— Ah. Realmente é tão importante assim pra você né… — Dizia, piscando sonolento. Realmente as coisas tinham que ser assim né. Miko havia mandado me procurar um livro na casa do caramba. No subterrâneo de uma passagem secreta. Agora estava eu, uma hora da madrugada, caminhando pelo completo enquanto minhas mãos permaneciam em meus bolsos. O colete de T. Jonnin balançava ao vento conforme a lua me fazia companhia lá no alto. O satélite natural era o que iluminava o mundo todas as noites. Dei um novo bocejo. — Onde que era mesmo? Eu não tô nada empolgado mas… Algo me diz que se eu não fizer, vai ficar feio. — Coloquei a língua para fora, dando uma risadinha.

Após mais algum tempo caminhando, pude chegar ao local. Ficava no final do complexo, e tudo o que eu via era somente as sombras das casas e construções. Tudo apagado durante o horário da madrugada. Dei mais um salto e pousei em cima de uma residência, flexionando a perna e apoiando a mão sobre a coxa enquanto a outra se erguia na horizontal, acima dos olhos. — Deve ser por aqui pô… — Movia a cabeça de modo a procurar o dito local. Sem Miko, eu tinha que me mover só.

Considerações:

Parafernália:

— Eu não tô achando… — Falava, erguendo a mão para dar aquela coçadinha na nuca, de modo que os dedos se moviam entre os fios que caíam na mesma região. Movi os olhos para os lados e afins, para o lado, para o outro, e nada de me dar uma pista. Talvez eu estivesse maluco e não estava vendo algo bem na ponta do meu nariz, eu tinha essa sensação. Saltei no ar e pousei sobre o chão outra vez, erguendo a mão para performar um selo onde aquilo ativaria meus olhos que abstraem, o Byakugan. Movi novamente o olhar sobre a região.

Onde poderia estar? No meio da rua tinha uma espécie de bueiro onde pude vê-lo com máximo esforço. Lá estava ele, abaixo da camada de concreto que levava para algo ainda mais extenso que eu não podia ver com exatidão. Movi os braços e retirei a tampa, colocando para o lado e saltando dentro, sem antes fechar a entrada do bueiro. Com isso, me vi em queda livre por um momento até que os meus pés bateram sobre o chão de alguma forma. Senti o estrondo advindo dali bem como o pingar de águas de alguma goteira por ali.

Considerações:

Parafernália:

Bem. Isso parecia mais a carcaça de um selamento. Sei lá. Me sentia preso. Olhei para cima e tudo que eu via ali era nada mais do que um local insalubre com várias goteiras que escorriam entre os canos, pingando contra o chão úmido e tudo ali parecia cheirar muito mal. Não que eu fosse fã de locais cheirosos em demasia, mas caramba, precisei erguer o dedo para tampar o nariz por um segundo enquanto andava por ali. O Byakugan me dava o suporte necessário para que eu prosseguisse com o meu projeto, de modo que embarquei em uma jornada.

O tempo passou e cheguei em uma entrada, tinha uma porta ali, eu não sabia o que esperar. Olhei para o lado, olhei para o outro, tinha dois caminhos. Um deles era o certo. Forcei o olhar com um estreitar e pude ir longe. O local parecia menos bifurcado do que o outro, isso era um bom sinal ou péssimo sinal? Não sabia. Mas eu iria no menos bifurcado, que era o da direita. Assim, adentrei aquele lugar, fechando a porta atrás de mim. Soltei o ar pela boca e permiti andar, desaparecendo na escuridão. Parecia que a neblina fazia até parte daquele lugar.

Considerações:

Parafernália:

Caminhando, conforme avançava, parecia que as coisas ficavam ainda piores. Ergui em determinado momento, o punho contra os dois ouvidos, onde tentaria sem sucesso, abafar as vozes que parecia emergir das paredes. Parecia que eu estava esquizofrênico ao ponto de que as vozes eram reais e por um momento, me perdi na minha própria insanidade. Me vi caindo em espirais, dando voltas e voltas como se estivesse sendo sugado por um vórtex negro. Que tipo de ligar era esse que abrangia de uma maneira tão extensa, a capacidade de percepção de seu portador? Pisquei. Estava parado ali no meio do corredor.

