Era inverno em Sunagakure, há poucos anos atrás. O jovem Gwyn ainda estava com dificuldades na realização de alguns jutsus simples, ainda mais precisando conciliar com algumas tarefas domésticas e na farmácia de sua mãe. As discussões sobre o futuro do jovem garoto eram constantes, com Harumi e Kenji, seus pais, debatendo sobre o melhor caminho para o futuro dele. Kenji, como um exímio shinobi do clã Senju, debatia que não haveria nada mais honroso do que a devoção com a própria vila e utilizar sua herança genética para protegê-la de todo o mal. Harumi, por outro lado, possuía um senso de proteção para com sua cria, no qual o patriarca jamais entenderia. Se pudesse colocá-lo sob suas asas por toda a vida, assim o faria.

Mas Kenji conhecia o coração do menino mais do que ninguém. Gwyn sempre teve aspirações dignas de um herói, um senso de dever, cuidado e proteção que era absurdamente escassa no mundo, tanto quanto eram escassas fontes de água por aquele país. — Bunshin, huh? — Mencionava o pai quando o jovem Gwyn lhe deu as notícias sobre as notas ruins na academia. — Apesar de ser apenas um jutsu ilusório, dá um trabalhão mesmo para aprender… — Ele coçava a cabeça, meio indeciso, ainda mais considerando a possível fúria de Harumi caso acabasse sabendo. — No campo de treinamento quando sua mãe estiver na farmácia então, combinado? — O sorriso de Kenji era resplandecente, e iluminava o coração sonhador do jovem menino.

O jovem shinobi partiu em direção ao campo de treinamento muito antes do horário combinado. De lá, ficou observando equipes de jovens Genins treinando para suas primeira missões em conjunto, coordenadas pelo seus respectivos Jounins. Professores e alunos possuíam uma sinergia no qual Gwyn admirava, e o ensinamento passado de uns para os outros fazia o rapaz prestar atenção como se dobrasse o tamanho de suas orelhas. Bolas de fogo, rajadas de vento e torrentes de água eram disparadas de um lado para o outro, demonstrando o exímio controle dos elementos por parte dos estudantes da academia. Estaria ele tão longe assim?

Os jovens dali não tinham mais do que três anos à frente dele, mas ainda parecia que havia um abismo até se perder de vista entre suas capacidades com as de Gwyn. Seu pai dizia que isso era normal, que o aprendizado costumava escalar em velocidades absurdas. Até mesmo havia contado a história de uma vez de um garoto que possuía extrema dificuldade para fazer simples bunshins, mas que depois de treinar muito, havia sido capaz até mesmo de aperfeiçoar a técnica proibida do Tajuu Kage Bunshin no Jutsu. Era baseado nesses tipos de contos que Gwyn se prendia.

— O futuro da vila estará realmente em boas mãos. — Gerava um espanto a aparição de Kenji de forma tão sutil, estando o mesmo sentado ao seu lado como se estivesse há muito tempo por ali. Kenji nunca havia revelado como fazia aquilo, uma vez que ele havia se tornado um famoso shinobi por ser capaz de percorrer grandes distâncias a uma velocidade de um piscar de olhos, mas ele prometeu que, um dia, ensinaria Gwyn tudo o que sabia.

Sua aparição não passou despercebida para os demais. Jounins vieram cumprimentá-lo, bem como alguns alunos mais entusiastas. A verdade era que Kenji, também conhecido como meu pai, era um shinobi de elite, reconhecido em muitos países em decorrência do sucesso em suas missões humanitárias. Seu coração era muito maior do que as fronteiras, mas foi ali que ele escolheu viver com sua família, e seu renome o acompanhava para onde quer que ele fosse. — Certo, agora vou precisar cuidar um pouco do meu filhote. Não digam para Harumi, sim? Hahahahahaha! — Com um pouco de descontração após a socialização, os demais ninjas se afastaram para prosseguirem com seus treinamentos, enquanto Gwyn e Kenji seguiam para a lição do dia.

Se você conhece bem Kenji Senju, saberá que para ele, qualquer bom treinamento se inicia com uma longa meditação, numa tentativa de unificar seu espírito com os elementos ao seu redor. Para um Senju, que extrai boa parte de seu potencial do chão ao fazer emergir árvores e raízes, parecia funcionar bem. Mas mesmo que Gwyn também possuísse seu sangue e sua herança genética, parecia ser difícil ao jovem garoto fazer algo tão… Parado. Um ronco baixo até mesmo era escutado pelo seu pai, que o cutucava com um galho para recobrar a consciência. — Se fosse para dormirmos, ao menos te levaria a um lugar menos quente. — Seu jeito era brincalhão, mas autoritário. Seu tom de voz era mais leve quanto o assunto era sua criança, mas ainda havia disciplina em seus métodos.

O passo seguinte veio a ser o controle do fluxo de chakra. Por Gwyn ser uma criança tão energética e eufórica, acabava tendo dificuldades para se concentrar com o que se passava dentro de si, já que estava animado demais com os estímulos externos. Era como um filhote de cão, que precisava controlar a ansiedade para não comer um pote de ração todo de uma vez. — A maior vantagem de fazer um Bunshin, e não um Henge, é que ninguém conhece melhor seu corpo do que você mesmo. — O patriarca iniciava, enquanto Gwyn mantinha os selos de mão apertados, como se estivesse segurando um símbolo sagrado em oração.

— Com o Henge, você busca se transformar em outra pessoa ou objeto, precisando manter uma imagem limpa em sua mente. Ainda assim, é passível de falhas. O Bunshin, por outro lado… — Neste instante, um segundo Kenji vinha caminhando pelo lado oposto ao de Gwyn, prosseguindo com as informações ditas pelo primeiro. — Este apenas replica aquilo que você já conhece de ponta a ponta: a si mesmo. O maior desafio não é sua forma, mas sim a execução da ilusão para fora de seu corpo. — O clone de seu pai se desfazia após a lição, como se nunca tivesse estado ali.

E, de fato, era o que mais dificultava o aprendizado. Conseguir transmutar seu próprio corpo era algo mais simples do que projetar seu chakra para fora e fazê-lo tomar forma, ainda que a forma fosse algo tão familiar para você. Era uma lição que não havia sido repassada pelos professores da academia, mas um grande shinobi como Kenji tinha conhecimentos que iam muito além do âmbito acadêmico. O exercício era árduo, mas com uma teoria muito simples. Houve a necessidade de uma tarde inteira de prática até que Gwyn fosse capaz de executar um clone de si mesmo. Mas, quando ocorreu, era um clone tão perfeito que até mesmo o patriarca ficou com dificuldade de identificar as diferenças. — Só prometa que não vai usar isso para implicar com sua mãe. Ela mataria nós dois. — Ao som de gargalhadas, pai e filho retornaram para casa, antes que arranjassem mais problemas.