Naquele dia estava chovendo demais. Não havia muito o que fazer. Os céus estavam escuros de uma maneira que não se via nada se não o relâmpago, o som dos trovões também era constante, como se Deu estivesse furioso com a humanidade, e retumbasse os grilhões de ferro com seus raios. Mas de todo modo, a vila parecia mais obscurecida quando se tinha a iminência de chuva. Parecia seu tudo perdia o seu brilho ou deixava de ser tão alegre e colorido. Os pingos haviam deixado tudo em um tom mais fosco, as árvores, as folhas e os arbustos, pingavam em água, se moviam devido a intensidade, e a mesma parecia tão forte que era como se tivessem atirando pequenas pedrinhas.

Naquele ambiente estava Tsurugi. Ele estava sozinho. Suas roupas estavam encharcadas. Os fios brancos estavam totalmente molhados e grudados na testa, mas o garoto dava passadas rápidas sem sair do lugar. Aquelas corridas, erguiam o joelho em sua amplitude máxima, forte o suficiente para bater em suas mãos acima e voltar para o chão. Com isso, o chute dado no chão fazia com que as provas líquidas da grama esguichassem para os lados enquanto o contato com o ar quente do garoto com o frio fazia a sensação de seus lábios liberarem vapor.

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A chuva parecia estar persistente naquele dia. Não parece por motivo nenhum, e isso era visível. Ainda assim, era possível ver como os raios estavam tão tempestuosos. Os pais de Tsurugi provavelmente não teriam autorizado o garoto sair em uma espécie de vendaval de raios e relâmpagos com muita água, mas de todas as maneiras, apenas havia dito que iria dormir, pois estava com bastante preguiça e foi onde pulou a janela. De todo os membros do Kawaruhaya, Tsurugi era o único ninja, então ele sabia como se evadir. Então naquele momento, mesmo que tudo fosse um saco, tudo estivesse sendo tão extremamente problemático, Tsurugi estava usando sua vontade mísera para ficar ainda mais forte.

Aquilo não combinava com alguém preguiçoso, mas ele queria promover as mudanças que havia prometido ao amigo. Aquela promessa, Tsurugi era um homem de palavra. Por isso, na chuva, sozinho na escuridão, ele disparou a toda velocidade em direção ao campo de treinamento, por onde correu pelas ruas desertas e escuras, com tudo fechado, nenhum comerciante ou pessoa era visível naquela hora da noite. A vila estava totalmente ilhada pela água, mas Tsurugi ainda permanência em sua corrida matinal, como sempre, mesmo que fosse treinar de manhã ou de noite, o Tokubetsu Jonnin estava lá, havia corrido a todo vapor..

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Tsurugi iria se tornar um com a água. Era a única companheira sua naquele momento. Não havia muito o que fazer, era só a tempestade e Kawaruhaya Tsurugi. Os relâmpagos eram como faróis do novo mundo, os trovões eram como o retumbar dos clarins dos céus, e q chuva era como a tranquilidade de um mundo em trevas. Claro que ninguém seria louco de sair de casa naquele dia. Mas ainda assim, havia um, disciplinado o suficiente para que mesmo que fizesse sol, se fizesse chuva, ainda estaria ali, dando tudo de si, pelo poder, pela vontade de ser mais forte, alguém que poderia ser considerado um gênio do trabalho duro.

As mãos estavam apoiadas sobre a grama molhada. Q chuva caia fortemente contra seu corpo, o lavando em uma precisão incomum, tanto que a água vazava por entre suas pernas, braços e peito, ombros e cabeça. Mas o garoto não parava seu movimento. Se movia pra cima e pra baixo, descendo o chão, com o queixo chegando próximo do solo e subindo novamente, voltando a postura neutra. O cerrar de dentes evidenciavam o seu esforço, estava dando tudo de si ali, será que existia algum ninja que havia tido tamanha força de vontade de treinar tanto para ser forte? Talvez sim, talvez não. Mas a segunda opção parecia provável.

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Pingos, chuvas, respingos, tudo isso ainda estava ali naquele ambiente tão caótico quanto o campo de batalha. Tudo estava tão molhado que era possível ver algumas névoas brancas perto da mata, parecia mais como uma proteção fina da própria natureza, mas mesmo assim, ainda estava lá, tamanha que era a intensidade dessa chuva, dessa tempestade monstruosa. Mas aquilo não era o suficiente pra abalar Kawaruhaya Tsurugi, que desde que havia chegado no campo de treinamento da Aldeias da Folha, estava dando tudo de si. Treinar, treinar, e ficar mais forte, era a dose diária que os ninjas vivem todos os dias, dar duro de si mesmo e o seu sangue no treinamento.

Dessa vez, já terminado a flexão, o garoto estava com as mãos apoiadas sobre um tronco grosso e com o corpo devidamente reto pars cada espaço, não deixando seu pé tocar no solo molhado. Subindo e descendo, o garoto movia as escápulas de sua costa assim como de seus músculos dos ombros e de todos os braços. O movimento era de subida até a altura do pescoço e depois descia até a amplitude máxima permitida pelo seu braço após descer totalmente até o chão. Era só continuar fazendo.

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Grudando os pés sobre a árvore, se permitiu ficar inclinado sobre o solo molhado enquanto a água desabava sobre si. A água estava tão forte que vazava por entre as pernas, costas, braços do garoto, ainda que a árvore estivesse o protegendo de todas as maneiras. Mas ele estava lá, fazendo seu treinamento como sempre. Usar a flexão declinada era mais difícil do que fazer a flexão normal, mas ainda assim, não iria desistir. Nunca. Os braços estavam apoiados sobre o chão, seu corpo subia e descia, o tempo inteiro. O queixo ia lá embaixo, parando a pouco centímetros do chão e em seguida voltava para o alto, subindo com os braços até o máximo possível de sua amplitude, para então voltar para baixo novamente, descendo o tronco até próximo do chão junto com o resto superior do corpo.

Era mais difícil porque tinha a ação da gravidade agindo sobre a declinação, aquilo exigia bastante do corpo, do músculo trabalhado e o fazia sentir, mas em um treinamento físico, é uma coisa chamada de resiliência enquanto passa pela dor. Tsurugi cerrava os dentes, de modo a soltar vapor devido ao corpo quente em contato com o clima frio da chuva, ou melhor, da tempestade.

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Era hora de movimentar o corpo ainda mais, já estava aquecido. Tsurugi poderia ser visto aquecendo suas pernas, apoiando bem as mãos contra o joelho, mantendo ambas retas, aquele era um pré aquecimento para soltar todos os ligamentos do músculo da perna. Alguns estalos poderiam ser ouvidos junto do barulho da chuva, os sons dos trovões e dos relâmpagos. Mas isso não importava tanto, o que importava era o exercício. O treinamento. Com a água escorrendo ao corpo como se fosse uma tormenta, o garoto ficou de pé.

Com um único passe, utilizando sua velocidade máxima, Tsuurgi moveu a si mesmo no ar, dando um pequeno salto e girando o corpo como uma rotação de um redemoinho. A ponta do pé acertou então a árvore, o que provocou uma quebra generalizada, começando da base da árvore até o topo, o que fez com que os frangalhos daquele objeto arborícola se dispersasse pelo ar, voando em diversas partes da floresta. Um novo golpe foi dado, dessa vez com a outra perna e o golpe acertou então a base da árvore, que a espatifou em pedaços e arrancou as raízes do solo junto, abrindo um buraco. — Realmente, eu sou como uma bomba atômica. — Comentou, soltando o ar pela boca.

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Agora era hora de alternar para a outra arma do usuário do Taijutsu: Os punhos. Se tinha algo que ele podia fazer era usar o seu corpo todo como uma arma. De todo modo, treinar todas elas era algo importante assim por dizer. Então, se alguém iria treinar a perna, também deveria treinar os braços. Por isso, em passos rápidos, começou a procurar os possíveis alvos para atacar: novas árvores. Árvores que compunham a grande Floresta do Fogo, como sempre.

De todo modo, ao mover o corpo rápido em uma sequência de socos velozes, Tsurugi apostou uma grande gama de sua força em seus punhos, de modo que ao acertar, provocou um grande estrondo sobre as árvores, de modo que essas foram estouradas devido ao impacto, causando rachaduras e abrindo um buraco na terra, além de fazer a mesma tremer. Assim, continuou com sua sequência, usando sua força, sua velocidade e seu Taijutsu para executar ainda mais golpes, cerrando os dentes enquanto executava os golpes de uma maneira minimalista. Então, nesse processo, várias árvores tombaram e caíram no chão, provocando grandes impactos. Outras se racharam por completo. No meio da fumaça estava Tsurugi, observando aquilo tudo enquanto a água desabava sobre seu corpo por conta da chuva.

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No fim, agora só faria mais alguns movimentos simples. Havia treinado demais, com aquela chuva, nada mais justo do que reduzir a intensidade de treino, de modo que estaria fazer mais algumas flexões, dessa vez, com apenas um dedo. Poderia ser quase impossível para pessoas normais, mas ao que parece, o garoto estava com um dos braços atrás da costa e o dedo sobre o chão, um único dedo sobre o solo de modo a suportar todo o peso do garoto. Suas pernas estavam dobradas para trás enquanto apenas esse braço estendido para baixo permitia com que o garoto fosse com seu queixo até o chão e subisse de volta. Era iniciada uma sequência de flexões com o canhoto, até que resolvesse falhar o músculo por completo.

Com isso, mudaria de braço, fazendo o mesmo movimento de antes, mas dessa vez, colocando o braço usado sobre a costa, e sem tirá-la dali. Apesar da chuva, o espírito de luta de um usuário de Taijutsu era algo inestimável, algo que poderia transpassar as barreiras do compreensível, visto que a chuva estava tão forte naquele dia e parecia que não iria acabar tão cedo, não iria dar trégua. Mas aquele garoto, ele ainda estava lá…

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Movendo os braços sobre o chão, Tsurugi iria fazer então o que chamavam de tucke planche. Era uma modalidade diferente de prancha, de modo que se poderia deixar os braços inclinados sobre o chão, de modo que seu corpo se sustentaria nesses braços, erguendo o corpo para o alto e esticando as pernas para os lados ou mantendo elas juntas se fosse muito difícil. Com a posição do corpo totalmente no ar, era só fazer o mesmo movimento de sempre como uma pessoa comum faz a flexão, descendo e subindo com o queixo até próximo do chão ou no que poderia ser o máximo que conseguisse chegar. Unir a tuck planche com a flexão poderia ser uma tarefa árdua, mas não para usuários de Taijutsu.

Com as pernas estendidas para os lados totalmente abertas, o garoto manteve as mãos para baixo, no chão enquanto os braços ficariam inclinados. Com o core totalmente estabilizado, o garoto começaria a subir e descer, cerrando os dentes na ocasião devido ao esforço colocado. Não só isso como também a chuva que caia parecia tornar tudo ainda mais difícil. Mas de todo modo, era parte do treinamento, assim por dizer. Tsurugi treinava pesado, como sempre.

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No fim, só bastava agora uma caminhada. A chuva já estava demais e não iria parar. Deveria ser por volta das 8h da noite. Os trovões não iriam parar, muito menos os relâmpagos. Apesar de ter ido deitar cedo, estava ali treinando. Era hora de voltar para casa. Com isso, disparou pelas ruas de modo a correr de maneira rápida, o mais rápido que podia, disparando pela estrada verde, o caminho que leva até a civilização da cidade. Os passos eram fortes para a impulsão, de modo que deixava para trás um rastro poderoso de água sendo empurrada para trás. O vento era forte o suficiente para que os fios brancos voassem para trás.

A cidade, os detalhes, junto com a velocidade e o vento, era como um borrão, era como um filme que passava em câmera lenta, isso porque a velocidade de Tsurugi era extrema, era tão veloz quanto qualquer outra pessoa existente. A chuva estava contra ele, era como a dança de uma maré ao contrário. Naquele ponto, as construções dos prédios e casas já passavam como parte da paisagem, de todas as maneiras. Como um vulto branco, o garoto derrapou os pés sobre o piso molhado, deslizando pela rua até parar na frente da casa. O treino havia terminado.

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