A figura solitária de Ookami surgiu na noite escura como um fantasma. Seus passos eram silenciosos enquanto se dirigia para o topo do monte dos hokages. Com a cabeça inclinada para trás, ela observava as estrelas cintilantes no firmamento celeste, como se estivesse tentando encontrar uma conexão com o universo. Ela acendeu um cigarro de menta e baforou calmamente, absorvendo a tranquilidade do local enquanto saboreava o sabor fresco da menta em seus lábios.

A kunoichi era assombrada pelas lembranças de suas vítimas, mortas a mando de seus antigos líderes. Sua personalidade era levemente pessimista e sombria, e ela expressava sua amargura com sarcasmo. No entanto, naquele momento, ela encontrou um breve momento de paz, enquanto refletia sobre sua vida e seus erros.

Ela ouviu um leve barulho e seus ouvidos se moveram instintivamente na direção do carrinho dos gêmeos. Preocupada, ela se aproximou dos seus filhos e verificou se estavam bem agasalhados. O frio era uma ameaça constante naquele lugar e ela queria garantir que seus filhos estivessem protegidos do rigor do inverno. Ela pegou a criança mais nova no colo, aconchegando-a com cuidado. Era comum que a loba buscasse ficar mais tempo ninando-a para que ela voltasse a dormir.

"Você parece muito com a sua tia, sabia? Exceto pelos olhos, você puxou os olhos do pai", brincou Ookami enquanto buscava niná-la. A figura solitária da kunoichi era a única quebrando a serenidade da noite.

Sua irmã estava protegendo Kumogakure, do outro lado do mundo, longe da vila da folha. Ainda eram dois pequenos bebês que não conheciam a maldade do mundo, nem a sombra ameaçadora que emergia contra as cinco grandes vilas. Desde a gestação, Ookami havia ignorado o caos que emergia sobre as nações, sua única preocupação era com o agora, com as dores, os enjoos e o mal-estar causados pela gravidez. Mas agora, ela sabia que seu tempo de se manter escondida em sua própria cúpula de ignorância estava acabando. Ela sentia isso em cada um de seus ossos. Não podia ignorar que agora tinha novas responsabilidades, como mãe e esposa de duas mulheres lindas.

Ela deu um breve afago na bochecha da menina que riu ao pegar o dedo de sua mãe. Ookami queria protegê-los. Desde que era pequena, Ookami nunca havia entendido o que era amor. As pessoas que um dia diziam que a amavam apenas demonstraram lados sadistas e psicóticos e logo ela assimilou aquela palavra como algo negativo. Mas quando ela escutou o choro dos gêmeos pela primeira vez, ela descobriu que aquela palavra poderia ter um significado diferente. Ela se surpreendeu com a intensidade de seus sentimentos por aquelas pequenas vidas que dependiam dela para sobreviver.

No entanto, apesar de seu amor por seus filhos, Ookami não conseguia escapar das sombras de seu passado. Ela era assombrada pelas pessoas que assassinou a mando de seus antigos líderes e suas ações a deixaram com uma personalidade levemente pessimista e sombria, além de sarcástica. Era difícil para ela acreditar que merecia ser feliz e ter uma vida tranquila depois de tudo o que fez.

Mas, mesmo assim, ela tentava seguir em frente e encontrar a redenção. Ela se esforçava para ser uma boa mãe e esposa para suas duas amadas, embora às vezes se sentisse inadequada e incapaz de corresponder às suas expectativas.
Enquanto ninava a filha, Ookami olhou para o horizonte. A alvorada estava chegando e em breve o dia começaria. Ela sabia que não poderia ficar naquele lugar por muito tempo. Ela teria que voltar para a vila e enfrentar o mundo lá fora.

Respirando fundo, ela se levantou e colocou a filha no carrinho ao lado do irmão. Ela empurrou o carrinho para baixo da montanha, sentindo a brisa fria da manhã em seu rosto. Quando chegou ao sopé da montanha, ela parou e olhou para trás, para a vila da folha adormecida ao longe.
Ela sabia que havia muito trabalho a fazer e muitos obstáculos a superar. Mas ela estava disposta a enfrentá-los e lutar por sua família. Com um sorriso determinado, ela começou a caminhar em direção à vila, sabendo que seus amados filhos estavam ao seu lado e que ela não estava mais sozinha.

— O mundo continua atolado na merda…— Murmurou. — Mas quero que ao menos vocês não se atolem tambem.— Acho que está na hora de retornar, de parar de reclamar e fazer algo em relação a toda essa merda que o mundo esta.—

Ela pensou em pegar um segundo cigarro, mas lembrou-se da fala de Yukari de que aquilo não faria bem aos bebês.

— Fiz sexo uma vez só mas pelo jeito eu to fodida para sempre.— Disse a mesma ao rir de si mesma. No passado Ookami nunca rejeitaria fumar um cigarro, mas agora as responsabilidades e a maturidade havia atingido em cheio.

— Droga, vamos passar na farmácia dos Yamanakas temos que pegar fraldas.—

O som e seus passos e do pequeno carrinho de bebe ecoavam pelas ruas vazias, as poucas pessoas que ainda estavam nas ruas evitavam o trocar de olhares com a prateada. Ela era uma mulher que as pessoas consideravam perigosa demais para ter qualquer contato, e a loba preferia assim, por isso que apesar de ser hoje apenas um resquício de seus tempos de assassina ela não se preocupava em tentar corrigir os boatos e histórias que circundam a vila da folha.

— Sera que Yuyuko vai fazer carne hoje? Eu mal consigo me conter de tanta fome…— Pensou.
Ainda havia muito a ser feito, a prateada deveria voltar a ação, a ordem do mundo estava cada vez mais instável e ela peça primeira vez se sentia no dever de retornar para o caos, para proteger as pessoas que realmente importam para ela.


Para os seus filhos e suas mulheres, para que ela não precisasse ver o caos tocando suas garras nos pequenos tesouros que estavam sobre aquele carrinho.

— Talvez agora eu te entenda um pouco Taichou.—

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