Pelas frestas finas do chapéu penetraram os primeiros feixes de claridade, uma claridade pálida e fria, como a neve. Era o chamado da aurora, o tipo de voz que você não consegue ignorar de modo algum, sobretudo quando se dorme em céu aberto. — Já é de manhã?

Levantei com uma terrível dor nas costas, ainda não me acostumei com esta árvore, arrumando o chapéu de palha, enquanto a brisa matinal fustigava meu rosto impetuosamente. — Espero que seja realmente cedo, qual é o caminho mesmo? — Me espreguicei. Embora a acadêmia não fosse realmente longe daquela clareira, por alguma habilidade especialmente particular, sempre acabava me perdendo no caminho. — Que o avaliador não seja Takezo-dono!, ele sempre está com péssimo humor de manhã.

Um céu nublado descortinava-se como uma gigante tampa de chumbo, pensamentos simultâneos habitavam minha mente, pensamentos que ressoavam com aquele cenário matinal plúmbeo, prenunciando uma chuva amena. Acho que a tensão é inevitável em certas ocasiões, levei a mão de forma instintiva no cabo de minha espada, era lá que a minha segurança residia. Me agarraria a ela.

Ganhei a floresta depois de atravessar a clareira, os altos pinheiros em demasia tornavam a localidade muito mais escura, de modo que a luz penetrava o ambiente somente em filetes cônicos, revelando nesgas do céu soturno. Os ruídos constantes declaravam a presença velada da fauna local, fui saltando por entre os galhos das árvores, rememorando o caminho correto. Quando cheguei às ruas de Konoha notei pela movimentação que já se tratava de um horário comercial, senti alívio ao cruzar um barzinho e ver um número de pessoas fazendo a primeira refeição do dia, não é tão tarde, afinal.

Estudantes ainda conversavam na entrada quando cheguei, senti a necessidade de um cigarro, mas talvez fosse tarde demais, por isso adentrei a esmo, retirando o chapéu de palha da cabeça. Fui até o pátio de treinos, estava mais vazio do que imaginei, havia um grupo de garotas conversando a oeste. No centro, um homem de pé, imponente. Me aproximei sem cautela. — Oi, deve ser você o avaliador, certo? Desculpe a demora, cruzei com uma velhinha no caminho. — Disse a primeira coisa que me apareceu na cabeça, depois me arrependi. O sujeito decerto pensaria que era um aluninho vagabundo. Pensando bem, quem liga?

Não lembro de ter visto aquele homem em lugar algum, o que me causou certo espanto. Talvez a avaliação, nada mais que isso, fosse o seu único ofício. Ele foi sucinto, solicitou um ataque e nada mais, me pareceu desinteressado, mas porventura fosse somente uma impressão minha. — Ok.

Calculei a distância em que estávamos para começar a luta, dez metros? De modo despretensioso, joguei meu chapéu de palha aos céus, não antes de anexar a ele um papel explosivo, mas cuidei para que não ficasse visível ao avaliador. O chapéu planaria morosamente e cairia no chão, à minha esquerda, cerca de dez metros. Entrementes, avancei na direção do homem; saquei minha espada e desferi um golpe de corte diagonal, mirei no tórax, executei-o numa distância em que a lâmina percorreria o peito inteiro, contudo cortaria de maneira superficial, não procurava matá-lo. Meu objetivo era fazer o homem revidar, por isso evitei a retirada.

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