The Beggar Tokubetsu Jounin

A chuva não dava trégua naquele dia. Fazia pouco tempo que toda comitiva de Kiri havia retornado da missão no País das Ondas. Lugarzinho fodido que gerou muitas intrigas e perda de tempo.

Devido a água que não parava de cair do céu, todos os mendigos acabaram se abrigando em lugares cobertos para não se molharem. E no meio deles, lá estava eu, sentado e com olhar de poucos amigos. Remoendo tudo que havia ocorrido naquela missão ridícula. Ainda não conseguia aceitar o fato de tanto amadorismo envolvendo uma força tarefa tão grande que reuniu tantas vilas grandes e nomes de prestígio que se mostraram uma das maiores decepções no olhar desde com quem vos fala.

— Tcs... Francamente, é inaceitável tudo isso. — Resmunguei me coçando todo e ingerindo uma pastilha qualquer para conter o nervosismo.

Estava sentado em um toco de madeira, olhando cabisbaixo com as mãos no queixo. Ficava freneticamente erguendo e abaixando o calcanhar no chão. A poeira ao redor do meu pé até se afastava de tão intenso que a velocidade usada, era.

Precisava de algo pra distrair minha mente. Já era um adulto cansado da vida que não suportava mais essas merdas. Talvez hoje não fosse meu dia...

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Enquanto estava lá entre os mendigos se protegendo da chuva, um pássaro correio se aproximou rapidamente em um voo ligeiro que ao adentrar no abrigo, abria suas asas e planava em direção a mim, pousando ao meu lado e ali ficando.

Olhei de canto de olho pro mesmo. Aquilo já era bem comum para ninjas. Estreitei os olhos um pouco insatisfeito.

— Era só o que faltava. Outra missão. Mal retornei pra casa. Não pude ver Lyzzie e essas porra já estão me enviando pra outro lugar. Puta que pariu.

Por certos minutos tentei ignorar, mas o pássaro não saia de lá. Começou até mesmo a me bicar, pois ele queria retornar.

— Ta bem, ta bem. Desgraça. — Estava claramente irritado.

Me inclinei um pouco para baixo, desabotoei o porta pergaminho e tirei de lá o rolo que era desembrulhado imediatamente.

— Vejamos... Um velho qualquer. Viagem. Montanhas. Quê? Montanhas? Já estou vendo tudo.

Balançava a cabeça negativamente. Era uma situação angustiante. Não queria sair da vila tão cedo pra levar macho pra outro. Queria encher a cara, sair com os idiotas que bebiam comigo, visitar Lyzzia, sentir seu perfume, transar acompanhado de vinho e chocolates, e dormir bastante até as costas doerem de tanto ficar deitado.

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O dia estava estressante. O pergaminho entregue com uma missão chata era um motivo ainda maior para me irritar. A chuva constante me deixava cada vez mais puto.

— Que seja! — Reclamei.

Me levantei do toco de madeira em que estava, e recolhi a mãos para dentro das mangas do kimono. Caminhei lentamente para fora da cobertura. A água aos poucos iam repousando sob minha cabeça e ombros. Alguns mendigos ficaram olhando eu sair dali do nada.

— Hã? O que o Bercontz ta fazendo? — Disse um.

— Não sei, ele está meio nervoso. — Falou outro.

— Será problema com a mulher? Ou as crises depressivas?

— Quem sabe...

— Vi uma ave entregando algo para ele. Deve ser um novo serviço. — Comentou um terceiro morador de rua.

— Entendo. Vida de shinobi não é fácil.

— Não mesmo. Mas... Ele poderia simplesmente esperar a chuva parar. Não parece ser nada muito importante.

— Verdade...

E se encerrou a breve conversa dos colegas de rua.

Já a 15 metros dali, eu seguia me molhando com a chuva que não era nem forte e nem fraca. Segui o fluxo rumando para o posto de missões onde estava o senhorzinho.

— Passarei no boteco antes.

E virei logo a 1° esquerda para o tal lugar.

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Decidido do q faria, cheguei no boteco desejado. O lugar estava vazio, praticamente. Havia somente um pé inchado dormindo sobre uma mesa.

— Este aí apagou, hein?

— É... Já está aí quase a 1 hora. Mas então, o que vai ser hoje?

— Me de a mais forte da casa.

— I.... Não vou nem perguntar. — Ele encheu uma dose, e eu virei em seguida.

— Me de uma dose tripla, por favor.

Assim ele o fez. Tomei tudo aos poucos e relaxei.

— Até outra hora.

— Já vai?

— Sim, há trabalho a fazer.

Sem delongas, paguei o mesmo e voltei pra rua. Me dirigi até o posto de missões. Havia já na saída do lugar um velho com guarda chuva e um cachorro, além de um carrinho com algumas coisas dentro. Desconfiei que fosse o tal sujeito, então já fui questionando.

— Hey velhote, você é o Sr. Jin?

O homem se virou devagar, e com a voz fraca, respondeu.

— Ohh meu rapaz. Sim, sou eu.

— Ah, menos mal. Bom, eu serei o shinobi que irá lhe acompanhar até seu lar na montanha. Quer ir agora?

Ele olhou pra chuva, suas pálpebras pareciam fechadas de tão estranho que ele era. Seu corpo magricela também me era estranho.


— O clima está bom, vamos.

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Olhei para cima quando ele falou que o clima estava bom. Minha expressão não estava muito confiante. Ele estava vendo aquela chuva toda?

— Se você diz... — Falei sem acreditar.

Dei meia volta, e aguardei o sujeito que começou a se preparar e puxar o carrinho de mão com suas coisas. O cachorro dele andava a seu lado fielmente.

— Para qual direção?

— Noroeste, meu bom homem.

— Certo.

E dessa forma começamos a caminhar em direção ao portão oeste da aldeia, pois era o mais próximo e tinha uma boa estrada que nos levaria seja lá onde fosse. Levou alguns minutos até lá, pois o senhor era lento demais e carregava aquela coisa.

" Puta merda, sério isso? Vamos levar dias nessa velocidade. "

Não havia o que fazer. Meu trabalho era protege-lo e não carregar suas coisas. Saímos da vila e começamos a trilhar uma estrada que nos levaria para o pé da montanha. Mas até chegar na montaria, levaria uns 2 dias.

— Hey velhote, por que mora tão longe da vila? Não é melhor ficar perto das pessoas na aldeia?

Ele demorava para responder, fazia caras e bocas, até e falou.

— O que é que você disse mesmo?

AAAAAAAAh! Não acredito nisso. A viagem seria longa.

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Apesar da raiva, respirei fundo e contei até dez mentalmente. Me acalmei e repeti o que havia falado com ele.

— Não, é que eu estava dizendo que se não era mais fácil você viver na Vila Oculta da Névoa... — Falei em um tom mais alto.

— Oh sim... Entendo o que quer dizer, mas prefiro a companhia do silêncio e do Trovão aqui. Venho pra cá somente quando necessário pra estocar comida por alguns meses quando o frio do inverno fica demais e a neve cai. Isso atrapalha minhas plantações de comida.

— Compreendo. Tudo que você produziu no outono acaba esgotando no meio do inverno.

— Exatamente.

Enquanto conversávamos, a chuva aos poucos foi parando e até o vendo cessando. Em pouco tempo todas as nuvens sumiram do céu, revelando um azul muito bonito que contrastava muito bem com os raios de sol que iam impressionando meus olhos.

— Uau, não é sempre que se vê um sola assim em nosso país.

Foi quando me dei conta do que o velho tinha dito antes de sair do posto de missões. Me virei incrédulo para ele.

" Ele sabia disso o tempo todo? Não é possível. Com aquele clima chuvoso, me nego a acreditar. "

Apesar da minha descrença, a verdade era somente uma. O velho tinha razão.

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A noite tinha chegado, e ambos paramos para dormir em algum lugar seguro. Acendi uma fogueira como podia, e lá tirava alguns suprimentos para comer, e um comprimido para aliviar minha tensão do dia.

— Quando o sol nascer, partiremos, tudo bem?

— Sim, sim. É uma boa hora pra levantar.

Estranhamente eu era muito responsável como shinobi. Mesmo sendo um mendigo preguiçoso e beberrão, durante meus trabalhos eu costumava cumprir horários e coisas do tipo.

— Rapaz, notei que anda tenso a viagem toda. O que tem acontecido contigo?

Nesse momento eu me sentava em uma pedra grande que coletei e deixei ao redor das madeiras secas que encontrei pra fogueira. Em posse de um galho mais fino, induzia eletricidade manipulada até fazer o pedaço de pau entrar em combustão, enquanto respondia o velhote que sem eu notar, mudava seu olhar quando eu fazia aquilo.

— Bem... Minha vida tem sido difícil já tem muitos anos. Recentemente queria ficar um pouco na vila e descansar, mas me deram essa missão logo de cara.

— Entendo, parece complicado.

— Somente é meu dever.

— E como acendeu a fogueira?

— Como? Usei minha afinidade elemental pra isso.

— Interessante, sabe fazer algo além disso?

Pensei e pensei, e não soube responder, balançando a cabeça negativamente.

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O velho ficava meio quieto e pensativo. Não entendi muito bem aquilo, foi quando ele falou.

— Escute, rapaz... Você parece ter facilidade com raiton, certo?

O sujeito começou a falar exatamente da minha afinidade. Poderia ser fogo, afinal eu não tinha dito qual era meu elemento primário.

— Sim, como sabe?

— É que... Venho de uma família antiga que cultivou segredos durante gerações. Hoje vivo só, minha esposa faleceu a 10 anos e meus filhos estão vivendo as suas vidas por aí. Nenhum deles herdou tal afinidade elementar.

— Poxa, é uma pena. Seria um elo forte entre pai e filho.

— Sim, sim. Seria magnífico. Mas...

— Mas?

— Eu preciso passar nossa habilidade para frente. Uma técnica tão poderosa que poucos conseguem dominar ela completamente.

Aquilo ficou intrigante, admito.

— E o que isso tem a ver comigo, exatamente? — Ele tinha minha atenção e eu queria saber o motivo.

— Você me parece um bom homem. Todos nós carregamos dádivas e demônios, e os seus parecem obscuros e tristes. Todavia, seu Ki parece reluzente e forte. Acredito que é uma pessoa confiável e que possuí o necessário. Se assim desejar, eu te ensino o segredo de minha família que é...

Aquilo me deu um calafriu.

— O Raiton no Yoroi.

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— Raiton no Yoroi? O que é isso?

A principio aquilo não chamava tanta atenção como eu imaginava.

— Essa habilidade é uma das ativações mais poderosas fornecidas pela afinidade do raio. Uma armadura de eletricidade que cobre todo seu corpo, lhe gera alta resistência, grande velocidade e um poder destrutivo como nenhum outro jamais visto. Quem o possuí é quase certeza de que irá prevalecer diante seus inimigos. Contudo, não é fácil de se conseguir e requer muito treinamento. Acha que tem a competência para aguentar?

Afunilei os olhos mirando no velho. Tão magro, quase esquelético, era estranho imaginar que ele fosse tão poderoso.

— Hum... Não vejo mal em tentar. Só que você tem certeza que quer me ensinar isso?

— Somente se você assim quiser.

— Certo, quando começamos?

— Primeiro precisamos chegar em minha casa. Treino depois.

— Por mim...

E a noite foi indo. Dormimos, e o dia amanhecia. Continuamos a viagem por mais um dia e finalmente chegamos na casa dele. Fomos guardando as coisas que ele comprou, e quando anoiteceu ele me chamou até o alto do pico da montanha que tinha muito espaço.

— Observe.

Não precisei de esforço para sentir a energia sendo reunida e aos poucos a eletricidade propagada ao seu redor. O brilho que circulava seu corpo a olho nu, era...

— Incrível! — Admirei.

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Foi então que ele disparou no ar com sua técnica. Ia para lá e para cá. A eletricidade envolvendo seu corpo criava um vulto azul que só me remetia o nome que eu auto me proclamava.

— Agora eu realmente serei o que desejo. Senhor, me ensine. O que devo fazer?

Então ele se aproximou e começou a me contar o que eu devia fazer, e comecei.

Concentrava meu chakra e transbordava minha afinidade raiton por todo meu corpo. A descarga elétrica energizava cada membro, e sentia o poder me envolver por completo como se vestisse uma armadura de trovão.

— Agora corra com toda velocidade!

Assim que ouvi o mesmo, flexionei meus joelhos e disparei para frente em alta velocidade, superando meus próprios limites de tal forma que eu nem acreditava. Enquanto eu corria pela montanha testando o poder que estava aprendendo a dominar, ficava imaginando...

" Se eu tivesse isso naquela missão... Chun estaria em frangalhos e Makoto não teria escapado. Além daqueles imbecis perecerem por tentar me impedir. "

Logo mais retornava até a casa do senhorzinho um pouco eufórico e meio desgastado por usar chakra demais. Respirava fundo.

— E o que achou?

— Isso... É completamente diferente de tudo que já vi. — Disse ofegante. — Acho que ainda falta eu me acostumar para melhorar a utilização dessa técnica. No entanto, com o tempo acredito que conseguirei melhorar aos poucos.

— Verdade, meu caro. O caminho é este. Devagar e sempre. Embora o Raiton no Yoroi possa te levar a velocidades inacreditáveis, você precisará de tempo para alcança-la. Até lá, hahaha, tenha paciência assim como eu um dia tive.

— Suas palavras são sábias. Levarei isso em consideração.

— Bom, agora é hora de você descansar. Amanhã tem um longo dia até retornar para sua vila.

— Tens razão. Poderei ficar mesmo contigo, aí?

— Sim. Ficará no quarto do meu filho que vem aqui na próxima estação quando a neve derreter e as flores florir.

— Se for assim, tudo bem.

E entramos em seu humilde lar. Conversamos bastante e se conhecemos melhor. No dia seguinte após o café da manhã eu me despedi e retornei para Kirigakure. Agora, mais poderoso do que nunca.

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