Yamato se encontrava em um lugar extremamente escuro e sujo, cujo o único sinal de luz vinha de cima. Um feixe do sol que estava quase se pondo ainda clareava uma pequena área de alguns 3 metros envolta do ninja. Atrás dele, uma escada enferrujada e praticamente caindo aos pedaços, mas que teve força suficiente para aguentar o peso durante a descida dele mesmo rangendo loucamente no ato. O cheiro de mofo empesteava o lugar e adentrava nas narinas de Yamato junto com um esquisito de carniça e podridão. Sons de patinhas e outros ruídos irritantes parecem circular o chunin, assemelhando-se com ratos, mas era impossível enxergar algo por parte do garoto, o deixando com o som pinicar o seu ouvido.

- Certo... Minha vez, fique atento pois estou descendo – Alerta o companheiro Chunin que estava no alto sem ter descido as escadas podres para o subterrâneo ainda e começando a desce-las lentamente assim como Yamato tinha feito antes para chegar no subsolo daquele lugar.

Esse chunin se chama Tatsuo, um jovem ninja recém promovido assim como Yamato que era companheiro dele naquela missão especifica. Ele possui cabelos castanhos, um corpo bem parrudo e uma pele escura característica dos cidadãos de Kumogakure, assim como um uniforme esbranquiçado que cobria boa parte do torso. Enquanto ele descia as escadas que antes pareciam aguentar, agora o ranger do metal se intensifica e então, a escada se rompe totalmente, despedaçando-se em vários pedaços no chão duro e resultando na queda do ninja.

- Argh... Que merda, escada do caralho... Quando foi você ela aguentou – Tatsuo reclama depois de ter caído no chão um pouco desajeitado se levanta, tirando a poeira que grudou no seu uniforme - Que escuridão, tu ta vendo algo? – Ele força os olhos, tentando acostumar a visão à escuridão, mas sem sucesso – Tive uma ideia... – Com poucos selos de mão, ele abre a palma direita e gera uma esfera de luz brilhante que ilumina uma boa parte da sala, cerca de 5 metros, sendo possível ver agora uma infestação de ratos que os rodeavam se escondendo quase imediatamente depois da luz se acender. As paredes marcadas em uma arquitetura estranha e claustrofóbica, era um mistério ainda a origem daquele local.



- Espero que não seja fresco – O garoto ri - Vamos continuar, deixe que eu vou na frente – Ele começa a andar lentamente pela sala, encontrando algumas pequenas passagens em corredores um tanto estreitos que mal cabem 4 pessoas lado a lado. Nas paredes, os mesmos desenhos e arquitetura se repetem, com várias curvas e salas já esvaziadas com pouquíssimas mobílias ou nenhum, grande parte ligada e inutilizável. Teias de aranha estavam espalhados, os insetos e os roedores infestavam o lugar, mas sempre se escondendo na penumbra ao redor deles. Os ruídos nunca eram padronizados, sons macabros, o barulho dos passos lentos, mas constantes dos dois e sensações estranhas que podiam congelar a espinha dos mais medrosos, além disso, e o lugar era bem frio. Tinham vários pontos marcados para colocar tochas, muitos já consumidos à algum tempo, mas outros poucos foram acesos recentemente por alguém, o que atiçava a curiosidade e alerta de Tatsuo.

- Lugar macabro desses... Mas ai, qual teu nome mesmo? Foi mal se você já tinha falado, mas é que eu não sou bom com isso – O jovem pergunta de forma humorada e quebrando o silêncio, porém no fundo, era uma vã tentativa de descontrair e aliviar a tensão que ele sentia por dentro – Bom, recapitulando a missão, temos que recuperar um pergaminho que foi roubado por um traidorzinho de merda... Os rastros levam até aqui e os galhos com sangue lá fora mostram que está ferido... O que pode deixar o trabalho bem fácil para nós - Faz um curto reporte para refrescar a memória, já cantando vitória - Aqui parece totalmente abandonado... Perfeito pra um rato se esconder – Ele conversa, relembrando à Yamato o que eles deviam fazer ali e o que aconteceu antes de entrarem ali. Todavia, o chunin subitamente para de se mover.

- Shhh... – Tatsuo pede para Tanaka cessar qualquer movimento com um sinal de mão, fechando o punho e parando de andar subitamente. A frente, sague no chão que dava em uma porta quase fechada e pela fresta, era possível ver que haviam velas lá dentro e som de uma pessoa suspirando violentamente e desesperada, falando coisas que negavam a morte e implorava por sua vida – Aqui... No meu sinal vamos invadir... Certo? – O jovem chunin respira fundo e uma gota de suor cai pela sua testa, esperando a confirmação do seu companheiro - 3... 2... 1... VAI! – Finalizaria a contagem caso o outro concordasse com o plano e abriria a porta para começar uma invasão tática.

Considerações:

Tatsuo concordava com o plano mais cauteloso de seu companheiro, acenando com a cabeça em concordância. Yamato lentamente abre a porta enquanto escutava os gemidos desesperados de um homem. Empurrando gentimente a porta para por seu plano em prática, mas ao invés disso, consegue assistir uma cena grotesca que acontecia lá, tornando inviável a estratégia dos clones.

- NÃO POR FAVOR! EU TE DOU O QUE QUISER! APENAS POR FAVOR ME POUPE - Um homem, este sendo de fato o alvo da missão com até mesmo o grande pergaminho roubado em suas costas, estava com diversos cortes no corpo se arrastava no chão tentando fugir de um outro indivíduo que estava junto, mas cuja a presença havia passado desapercebida antes da abertura da porta. Ele portava um longo sobretudo preto junto de uma cartola negra sobre sua cabeça de grandes e cedosos cabelos brancos, além de uma grande foice amarrada em suas costas enquanto empunhava duas pequenas em suas mãos e com elas, apontava-as para o alvo. Tudo fracamente ilumumado por uma tocha acesa dentro da sala que quase se extinguia.

- Parece que alguém chegou primeiro... Mas só precisamos do pergaminho agora... - Sussurra Tatsuo para Yamato, puxando sua espada da bainha lentamente enquanto uma gota de suor pingava no chão.

- Sinto muito... Mas eu já tenho tudo que eu quero bem aqui na minha frente - Responde o segundo homem no interior da sala uma voz sinistra e respiração pesada, levantando sua lâmina com a mão direita.

- NÃOOO- - Seu grito é brutalmente interrompido pela pequena foice empalando o maxilar do traidor de Kumogakure de baixo para cima, começando a se engasgar com o próprio sangue e se debater em desespero. O sangue do homem escorre pela lâmina fria do seu assassino e completa a poça que já existia ali.

- Feito... Até que foi legal, mas podia ter isso melhor - Parecia meio decepcionado tirando o sangue da foice ao balança-la no chão - Porém... Será que vocês ai tem algo a me proporcionar a mais? - Se vira exatamente em direção a porta, ajeitando sua cartola enquanto olhava fixamente para os chunins que não tiveram tempo para reagir - Ora Ora... O que temos aqui? Vocês se perderam crianças? - Ele hora com uma destreza absurda e guarda suas pequenas foices na cintura. Em seguida saca a maior, empunhando-as com as duas mãos - Sabe... Seus pais nunca avisaram que andar em lugares assim era perigoso? - A figura sinistra nem mesmo entra em posição de luta, ficando de uma forma relaxada, mas seus olhos profundos e ameaçadores pareciam adentrar na alma de ambos.

- Tsk... Yasuo... E agora? Q-Qual o plano? - Pergunta Tatsuo com sua katana já em mãos e em posição de batalha, mas estando tão nervoso que até errou o nome de seu colega. Seu meu era visível.

Era momento de Yamato tomar a rédeas e decidir como prosseguir naquela situação claramente crítica, tendo ele, a iniciativa da ação já que seu oponente pacietimente esperava com um sorrisinho de canto, a ação dos dois chunins.

Considerações:

O plano planejado por Yamato se dá início com o grito de ordem do mesmo, com ele e seu companheiro avançando para executa-lo. Corajosamente, o chunin desfere violentos ataques no corpo daquele indivíduo misterioso. Seus golpes eram potentes e poderiam quebrar ossos de qualquer oponente que cruzasse seu caminho. O ninja sentia a reação de cada um dos impactos em suas próprias mãos, mas nada o impedia de ferir seus oponentes. Mas tinha algo errado, muito errado. Quando Yamato termina sua sequência de golpes devastadora, perceberia um detalhe assustador e até mesmo desolador. O homem não havia se movido, nem sequer um passo para trás. Ele não sangrava ou reagia de alguma forma esperada, se restringindo à apenas alguns hematomas causados pelo ninja de Kumo nas regiões atingidas. Todos seus golpes e esforço foram em vão.

- Heh... Você tem futuro pirralho – Ele massageia o próprio maxilar e gira a cabeça para soltar um pouco as articulações como se nada tivesse acontecido. A presença daquele homem parecia aumentar enquanto a de Yamato parecia diminuir, ficando cada vez mais a insignificância dele perante ao perigo à sua frente.

Nesse meio tempo, Tatsuo conseguia pegar o pergaminho com sucesso depois de cortar das costas do cadáver do usurpador – P-Peguei – Diz assustado o companheiro de Yamato e logo começava correr de volta para a porta de onde entraram, mas algo sinistro esperava por ele, pronto para terminar com tudo ali mesmo.

- Acredito que é minha vez agora – O ceifador diz tranquilamente e se movendo em uma velocidade assustadora e executa um corte em direção de Tatsuo em um único balançar de sua foice. Nenhum dos dois chunis viu exatamente o que aconteceu. Com o vento gerado pelo ataque, a chama que iluminava a sala quase se apagava, ficando instável por alguns segundos.

De repente, Yamato sente uma gota de sangue escorrer da sua testa. Se colocasse a mão, veria que recebeu um pequeno corte de raspão, porém, o pior estava reservado ao outro chunin. O pergaminho voa no céu da sala caindo aos pés do terrível indivíduo. O objeto estava manchado de sangue. Tatsuo havia parado de correr, não sabia direito o que havia acontecido. Ele olhava para baixo com seus olhos arregalados e expressão assustada e via muito sangue escorrer da região atingida. Eram suas tripas lentamente deslizando para fora do enorme corte da lâmina. Nesse momento, sua racionalidade se foi completamente.

- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA! – O grito de desespero do chunin ecoa pela sala e corredores, talvez até mesmo quem estivesse do lado de fora pudesse escutar e sentir o medo e desespero proveniente do ferido. O garoto tentava se salvar, pondo suas mãos na ferida e tentando empurrar o intestino que saia de volta para dentro, ação essa que causava pequenas risadas no ceifador. A dor que sentia era indescritível, Yamato nunca poderia entender até passar pela mesma experiência, mas se fosse nas mãos de seu oponente, possivelmente, algo muito pior esperava por ele.

- Perfeito... – O homem analise o próprio ataque, orgulhoso dele mesmo, lambendo o sangue da foice enquanto não deixava de encarar Yamato em nenhum segundo, como se estivesse observando diretamente a alma do jovem e ansiando por ela.

- ME AJUDA! POR FAVOR! NÃO ME DEIXE AQUI! ME SALVE! ME SALVE! EU QUERO VOLTAR PARA CASA! - Tatsuo caia no chão e apagava lentamente, mas seu espírito queria viver, agarrando a oportunidade e usando todo seu fôlego restante para contatar aquele que é sua última esperança naquele momento tão desolador. Ele esticava a mão na direção de Yamato, seu rosto apenas exibia puro desespero e o medo de sentir a morte abraça-lo a cada segundo que se passava. A poça de sangue se formava rapidamente abaixo dele enquanto o mesmo pedia por ajuda e se debatia como um peixe fora d'água, nadando em sangue.

- Não é isso que você quer?... Vamos... Pegue... - O homem pede, chutando o pergaminho para Yamato, objeto este que fica quase completamente aos seus pés. Ao mesmo tempo, um Sakki imenso começa a emanar do homem de cabelos brancos que ameaçava a vida dos ninjas. Yamato sentiria um tremendo medo paralisante e um pavor que congelaria os ossos dos mais corajosos shinobis. Ele não era uma pessoa normal, seu nível de poder era muitas vezes maior que a do recém formado chunin. Ele se daria conta, que em um deslize, poderia ser morto sem nem perceber. Sua minúscula vida estava na mão do executor do traidor, do seu companheiro e provavelmente de muitas outras vítimas.

Aquele homem olhava para Yamato com fome em seus olhos vermelhos brilhantes, quase como se quisesse consumi-lo e se alimentasse do seu medo. Ele não tinha hesitação, medo, pena ou qualquer outro sentimento além de ambição. Ele era um caçador e Yamato agora, sua mais nova presa que iria entretê-lo naquele dia.

- Oras... O que está esperando... – Ri um pouco - PEGUE! – Grita ordenando e mais uma vez, uma pressão de chakra ainda mais forte acerta Yamato enquanto o mesmo escuta o choro e os gritos de agonia, desespero e sofrimento de Tatsuo implorando por ajuda, querendo ver sua família mais uma vez. Seu tempo era curto e algumas decisões erradas claramente levariam a morte. O que ele faria nessa situação? Vida e morte são decididas em segundos.

Considerações: