Caminhando solitário pelo vasto deserto, o sol escaldante era meu único companheiro. Cada grão de areia parecia contar histórias antigas, enquanto meus pés cansados deixavam suas marcas na imensidão árida. O vento soprava quente em meu rosto, mas o peso da missão em meus ombros era ainda mais sufocante.

Fui convocado pelo Shinigami para uma tarefa sombria, uma missão especial que exigia uma grande quantia de coragem e uma quantia ainda maior de tolice. O líder do vilarejo vizinho havia se tornado um conspirador, ameaçando uma aliança rebelde que poderia destruir tudo o que conhecíamos. E agora, o destino recaía sobre meus ombros, o dever de atravessar o deserto escaldante e encontrar esse traidor para encerrar sua trama.

Com cada passo que dava, a dúvida me atormentava. Ainda não confiava plenamente no Kazekage, muito menos depois de ter sido receptáculo de um demônio para suas causas egoístas. Seria eu capaz de cumprir essa missão, de acabar com a vida de outro, mesmo sabendo das consequências diretas disso? O dever me chamava, implacável, e eu sabia que não podia fugir do meu destino.

A fera do deserto, adormecida em minha essência, despertava de sua letargia, sussurrando suas palavras sombrias em minha mente. "O sangue derramado é um preço alto a se pagar. Você está preparado para carregar o peso de suas ações?"
Eu cerrei os punhos e respirei fundo, enfrentando a presença inquietante. "Eu sou a única esperança de proteger minha vila e todos aqueles que amo. Sei que o caminho é difícil, mas precisa ser feito." Sussurrei, mais para mim mesmo do que para ele.

Com resolução renovada, avancei, deixando para trás as incertezas e os questionamentos. O deserto se estendia diante de mim, um desafio imponente que testava minha resistência física e mental. A falta de vida e a escassez de recursos eram uma lembrança constante da natureza impiedosa do mundo. As dunas sinuosas se erguiam como ondas petrificadas, o vento soprava entre as rochas com um sussurro inquietante e o calor abrasador envolvia meu corpo como uma prisão.

Ao longe, caso bem sucedido de minha viagem, acabaria por vislumbrar o vilarejo vizinho, meu destino. Suspirava novamente, sabendo que não seria uma tarefa fácil, mas o dever me impelia adiante. A voz do demônio de cauda voltava a ressoar, suas palavras venenosas buscando minar minha determinação. "O conspirador pode ser um vilão em sua história, mas ele também tem sua própria verdade. Você está disposto a ouvir?"

Balancei a cabeça, afastando as tentações que me rodeavam. "Não estou fazendo isso pelo Shinigami, mas pela vila. As verdades e os arrependimentos pertencem a outra história."

E assim, avancei pelo vilarejo, passo a passo, cada movimento estudado, cada sombra examinada. Meus últimos treinamentos seriam importantes para ser capaz de me mover o mais silenciosamente possível, como uma sombra entre as ruas desertas, buscando estudar os arredores que me cercavam e os inimigos que cruzariam meu caminho. Os ouvidos afiados seriam minhas maiores ferramentas naquele momento, viabilizando captar informações úteis para o planejamento dos próximos passos.

As lembranças dos perigos em Amegakure assombravam minha mente em cada passo, me fazendo repensar os planos feitos, preparando-me para estudar bem cada movimento dado. O silêncio envolvente era apenas um prenúncio da tempestade que estava prestes a desabar sobre aquele lugar. A inexperiência com a nova técnica aprendida me fazia evitar utilizá-la neste primeiro momento, apesar de saber que o Modo Sábio seria uma força útil para aquele tipo de missão. Ainda assim, meus olhos brilhavam com a determinação de um guerreiro preparado para enfrentar o desafio.

Os ninjas adversários, alheios à minha presença, continuavam com suas atividades rotineiras, ignorantes da sombra que se movia entre eles. Mas não tardaria para que suas vidas se cruzassem com a minha. O Deus do Deserto, inquieto, despertava em minha mente, alertando-me para os perigos à frente, ao mesmo tempo que zombava de mim. ”Fufufufu… Com um avanço suicida desses, talvez eu assuma o controle mais cedo do que imaginava.” Com um sorriso confiante, acalmava minhas preocupações antes de avançar.

Concentrando meu chakra, senti a energia se espalhar pelas entranhas do solo. Raízes centenárias se estenderiam em uma dança silenciosa, abraçando a terra como tentáculos ávidos. Eu era o condutor, o maestro das forças naturais, e elas responderam prontamente ao meu chamado. Com um gesto do braço, ergui uma das mãos, e a terra tremeu sob meus pés. Centenas de raízes emergiram do solo, cada uma um apêndice destruidor. Como uma maré incontrolável, elas avançariam, varrendo tudo em seu caminho.

Os adversários, caso fossem pegos de surpresa, mal teriam tempo de reação, ou assim eu esperava. Em meio aos gritos de pânico, manipularia as raízes para se entrelaçarem com as estruturas do acampamento, derrubando barracas e engolindo ninjas desavisados. A terra tremia sob a fúria da natureza, uma força indomável que varria tudo em sua passagem.

Enquanto a destruição avançava, buscaria avistar o líder do acampamento de imediato, o meu alvo de toda aquela operação, enquanto os demais estavam ocupados demais processando o ataque surpresa. Com meus passos ecoando pelo solo revolto, não deixaria a determinação e o foco da missão desvencilhar. Com um aceno de minha mão, ordenava que as raízes se erguessem ao seu redor, cercando-o como uma prisão vegetal, esmagando todos seus ossos de uma única vez.