Uma grande nave invisível sobrevoava os céus da vila da nuvem, um grande monumento à todas as coisas estranhas e pervertidas que existiam na vila, sem que ninguém sequer soubesse. Contudo, mesmo sendo invisível, uma grande explosão emanava de um dos cantos na parte dianteira da nave, gerando uma grande nuvem de poeira que se projetava na lateral da mesma.

Surpreendentemente, 5 corpos cortavam a cortina de fumaça, projetando-se para fora dela em queda livre direção ao solo.

A primeira delas tratava-se de um rapaz trajando um sobretudo e uma máscara que cobria seus olhos. A manga direita do sobretudo estava rasgada e as pontas estavam chamuscadas devida a explosão, mas no geral o jovem só parecia ter alguns arranhões. Se você já ouviu minha história até onde a apresentei, não é muito difícil deduzir que essa figura se tratava de mim: Joker.

A segunda era também de um jovem, loiro, trajando uma jaqueta preta e uma máscara preta de caveira. Até seu jeito de cair era mais desengonçado, e ao mesmo tempo expressivo, que os demais.

A terceira era uma garota, ela trajava uma roupa vermelha de Latex colada ao corpo, o que realçava a suas curvas, ao mesmo tempo que não dava a impressão de ser vulgar. Em seu rosto, uma máscara de feições felinas se fazia presente e uma fina calda saía da parte traseira de sua roupa.

A quarta pessoa era uma máscara por si só. Apesar de ser humana, aquela mulher assumia a forma de um pequeno gato bípede preto e branco, com trejeitos humanoides e um olhar decidido. Seus movimentos eram cheios de maestria, como se fosse uma profissional naquilo.

A quinta e última figura era a de um jovem alto de cabelos negros e lisos, trajava roupas azuis e brancas folgadas e também utilizava uma máscara de feições felinas com uma calda saindo da parte de trás de sua roupas.

- Fox! Agora! - Gritei.
- Pode deixar! - A quinta figura respondeu.

Fox então puxou das costas um pergaminho cujo vento fez o trabalho de abrir sozinho e um pincel com a ponta curiosamente já molhada de tinta preta. Então, com somente algumas rápidas pinceladas no papel e um selo de mão executado com a mão que segurava o pincel, uma grande ave, com a textura de um rascunho, ergueu-se do papel, aparando Fox em suas costas e partindo em direção à todos os outros que também caíam.

Depois que pegou todos, a ave começou a voar para o mais longe possível da nave enquanto os jovens ainda lutavam para se levantar, atordoados por todas aquela adrenalina.

- Estão todos bem? - Perguntei ainda tentando recuperar o fôlego antes de me levantar, mas não recebi nenhuma resposta.
- Pessoal?... - Tentei mais uma vez, também sem resposta.

- Ann... Joker... - A garota de máscara felina disse.
- Hm? O que foi Panther? - Respondi.
- Acho que você vai querer dar uma olhada nisso... -

E então, quando ergui o olhar, deparei-me com o céu infestado por centenas de membros da liga dos vilões, cada um deles levitando sobre uma nuvem negra que eu sabia ser composta por insetos. Estavam vindo em nossa direção.

E enquanto milhares de pontos no céu convergiam em direção a um só, minha mente tentava desesperadamente pensar em um plano, mas nada me vinha a mente além do óbvio: lutar.


Chamei sua atenção? Ótimo... É  uma tática comum chamar a atenção do público começando a história com um breve relance de seus momentos finais, apesar de que, na minha história, todo fim de uma aventura acaba se provando o começo de uma ainda mais... Estranha...

Mas ainda assim você pode estranhar, eu não estou começando a contar minha história pra você agora. Nessa altura do campeonato você já pôde conhecer sobre os eventos que levaram ao nascimento de Joker, ao meu encontro com Ryuji, e ao dia em que conheci Sune. Mas mesmo assim, como posso dizer que esse é o começo? Claro, é a minha história, tudo isso de fato aconteceu. Mas como se define o ponto em que a sua história começa? Como se traduz isso pra uma pessoa? É no momento em que nascemos? É no momento que consideramos mais importante para nós? Talvez quando atingimos a maioridade? Ou então... Quando algo muda a nossa vida para sempre...

É um questionamento difícil, não exijo que você sequer tenha alguma pista de como respondê-lo, mas persiste o fato de que, em muitos pontos de vista, o que vou lhes contar aqui é de fato o ponta pé inicial no desenrolar de eventos que integram a longa, complexa e estranha história de Chinoike Chouki, o Joker.


Fazia algum tempo em que Sune havia se mudado para minha casa. Conforme o tempo foi passando, a convivência diária agiu como a linha que costurava o nosso laço, agindo pouco a pouco, mas nunca deixando de tomar sua forma. Um dia, nós dois sabíamos, seria um laço poderoso, partindo da premissa que as coisas continuassem do jeito que estavam.

Ryuji também se fazia bastante presente na minha vida, mesmo que em menor proporção que Sune. Quase diariamente o garoto me buscava, procurando por um amigo para desfrutar das poucas horas livres que a sua nova rotina o trazia. Ah, claro, esqueci de mencionar que Ryuji agora havia começado a atender à academia ninja, inspirado pela nossa empreitada que culminou na exposição dos crimes de seu antigo treinador.

"Se eu puder acabar com a raça de adultos podres como você fez aquele dia, acho que no fim vou ter feito algo de útil" Foram as suas palavras que me deixaram tão orgulhoso.

E assim ficou minha rotina: De manhã eu dividia meus dias entre realizar missões e passar um tempo significativamente com um de meus únicos dois amigos, Ryuji, e de noite eu colocava a máscara, mas dessa vez não mais sozinho.

Após muita insistência para que Sune abandonasse sua forma de raposa, afim de evitar chamar muita atenção no meio da vila. A garota concordou em andar como humana durante o dia e utilizar o jutsu de transformação durante nossas operações para tomar uma forma que achasse agradável.

No fim, ela escolheu se transformar em uma espécie de gato bípede preto e branco. A forma era pequena e tinha alguns traços humanoides, e ao ouvir essa descrição posso até imaginar que você deve ter pensado em algo bizarro, mas a verdade era que a aparência nova de Sune era bastante fofinha, um dos motivos de eu não ter me incomodado tanto em pedir que ela escolhesse alguma outra forma.


Juntos, nós dois começamos a realizar roubos e vandalismo pelas ruas da nuvem durante a noite, mas eventualmente, nossas atividades mudaram por completo, e esse foi o dia em que conheci Anne Takamaki.

Anne era uma jovem da idade de Ryuji que também frequentava a academia. Na primeira vez que nos vimos achei que se tratava da namorada do Ryuji ou algo assim, afinal, Ryuji estar na academia na idade que tinha já era incomum, ter duas pessoas assim na mesma idade era quase inacreditável.


A garota tinha uma personalidade forte, característica que demonstrava na maioria das vezes quando repreendia Ryuji por agir do seu próprio jeito despreocupado. Mesmo assim, os dois pareciam ter uma relação de amizade verdadeira, e logo, essa relação entre os dois me englobou também.

Anne, como Ryuji nos disse no primeiro dia em que fomos apresentados depois que ela partiu, costumava ser uma promissora jovem no mundo da modelagem. Contudo, assim como nós, havia se tornado mais uma vítima da mente distorcida daqueles em um patamar maior na hierarquia do mundo.

Após aguentar calada diversos casos de importunos sexuais, tanto por medo das consequências que isso poderia trazer para si quanto para suas companheiras no trabalho, um dia uma de suas colegas, cansada das situações as quais eram expostas, revelou todos os podres da empresa para a mídia, o que a fez cair na desgraça e eventualmente falir, dado o fato de que não era uma empresa consolidada o suficiente para se manter após um baque como esse.

Depois de perder o emprego, Anne recebeu outras propostas, mas ainda assombrada com seu passado enquanto visualizava seu futuro, a jovem decidiu entrar para a carreira ninja, afim de se tornar uma mulher capaz de proteger aqueles que são preciosos para ela, assim como queria ter feito naquela etapa de sua vida.

Após ouvir Ryuji nos dar o relato da jovem, lembrei-me de todas as vezes em que ela sorriu sobre o fato de desejar se tornar uma ninja durante nossa conversa, era impensavelmente injusto para mim, injusto que alguém sorrisse escondendo tanta dor, e ao olhar para Sune, pude ver em seu olhar que ela pensava a mesma coisa.


Geralmente, a parte de mim que vestia a máscara de Joker faria alguma piada ou se seguraria para não fazê-la, somente pelo capricho de manter seu disfarce. Mas naquele momento, pude notar algo diferente em mim. Não sabia dizer se todo meu comportamento exageradamente extravagante era de algum modo atrelado à minha gritante solidão, mas agora eu tinha companheiros, pessoas que tinham algum valor para mim, e nesse momento, eu alcancei o que para mim era impensável: Levei a sério os sentimentos daquela garota.

Horas depois, enquanto Sune e eu nos erguíamos sobre o telhado de um prédio, com o olhar vagando pela noturna vila da nuvem, fizemos um pacto:

- Sune... Está pensando o mesmo que eu?
- Provavelmente, mas vá em frente, eu quero lhe ouvir formalizar nossa decisão. - A voz de Sune demonstrava quase que um tom de raiva.
- Pois bem. Eu não quero mais invadir casas, furtar itens domésticos, pixar a parede do gabinete do Raikage... Cansei de pregar peças, quero fazer a diferença. Foi por isso que eu comecei essa jornada, afinal de contas. - Tirei minha máscara por um segundo e a levei em frente ao meu rosto, observando-a com o semblante pensativo. - É isso que o Joker deveria significar... -
- Hm! Isso não é só sobre você, sabia? Você me envolveu nessa lucura que é a sua vida e antes que eu percebesse, essa virou a minha luta também. Mas é bom saber que pelo menos estamos na mesma página aqui. E então, qual a sua idéia?

Coloquei a máscara no rosto mais uma vez e voltei a observar a cidade enquanto o vento incessante balançava meus cabelos e sobretudo. Inevitavelmente, me veio a cabeça o dia em que jurei para Hanzo que seria reconhecido como o maior vilão de todos os tempos, a diferença em meu semblante, daquele dia para o presente, era notável.

- Eu quero ser reconhecido como o maior vilão da história, Sune... Porque para mim, esse mundo é podre, e se esse mundo me rejeitar, posso sentir como se tivesse feito algo de bom. Mas nesse meio tempo, eu quero ir atrás dos peixes grandes, não para entregá-los para as autoridades enquanto eles aplicam essa falsa justiça que tanto pregam. Eu quero levá-los à "minha" justiça. 
- Então você quer matá-los? - Sune perguntou.
- Você é contra essa ideia?
- Hm! Não seja ridículo, já se esqueceu do dia em que nos conhecemos? Esqueceu do que eu estava fazendo? Pois é, eu entendo que o mundo seria melhor sem algumas pessoas, e se nós estamos falando de pessoas podres, você pode contar com a minha ajuda.

Meu olhar se desviou rapidamente da cidade e passou por Sune, antes de retornar pra sua posição anterior trazendo um leve sorriso agora estampado no meu rosto.

- Obrigado, Sune. Conto com você.

E como sempre, minha mente pensou em mil piadas. Mas agora, nenhuma delas era mais importante do que aquele momento, nenhuma delas era mais importante que a minha nova resolução.

Considerações:

Jutsus:

Bolsa de Armas: