A espadachim corria pela densa floresta com a agilidade e destreza de um felino, saltando sobre troncos caídos e esquivando-se de galhos baixos com facilidade. A sua velocidade era impressionante, parecia quase que ele estava flutuando pelo ar enquanto se movia com uma rapidez quase sobrenatural. O kimono branco perfeitamente limpo e bem cuidado, de tecido sedoso e suave dançava conforme o vento transpassava pelo corpo de Hanami que se projetava para frente a todo vapor.
Enquanto se movia pela floresta, a mulher parecia estar em perfeita harmonia com o ambiente ao seu redor. Seus olhos estavam sempre atentos a qualquer sinal de perigo ou obstáculo, e seus movimentos eram fluidos e precisos, como se ele já tivesse percorrido aquele caminho inúmeras vezes antes.

— E-ei...! Hanami-senpai... — Falava uma voz um tanto ofegante. Era um rapazinho que recém havia se tornado Chunnin e fora designado para acompanhar a outra mais experiente, na esperança de que pudesse adquirir algum conhecimento prático. — Poderíamos... diminuir o ritmo?
Hanami possuía um olhar pesado, quase sempre encarava todos com desdém e despreocupação. Não seria diferente com o jovem. Ela apenas deu-se o trabalho de inclinar um pouco a cabeça para trás a fim de tê-lo em sua visão periférica. “Heh, não estamos chegando, criança.” Disse a voz feminina, tão doce quanto um cântico de pássaro.
Ela chegou ao seu destino: uma pequena clareira no meio da floresta. Ele parou abruptamente, respirando fundo enquanto olhava ao seu redor, como se estivesse avaliando a área em busca de possíveis ameaças. Além disto, havia um pequeno casebre feito de madeira que parecia abandonado, porém, parecia promissor.

— Acho que o ponto de encontro é ali. — Disse. — Se esconda e... Me observe. Pretendo terminar isso com o mínimo de derramamento de sangue possível.

Como um vulto, seu companheiro mais novo foi-se enquanto Hanami caminhava em passos calmos, ainda que firmes, em direção a cabana, deixando marcas da sua sandália de madeira pela grama recém-pisada. Os cabelos negros e longos se dividiam entre cair por sobre seus ombros cobrindo o dorso da parte da frente e algumas outras madeixas que cascateavam em suas costas, contrastando com a vestimenta branca da mulher. Amostra para quem quisesse ver ela tinha sua katana perfeitamente guardada numa bainha preta simples, enquanto seu cabo era reforçado com tecidos vermelhos. Katana esta que Hanami não tinha preso em qualquer parto do corpo, como a cintura por exemplo. Não. Ela segurava a sua arma com a mão não-dominante, o que era incomum para uma espadachim.

Considerações:

A cabana de madeira parecia se esconder no meio da densa floresta, suas paredes e telhado construídos com troncos e galhos, pareciam se misturar com as árvores ao seu redor. Dentro da cabana, alguns Shinobis da Vila do Som estavam reunidos em torno de um refém, amarrado com cordas ásperas e amordaçado. A luz fraca que entrava pela única janela da cabana, mal iluminava o rosto dos presentes ali, que mantinham suas capas escuras bem ajustadas em seus corpos, quase como se quisessem se tornar um com as sombras. Suas mãos habilidosas manuseavam pergaminhos e equipamentos, enquanto um silêncio tenso pairava sobre eles.
Hanami estava ali, acabara de entrar na cabana e a porta por detrás da figura da mulher tinha recém fechado. Ela encarava os homens com a mesma serenidade de praxe, carregando um meio sorriso em seus lábios enquanto analisava a situação.

— Trouxemos o informante, conforme havíamos combinado. — Disse o primeiro homem. Sua voz era rouca e se disfarçava por conta de algo que mais parecia uma máscara de gás numa versão mais discreta. Hanami olhou para o refém sem mudar o mínimo da sua expressão se quer. — Trouxe o dinheiro?
O refém, por sua vez, estava imóvel, com uma expressão de medo e desespero em seu rosto. Seus olhos percorriam a cabana, buscando qualquer chance de escapar, mas seus esforços eram em vão. Ele sabia que estava nas mãos dos seus captores, e que só poderia confiar em sua própria coragem e força de vontade para sobreviver.
— ... Aqui está, criança. — Disse a voz tranquila de Hanami enquanto jogava um bloco de dinheiro envolto em papel pardo para o homem que não conferiu o seu conteúdo, apenas repassou para o segundo que estava um pouco atrás dele.
— Não sabia que a Folha fazia esse tipo de transação, heheh!

— Heh, e não fazemos... — O timbre de Hanami permaneceu o mesmo, contudo, sua voz era carregava de intenção assassina, tal como a aura que emanava, podendo ser percebida por qualquer combatente experiente que estivesse ali naquele momento. Assim como os olhos de mulher que fuzilavam os três homens ali à sua frente. Do lado de fora, a floresta parecia respirar, com o vento sussurrando entre as folhas e os animais noturnos começando a se mover. Mas dentro da cabana, o ar estava carregado com o cheiro de suor, medo e determinação, enquanto os Shinobis do Som se preparavam para um eventual ataque vindo da mulher na frente deles. “O que quer dizer?”, disse o líder cerrando os olhos ao encarar a mulher.

Considerações:

A cabana de madeira, no meio da densa floresta, era agora um cenário de terror e violência. A espadachim, em sua fúria assassina, havia ceifado a vida de três Shinobis da Vila Oculta do Som, deixando seus corpos mutilados e ensanguentados espalhados pelo chão de madeira.
O sangue respingou em todas as direções, manchando as paredes de madeira e pintando o chão de vermelho vivo. Membros decepados jaziam espalhados pelo chão, enquanto o líquido carmesim se acumulava em poças ao redor dos cadáveres. O refém, amarrado e incapaz de se mover, assistiu em horror enquanto a espadachim executava seus ataques letais. Seus olhos se arregalaram de terror quando a katana cortou o ar com um assobio afiado, e a lâmina afiada encontrou a carne dos Shinobis.
De repente, a única porta que servia a casa fora aberta de forma abrupta e um jovem ofegante atravessou-a em alerta. “Hanami-senpai, você está...”, a medida que seus olhos iam encontrando o que jamais deveria ter visto, sua voz que outrora fora altiva e estridente foi perdendo o timbre até conseguir a frase com um “bem?” quase inaudível.

O silêncio pesado que se seguiu era interrompido apenas pelo som de gotejamento de sangue, que ecoava pela cabana vazia. A espadachim, que outrora vestia trajes impecáveis na cor branco, agora dava espaço para manchas do vermelho sangue e um olhar vazio nos olhos, observou o resultado de sua brutalidade.

— Oh, criança... Você veio ao meu auxilio... Que gracinha. — Disse sorrindo.
— O... que... aconteceu?

Todo o conflito fora resolvido em meros segundos antes da chegada do Chunnin. Hanami teria usado da sua velocidade para avançar contra o líder, aquele homem que falava e que teve a sua cabeça decepada com apenas um golpe da lâmina que cortou o ar num sinistro assobio. Antes mesmo que sua cabeça chegasse ao chão, mais dois golpes limpos e precisos, sendo o primeiro vindo de baixo para cima e o segundo seguindo o perfeito contrário, separava os braços do corpo, fazendo o corpo inerte e mutilado cair de joelhos na própria poça de sangue. Os outros dois tiveram sim tempo suficiente para reagir, afinal, eram Shinobis treinados. Contudo, ainda não seriam páreo para a velocidade da espadachim à frente: O primeiro fora brutalmente interrompido, tendo seus dedos arrancados da mão enquanto preparava alguns Selos de Mão para conseguir contra-atacar, na sequência, Kobayashi Hanami seguiria sua investida abrindo uma enorme ferida transversal que cortava desde o ombro esquerdo até a cintura, fazendo-o se reduzido a um amontado de carne mole de olhos arregalados que caia, também, sob a já enorme poça de sangue. A ferida era profunda o suficiente para fazer suas entranhas se espalharem pelo chão quando o mesmo o encontrou.

O terceiro conseguiu sim deter os movimentos da ceifadora de almas ao utilizar dois equipamentos acoplados em seus braços. Equipamentos estes que emitiam um som agudo que obrigou Hanami a ajoelhar-se num dor de cabeça incomoda enquanto seus tímpanos eram torturados pelo ataque improvável do seu adversário. Ela rangia os dentes enquanto tentava se mexer, mas seu sucesso. Sua katana jazia no chão em meio ao sangue, uma vez que a mulher, por impulso, levou ambas as mãos para proteger seus ouvidos, contudo, a sorte sorria para ela quando o seu oponente resolveu utilizar daquela pequena brecha para tentar escapar. Por um momento ínfimo, o ataque sonoro fora cessado ao mesmo tempo que o homem se impulsionava para frente a fim de chegar até a porta. Tempo suficiente para ter sua nuca alvejada por uma kunai fora arremessada por Hanami enquanto ainda estava se recuperando, ofegante até, do ataque.

— Desgraçado... — O coração do homem foi perfurado pela lâmina de Hanami, mesmo de bruços.

Voltando ao tempo presente, a espadachim voltava-se para o refém.
— O oponente era fácil de lidar, mas o motivo dessa missão ter sido considerada Rank A, é ele. Não tenha medo, criança, venha que vou mostrar a parte obscura da Folha que poucos conhecem.  

Considerações: