É engraçado como as pessoas sonham grande. Muitas delas sonham mais alto do que o próprio espírito, e isso levou delas, a vida. Não foram poucas as vezes que meu pai costumava ligar a tv e tinha algum noticiário comentando sobre a morte de um cidadão shinobi, quais eram duas inspirações e sonhos, e que morreu inevitavelmente em alguma missão, cumprindo seu papel, mas em troca, não poderia realizar o seu sonho. Não poderia mais o fazer, porque agora estava em outro plano. Então, eu costumava fazer a seguinte pergunta "Pra quê?" Mas eu nunca sabia a resposta, parecia que ninguém queria me responder.

Uma vez perguntei sobre isso para minha mãe, e o máximo que ela respondeu foi: "Os homens precisam de motivação e um propósito, sem isso, não são capazes de viver. Uma pessoa sem rumo enlouquece e acaba com a vida mais curta do que aquelas que possuem um objetivo de vida." Em outras palavras, ela só queria dizer que vagabundos não tem futuro, e é por isso que devem ter um sonho. Não foi a primeira vez que eu vi algo assim. Quando era criança, costumava brincar no parque com outras crianças, muitas delas diziam "Vou ser Hokage!" Dizia um. "Vou ser um grande e respeitado Shinobi, alguém importante!" dizia outro, mas só dizer e não poder fazer não é algo que torne isso significativo, na verdade, são apenas promessas vazias que fazem para si, até terem suas vidas ceifadas pela morte, em um trabalho, em um momento inesperado.

Durante a minha infância, presenciei muitas crianças falando isso. Mas também adultos, e outras pessoas. Algumas dessas eu pude ver debaixo da terra. A Vila da Folha é uma Aldeia que honra os mortos na guerra e no serviço, escondido atrás de uma árvore, com a chuva que cai sobre o mundo, das lágrimas de Deus, eu observava, todas aquelas pessoas, triste pelo falecimento daquele Shinobi, sua mulher, sua filha, chorando em frente ao seu caixão, onde jazia seu corpo morto, aquela pessoa nunca mais poderia retornar, a vida dela já havia acabado, junto com seus sonhos.

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Aquele homem, havia sonhado mais do que podia fazer. Pessoas eram assim, e foi esse o meu motivo de não querer nada demais. Eu não sabia meus próprios limites, não sabia o quão fraco eu era, só iria saber quando estivesse em um combate real. Em uma luta de verdade pela minha vida. Naquele dia, me sentei sobre uma rocha e fiquei a observar as árvores, assim como a chuva que caía sobre ela, sobre mim, me molhando todo. Realmente, essa vida de Shinobi era um tanto complicada, eu poderia realmente simplificar tudo, não me importando com nada, não ligando para grandes coisas. Então, me deixei cair sobre a rocha de maneira total, onde meus olhos cinzas se elevaram para o céu, aquele céu cinza, nublado e chuvoso, como o meu. As gotas caiam sobre meu rosto, escorrendo como se eu também estivesse chorando, mas eu estava bem, não chorava com nada.

Nesse dia eu decidi, que eu não ia ter grandes ambições, não queria acabar como aquelas pessoas, seria suicídio, eu não queria problemas, não queria nada que me perturbasse, eu só queria ser… uma nuvem. Uma nuvem não tem responsabilidades nenhuma, ela vaga pelo céu, a esmo, sozinha, sem objetivos, sem nenhuma outra função, senão apenas andar por aí. Se eu fosse uma nuvem, tudo seria tão mais simples. Mas sou humano, e como uma folha em branco, estou sempre preenchendo minha mente com vários tipo de pensamentos. Mas naquele dia em diante, eu não iria mais me importar com grandes coisas, eu estava começando a ter preguiça, que preguiça cara, de fazer alguma coisa. Ainda não havia entrado na Academia, e eu não iria, na verdade, nem sei que tipo de coisa iria fazer no futuro, talvez algo bem simples como herdar o comércio da minha família. Somos humildes, mas ainda assim, pelo trabalho, vivemos o suficiente.

Meu pai trabalha com a pesca, minha mãe trabalha com a distribuição de vendas, meu irmão, trabalha com a conservação alimentar dos peixes, e eu poderia ajudar nisso, parece ser um saco, mas é a coisa mais simples que eu poderia fazer, talvez tornar as coisas mais Interessantes sem custar muito de mim, não almejo nada grande, para no fim ser incapaz de fazer, de realizar meus sonhos. Eu não sei quais são meus limites.

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Mas então, eu não imaginaria que eu justamente iria trilhar o caminho dos ninjas. Desde aquele dia em que descobri que tinha talento para o Taijutsu. Na verdade, não havia me dado conta. Nunca havia prestado atenção em mim, então, salvei meu irmão de uma queda, assim como também evitei que a madeira que ele estava trabalhando se quebrasse. Foi algo que eu fiz mais por instinto do que por outra vontade. E então, lançaram a pergunta chave: "Por que não adentrar a academia, você tem um grande talento para as artes físicas, pode ser que sua vida fique ainda mais interessante do que já é, se virar um Shinobi." Foram as palavras de meu pai. Tornar a vida mais interessante é? Meu irmão ainda incentivou: "Você pode realmente acabar saindo dessa mesmice que é a sua vida, com certeza vai ser melhor do que nós." Eu não queria ser melhor que ninguém, mas, o fato de que aquelas palavras me instigaram muito, era impressionante.

Então eu fui, tornar a vida mais Interessante é? Mas, de sobra, minha vida na academia foi tão problemática. Tive tudo quanto é tipo de chatice, como por exemplo, dormir durante as explicações de Ninjutsu, aquilo era um saco, aí acordava com o professor puxando a minha orelha. Não ter vontade nenhuma de atirar uma shuriken, nas aulas de arremesso, mas no fim, contra minha vontade eu tinha que arremessar, então ia lá e fazia, acertando o centro da madeira. Enfim, era um saco. Mas eu passei, e não havia achado nada interessante até então. Recebi minha primeira bandana, fiz minhas missões, dos mais variados tipos, rank D, C, e B. Mas foi quando eu conheci Saito, que eu pude pelo menos admitir que as coisas estavam interessantes. Talvez eu ainda quisesse ser uma nuvem, mas ainda assim com um lugar para ir.

Aquelas pessoas, Seiji Nara, Asakura Ren, Saito, poderia realmente tornar a minha vida interessante? Ao que parece, sim, pude sentir aquela emoção nos últimos dias, mas agora, eu só estava curioso para descobrir para onde poderiam me levar. Talvez eu morresse, como aqueles Shinobis de sonho grande.

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