Levei a mão em direção ao peito, soltando o ar ofegante confirme a outra palma se movia contra minha bochecha, limpando as lágrimas de suor. — Um teste? — Exigi um sorriso, levemente empolgado. — Não caio mais nessa. — Disparei pelo campo, correndo contra escuridão conforme os fios negros balançavam e os passos empurravam as águas, provocando pequenas ondas. Iria dar o meu jeito de chegar até onde era pretendido. Não era algo tão fácil, mas não poderia dizer que era difícil. Equilíbrio era algo que eu não tinha e um lugar equilibrado era tudo que eu precisava. — Haha! — Me permiti rir da situação.

Considerações:

Parafernália:

As vozes pareciam aumentar conforme eu me deslocava para perto do meu destino. Pareciam estar determinadas a me afastar para que eu não chegasse. Mas quem se importava? Eu iria acabar com aquilo, não importava o quê. Eu era como uma cobra rastejando rapidamente sobre as águas rapidamente , ondulando, serpenteando como um dragão veloz. No fim, acabei sendo surpreendido com o fim. Em alta velocidade, precisei derrapar as solas do pé ao verificar a porta que apareceu tão repentinamente em minha vista, já que eu não estava mais com o Byakugan ativo. Girei o corpo mais uma vez e parar por 1 cm de me chocar com aquela superfície.

Soltei o ar pelos lábios outra vez, erguendo a costa da palma para que o suor se afastasse de minha testa. Diante de mim, estava uma grande porta com o símbolo de Yin-Yang estampado. O lado branco na direita e o lado negro da esquerda, que diabos era aquilo? — Uau. — Estava surpreso, até ergui as sobrancelhas com aquela pintura. Não pensei duas vezes e empurrei a porta pro lado. Ali, tinha um pequeno recinto com alguns pergaminhos, um campo para meditação e uma vela acesa para iluminar. Parecia até aconchegante, se pudesse dizer isso.

Considerações:

Parafernália:

Me sentei no estofado daquele lugar, tinha que prestar atenção naquele recinto enquanto a porta atrás de mim se fechava. Olhei levemente por cima do ombro, de modo a me perguntar se eu ficaria contente ou infeliz com aquele fechamento. Não tinha muito o que fazer. No fim, observei a estante ao meu lado, ali tinha vários pergaminhos. Vários livros, fiquei curioso para ver, então comecei a lê-los. Em especial, tudo ali se remetia ao Byakugan. Conforme o tempo foi passando, eu me deleitava ainda mais a estudar aqueles olhos. As coisas estavam boas. No meio do caminho, pude perceber que as coisas se encaminhavam para um só lugar: O último estágio do Byakugan.

Meus olhos brilhavam naquele momento, me fazendo erguer minhas sobrancelhas pequenas e finas por um instante. — Era isso que Miko queria? Que eu atingisse o meu potencial máximo com essa coisa? Eu realmente acato. Tô empolgado, nem tem como achar isso chato ou sem emoção. — Dei uma risada, colocando a língua para fora. Então mergulhei de cabeça no treinamento, eu precisava dissecar cada etapa que me permitisse evoluir meus olhos. Estava com uma empolgação incomum para ver como seria tal feito. Se era rápido, fácil, muito difícil, enfim, eu descobriria.

Considerações:

Parafernália:

O treinamento era simples, eu precisava focalizar o meu olhar de maneira suave. Como se eu fosse um rio em um dia de calmaria ou alto do tipo. Uma das frases que eu tinha lido naqueles livros que me chamaram bastante a atenção, era a seguinte: "Seja água." Eu tinha que ser como o fluxo do rio cortante entre as pedras, entre as margens, entre os riachos. Eu precisava ter aquele fluxo constante que não se apaga, nem é forte nem fraco, mas suave e na medida certa. Se os outros métodos envolviam forçar o olhar, esse aqui era uma pegada mais gentil.

Ativei o Dōjutsu com sutileza, sem ser muito forçoso ou abrupto. Eu precisava disso. E percebi que de imediato, o meu olhar se tornou mais nítido. Mas claro, para isso, eu precisava me adaptar, pois sempre que fosse necessário, era possível que estendesse a capacidade de manter o poder ocular ativado. Em posição de lótus como eu estava, permaneci na região ao ponto de contemplar o que eu vislumbrava ver. A sutileza era o ponto central daquele método, tornando minha vista mais rápida, mais apurada e mais potente. Após um período extensivo de uso, pude perceber que o ardor já se fazia presente em minha pálpebras, me forçando a parar.

Considerações:

Parafernália:

Respirei fundo outra vez, apagando tudo ao meu redor. Foco total na mente. Posição de lótus, dedos se tocando e a posição ereta,Tanden brilhando no meu ponto do umbigo, eu precisava me concentrar para ser mais eficiente naquele quesito. Respirei fundo outra vez, soltando o ar pela boca. Toda vez que eu fazia isso, era necessário que eu precisasse ter em mente a emissão do Fluxo, eu tinha que ter em mente que eu era como um rio, um rio em fluxo constante. Inspirei, concentrei o ar nos pulmões e soltei pela boca outra vez. Nesse momento senti um estalo, abri os olhos.

— Byakugan! — Exclamei, clamando pelo poder daqueles olhos. E ali eu o usei de maneira superior. Eu sentia a leveza, sem forçar nada. Era tão melhor assim. As gotas de suor escorriam pela minha boca, e bochechas, pescoços e queixo. Estava realmente me empenhando nisso. Que coisa ótima. Comecei a sentir uns pontos escuros na minha vista um tempo depois, afinal, eu estava me adaptando a um nível superior de visão que nunca havia tido antes. Meu olhar estava se propagando com melhorias contínuas. Cada quilômetro alcançado como novo estava sendo considerado um progresso, era algo totalmente novo.

Considerações:

Parafernália:

Naquele ponto da madrugada, eu já estava cansado. — Ufa. Isso tá me deixando animado mesmo, afinal, faz tempo que não me esforço assim cara. — Meu sorriso era puro,cheio de energia. Ergui a costa da mão sobre a testa, de modo a limpar o que eu precisava: As horas de suor que escorriam pelo meu rosto e afins. Consegui me desprender inclusive, da posição de lótus, afinal, o próximo passo é não ficar tão dependente da meditação, e ganhar autonomia e independência para que eu possa ir adiante. Apoiei as mãos sobre as coxas com o corpo levemente inclinado. O olhar brilhava de energia pela continuação.

— Byakugan! — Exclamei, e novamente aquele poder veio a mim. Afinal, soberano daqueles olhos eu era, e precisava usá-lo. A minha visão atingiu um novo patamar conforme as descrições dos livros. Eu podia ver. Podeira ver as grossas camadas de concreto serem superados pela minha vista. Tudo estava se tornando cada vez mais claro ao meu olhar conforme eu atingia novos quilômetros de rodagem além de que a minha visão parecia se tornar ainda mais esférica. Cerrei os dentes, soltando vapor pelos lábios resultante do meu esforço. Os olhos começaram a arder novamente, me forçando a parar. Ofegante, percebi que estava quase lá. Mais um pouco.

Considerações:

Parafernália:

As gotas de suor pingavam sobre o chão. Estava ofegante. Que isso. Meu coração batia forte. Pelo tempo que passei ali, tinha certeza de que ao menos eu estava um tanto quanto cansado daquela parada e há muito tempo ali. O corpo estava sobre o chão, com as palmas apoiando o resto do corpo sobre ele. Minha vista estava cansada, mas tinha que testar uma última vez. Afinal, eu lembrava de algo que minha mãe sempre me disse: a prática leva a perfeição. Soltei o ar pela boca novamente e com sutileza, ativei o meu olhar supremo. As veias tomaram conta dos meus olhos e bochechas, deixando eles apurados. Atingi uma meta incrível naquele momento.

Aquilo se tornou tão natural naquele momento. Parecia que não tinha limite. E todo o esforço que eu tinha que fazer se foi. Parecia um fluxo constante totalmente novo. Ofegante, eu vi como a minha visão parecia infinitamente melhor em mil vezes. Estava vendo tão longe, tão rápido quanto jamais eu tinha visto. Além disso, parecia ultrapassar o concreto como um projétil balístico. Realmente, aquilo era o último estágio do Byakugan? Era deveras igual ao livro. Eu tinha conseguido. Um peso havia sido removido dos meus olhos e do meu corpo. Naquele momento, desmaiei, tombando no chão.

Considerações:

Parafernália: