Senjutsu. Uma habilidade extraordinária. Bisuke havia explicado todo o conceito para Reo. Era algo provindo da natureza, um chakra que substituiria o chakra comum, agregando uma forma muito mais poderosa, do mundo externo. Mas, ela não era nada fácil de dominar, e Reo, certamente não estava ganhando o mundo com tanta facilidade. — Por hora, vamos ver até hoje você vai, com o tempo, você vai tampar os buracos do seu Senjutsu. Vamos lá. — Falou, segurando uma espécie de bastão entre os braços enquanto cruzava estes sobre o peito. — Esse bastão dissipa energia sábia. Caso eu ver alguma irregularidade, eu vou te acertar na cabeça com isso, e então, vamos começar tudo de novo. Beleza? — Falou o loiro, com um sorrisinho. Reo assentiu com a cabeça enquanto o Jonnin dava uma tragada no seu cachimbo.

[...]

Reo poderia ser visto sentado sobre uma rocha. Estava em processo de meditação, com as pernas cruzadas e as mãos juntas, encostadas uma na outra. Atrás de si, entre árvores naquele campo, tinha uma grande cachoeira. O som era algo como o escorrer das águas em queda, muito perfeito. E mais, Reo precisava estar quase sem roupas para absorver o máximo de energia natural para se adaptar com ela, então estava de samba calção. Então, no rosto do Senju, começaram a surgir raízes generalizadas. Com um movimento rápido e um salto, Bisuke acertou o topo da cabeça de seu aprendiz, que abaixou a cabeça e gritou bem alto: — Aaaaaaaaa! Isso dói! — Resmungou, com um calo surgindo no alto de sua cabeça.

— Qual é, não reclama. Eu te disse que ia te dar uma bamboletada na cabeça se começasse a fazer errado. Vamos de novo! — Falava o loiro, animadamente enquanto dava uma risada. — Tá certo! Deixa eu focar aqui! — Falava o moreno.

[...]

O tempo passava, e Reo continuava levando pauladas na cabeça. Talvez aquela habilidade não fosse tão fácil de aprender. — Não. — Dizia Bisuke. — Non! — Não outra vez. — Nein! — Outra negativa. O dia estava passando, o treinamento árduo continuava.

Após muito tempo. Reo finalmente conseguiu atingir um estado parcial mas incompleto de Senjutsu. Após um tempo meditando, a energia natural começou a circundar o corpo do Senju, era como um chakra amarelado que começaria a soar como uma espécie de energia espiritual, sendo algo que parecia mais a serpentina energia que circunda todos os homens. E esta se movia em direção ao seu baço, onde está localizada a fonte de todos os shinobis do mundo no que tange ao seu chakra, ou melhor, a sua fonte. Sempre seria essa a função primária de sua transformação, o cerne do Senjutsu passaria a substituir a fonte de chakra comum.

Então, uma pequena mancha começou a surgir ao redor dos olhos de Reo enquanto se concentrava. Uma mancha verde, como que fizesse parte da natureza. Aquilo era, o Senju Mokuton em seus primeiros estágios de domínio. Bisuke estava deitado sobre a grama de lado, colocando uma das mãos para a nuca, no intuito de se apoiar enquanto abanava a si mesmo com um leque. Por um instante, mirou os olhos no garoto, percebendo que não precisaria mais usar aquele bastão dissipador, ou talvez sim. "Esse garoto está evoluindo muito rápido. Estou contente de poder ensiná-lo." Pensava.

Então, as marcas ficaram totalmente sólidas, e o Chunnin abriu os olhos. Estavam totalmente amarelos, assim como as suas pupilas. O brilho azul havia sido substituído por um brilho dourado. Mas esse brilho dourado se estendia para toda a extensão de seus olhos. Uma marca no formato de viga surgia embaixo de seus olhos. Mas aquilo era só o primeiro estágio. — Parabéns. Você conseguiu, Reozinho. Agora, eu acho que a gente já pode testar algumas coisas. — Bisuke se sentou. — Cara, isso é muito diferente. — Falou o moreno, com um sorriso, observando suas próprias mãos. — Temos muito a fazer. Vamos. — Falou o loiro.

[...]

Após um tempo, Reo já estava fazendo outro treinamento. Um estágio mais avançado do qual iniciara. Agora, ele tinha que praticar a meditação e concentração, absorção do chakra sábio embaixo da cachoeira que outrora fora mencionada. Com a água caindo sobre seu próprio corpo, o garoto poderia então ajudar a acelerar o seu estado de imersão, deixando mais rápida a sua adaptabilidade para o chakra da natureza. Volta e meia, as marcas esverdeadas voltavam a aparecer a região de seu rosto, mas era um estágio sumário e incompleto. A água molhava-lhe o corpo, permitindo acelerar seus resultados.

— Realmente! Seu Senjutsu tem te deixado mais forte consideravelmente! Não vê? Sua força e velocidade estão ainda melhores! — Falava Bisuke animadamente enquanto deslocava a si mesmo no ar, movendo sua katana entre seus dedos com a devida mestria, de modo que ele poderia facilmente movê-la para ângulos estranhos. O Rei por outro lado estava atacando com todo o seu corpo, e para ser sincero consigo mesmo, ele estava se sentindo livre como um pássaro. Em pleno ar, ambos trocavam golpes poderosos entre si, de modo a fazer ecoar e reverberar o impacto dos mesmos pela floresta. — De fato! Me sinto mais forte! Esse poder é ótimo! — Falava Reo, com sua determinação brilhante e um sorriso sincero, desferindo um soco que se chocou com o outro soco de Bisuke, causando um impacto que afastou ambos.

— Uma coisa, Reo. — Falou Bisuke, pousando sobre o chão. — Você sabe porquê eu te chamei pra treinar aqui nesta floresta? Digo, para aprender Senjutsu aqui? — Questionou o homem. As marcas verdes bem como os detalhes de madeira sumiram, tornando o Reo só Reo novamente, que começou a ofegar após o efeito ser dispersado. — É por causa, que o Senjutsu do Mokuton deve ter contato com a natureza… E aqui, estamos na natureza… Não é? — Questionou, se sentando. — Exatamente! Perceptivo. Em outros casos, o Senjutsu Animal precisa de Pactos. Mas o Mokuton vem da natureza propriamente dita. — Explicou Bisuke.

[...]

Novamente, Reo estava sob a cachoeira, sentado sobre a queda desta. A água caia sobre seus ombros, ou melhor, sobre todo o seu corpo, o molhando novamente. A concentração era como induzir em transe devido ao estado de imersão. Seu corpo voltava a absorver chakra eremita naturalmente. A energia tornava a serpentear o corpo de Reo enquanto ele se mantinha parado ali, o foco sempre, daquela energia, era ir direto para o seu baço. Bisuke nesses momentos tirava uma soneca ou ia se refrescar em alguma folha grande da floresta enquanto estava descansando.

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Em outros momentos, Bisuke fazia Reo treinar com sua força, o obrigando a usar o chakra sábio para levantar coisas pesadas. Por isso, nas grandes raízes da floresta, Reo tratava de levantar, ou até mesmo o corpo do objeto arborícola, ainda que ele fizesse com grande esforço. Era também um modo de fazer circular a sua energia sábia pelo seu corpo, com o intuito de prover sempre o progresso em sua adaptabilidade.

Outras horas, apenas era provido o combate mesmo, ambos trocavam golpes e lutavam um com o outro até o Senju cansar ou a energia sábia acabar.

Após algumas práticas acerca do Senjutsu debaixo da cachoeira, Reo já estava apto a atingir aquela modalidade de Senjutsu mais ativamente. Agora, pelo treinamento efetuado sobre a cachoeira, era a hora de alcançar um novo nível de treinamento. Por isso, Bisuke pediu para que o garoto criasse duas espinhas pontudas na floresta feitas ambas inteiramente de madeira. Reo entendeu imediatamente o que se tratava. Aquilo seria o seu próximo nível, no topo daquele espinho gigante. — Bom. Esse vai ser o último nível. E vamos nessa, eu sei que você consegue, já que chegou até aqui! — Falou Bisuke. — Claro! Eu tô pronto! — Anunciou o Reo, animado.

[...]

Bisuke estava sentado sobre uma pequena plaqueta de madeira em um dos espinhos, ele estava com o seu taco novamente. O taco dissipador de chakra natural. — Bem, o procedimento é o mesmo! Eu sei que pode ser um pouco difícil, mas você deve se equilibrar nessa tábua e começar a se concentrar. Você consegue. — Falou o mestre daquela habilidade, perfeitamente equilibrado, com os braços cruzados. Reo estava tentando se equilibrar sem cair, mas estava impossível ou quase isso. — Oh! Caramba! Eu não tô conseguindo focar direito! Cara! — Resmungava Reo. No fim, Reo caiu de cima da tábua, e foi segurado por uma mão de chakra conjurada por Bisuke, que o agarrou. — Nossa! Relaxa! Isso não é tão fácil assim não! Mas tem todo um motivo! Isso é pra se acostumar se caso precisar absorver energia se movendo, você não precisa desfocar! É como manter um foco constante, falou? — Explicou Bisuke, puxando o Senju para o topo novamente.

— Vamos tentar de novo aí, até você conseguir se equilibrar! — Pediu ele.

[...]

Não foram poucas as vezes em que Reo precisou lutar com aquela tábua de madeira. Mas era mais porque sua falta de destreza o tornava alguém praticamente comum, e precisava ser menos desengonçado. Muitas das vezes, Reo caiu em direção ao chão, sendo salvo por seu treinador. E demorou muito para que conseguisse se equilibrar corretamente. Até pouco tempo, o garoto agora já havia conseguido se equilibrar sem cair após muita tentativa. Agora, mesmo se mexendo um pouco, já era capaz de se manter sentado sobre a tábua, de modo que estava na posição de lótus.

Agora o difícil era manter o foco entre concentrar o chakra eremita e manter-se devidamente equilibrado sobre aquela tábua maldita. E ao tentar se concentrar e puxar a energia para si, o moreno caiu da tábua novamente. — Merda! — Gritou Reo. Bisuke novamente o segurou pelos braços, o levando para a ponta do espinho novamente. — Relaxa! Você já melhorou bastante, pô! Vamos descansar! — Falou animadamente o Jonnin.

O tempo passava, e cada vez que passava, Reo ia adquirindo mais capacidade. Com o corpo entrando em perfeito equilíbrio, era hora de também equilibrar o interior. Assim, após dominar o equilíbrio perfeito entre corpo e mente, de modo que poderia se equilibrar de maneira a não cair, era hora de focar em seu desenvolvimento de Senjutsu. Assim, Reo ficou, ficou e ficou, adquirindo energia, absorvendo para si toda aquela carga da natureza. Em nenhum momento de seu treinamento, o garoto saiu das áreas da floresta. Ele se manteve ali, pois na natureza selvagem, no verde sinistro e fechado, era tudo o que ele precisava para adquirir mais poder. E nisso, Bisuke observava o progresso do seu aluno, sentado sobre a sua própria tábua, ele observava aquele desenvolvimento.

E assim foi. O tempo passava, Reo entrava em sua posição de lótus e meditação, trazendo para si o estigma da energia natural, que rondava seu corpo como um furacão natural, buscando sempre o âmago de seu baço, a fonte de todo ser vivo. Reo estava muito focado, e queria que isso fosse possível para si. Passarinhos passavam por perto, outros voavam e se afastavam, mas certamente estavam muitos interessados naquela natureza concentrada no Senju. Mas em determinado momento, a energia passou a ter um teor diferente, ela passou a circundar o corpo de Reo como um círculo ao invés de padrões serpentinos. Bisuke ergueu as sobrancelhas, a posição do vento tinha mudado.

Então, como um emaranhado de vigas naturais, ambas começaram a grudar ao redor do corpo do garoto, que manifestou um círculo com um anel em sua testa, bem como marcas pontudas ao redor dos olhos. Assim que abriu os olhos, ambos estavam dourados, mas também tinham outros detalhes. Reo possuía marcas de raízes e madeira ao redor de todo o corpo. — Aê! — Falou o loiro, começando a pular sobre a tábua. — Você conseguiu! — Gritou alegremente. Reo ergueu a sobrancelha, exibindo um sorriso em seguida. — Eu consegui? Cara, isso é… Muito diferente… Eu… — Falava, erguendo as próprias mãos. Um passarinho pousou em seu ombro, e aquilo fez com que ficasse pesado. Assim, Reo se chocou contra o chão lá embaixo.

Saindo em seguida de um buraco, ele notou que sua durabilidade o ajudara e que aquela queda não doía tanto. Pousando ao lado de seu aprendiz, Bisuke sorria. — Garoto, você conseguiu. Devo te lembrar que esse é o Senjutsu Imperfeito. O aprimoramento para o Senjutsu Perfeito só vem após você mesmo se propuser a aprimorar este seu poder. É necessário imersão ainda maior para se tornar um com a natureza. — Explicou o loiro. — Certo… Eu… — O Modo Sábio de Reo desativou e seu corpo apagou, com este tombando sobre o chão. Mas antes que tocasse o solo, foi segurado pelo loiro, que sorriu compreensivamente. — Esse garoto está exausto… Vou deixá-lo dormir.