupação com o neto impedia que deixasse aquele mundo.

Tomie deu uma risadinha, então fez um tom de voz na tentativa de imitar aquela senhora:

“Se engana mocinha, achando que dinheiro não é uma coisa para se preocupar”.

A senhora, ao ouvir aquelas palavras, arrastou-se como um verme até as pernas de Tomie, e então a segurou, firme, ou pelo menos era o que pensava de seus esforços, a moça, mirou a mulher, tomada por uma sensação de superioridade, tudo aquilo já estava perdendo a graça, foi então que ela viu um menino na escada, não mais que oito anos, gritando:

“Solte minha vó!”

O menino, com os olhos tomados de lágrimas, segurava um gato rajado, com quem dividia a coragem de estar diante de uma figura tão perversa.

— Tia Elise, pare, por favor!

— Abe, não se aproxime! Saia daqui imediatamente! — gritou a avó.

Tomie abriu um sorriso maléfico, relembrou da vez que matou os pais de uma menina na frente dela, e a deixou viver para lidar com isso, imaginou onde essa menina estaria agora. Tirou uma kunai da sua bolsa de ferramentas ninjas, agachou-se até a senhora e cortou-lhe a garganta, o chão foi tomado por aquele mar vermelho, enquanto a mulher, agonizante, ainda tentava segurar a moça.

— O amor é engraçado, não é, Abe? — disse Tomie, olhando para o menino, que começou a se urinar. O gato, mais sábio que qualquer um ali, pulou dos braços do menino e iniciou sua corrida em direção a uma janela que estava entreaberta, a mulher, tomada por seu instinto assassino, tirou uma kunai e lançou contra o animal, mas errou.

— Ops! Parece que errei! — comentou ela, abrindo um sorriso e dando passos lentos até a criança que, tomado por um medo mortal, não conseguiu mover um músculo sequer.

— Titia…

Tomie agachou-se e deu um beijo na testa da criança. Depois, afagou-lhe os cabelos.

— Não quer tirar uma foto da vovó? Pra gente por no álbum? — perguntou a ninja.

— Por que titia? Por que você fez isso?

— Quem sabe?

A mulher permaneceu parada, enquanto o menino começou a realizar algumas posições de mão. Ela não pode conter a risada ao notar que o menino, no auge de seu desespero, começou a agir como um ninja, achando que poderia realizar alguma técnica que poderia defendê-lo ou, quiçá, vingar a morte de sua querida avó. Entretanto, ao subestimar a criança, Tomie foi atingida por uma poderosa rajada de vento, que a lançou contra a parede, batendo suas costas e perdendo a respiração por alguns segundos.

— Que… Que porra é essa? — disse, tentando recuperar o fôlego.

— Eu vou te matar! — gritou o menino, utilizando manipulação do vento contra ela.

— Esse pirralho, como ele consegue utilizar técnicas ninjas? — ela se perguntou.

Pega de surpresa, ela não pôde fazer mais que recuar. É claro, se quisesse, ela poderia facilmente matar o menino, mas aí não teria graça, o deixaria viver, assim como deixou aquela menina, apenas para matá-lo quando estivesse mais forte e confiante. Já na parte de fora, distante daquele casarão, deixou que o rosto falso que encobria o seu próprio, escorresse para o além e aplicou aquela projeção curativa de outrora sobre si, sentindo ela própria um calafrio, como se sua sanidade estivesse sendo tomada. No bolso, carregava a fotografia das duas meninas mortas, olhou mais uma vez para casa, voltaria lá mais tarde.


II

Assim que a noite chegou a casa foi tomada por alguns ninjas, sendo que a própria Tomie estava, agora, entre eles.

— De acordo com o garoto, foi a tia Elise que matou a avó, o que é estranho — disse o inspetor — fez a autópsia no corpo dessa Elise, Tomie?

— Sim — respondeu a mulher. — Ela se matou algumas horas depois de cometer os assassinatos — mentiu, descaradamente, gozando do privilégio sua profissão enquanto médica.

— Então no fim era verdade.

De longe, o garoto observava tudo, enquanto subia numa carruagem sabe-se lá para que direção. Sonhando em ter criado outro vingador, naquela mesma noite, uma chuva torrencial caiu sobre o País do Fogo, a carruagem que levava o menino sofreu um terrível acidente e ele morreu soterrado entre o lamaçal e as pedras de um barranco, sobreviveram, ironicamente, os cavalos e o cocheiro.

— Como a vida é cômica — pensava Tomie, enquanto realizava os exames post mortem daquele garoto, uma lágrima escorreu do rosto da mulher, sabe-se lá o porquê.


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