As tarefas atribuídas a genins as vezes se provavam mais interessantes do que o esperado.

Um pequeno festival artístico seria hospedado em um dos principais hotéis da Névoa, concentrando pessoas de todos os quatro cantos do mundo e com as mais diferentes habilidades em um único lugar. Por mais que Yasuke tivesse sido encarregado apenas de recepcionar os participantes e visitantes, seu espírito inquieto estava mais do que satisfeito em estar na presença de tantos pontos de vista diferentes. Sua capa — cujo havia feito questão de limpar e usar para esconder os trapos que vestia por debaixo — o envolvia por completo e o protegia do relativo frio que fazia naquele início de noite.

— Boa noite, seja bem-vindo. Pode seguir por aqui. — Eram basicamente as únicas palavras ditas pelos lábios do rapaz naquela noite, mas, ao menos para ele, eram palavras muito bem ditas. Entre o pequeno espaço de tempo entre uma recepção e outra, Yasuke deixava seu olhar desviar, mesmo que por um instante, na direção do hall principal, onde pessoas que ele nunca havia visto na vida executavam malabarismos que ele também nunca havia visto na vida. Enquanto alguns pareciam moldar argila no formato que bem entendessem, outros literalmente davam vida a desenhos, roubando sorrisos da pequena plateia que o observava — incluindo o genin.

Quem diria quais ideias se formavam, aos poucos, naquela jovem e curiosa cachola?

Considerações:

Equipamentos:

Cuidar de flores não chegava nem perto de ser um trabalho para Yasuke. Ele inclusive, se pudesse, teria escolhido ser uma flor caso fosse lhe dada a chance de não ser mais humano. Se ele seria uma rosa, uma camélia ou uma crisântemo, já não saberia responder, pois apreciava todas elas igualmente. Seus delicados — e também paradoxalmente, calejados — dedos de artista lhe concediam vantagens quando o assunto era o cuidado com outros seres: animais ou plantas. A tesoura cortava o excesso das folhas e galhos, dando formas diversas à toda a flora presente naquela vitrine.

Sua dedicação, no entanto, por maior que fosse, ainda não era rápida suficiente para dar conta de todas aquelas flores em cerca de trinta minutos, e para resolver teria que fazer uso de seu 'arsenal'. Com um pincel em mãos e tinta em outro, o ninja artista rabiscou diversos traços enegrecidos no pergaminho, concedendo vida à diversos tipos de insetos que o auxiliariam no processo de podagem das flores que restavam. Suas ações e movimentos eram lentos, mas certamente eram mais úteis do que nada. Cada dia que passa eu descubro uma função nova pra esses desenhos. E ainda dizem que a arte não serve para nada.

Considerações:

Equipamentos:

A maioria das missões de nível mais baixo consistiam de tarefas relativamente prazerosas na visão de Yasuke. A maioria.

Limpar e organizar uma seção inteira da biblioteca da Névoa, no entanto, certamente não estava dentro do grupo de "tarefas relativamente prazerosas". Não que o jovem ninja não apreciasse um bom livro — muito pelo contrário, na verdade —, mas ele preferia mil vezes lê-los do que tirar o pó de suas capas. Além do trabalho braçal, também era necessário que organizasse os livros em suas respectivas estantes em ordem alfabética, visto que grande parte dos leitores pareciam gostar de deixar os livros largados pelas mesas depois que terminavam sua leitura.

Yasuke até cogitou usar uma de suas criações artísticas para lhe auxiliar na faxina daquelas estantes enormes, principalmente naquelas áreas que não conseguia alcançar devido a sua estatura relativamente baixa, mas simplesmente não conseguiu imaginar nenhum animal com a habilidade natural de tirar o pó dos móveis. Frustrado com a situação, tudo que lhe restou foi compadecer de suas tarefas banais e seguir pincelando a sujeita e organizando todas aquelas milhares de páginas repletas de conhecimento dos quais não podia fazer uso. Alguém tem que ficar com o trabalho chato em algum momento, não é?

Considerações:

Equipamentos:

De acordo com o que constava nos papéis, Yasuke havia sido encarregado de encontrar uma canção.

Não literalmente uma canção, obviamente. Seu objetivo era, na verdade, auxiliar o contratante na busca de uma suposta música que ele havia composto, porém, havia sido perdida horas antes de sua apresentação na praça central da aldeia. — Não se preocupe, senhor. — Tentava, de forma falha, acalmar os ânimos do pobre cantor, que aos prantos, fazia toda aquela situação parecer o completo fim do mundo. — Eu vou perder meu emprego, garoto, você não está entendendo! Como que eu fui perder aquelas folhas? — Ele mantinha as mãos sob a cabeça, um claro sinal de desespero.

— Temos mais algumas horas até a apresentação. O que acha de eu lhe ajudar a compor uma nova música ou, quem sabe, uma parecida com a que você perdeu? — O homem olhou incrédulo para o garoto, claramente duvidando de suas capacidades. Yasuke, então, sacou de suas vestes uma velha e empoeirada flauta da qual começou a fazer uso com o simples intuito de comprovar suas habilidades. — O que me diz? — Indagou assim que finalizou uma simples melodia. As lágrimas do rosto do homem pareceram evaporar ao mesmo tempo em que ele assentia com a cabeça, partindo em corrida na busca de novas folhas de papel que seriam rabiscadas com uma nova e encantadora composição musical.

Considerações:

Equipamentos: