Ainda mais cedo naquele dia mesmo, Hanami foi contatada pelo Quartel General Shinobi a cerca de uma missão um pouco mais complexa que ela foi designada. Ainda era um pouco inexperiente como uma kunoichi para trabalhos externos, então fora prudente da parte do Gabinete designar um parceiro um pouco mais experiente para Hanami. Foi uma grata surpresa ao descobrir que quem iria chefiar a missão seria Kawaruhaya Tsurugi, seu companheiro de outrora. Ela sorriu satisfeita e julgou que seria interessante, afinal essa seria a primeira missão juntos.
Pelas ruas de Konoha ela caminhava segurando uma pasta amarela, lendo alguns papeis que estavam dentro da mesma. Ali continha as informações resumidas sobre a natureza da missão e o seu objetivo. Tinha como destino a sua própria casa onde pegaria alguns itens pessoais e, de lá, sairia para encontrar Tsurugi, porém o menino já estava em sua porta quando Hanami chegou.
— Tá fazendo o que aí? — Disparou. — Bem, não importa, só vou pegar umas coisas e já venho.
Tão rápida quanto entrou, ela retornou após dois minutos, batendo a porta atrás de si. Sorriu para Tsurugi e o chamou para irem logo, estava curiosa para a resolução do caso, além do salário que iria ganhar. — Vai precisar disso ou...? — Perguntaria se referindo a pasta com as informações. Caso a resposta fosse positiva, ela entregaria para ele. Caso fosse negativa, jogaria por debaixo da sua porta. Perguntaria para Tsurugi quais seriam as suas impressões, planejamento e estratégias para a missão em questão, uma vez que ele que iria chefiar e Hanami serviria como seu suporte.

Considerações:

Hanami e Tsurugi conseguiam cobrir uma boa parte de chão ao se descolarem pela floresta utilizando os galhos para saltar, ainda que o rapaz tivesse que ”se segurar” um pouco para que a menina conseguisse o acompanhar. A informação que tinham era que os desejantes a iniciar na Seita Religiosa precisavam ir até certo pouco num pequeno vilarejo não tão longe de Konoha, lá seriam iniciados e recrutados. O modus operandi do grupo, no entanto, ainda era desconhecido e talvez esse seria o primeiro passo para o sucesso da missão.
— Precisamos descobrir como eles trabalham e como entram na cabeça das pessoas. Isso vai ser complicado. — Dizia Hanami em meio a saltos e impulsos floresta a dentro. Não obstante, notaram uma pequena clareira em meio a floresta, na qual parecia existir um pequeno rancho e uma casa de madeira não tão grande no centro. Hanami e Tsurugi deveriam parar a uma distância segura para tentar observar alguma coisa, mas a problemática era que ainda era dia e dificilmente esse tipo de coisa acontecia sob a luz do Sol.

— Deveríamos esperar até a noite, o que acha? — Falaria enquanto se sentava em um dos galhos mais grossos, tomando o cuidado para ainda assim utilizar as espessas folhas para se camuflar. — Ó, trouxe lanchinho! Heheh — Hanami fazia surgir dos seus bolsos alguns taiyaki que estavam enrolados em sacos de papel pardo e ofereceria para o seu companheiro.
Tão logo a noite caiu. Uma movimentação estranha poderia ser vista ao longe, pois algumas pessoas vestidas de branco começavam a chegar indo em direção a dita casa. Não era uma multidão, mas alguns homens e mulheres com alguns minutos de tempo de espaçamento entre eles. Aquilo definitivamente chamaria a atenção da dupla, foi quando Hanami teve uma ideia.

— Tsu, Tsu! Olha aqui. Parece que estão indo comemorar o ano novo fora de época. — Disse a menina num tom sério, apesar do comentário. — Eu tive uma ideia: vou até lá disfarçada, pra ver o que descubro.
Hanami estava decidida na sua ideia, provavelmente não iria recuar por qualquer comentário ou pedido que Tsurugi fizesse.
— Mokuton: Henge! — Após ramos de madeira envolver o corpo da garota, um sopro de fumaça seria disparado e ela tinha a aparência de um homem normal, de cabelos castanhos e estatura média, suas vestimentas seria uma calça e camisa de tecido branco e sandálias da mesma coisa. Ela sugeriu para Tsurugi gravar aquela aparência, pois caso precisasse, ele o reconheceria. Assim, ela foi.

Considerações:

A casa rústica de madeira era acolhedora, mas ao mesmo tempo tinha um ar misterioso. O cheiro de madeira recém-cortada misturado com o incenso permeava o ambiente. O líder religioso, um homem de meia-idade com barba e cabelos longos, estava sentado em uma poltrona de couro marrom escura. Ele tentava convencer um pequeno grupo de pessoas a se juntar à sua seita.

Os participantes estavam sentados em cadeiras de madeira simples, vestidos todos de branco. Suas roupas eram simples, mas pareciam bem cuidadas e passavam uma sensação de paz e pureza. Hanami seguiu o fluxo e procurou um assento para si também. O líder religioso falava com uma voz calma e segura, suas palavras carregadas de um entusiasmo quase contagioso.

"Caros irmãos e irmãs, ouçam-me bem! Eu lhes trago a mensagem da prosperidade divina, da riqueza que está ao nosso alcance se apenas tivermos a coragem de agarrá-la. Eu sou o mensageiro do Deus da riqueza, aquele que pode conceder a cada um de vocês fortunas além de seus sonhos mais selvagens!"

As janelas de madeira deixavam entrar pouca luz, mas a chama da vela que ardia no candelabro no centro da sala iluminava o rosto do líder religioso. Seus olhos brilhavam com uma intensidade quase sobrenatural enquanto ele falava sobre a missão divina de sua seita. O líder, então, continuava:
"Não se contentem com as migalhas do mundo, não aceitem as limitações impostas pelos homens. Vocês merecem mais, vocês merecem tudo que a vida tem a oferecer. Deixem que eu lhes mostre o caminho para a verdadeira abundância, o caminho que leva a um futuro brilhante e próspero."

As pessoas sentadas ao seu redor o ouviam com atenção, algumas com um olhar cético, outras com um olhar de admiração. O ambiente era quase hipnótico, e a voz do líder religioso parecia ter um poder magnético sobre seus seguidores em potencial. Hanami, por sua vez, lutava para se deixar levar pelas palavras cirúrgicas do homem que parecia atingir o íntimo do desejo humano. Hanami, transmutada num homem, fingia entusiasmo junto com os demais que gritavam, comemoravam. "Mas que porra... É essa?!", pensava.

A casa rústica de madeira era um santuário de paz e serenidade, e o líder religioso era o mestre de cerimônias, guiando seus seguidores em potencial para o caminho da iluminação. Mas havia algo sinistro no ar, algo que não podia ser identificado, mas que pairava ali, como um espectro invisível. E aqueles que se juntavam à seita seriam levados a um destino desconhecido, talvez um lugar de luz e esperança, ou talvez algo muito mais sombrio.

Considerações:

Tudo parecia normal e real para ela, como se ela estivesse em um local familiar. Ela caminhou por uma cidade movimentada, rodeada por prédios altos e pessoas apressadas. Ela notou que as cores eram mais brilhantes e vibrantes do que o normal, e tudo parecia perfeitamente alinhado e organizado. As pessoas ao seu redor pareciam felizes e seguras, e ela se sentiu à vontade em meio à multidão.

Hanami caminhou até um parque, onde um lago tranquilo refletia a beleza das flores ao seu redor. Ela sentou-se em um banco, sentindo a brisa suave do vento em seu rosto. Enquanto ela estava lá, seus pensamentos foram inundados por imagens de seus pais queridos e momentos felizes que ela tinha compartilhado com eles. Ela se sentiu em paz e protegida, sem perceber que tudo isso era parte da ilusão criada pelo Genjutsu hipnótico.
“Hanami! Ei! Hana! Hanami, acorde”, uma voz ao fundo parecia chamar-lhe, ainda que a menina não soubesse exatamente de onde estava vindo. A voz parecia familiar, ainda que não fizesse questão, de fato, de procurar a origem. Aquela voz vinha como um alívio para sua mente que num puxar de sanidade, a trouxe de volta. Seus olhos arregalaram-se, suas sobrancelhas estavam arqueadas e uma expressão de surpresava tomava conta do seu semblante tal como um suspiro de ar que um mergulhador puxa após conseguir chegar à superfície.

— O q... Mas... Oxe?! Onde eu estou? — Aos poucos sua mente fora voltando a sua plenitude, via que já não estava mais frente a frente daquele homem de idade um pouco avançada, tampouco estava na sala principal da casa de madeira, ainda que as paredes fossem parecidas, o que indicava que ainda estavam lá dentro. As pessoas ao redor estavam em fila indiana, com olhar vidrado encaravam o que estava a sua frente não importa o que fosse, o que causava estranheza e trazia um tom bizarro para a cena.
— Ma-ma-ma-ma, mas que porra é essa? O que tá acontecendo?! Na boa, essa gente é doente, Tsu. Temos que dar um jeito de tirar esse povo todo aqui. — Disparava a falar com mais velocidade que o normal, parecia indignada com os fatos recentes e mais indignada ainda por quase ter sido pega. Ela desfez a transmutação do Mokuton Henge, voltando às suas vestimentas e forma originais. — Quando eu descobrir quem fez isso, vou dar um pau que vai parar lá do outro lado do país, na boa.

Considerações:

A situação parecia pior do que Hanami poderia imaginar, principalmente pelo receio de Tsurugi de dar de cara com os criminosos em questão. Sim, criminosos. Não teria outro adjetivo para aqueles homens se não este. Antes mesmo que pudesse ter algum tipo de reação, ela foi puxada para dentro de um armário onde fora obrigada a ficar em silêncio. Seu ímpeto clamava por uma resolução mais direta, mas, desta vez, iria respeitar a vontade do seu companheiro de missão. Assim que os homens saíram, eles puderam ter mais um pouco de paz.

— Eu vou dar um jeito neles. — Disparou com um sorriso malicioso. — Tá, tá, eu sei que é uma missão de reconhecimento, mas o Gabinete vai entender. Seria interessante se levássemos um ou dois vivos para interrogatório.
A ideia de Hanami era simples, porém eficaz: eliminar todos os criminosos com algumas uma ou duas exceções. Na sua mente isso pareceria simples, só faltava testar na prática. Ainda assim, Tsurugi fazia um excelente trabalho no resgate das possíveis vítimas que seguiam assustadas e confusas, mas livres e iriam sobreviver mais um pouco para contar história. Hanami também ajudaria naquela escapada, apressando e auxiliando quem precisasse até que a última pessoa estivesse sã e salva.
— Ajude eles, eu tenho mais uma coisa a fazer... — Falaria simplesmente para seu parceiro de missão. Não esperaria para ouvir retrucas, apenas daria as costas e seguiria para mais adentro da grande casa. Havia uma porta e logo após um corredor que separava o cômodo de onde estavam do cômodo de onde vinham algumas vozes e risos e comentários abafados, denunciando de que os alvos de Hanami estavam ali, logo atrás de mais uma porta de madeira que fora aberta cordialmente pela kunoichi que adentrou o local com um sorriso cínico no rosto. Haviam oito homens ali, contando com o líder de outrora.

— O que? Quem é você? — Exclamou o mais velho com a mesma voz grave que ainda a pouco induziu milhares ao transe. Contudo, antes mesmo que ele pudesse ter algum tipo de resposta, teve o seu coração perfurado por um cipó de madeira que vinha através do dedo indicador da mulher, que logo retornava ao normal ao ter o mesmo cipó retraído, deixando o cadáver do homem que tombava sob o próprio sangue. Os outros espantavam-se, recuavam deixando cair cadeiras e pertences da mesa que faziam a sua reunião, o que incluía dinheiro e papeis.

— Vocês mataram inocentes para beneficio próprio e a conta chegou. — Disse num tom sério e seco. Não daria chances para ouvir respostas, usuária novamente da sua Manipulação Elemental para fazer surgir forquilhas de madeiras do chão que imobilizaria os homens tal como uma serpente faz após capturar a sua presa. “Por favor, não nos mate! Só estávamos seguindo ordens!”, suplicava um. Sem sucesso. Restante apenas dois vivos, pois os demais foram estrangulados, torcido, um método de matar chamado constrição, porém tão brutal a ponto de resumir corpos humanos a um amontado retorcido de carne e sangue que se espalhava pelo chão de madeira. O barulho de ossos quebrando, carne sendo mutilada e esmaga pôde ser ouvido por alguns segundos, seguidos de gritos e gemidos de dor.
Tão logo, Hanami sairia da casa para verificar a situação junto a Tsurugi. Talvez um pouco de sangue pudesse ter sido espirrado em seu rosto ou vestimentas, não teria como saber. De qualquer forma, os prisioneiros estavam contidos dentro da casa e ela duvidaria muito de que eles iriam conseguir fugir. — Temos dois prisioneiros, acho prudente leva-los para Konoha e extrair informações. O que acha?

Considerações:

Tudo parece nos conformes agora. Já no lado de fora, Hanami encarava a casa com certo desprezo de quem não gostaria de estar ali, sentia ânsia e raiva pelos que já se foram, mesmo que sentisse, também, que estavam vingados – por ora. Sabia que aquilo poderia ser somente a ponta de um iceberg e se perguntava o quão grande poderia ser aquela organização. As pessoas do País do Fogo e, quiçá, de Konoha, não estavam seguras enquanto aqueles monstros estivessem espreitando por aí.
O sorriso da, outrora, garota energética e animada havia sumido por alguns instantes. Ela estava séria, parecia concentrada, seus olhos cor de mar denunciavam isso. Ouviu as palavras de Tsurugi e apenas concordou. Não tinha muito o que se falar.

“Vou até Konoha para buscar ajuda, então até lá...”, disse ela. “Mas primeiro... Mokuton: Shichūka no Jutsu!”
Alguns selos eram formados por suas mãos de pele morena pouco antes de ela acertar o chão com a palma da mão. Seu chakra fora convertido em matéria-prima, o solo abaixo partia-se para fazer surgir uma casa de madeira perfeita, parecia ter sido esculpida a mão pela arquitetura delicada em detalhes. Dentro haveriam alguns poucos móveis rudimentares feitos do mesmo material e cor, tais como cadeiras e algumas camas. O lugar seria perfeito para abrigar os resgatados, além de esconder suas assinaturas de chakra.

“Mokuton: Shichūrō no Jutsu”, quase que o mesmo efeito de ainda agora fez surgir uma enorme prisão de madeira trancafiava a outra casa em seu interior, agindo como uma enorme gaiola de madeira. Hanami queria garantir que mais ninguém ali de dentro pudesse ter a mínima chance de fuga. Queria, precisava das informações que, provavelmente, eles tinham a oferecer. Com um aceno de cabeça e um sorriso de canto de boca, ela acenou para Tsurugi indicando que já voltaria. A missão havia terminado.

Considerações: