RPG ROLEPLAY AMBIENTADO NO UNIVERSO DE NARUTO
Shinobi World
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Lua Sangrenta
Arco 5 - Ano 785
Com a interrupção durante o Torneio Shinobi, Shin mostrou ao mundo seus verdadeiros poderes. O revelado Primeiro Hokage liberou sobre a Nuvem uma gigantesca besta de dez caudas que destruiu grande parte da Vila, se mostrando uma antagonista capaz de se opôr mesmo à quatro das cinco Sombras unidas. Com a união de todos os ninjas das cinco nações e alguns renegados, a besta foi finalmente derrotada.

Mas, para a surpresa de todos, o verdadeiro caos veio quando Shin liberou seu verdadeiro poder — Shinra Tensei —, assolando Kumogakure praticamente inteira. E, com o fim da batalha na Nuvem, um olhar sanguinário brilhou no céu, com a revelação da Lua Sangrenta.Um ano após os acontecimentos no País do Relâmpago, uma grande fissura surgiu na superfície da Lua Sangrenta, causando especulações de todos os tipos. As Nações, mais uma vez banhadas na incerteza e insegurança política, se vêem em uma tensão que pode eclodir em uma guerra à qualquer instante, entre qualquer uma delas. O ciclo, outra vez, se inicia.
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“Venha, vamos descansar. A vida já foi difícil o suficiente”, disse O Limbo. Sua voz era soturna e muito grave, e sua escuridão tragava o homem para dentro como um poço escuro que prometia-lhe a sensação de um abraço materno quando chegasse ao fim. Retumbante, O Limbo continuava com seu chamado: “Você não tem com o que se preocupar. Sem mais batalhas, sem mais deveres, sem mais maldades”, como o homem poderia se sentir tão pequeno diante daquela vastidão sem fim de pura escuridão? Era quase como se ele se sentisse sumir e tornar-se apenas um com o dono daquela voz. Por mais que tentasse, por mais que soubesse que estavam ali, não conseguia acessar lembranças ou pensar agora em quem já foi. Só sabia que o chamado era imperdível. “Sem deveres, tristeza, amor quebrado ou fugas momentâneas…”.

— Espera, o que você disse sobre… amor? — Pela primeira vez, a consciência do homem soou em alerta. O que O Limbo havia falado mesmo? Amor quebrado, sim. Ele havia fodido com tudo. Ah, Hana. O nome veio como um sopro de pensamento. De repente, a sensação de uma massa de carne rastejou pela imensidão vazia. Um som de tambor pôde ser ouvido (lembre-se disso, é importante). “Não se apegue, apenas deixe que se vá. Não há nada mais para ver”, mas algo não saía da mente do homem. Coisas que ele precisava resolver, consertar e pagar o preço — Mas… Eu sinto que tinha algo. Alguma coisa que não sai da minha cabeça. Eu não preciso encontrar alguém antes de ir?

A massa rastejante se tornou mais viva. Maior. Mais luminosa. Menos como uma lesma rosada que se contorcia em podridão e mais como um grande amontoado de carne que se comprimia em diversas cores vermelhas e roxas. Se apegar a esse pensamento fazia com que estivesse amarrado a uma corda que poderia tirá-lo dali de alguma forma, seja onde estivesse. O homem então ponderou mais um pouco sobre isso. Quando o fez, quase, por muito pouco, não conseguiu captar o cheiro adocicado dos cabelos de Hana que outrora já havia sentido e por algum motivo implícito sabia que não poderia mais senti-los. Mas… Não era sobre isso. Ele precisava encontrar alguém. Se não o cheiro de Hana, então qual ele sentia? Ao se prender nessa ideia, a massa de carne então moveu-se mais uma vez e começou a tomar forma muito parecida com a de uma pessoa caída com a barriga para baixo, e o som de tambor tornou-se ainda mais latente.

Como num golpe de sensações, várias coisas vieram à tona. Coisas familiares. O cheiro de nicotina era forte, assim como um gosto amargo e amanhecido de álcool nas sensações gustativas. A luz fazia mal aos olhos sensíveis e fortes dores queimavam seu corpo. Havia a dor lacerante de um corte profundo na coxa, de costelas quebradas no lado direito de seu corpo e também alguns ossos do rosto fora do lugar podiam ser sentidos, mas nada disso, ainda assim, doía mais do que a sua cabeça obliterada pela ressaca que estava sentindo agora. Mesmo que não fosse capaz de lembrar quem era ou porque estava jogado ali naquele quarto, ainda assim tinha quase certeza que aquela era a pior ressaca da sua vida. Afinal, além de seu estado físico, sentia como se todo o seu interior estivesse podre, prestes a se decompor quando a mais frágil das brisas o encostasse.

— Ai, merda... — Sua voz quase não foi capaz de sair da garganta seca, mas foi inevitável não se expressar ao sentir a dor que quase o debilitava naquela posição, mas esforçou-se para finalmente colocar-se de pé, embora com muita dificuldade. O tambor ainda atordoava sua cabeça, mantendo-se batendo de forma incansável e insuportável. Finalmente, o homem pôde fazer uma análise geral do lugar onde estava: Parecia o quarto de alguma hospedaria barata e provavelmente mal frequentada. O quarto estava com quase todos os móveis quebrados, desde a escrivaninha até a porta que levava ao pequeno banheiro sujo. Os lençóis estavam fora do lugar, pisoteados e sujos de sangue. A única janela do cômodo estava quebrada, mas por algum motivo o homem soube reparar que não havia cacos do lado de dentro então provavelmente foi um arremesso de dentro pra fora.

— Parece que a briga aqui foi feia — Disse uma voz na cabeça do homem.

— Sim, e eu não sei bem se ganhei — Ele respondeu, confuso. Levou a mão até a cabeça e sentia-se quase incapaz de manter-se com os olhos abertos com a forte luz da manhã entrando pela janela. A dor na costela fazia-o ficar emborcado — Espera, quem é você agora?

— Ah, quem sou eu! — A voz soou ofendida, exclamando como se fosse óbvio — É sempre essa porra? Eu sou A Consciência, cacete. O cara que você sempre ignora minutos antes de fazer uma grande merda… Dessa vez, quase foi a última.

— Mas não podemos negar que foi uma noite divertida — Finalmente, a voz do Vício acordava.  

De repente, o homem notou que na mesa de centro quebrada haviam resquícios de um pó azulado. “GCB”, ele sabia o nome daquilo mesmo que não soubesse o seu próprio. Sua boca seca se espremeu numa súbita vontade de conseguir mais daquilo. Haviam também tantas garrafas espalhadas, tantas bitucas de cigarro que era inegável - ainda que não entendesse porquê -, parte daquilo o deixava orgulhoso. O Vício estava certo, ele devia apenas continuar mais um pouco com a sua viagem e quem sabe assim conseguir morrer de uma vez. O homem não ligava. Ainda mais intensos, sons de tambores desnorteiam seus sentidos.  

— Mas você não precisava encontrar alguém? — Disse a Consciência.

— Hm, eu me lembro disso. Acho que vou me lembrar com clareza depois que eu acender um cigarro e tirar esse gosto horrível de morte da boca.

— Isso aí — Concordou o Vício.

— Espera, e esse tambor, não te incomoda? — Perguntou a Consciência.  

Sim, o tambor o incomodava muito. O que era, afinal? O homem correu os olhos para si mesmo e percebeu que estava sem roupas, e levando a mão ao rosto viu que estava coberto por uma máscara. No pouco reflexo que o espelho oferecia, o homem pensou em levantá-la e finalmente saber quem era.

— Tem certeza que quer fazer isso agora? Acho que captar essa imagem não seria bom pra sua moral agora — Alertou novamente a Consciência na cabeça do homem — Preocupe-se com as batidas do tambor.

Ele estava certo. De onde vinham? Da porta. Atrás dela, além das batidas, também era possível ouvir a voz do gerente gritando para que ela fosse aberta. Se olhasse pela janela, veria o corpo de um homem despedaçado que ao cair espatifou-se contra o chão. Aliás, não demoraria para que o gerente destrancasse a porta. No entanto, não encontraria nada além de um quarto destruído e um papel com o número “13” escrito. O homem já não estava mais ali. Afinal, ainda que se drogasse a ponto de não ser capaz de lembrar seu próprio nome, sua lendária habilidade de desaparecer era inerte e automática ao seu cerne. Até mesmo havia-o garantido uma Alcunha. O nukenin mais difícil de ser encontrado. Ele não era nada mais do que…  

Uno Espectro Loco.





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Ok.

Não sei pq isso me lembrou o John Kreese de Cobra Kai
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— Você quer matar o Kuno de susto, seu filho da puta?

O garoto estava nitidamente ofendido, franzindo seu rosto sardento emoldurado por cachos ruivos e desgrenhados enquanto reclamava com a voz alta do aparecimento repentino daquele homem mascarado no meio de sua pequena sala imunda. O homem, por sua vez, colocava a mão na cabeça e sentia a forte ressaca acertá-lo sem piedade alguma, arrastando-se pelas tábuas velhas e tentando se colocar de pé com muita dificuldade. A única coisa que sabia é que seu dia estava sendo bastante estranho desde que havia acordado. Desde então, descobrira que havia se drogado tanto com alucinógenos e químicos pesados na noite anterior que agora não conseguia se lembrar quem era, e tudo que restava era tentar juntar alguns fragmentos que encontrou pelo caminho até aqui e tentar adivinhar sua história. Ou, quem sabe, sair por aí tentando descobrir um pouco mais.

Apoiou-se pesadamente numa mesa de centro e lembrou-se das costelas quebradas quando tentou descurvar seu próprio corpo, retornando rapidamente à posição de antes. Bom, as fraturas nos ossos do rosto também eram dolorosas, embora não mais que a ressaca que lhe deixava aturdido e sensível à luz. Além da máscara de pano vermelha que cobria toda sua cabeça até o pescoço, reparou que não vestia mais nada a não ser uma cueca amarela que passava como uma fina linha entre as nádegas. Pelos machucados, sabia que havia brigado com alguém no quarto em que acordou - este que se encontrava totalmente destruído, mas quando o gerente da estalagem arrombou a porta para pegá-lo lá dentro, através de um reflexo inexplicável, seu corpo foi teletransportado para o meio da sala daquele garoto maltrapilho que aparentava ter afundado o próprio rosto numa bacia cheia de farinha. Ele não tinha mais que dez anos e os arredores de suas narinas estavam lotadas daquilo que o homem mascarado mais amava. Ah, e também tem as vozes… Todas elas que ficam conversando o tempo todo dentro da sua cabeça como se ele estivesse numa feira de frutas.

— Eu não consigo me lembrar de nada, Kuno — Disse o homem, calando as vozes e finalmente conseguindo sentar na poltrona após ter se arrastado heroicamente até ela — Você sabe porque eu vim parar aqui do nada?

— Kuno não liga, cabeça de rôla! Kuno é quem manda aqui e Kuno quer que você vá se foder! — Ele não tinha mais do que dez anos, mas enxotava o adulto com uma autoridade invejável ao mais experiente general, ou com a loucura presente na mente do cara que era mantido na sala mais escura do hospício. O ruivo deu outra uma grande cheirada no pó branco espalhado pela mesa e arregalou os olhos quando emergiu a cabeça — Kuno nunca disse que era seu amigo, cuzão.

Peraí, então quer dizer que ele sabe quem você é? — Disse a Empatia, só mais uma dentre as tantas vozes na cabeça do homem — Você não deveria descartar esse moleque, ele parece já ter algum tipo de conhecimento sobre quem você é. Seja bonzinho. O que você teria para oferecê-lo em troca de informações?

Que bom que você perguntou — O homem mascarado se moveu rapidamente. Ele não conseguia entender o porquê, mas seu cérebro processava informações que uma mente normal não deveria pensar passivamente. Sendo assim, numa fração de segundos, reparou que seu braço esquerdo não estava com a movimentação tão debilitada quanto o outro, e que uma vara de pesca estava escorada ao seu alcance. Após pegar a vara, movimentou-se de forma a quebrar o objeto no chão e produzir assim uma espécie de arma pontiaguda improvisada com o pedaço de bambu. No mesmo segundo a ponta estava sendo forçada contra o pescoço de Kuno com habilidade cirúrgica, deixando escapar um pequeno filete de sangue que escorreu fino até a escápula do garoto.

Isso é o que eu tenho pra oferecer. Espero que resolva — Respondeu o homem à Empatia. O mascarado então apertou um pouco mais o espeto contra Kuno que agora parecia bem menos durão — Porque ao invés de você ficar agindo como um astro teen no camarim só não abre logo o bico, hein? Eu tô numa ressaca do caralho e com essa amnésia quem vai te garantir que eu não sou um assassino que adora matar viciadinhos ruivos por aí?  

Oh, mas é quase isso, Shinigami-senpai — O garoto acuado parecia extremamente disposto a falar tudo que sabia agora que sua vida dependia disso. Percebendo que a menção ao nome fez a arma afrouxar-se do seu pescoço, se apegou a esse pensamento —… mas Kuno tem ouvido falar de você por aí como Uno Espectro Loco.  

— Shinigami? Tipo… O Deus da Morte? Soa bem fodão, pra falar a verdade — O homem parecia orgulhoso por trás da máscara — E porque Uno Espectro Loco? Vai, desembucha cabelinho de salsicha, vai contando tudo que você sabe sobre mim.

Ah, sim. Kuno vai falar. O Shinigami-senpai já havia deixado Kuno avisado de que tudo isso poderia acontecer — Kuno tentava dar um jeito de se afastar daquela ponta de bambu afiada, mas o homem de máscara vermelha não oferecia nenhuma abertura para fuga — Foi o sr. Shinigami que arranjou toda essa droga pra Kuno, ah foi. Arrumou quando estávamos ficando doidões juntos…

Do jeito que Jesus ensinou — Comentou o Vício em sua mente.

...O senhor disse que estava procurando alguém, um aluno, um irmão. Algo assim, Kuno não lembra porque também 'tava doidão. Kuno foi instruído a entregar essa grande maleta pro Shinigami caso o Shinigami voltasse. Depois, o próprio Shinigami deixou um recado pra si nessa maleta. É só abrir.

O mascarado foi até onde a maleta estava escorada, deixando finalmente que Kuno respirasse aliviado. Abriu então os trincos e levantou a parte superior, quase ouvindo anjos cantarem após apreciar a visão do interior da maleta: Suas duas katanas estavam ali e ele sabia mesmo sem memória que elas eram suas melhores amigas. Ao lado delas, uma roupa vermelha e preta que combinava exatamente com sua máscara estava dobrada e pronta para ser vestida. Por fim, um pequeno bilhete.

Porque você não me disse logo que estava me esperando?

O Shinigami me pagou para guardar suas coisas, mas quem sabe se o Shinigami fosse embora sem memórias, teria deixado as espadas e o pó para Kuno.

Muito esperto, é assim que se faz — O mascarado respondeu orgulhoso enquanto vestia-se com o colã e acoplava as duas espadas nas costas. Só então leu o bilhete — “Cai de cara na farinha, bebê”? Foi o que eu deixei escrito.

Não tem porquê não seguir seu próprio conselho, certo? — Disse o Vício.

O homem deu de ombros, aspirando uma grande quantidade da substância que se encontrava espalhada na mesa de centro, deixando toda sua máscara branca e seus neurônios ensandecidos.

Entretanto, foi só aí que se lembrou de quem era.




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Passos apressados eram ouvidos no corredor totalmente esterilizado daquele laboratório. A porta abriu-se de repente, mostrando os olhares assustados daqueles que estavam lá dentro ao diretor daquela sede, conhecido como o Padre. Era um velho de feição emburrada que insistia em gritar com todos, deixando-os ainda mais assustados.

— Onde ele está?! Onde ele está?! — O homem encurvado de vestes longas e douradas chutou uma das freitas que serviam de enfermeiras voluntárias do lugar, como apenas uma boa serva da Igreja do Fogo faria. Ela caiu no chão e começou a chorar, arrastando-se para longe o melhor que pôde. Todos os outros permaneciam encolhidos como ratos no canto do laboratório, escondendo-se em seus próprios antebraços — Onde está o Paciente Zero?

Bradava com tanta fúria que fazia o cuspe saltar-lhe pelos lábios. Os olhos intensos e azuis observavam o Cientista, a quem foi direcionada a última pergunta. Este não era muito mais velho que o Padre, mas seu semblante era notoriamente menos poderoso. Ele gaguejava, e isso deixava o homem santo ainda mais irritado, andando para todos os lados até se aproximar de um dos tanques de vidro no meio da sala. O único tanque vazio, sendo que o da esquerda era ocupado por um garotinha nu de cabelos dourados e o da direita por sua vez por um garotinho de longos cabelos azuis que esvoaçavam-se dentro do tanque cheio.

— O… tanque não foi quebrado, senhor. Nem mesmo aberto. Ele... apenas… Desapareceu — Sentia-se desconsertado por ter que dar a notícia de que não havia explicação para aquilo — O Paciente Zero foi a nossa melhor cobaia dentro todos os Treze. As habilidades de combate, cura e espaço-tempo que o jovem desenvolveu fez dele algo difícil de ser controlado.

— Você está dizendo que eu dei muita liberdade para o Zero?! A culpa é minha por não ter previsto que ele fugiria, Cientista? — Por fim, o Padre segurava o amedrontado senhor pelo colarinho — Pois o Bispo não vai ficar contente em saber que o soldado mais habilidoso que esse Santuário já teve simplesmente escapou bem debaixo de nossas vistas. Toda nossa operação está comprometida! Não só eu, mas todos vocês vamos ser mortos!

Era engraçado, o som abafado das vozes de alguma forma podia ser ouvido ao longe dentro daquele tanque. Envolto d’água repleta de resíduos químicos para testes, o Paciente Treze já sabia que não adiantava prestar atenção em nada daquilo que conversavam enquanto estava dentro daquele tanque. Afinal, quando acordasse daquela entorpecência, se sentiria incapaz de recordar o que havia acontecido ali, mas… faria mal se tentasse entender?

Não era difícil perceber a inquietação do Padre. O Paciente Treze sabia que aquele era o diretor, o homem que decidia quais os remédios seriam aplicados e quais os próximos passos da experiência seriam dados. “Zero”, “Zero”, muitas vezes seus lábios diziam o nome dele. O Paciente mais desenvolvido dentre todos, era o cara mais legal e descolado de todos, além do mais forte. O rapaz era o mais velho e também aquele que estava a mais tempo vivendo como uma cobaia. “O que sobreviveu por mais tempo”, eram o que diziam sobre ele nos corredores do laboratório onde cresceram. Isso fazia dele também o animal de maior estima da Igreja dentro daquele centro de aberrações, mas o que havia acontecido? Porque ele não estava no tanque ao lado? Normalmente Treze, Zero e Sete eram os que sempre eram enviados juntos para se “tratarem” de suas doenças mentais, como um manicômio mórbido que usava os distúrbios para usá-los como escravos químicos.

— Preciso dos relatórios de quem entrou e saiu daqui no último mês — A fúria do Padre e ênfase nas palavras fazia com que a leitura labial de dentro do tanque se tornasse mais fácil. A água queimava-lhe os olhos, mas o Paciente de cabelos azuis ainda continuava atento ao que acontecia em sua frente, assistindo de camarote pelo vidro transparente — É como encontrar uma agulha no palheiro. Ele pode ter marcado qualquer pessoa com sua técnica.

“Marcado alguém sua técnica?”, Treze não sabia sobre o que eles se referiam. Talvez, graças a sua força, Zero era incentivado a utilizar chakra em nome da igreja quase como um Templário enquanto tratavam-lhe como um louco por escutar insetos - o que, mais tarde, descobriu ser uma técnica proveniente do clã de seu pai. “Sobre o que eles estavam falando? Se eu pudesse ter uma técnica, também seria a de desaparecer e ninguém mais me encontrar”, refletia enquanto voava dentro de dois metros cúbicos.

Mas espera…

Aqueles cabelos castanhos eram inconfundíveis. Por ser o mais velho dentre os jovens mantidos naquele lugar, era difícil esquecer que Zero não deveria ser dez anos mais velho que Treze, que tinha cinco na época. Era uma criança, nua, molhada e escondida nas sombras em cima de um estalagmite da caverna onde o laboratório havia sido construído.    

— Eu vou voltar pra buscar vocês.

Seus lábios se moveram, mas Treze nunca seria capaz de lembrar-se daquela promessa. E isso foi tudo que ele disse antes de desaparecer derradeiramente de perto de toda aquela balbúrdia que sua falta havia deixado, entre enfermeiros, cientistas e padres. Aquilo era esperança que sentia em seu peito? Quem sabe um dia realmente Zero poderia voltar e tirá-lo dali. Quebrar as paredes esterilizadas de seu quarto para que finalmente conseguisse enxergar o sol. Hoje, quando pensa sobre quando Kagure chegou lá para resgatá-lo, não consegue imaginar quem poderia ter vazado a informação da localização do laboratório e talvez essas memórias fossem o suficiente para que ele juntasse alguns quebra-cabeças, mas as drogas o afetaram não só fisicamente como também psicologicamente.

O garoto que mal conseguia manter-se acordado movimentou-se vagarosamente e olhou para além do tanque ao seu lado, observando Sete em seu sono psicodélico. A garota era a segunda a responder melhor às drogas e se não fosse por Zero ela seria a pessoa forçada a ir além das próprias capacidades corporais para atingir a perfeição de um Soldado da Igreja. Mas… Se Zero e Treze sabiam disso, então os Cientistas e Padres também pensariam em algo.

— Eu tenho um plano, senhor Padre — O cientista coçou as mãos ásperas e colocou uma feição assombrosa no rosto — O soro que foi desenvolvido à partir dos avanços do Paciente Zero… Ele estava destinado ao garoto prodígio, mas com sua fuga… Ainda nos resta uma chance.

“Não!”, “Não! Deixem, a Sete em paz!”, o Paciente Treze tentou debater-se dentro do tanque e afrontá-los, mas a sua voz abafada não foi compreendida com perfeição. Com um olhar de desdém, o Cientista apenas aumentou a dose de algum remédio e segundos depois aquele garoto já não era mais um problema, tomado por um sonho de calmaria, sol e uma brisa leve do mundo exterior que eram desconhecidos ao garoto.





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-— Ah, olha esse cheiro, Candy. É por isso que guerra rima com diversão — No ar o odor que pairava era de sangue. Candy, a espada, havia lambuzado-se do líquido vermelho a cada corte oferecido por seu beijo, sendo perfeitamente manuseada pelo mercenário de roupas vermelhas. Dali, num morro que dava uma boa vista para o que acontecia na praia, a brisa oferecia conforto sob a sombra de um coqueiro. Mas espera… um último homem moribundo que sangrava sobre aquela pilha de cadáveres tentou se mover, buscando alguma kunai por perto... — Filho da puta. Eu não falei que era pra vocês morrerem sem dar trabalho? Porra, Candy! Ele vai me fazer repetir? Essa máscara atrapalha minha voz quando eu falo? Essa era minha entrada no Gaiden, maldito figurante do caralho.  

Sua lâmina transpassou o coração do primeiro, mas só pra confirmar deixou que a espada afundasse ainda mais até assemelhar-se a um esperto, retirando-a em seguida e colocando-a novamente na bainha nas costas. “Quão caro é um ingresso pras arquibancadas?”, pensava. Finalmente, com a área limpa de inimigos, pela primeira vez desde que havia teletransportado-se para a marca colocada na roupa de um maldito ninja que viria para o torneio, o homem teve um momento para observar com atenção tudo que acontecia lá embaixo.    

Tão feio quanto… dois mendigos transando dentro de um banheiro público — Colocou as mãos na cintura, contemplando a matança. Era como uma pintura que se movimentava. Naquela praia, via Shinobis se enfrentando por absolutamente nada importante o suficiente para que ele se enfiasse no meio daquilo. Eram todos tão fodidos quanto ele, se não mais. Pequenos personagens vistos dali de cima — Espera, aquilo ali são dois mendigos transando? Olha, acho melhor não ficar abrindo falas pra mim. Isso é um fórum de respeito, embora eu saiba que você nunca leu as regras de boa conduta, seu rushador que foi direto pra aba de clãs.

Zero falava sozinho de forma totalmente afetada. Repentinamente, sacou de um de seus bolsos um cigarro amassado e o acendeu com a ponta do dedo. Deu um longo trago e puxou a máscara novamente que cobria-lhe a boca, soltando a fumaça que saiu por todos os poros da máscara - o que o fez dar uma grande risada. De repente, um som chamou sua atenção. Parecia ser um som proposital, a julgar pelo semblante confiante da pessoa que se aproximava.

Sim, esse volume dentro da minha cueca é uma faca, mas isso não significa que eu não esteja feliz por ver você — Comentou, cruzando os braços e observando a figura que chegava — Espero que tenha trago pipoca, meu bem. Paguei caro nesses ingressos e não vou trocar por qualquer topless. Tem que ser ao menos um bom topless.




Considerações
— Gaiden em dupla com takane, 450 palavras;

Técnicas
Bolsa da Armas
Kunai: 3 Unidades, Shuriken: 3 Unidades, Katana: 1 Unidade


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