Do alto de um dos diversos prédios espalhados pela Folha, o espadachim assistia em silêncio. Não estava oculto, afinal não precisava, apenas analisava as figuras dentro do beco, e ouvia o diálogo que ocorria entre elas com tanta facilidade que parecia estar ali no meio. Claramente, eram aqueles os homens responsáveis por promover a ideia de um ataque terrorista contra a Sombra do Fogo, entre si eles debatiam sobre a necessidade de aumentar a popularidade do grupo, atrair novos membros para o esquadrão revolucionário que estavam montando, e debatiam sobre como realizariam o ataque. Que palhaçada, sua mente chamava para falar a respeito da conversa que ouvia saindo de dentro do beco escuro, qualquer indivíduo que se coloca como ameaça para a Sombra, é também uma ameaça para a Folha.  E deve ser eliminado.

E era necessário eliminá-los antes que o tal movimento ganhasse qualquer tipo de força ou relevância. Cortar o mal direto pela raiz, como as pessoas costumam dizer em situações como essa. Uma tarefa até simples, para alguém do nível do espadachim, poderia cumprir seu dever de olhos fechados, se quisesse. Mas como assistente da Sombra, ele sentia que garantir a sua segurança era parte crucial do seu trabalho.

E então, do telhado do prédio, ele saltou. Somente um vulto escuro caindo até o beco, em uma velocidade tão alta que a maioria teria dificuldade para acompanhar com os olhos. A espada foi desembainhada no meio do salto, e aterrissou sobre o crânio de um dos revoltosos, cortando-o de cima para baixo em um único golpe seco e certeiro, sem lhe dar a mínima chance de escapar.

Mas aquele era apenas o primeiro, restavam mais quatro para serem eliminados.

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A lâmina se desprendeu do crânio com certa dificuldade, mas nada que não fosse facilmente resolvido com seu pé esquerdo servindo como contrapeso para ajudar no processo. Hayao encarou os rebeldes remanescentes, se mudar a expressão de desprezo que sentia por eles em nenhum momento sequer. Olhou dentro dos olhos de cada um por um breve segundo, como se quisesse avisar cada um deles do que estava por vir.

— Porra, olha o que esse maluco fez! — Um deles, tão espantado com a cena como todos os outros, era o único ainda capaz de expressar horror com palavras, enquanto todos os outros se apenas tremiam e suavam, dividindo olhares entre o espadachim e o corpo sem vida do rebelde caído no chão. Um outro, provavelmente o mais esperto dos quatro, correu para o fundo do beco e, desesperadamente, tentou escalar o muro alto para escapar. Hayao parecia indiferente, como se tivesse certeza de que não havia escapatória para nenhum deles.

Um outro, certamente não tão inteligente quanto o amigo, partiu na direção do espadachim com toda a raiva que era capaz de expressar em gritos. Tão lento, pensou Hayao. Tudo que fez foi atirar a própria katana contra o solo, afundando sua lâmina no terreno, e equilibrando-se sobre a sua empunhadura em seguida. Sobre a arma, ele apenas desferiu um chute no peito do homem que se aproximava, jogando-o contra outro rebelde e fazendo com que os dois caíssem no chão.

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O que ainda estava de pé, que havia tentado miseravelmente escapar subindo o muro, em um ato de puro desespero correu pela lateral e passou ao lado do espadachim, buscando sair dali na maneira mais improvável possível. Mas, para a sua surpresa, Hayao sequer se movimentou na sua direção. Como se tivesse deixado o homem escapar, ele desceu da espada e a removeu do solo, tão naturalmente quanto a sua força absurda permitia.  

Os outros dois que haviam caído com a técnica usada pelo espadachim, se levantaram com dificuldade e ainda pareciam determinados a lutar. Mas, dessa vez, a abordagem parecia ser diferente. Um retirou uma lâmina curta de dentro das roupas e avançou na direção do espadachim, o outro, atrás do primeiro, iniciou uma sequência de selos. A princípio, Hayao não se via capaz de dizer qual técnica seria usada com aquilo, e sequer lhe daria o tempo necessário para descobrir.  

Depois de abaixar levemente o torso e aproximar a espada da própria cintura, o espadachim, com um único movimento, disparou em alta velocidade na direção dos dois homens ao mesmo tempo que balançava sua lâmina da lateral direita até a frente do próprio corpo. Nenhum deles foi capaz de entender ou sequer de ver o que aconteceu, ambos foram partidos ao meio pelo mesmo golpe de espada, em uma ação tão rápida que nenhum deles teria a menor capacidade para traçar uma defesa se lhes fosse dada a chance de fazê-lo.  

Ainda no canto mais extremo do beco, quase oculto pela escuridão causada pela sombra onde estava, restava mais um rebelde vivo entre todos os corpos espalhados no local. Agachado, provavelmente apavorado, o homem sequer assistia o que acontecia ao seu redor. O rosto estava escondido entre os braços, apoiados nos joelhos. Era ainda possível ouvir o homem assustado murmurando alguma coisa, parecia até implorar para alguém que aquele pesadelo acabasse o quanto antes.

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Após eliminar o último rebelde no beco, Hayao olhou em volta e analisou o lugar. Quatro corpos espalhados, sangue jorrado pelo chão e pelas paredes, sem citar o sangue que manchava suas roupas. Que merda. Em seguida, suspirou. Ele não estava cansaço, afinal aquela missão certamente seria facilmente realizada por ninjas de menor patente do que a dele. Mas, ainda que não expressasse com muita clareza, era um fato que realizar o trabalho sujo não lhe trazia tanto orgulho assim.

— Ah, é mesmo, um deles fugiu. — Depois de encarar a cena ao redor por alguns instantes, Hayao se lembrou que ainda restava eliminar o homem que havia corrido do beco para salvar a própria vida. Ele conseguia ouvir os passos apressados do rebelde que ainda estava vivo, o que lhe indicava a direção que deveria tomar para alcançá-lo. Após aproximar-se de um dos corpos e utilizar suas roupas para limpar a lâmina, Hayao deixou o beco e correu na direção do rebelde ainda vivo para terminar seu dever.

Correndo na maior velocidade que podia, apenas alguns segundos foram necessários para alcançar o homem que corria perdidamente pelas ruas e vielas da Folha. Bastou apenas ficar próximo o suficiente do alvo para que Hayao pudesse cortá-lo com um golpe lateral de sua katana, passando a lâmina da arma pelo pescoço do rebelde e cortando sua cabeça para fora de seu corpo.

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