Ookami sentou-se junto ao túmulo de seu antigo amigo, em um cemitério envolto em sombras e silêncio. O vento sussurrava entre as lápides antigas, como se os espíritos dos ancestrais estivessem presentes, observando silenciosamente. O céu noturno estava adornado com estrelas cintilantes, proporcionando uma iluminação tênue e misteriosa ao local.

Seus olhos prateados se encheram de lágrimas ao fitar a foto desgastada do aburame, um homem que ela tanto admirava e lamentava ter perdido. No entanto, ela reprimiu suas emoções, recusando-se a permitir que os outros a vissem em um estado de vulnerabilidade tão profunda.

Com um gesto delicado, Ookami trocou as flores murchas por outras frescas, trazendo um toque de vida ao túmulo. Com um pano suave, ela removeu a poeira acumulada na lápide de mármore branco, revelando as inscrições gravadas que contavam a história do aburame e sua importância para Konoha.

Um suspiro escapou dos lábios prateados quando ela acendeu um cigarro, o aroma refrescante de menta se misturando ao ar noturno. Sabia que seu amigo provavelmente a repreenderia por desrespeitar o ambiente sagrado, mas naquele momento, ela não se importava com as convenções sociais. Ali, junto ao túmulo, ela podia ser verdadeira consigo mesma.

Enquanto o fumo serpenteava em volta dela, Ookami dirigiu seu olhar para as fotos dos filhos que segurava em mãos trêmulas. Era difícil acreditar que ela, uma mulher marcada por sua história sangrenta, fosse capaz de criar e proteger duas preciosidades como aquelas. Um sorriso triste dançou em seus lábios ao pensar no quão distante sua vida atual estava de seus dias de violência e caos.

— Treze... meus filhos estão bem... você ficaria surpreso, meu querido amigo. Até eu mesma me pergunto como consegui mantê-los vivos por tanto tempo... — Ela soltou uma risada amarga e apagou o cigarro no cinzeiro próximo. — Mas, você sabe, a maternidade me tornou mais vulnerável do que eu jamais imaginei...

A voz de Ookami ecoou suavemente entre as lápides, trazendo um toque de melancolia ao ambiente. Ela se aproximou mais do túmulo, como se buscasse uma conexão com o amigo perdido.

— Se ao menos você estivesse aqui... Sinto tanto a sua falta... — As palavras saíram em um sussurro, carregadas de tristeza e remorso.

Ookami sentou-se ali, ao lado do túmulo, compartilhando seus pensamentos e sentimentos com o amigo que se fora. Enquanto a noite avançava e as estrelas cintilavam acima, ela encontrou um momento de paz e reflexão, permitindo-se ser vulnerável em um lugar que entendia sua dor.
Ali, no cemitério silencioso, ela prometeu a si mesma que nunca esqueceria o sacrifício de seu amigo, e que faria tudo ao seu alcance para proteger seus filhos e criar um mundo onde pudessem viver em paz. Enquanto suas palavras ecoavam suavemente no ar, uma brisa suave acariciava seu rosto, trazendo consigo pétalas rosadas de flores de cerejeira.

As pétalas dançavam em torno dela, criando um cenário etéreo e melancólico, onde a beleza efêmera contrastava com a tristeza profunda que Ookami carregava em seu coração. O chão estava coberto por um tapete rosado, enquanto as árvores de cerejeira pareciam guardar os segredos dos ancestrais com seus galhos retorcidos.

À medida que a loba prateada se levantava, uma sombra se aproximou cautelosamente do túmulo. Um homem idoso, vestido com trajes tradicionais de Konoha, fitava Ookami com um misto de temor e desdém. Era evidente que ele conhecia a história sombria que a envolvia e via nela uma ameaça para a vila.

Os murmúrios dos visitantes próximos ecoaram em seus ouvidos, cheios de especulações e medo.

— É melhor ficarmos longe dela. Dizem que ela é perigosa, uma assassina.

— É verdade, ela quase matou o senhor feudal de Kumo. Como o Hokage permite que ela fique em Konoha?

— Ela é um monstro. Deveria ser exilada da vila.

Enquanto os comentários se propagavam, Ookami permaneceu serena. Seus olhos amarelo-âmbar brilhavam com uma mistura de tristeza e determinação. Ela sabia que seu passado a assombraria para sempre, mas também estava determinada a provar que podia ser uma força do bem no mundo.

Ela enfrentou o olhar do homem idoso com firmeza, sabendo que não poderia mudar a opinião dos outros sobre ela, mas também não permitiria que o ódio e o medo a dominassem novamente.

Com um aceno sutil, Ookami se afastou do túmulo e das flores de cerejeira, deixando para trás os visitantes atemorizados e aqueles que a odiavam por seu passado obscuro. Ela caminhou em direção ao predio central da vila, ciente de que ainda tinha muito a provar e redimir.

Enquanto ela se afastava, as pétalas de cerejeira a acompanhavam, criando um rastro poético e efêmero em seu caminho. Ela era como a própria flor de cerejeira, uma beleza frágil e fugaz, mas também uma força imparável que renascia a cada primavera.

Konoha observava enquanto Ookami seguia em frente, um vórtice de sentimentos contraditórios girando em torno dela. Alguns temiam sua presença, outros a odiavam, mas poucos conheciam a verdadeira loba que ela havia se tornado: uma mãe protetora

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