Numa espécie de domo atmosférico de alta pressão, o céu límpido e sem sinal de chuva de Konoha, dava o ritmo do dia, com inúmeras pessoas indo e vindo de seus afazeres naquele agradável clima ameno e seco. Se por um lado o dia-a-dia bucólico dos campesinos seguia, na medida do possível, como se astros e demais corpos celestes estivessem na mais límpida sintonia, por outro lado, as tensões que, como uma tempestade persistente, tóxica e cruel, permaneciam como uma nuvem negra quase no ponto de saturação para precipitar sobre a burocracia militar da aldeia.

Tomie estava em seu gabinete, como de costume, despretensiosamente passando o olho numa miríade inesgotável de documentos. Alguns deles redigidos em papiros, outros, com características mais modernas, pareciam ter saído de fábrica, no entanto, todos tinham em si uma aura austera, revelando e, quiçá, ocultando, dias tenebrosos da aldeia. Um desses documentos, mais recentes, tingidos de um vermelho escuro, quase como sangue ressecado, chamou a atenção da mulher.

Normalmente os documentos da vila, por ordem da Nona, eram organizados de D a S, os documentos mais importantes, que não poderiam esperar um longo tempo, se destacavam quase sempre por serem muito antigos, resultado das drásticas mudanças na aldeia que tinha se tornado a mais instável do mundo.

— Seisei… — pensou, depois tornando a olhar para seu assistente. — Um grupo conhecido como Seisei (renascer), tem se espalhado por todo o país do fogo — seu tom de voz emitia uma certa curiosidade e preocupação. Para a mulher, ocupar aquele que devia ser o cargo mais letal do mundo, exigia conhecimento e perspicácia, não poderia deixar aquele tipo de coisa florescer ali, na Folha — e pregado uma filosofia anti-bélica, pacifista, contra hegemônica, defendendo a tese de que os senhores feudais e os kages são enviados do deus "Kusatta" (Putrefato) no mundo.

Mais uma vez voltou seu olhar para o relatório, sua feição bela e suave, vez ou outra dava uma amostra de irritação e austeridade.

— Um desses templos foi fundado em Konoha há dois meses e já conta com quinhentos e oitenta membros, segundo relatório da Anbu — colocou o documento de lado e propôs ao seu assistente — vamos com um anbu, disfarçados até esse templo e entender melhor o que eles fazem lá, segundo informado, eles se reúnem a noite para o que chamam de grande encontro.

Considerações: