Com a visão totalmente nublada, era difícil ver por onde passava. Possuía em mente apenas a missão que me havia sido entregue, o dever de encontrar um gato perdido em um vilarejo inteiramente recoberto por névoa espessa. Começando pelas localidades próximas da residência do cliente, acabei cruzando um dos principais parques da vila, localizado próximo ao centro. Um predador como um gato poderia tentar a sorte com os pequenos insetos da região, mas não sei o quão bem ele poderia se dar caso se deparasse com uma cobra ou aranha peçonhenta.

Me aproximei com cautela, observando bem a região. A cerca que cercava tudo já estava velha e levemente apodrecida pela umidade, algo que se esperaria ver acontecendo com madeira. No interior do parque, os olhos treinados de um ninja iriam se encarregar de buscar algo distinto do esperado na região, sendo obviamente, a única ferramenta de busca que poderia usar naquele momento.

Passos são dados no terreno difícil, conforme os pés vão se afundando na lama e saem mais sujos do que antes. Passados alguns minutos, começo a ouvir uma voz, indicando a presença de algum senhor de idade, julgando pela entonação e timbre. Segui-a até sua origem, me deparando com uma cena inusitada e até um pouco estranha, pois nunca havia visto alguém alimentar sapos antes.

Não haviam muitas pistas do gato desaparecido, mas talvez o velho poderia tê-lo visto ou ao menos saber de algum outro lugar para procurá-lo. Puxando a foto do animal desaparecido de um bolso na cintura, notei a expressão simples do homem, um olhar sereno e desprovido de sentimentos. Era estranho encará-lo, pois me sentia como se olhasse no espelho, vendo meu próprio rosto em um futuro não tão próximo, provavelmente.

— O senhor viu esse gato? — O questionei ao mostrar a foto.

Não poderia deixar que meus sentimentos atrapalhassem a missão, então segui com a investigação, aguardando uma resposta do homem.

Considerações: