Dentre os dias que tornaram-se rotineiros em conjunto com a kunichi rubra, aquele destacava-se por seu viés peculiar. Havíamos sido convocadas, mas, não para uma missão em si, na verdade, depois de contribuirmos em nossas últimas missões e interagirmos com alguns ninjas de certo prestígio, despertando seu interesse, e, talvez até um desafeto parcial pela pressão sobre sua sexualidade, alguns olhares voltaram-se para nós. Não éramos famosas, nem próximo à isto por hora de fato, mas, ao menos eu cogitava esta ter sido a razão de termos sidos convocadas para um combate treino para avaliar nossa evolução.

- Um treino... Será que estão pensando em nos mandar para a guerra? Soube que estaríamos em confronto com um ninja de um rank superior, quão forte será que ele é? Aka me pergunta enquanto vamos nos aproximando do ponto de encontro, uma bosque com mato longo, úmido pela chuva e névoa tão presentes, vazio. Não conseguia me sentir mais apática do que já estava, relembrando momentos mais presentes deste tipo de impulso. - Sei lá, eu só queria ir embora para casa. Ninjas gostam de perder tempo as vezes neh? Resmungo provocando um sorriso meio desconcertado na ruiva que apenas busca me confortar. - Vamos, não deve ser tão ruim. Eu te faço um fondue quentinho quando chegarmos em casa.

Me comprando com comida? Que ultraje! Não era por isso que eu parava de reclamar, esperando o tal ninja superior aparecer e contando que ele nos abordasse. Ainda que mal houvesse pessoas ali eu não sabia nada à respeito de quem seria, o que me deixava ainda mais frustrada pela impossibilidade de me preparar previamente para enfrentar seja quem for da forma mais rápida possível e ir embora. Hoshi se sentava e eu ia deitando em seu colo por cima de uma parte calçada para que não ficássemos sujas de lama. Ela ia se distraindo com sua lâmina, conferindo o fio e a minha já estava fincada em algum lugar nas proximidades para que não me gerasse desconforto.

- Hey, tem certeza que estamos no horário certo? Resmungo me aninhando em sua coxa. - Se eu dissesse o horário certo, teríamos chegado na hora? Estalo a língua e finco um pouco a unha na sua perna, não para machucá-la, mas, para demonstrar um pouquinho da minha revolta por ter sido enganada por alguém que nem esperta era.

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Não havia muito tempo para devaneios. Enquanto Aka havia me enganado sobre o horário para chegarmos até mesmo antes do marcado, aparentemente quem nos encontraria ali havia demonstrado um pensamento semelhante ao chegar ainda antes, ou, aquilo poderia ser parte de um ataque feito por outrém não planejado? Era difícil supor apenas pelo vislumbre do brilho matutino refletindo pelo metal umedecido daquela kunai envolta por um papel bomba fincada ao solo. Que truque mais original... Pensava de forma crítica, auto crítica, pensando que havia sido bem semelhante em certo ponto com a minha tática no exame chunin de pegar meu oponente desprevinido com papéis bombas.

- Hoshi bomba! Uma fala simples, usando de seu nome original pela expressa urgência, que, com sua espada em punho esta põe-se a reagir de pronto, sem hesitar. Não para para o projétil em si, mas, o colapso da explosão de forma tardia para afastar as chamas de forma intensa em um brandir pesado de sua espada, ainda sem sequer levantar-se, que lança à fronte de si uma massa de ar afim de guiar o fogo através de sua ventania. Quase simultaneamente ambas erguem o corpo, mas, ao mesmo tempo em um flash ágil um homem pousa próximo as duas. Mesmo que eu fosse capaz de observar moviementos consideravelmente ágeis, seus passos eram com o borrão na penumbra e quase instintivamente me mantinha atrás de Aka.

Quando a relva da névoa e da chuva se aquieta, contendo seu balançar arredio pela movimentação ágil de nosso suposto adversário consigo perceber a face de meu oponente. Mais velho, mais rápido do que me lembro, mas ainda desvirtuado da informação sobre o que "shh". - Ainda nisso? Já se passaram o que, uns oito anos por aí? Digo mantendo o sarcasmo de meu sorriso no tom com que me expresso, deixando Aka um pouco confusa olhando sutilmente em minha direção pelo canto do olho. Não parecia que ele iria pegar leve, então, também não me sentia no luxo de não usar de algumas artimanhas. - Ta vendo o olho que tanto lhe chamou atenção? Lhe fito enquanto selo por trás dos ombros da garota e meus olhos tornam-se vermelhos como o sangue. - Dos olhos nasce o "shh", apesar de não ser bem isso.

Era uma tentativa simples, impor um genjutsu ocular relativamente brando sobre si para criar uma brecha sutil para um ataque de Aka, cujo cunho era deixar na percpeção do homem o cenário em que nós duas nos pegávamos paralisadas diante de si por todo espetáculo feito, assustadas. Simples e objetivo. Nosso trabalho em equipe era razoável, nos formamos juntas desde a academia, de forma que ela entenderia que, se desse tempo seria algo bastante breve e ela logo colocava-se em um novo golpe semelhante ao anterior, porém, desta vez visando a lâmina de ar direto no garoto que poderia, por suas coordenações anteriores, estar paralisado. Por outro lado, nenhuma das duas esperava que fosse tão fácil quando sua aparição foi tão surpreendente. Justamente por isso, já começava a preparar em algumas pedras que observei antes entre o calçado que sentamos que eram maiores o Kawarimi no jutsu, algo em torno de quinze metros distante de nós.

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Para meu espanto, e, até certo ponto empolgação de Hoshi, o golpe de sua espada entrava limpo na dorsal do homem, confrontando seu peitoral em um estrondo glamuroso. É claro, não é como se tivesse sido super efetivo, longe disto, o homem ainda parecia resoluto em permanecer fronte a nós como uma rocha firme. Ligeiramente, sem perder o foco no âmbito ambíguo daquela batalha, o observo momentaneamente ponderando o motivo, talvez, apenas falta de conhecimento? Bem, aquela me parecia uma das famosas lutas em que um superior mostra o quão "gostosão" e "fortão" ele era, o tipo que eu não tinha o menor interesse, mas, levando em conta alguns exageros como a bomba no início também podia não ser bem o caso.

"Exageros", o pensamento era bastante conforme, pois, ao vê-lo selando quase instantaneamente após receber o golpe, e, vendo a pressão que é colocada enquanto aquilo se forma, certamente parecia ser um bom termo para defini-lo. Não contemplo sorte ao azar, não confio totalmente no que vi até então, por isso mesmo mantenho o que preparei como uma carta na manga. Um flash, um avanço rápido do lupino iridescente, e, no que em minha percepção foi um borrão frenético choca-se contra a pedra com a qual troco de lugar com um impacto insanamente alto. Meus olhos rubros se abrem surpresa, um tanto perplexa pela forma como a pedra se desfez perante aquela habilidade que parecia mais poderosa do que devia ser. Não vais ser bom ser acertada por uma coisa dessa...

Não tenho tempo para suspiros, não posso me deixar paralisar. Começo a selar enquanto na outra margem Aka mal tem tempo para fazer algo, ele simplesmente se move rápido de mais para que ela possa responder com alguma ação a tempo, principalmente por imprudentemente ela tentar bloqueá-lo com sua lâmina ao invés de se desvencilhar como eu. Sua confiança em seu potencial também não lhe era completamente não respondida, o golpe com a dorsal da lâmina ecoa, ela igualmente mal se move pelo dano recebido exaltando a sua força exímia em seu corpo bem treinado e marcado pelas cicatrizes.

Silenciosamente, sem entoar cantos tolos que exultem a construção de meu jutsu, aproveitando que naquele momento Aka tinha o confronto corporal com ele. Aka ainda com a espada aos ombros, que, ao confrontá-la forçava o braço em si a mover-se para baixo, aproveitava o torque físico de rotação causado para com o mesmo lado do movimento erguer violentamente o seu joelho na direção de... Não preciso entrar em detalhes para que os caros leitores entendam. Eu, por outro lado erguendo os braços espalharia, ou, tentaria ao menos, uma névoa densa de sangue que escondia longas agulhas dentro de si dentro de um alcance suficiente para cobrir todos os três momentaneamente se Nero não recuasse dela ou algo do tipo. Em arco, buscando envolvê-lo sem acertar Aka, conhecendo suas posições, buscaria alvejá-lo como uma rosa dos ventos tridimensional, regulando sua válvula de escapa e limitando sua grande capacidade de movimentação.

- SHhhh, meu nome ou meu poder espadachim do Plim Plow? Brincaria apenas depois do golpe, acertando ou não, continuando alerta sobre sua movimentação, mantendo novamente como uma carta na manga suplementar a técnica de movimentação em substituição para sair de algo como o seu canídeo relâmpago. Apenas o vislumbre de seu potencial de destruição era o suficiente para me deixar desconfortável.

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O vislumbre parcial do luminescer azulado diante de mim era de fato peculiar, saltava os olhos e criava uma certa "tensão" no ar. Não só literalmente, como, subjetivamente o súbito balançar do ar, a forma como o movimento de Hoshi vacilava ao golpeá-lo e limitava seus passos fazendo-a oscilar sua posição, e, acima de tudo sua imobilidade diante o ataque. Tudo aquilo conferia uma certa sensação de incapacidade que me fazia franzir as sobrancelhas de forma furiosa, rangendo os dentes enquanto deixava escapar por meus lábios semi abertos o som do estalar de minha língua. Minha fúria aquecia meu sangue, fazia minhas mãos vibrarem, apoiando-se sobre a grande tesoura que aos poucos tingia-se de vermelho.

O sangue que colidia com seu corpo subvertia-se em mais névoa, inerte a resistência absurda de sua defensiva elétrica. Esta por sua vez, era balançada com um brandir furioso de sua espada, muito semelhante a técnica que anteriormente foi utilizada pela própria Hoshi. Quanto a esta, apesar de tudo ser tão rápido, pude notar que não lidou tão bem com a velocidade absurda daquele ataque. Sua perna paralisada também não auxiliava, e, mesmo seu corpo não parecia responder tão eficientemente, sendo possível apenas que ela erga sua guarda fronte ao rosto antes de ser arrastada para trás. Inicialmente seu corpo moveu-se ereto, porém, mais ao fim do trajeto seu desequilíbrio tornou-se mais evidente e caiu com as nádegas ao chão.

O dano em si, apesar de considerável, não era o suficiente para sequer tirar sua consciência, apenas fisicamente incapaz de prosseguir. Não tinha tempo para preocupar-me com esta, a brisa que vinha adiante mim causada pelo deslocamento de ar do seu golpe logo desfazia-se em um redemoinho que assumia minha posição e um pouco atrás pela movimentação ágil do garoto "Plim Plow". Meus olhos mal conseguiam acompanhá-lo, os movimentos de seu braço eram como um vulto, e, um movimento de igual complexidade jamais seria efetivo. Ser pequena por outro lado tem suas vantagens, atrelado a uma arma tão grande, e, ao fato de seu posicionamento inicial ser bastante satisfatório. Não saco a tesoura, ao contrário, apenas me movimento um pouco adiante, abaixando-me centímetros, apenas o suficiente para que a tesoura, que já estava na trajetória do golpe do homem, me cobrisse de forma mais diagonal que a vertical de antes.

Com ela vertical talvez ela fosse apenas empurrada para baixo, mas, uma sutil inclinação e o peso seria todo apoiado sobre si reforçada de forma grandiosa por meu sangue fluente. Não imaginava eu que fosse acabar usando aquela técnica para confrontar outra de forma defensiva, mas, a vida tem destas. O dano seria completamente absorvido, o que talvez surpreender-lo-ia, ou, talvez não. Uma sutil alteração e algo pode ou não tornar-se condutor, o metal em si na tesoura o era, mas, o sangue sobre ela não. Poucos sabem, mas, o corpo em si é um péssimo condutor, os efeitos apenas se dão pois a carga é imprimida diretamente, e, pela alta resistência a eletricidade transforma-se em calor e causa danos. Não era o caso, mais resistente o sangue desprezaria sem levar até mim uma carga satisfatória, não me causando o efeito que ele deveria estar imaginando replicar de Hoshi para mim. Ou, talvez eu estivesse pensando longe de mais.

- Eu poderia dizer o mesmo, garoto Plim Plow! Com um movimento de empurrão e estoque pelas linhas que vazam de minha corrente prendendo a lâmina que havia confrontado seu golpe, esta avançaria a agora breve distância entre nós. Se não houvesse surpresa no fato de não estar paralisada, a velocidade tão pouco o faria observando o quão impressionante é o seu deslocamento, ele provavelmente sairia ileso novamente, mas, pela raiva atacava uma última vez com minha até então habilidade mais poderosa para cravar no que, abaixada daquela forma, devia ser a altura de seu abdômen ou genitália.

Com sua defesa, ou, o que fosse de sua parte arfaria deixando meu peso cair completamente socando o solo bufante. - Então, vai me dizer que porcaria é essa? Gente morta não luta sabe qual é? Falo sentindo o peso do gasto de bastante chakra, ainda que, conseguisse ainda continuar lutando por algum tempo. Era inerente pensar que se eu utilizasse aquela técnica anteriormente eu estaria bem mais exausta do que naquele momento, percebendo certo progresso. Olhando na direção de Hoshi, suas mãos tremiam e seu braço colocado a frente sangrava em resposta à um corte aberto. Me levanto, balanço a cabeça e, da mesma palma cujo pulso já esta aberto seguro seu braço ferido conecto meu sangue ao seu e, como algo simplório, contenho seu sangramento impedindo a continuidade do fluxo através do controle de minha habilidade ocular. - Hoshi precisa ir à um médico, era só isso? Pergunto desconfiada, incerta. Eu podia parar o sangramento, mas, não para sempre já que aquilo consumia meu chakra. Além disso eu não podia curá-la de fato, sendo apenas um "band-aid".

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