The Beggar Jounin

O que eu vou contar aqui para você, é tão inacreditável que nem mesmo eu consigo crer que isso ocorreu comigo.

Lá estava eu em um belo dia no fim da tarde. Não faltava mais que 1 hora para noite chegar com a lua caindo sob nossas cabeças. Eu andarilhava por uma viela e outra, um tanto irritado e sofrendo ansiedade por falta de alguma coisa que esqueci ou perdi. Meu dinheiro eu deixava armazenado com Lizzye, dessa forma ela impedia que eu torrasse tudo em cachaça e inutilidades.

Contudo, naquele momento eu desejava um gole forte de sake. E a doutora que dividia sua cama comigo, tinha ido atender uma paciente em outra vila.

— Droga, quero ficar mais bêbado. Ficar a tarde toda enchendo a cara não foi suficiente, aff.

Eu continuava meu percurso. Trupicava, mas não caia sequer uma vez. Porém, quando passei de frente a um lugar que estava molhado, eu acabei caindo e metendo a bunda forte no chão.

— Aaaah! Desgraça.

Tinha batido a cabeça de leve no chão e esparramado todo por ali. Estava realmente difícil de me levantar. A preguiça era grande. Então acabei permanecendo alguns instante ali deitado sem fazer nada, somente olhando as nuvens.

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Enquanto eu observava as nuvens, um som estranho começava a se propagar no ar e aquilo vinha me incomodando. Era tipos gritos e grunhidos, risadas meio sádicas e asquerosas. Era realmente incômodo o que estava ocorrendo por ali.

— Ah mas que merda. Quem ta fazendo isso?

Me virei de lado e vi algumas sombras em uma esquina próxima. Não eram silhuetas muito grandes, pareciam crianças.

— O que será isso?

Me levantei, e segui adiante até finalmente ver o que estava ocorrendo. Quando me deparei com o que vinha, fiquei bastante assustado, ou melhor dizendo... Indignado. Tinha um pequeno grupo de valentões chutando uma pobre garotinha. Suas roupas estavam sujas e rasgadas, além da própria estar sendo toda humilhada.

Aquilo me zangou extremamente.

— Hey, o que pensam que estão fazendo?

Os meninos olharam com cara de fodões pra cima de mim, e começaram a me insultar.

— Cai fora mendigo de merda. Não temos esmola pra você. — Disse um mostrando a língua.

Fechei a cara e disparei contra os moleques com a katana em mãos. Rapidamente desferi diversos golpes contra as bundas gordas daqueles nojentos, os deixando sem as calças, porém, sem feri-los, é claro. Não estava atacando shinobis inimigo, obviamente.

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E foi em um segundo que tudo mudou. Diversos retalhos de pano haviam sido feito e os meninos ficavam desnudos naquela viela. A menina teria observado tudo com os olhos semi cerrados e uma expressão amedrontada.

— HÃÃÃ? Aaaah!

— O que você seu mendigo.

— Como é possível um morador de rua fazer isso. Quem é você?

Os moleques não tinham reconhecido, mas uma nuvem no alto ia liberando espaço para um raio solar que atingia o topo de minha cabeça, revelando quem eu era. Minha fama já me precedia dentro da vila, obtendo total confiança de meu Mizu-kage e sendo bastante reconhecido entre todos aldeões. Alguns até me chamavam de herói ou coisa do tipo, mas eu não passava de um mendigo.

Um dos guri finalmente entendeu do que se tratava e começou a falar.

— E-ele não é aquele mendigo ninja??

— É ele? Achei que era mentira, mas só pode ser ele.

Aquela falação toda me encheu a cabeça e eu cortei eles.

— Calem a boca seus pivetes. Vocês tem dois segundos pra sair daqui ou arrebento a cara de vocês.

Eles se entre olharam e caíram fora.

Segui eles com os olhos, e me virei pra menina.

— Eles já foram. Está tudo bem agora.

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A menina finalmente ia ficando-se sentada e levando sua mão aos olhos que estavam em lágrimas. Pude notar algo diferente nela logo que a vi. Me lembrava aquela lupina por causa da característica marcante em sua cabeça, um par de orelha animalescos.


"Que estranho. Deve ser por isso que estavam implicando com ela."

— O-obrigada... — Agradeceu.

— Não foi nada. Se aqueles safados aparecerem de novo, diga que eu vou caçar eles se te machucarem, ouviu?

— Hum... — Tentava parecer positiva.

Eu não era bom com crianças, e não sabia bem o que fazer agora, então eu olhava para os lados, e escolhia uma direção.

— Bem, preciso ir agora. Até logo!

E sem hesitar, comecei a caminhar. O que eu não esperava, era ver a menina me seguindo logo atrás. Olhei pra trás, e achava estranho. Entretanto, eu continuei andarilhando pela vila. Fui num boteco, e ela foi atrás. Fiquei um bom tempo lá bebendo fiado, e depois fui comer ramen na velhota que em algum tia trocou minhas fraldas em raras oportunidades. E lá estava a pequenina logo atrás.

— Ah droga, certo. Se aproxime. Diga... O que você quer guria?

Meio acanhada, ela respondeu.

— Pode me ensinar?

— Ensinar? Ensinar o quê?

— A usar isto... — Apontava.

Olhei pra minha katana e entendi o que ela queria dizer.

— Quer aprender a se defender sozinha.

Ela assentia positivamente.

Olhei para a velhota que esboçava um sorriso confiante de que eu aceitaria ser o mestre dela.

— Tcs... Está bem. Esteja aqui durante o final da tarde. — Olhei pra velhota. — Oba-cha, dê uma tigela pra ela.

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No dia seguinte a menina havia feito como dito a ela, se dirigiu até a frente da barraquinha de ramen que teve a oportunidade de jantar na noite anterior comigo, e lá estava ela me esperando.

Eu cheguei atrasado, obviamente. Não achei que ela fosse chegar tão na hora. Então não demorei em começar a ensinar ela.

— Bom, a primeira coisa que deve fazer, e sentir o pesa da espada. Tome.

Entreguei a lâmina para ela, e explicava como fazer para manejar a arma.

— Balance, movimente-a, sinta sua extensão. Faça corte de cima para baixo. Agora de um lado para o outro. Ajuste sua postura, está ruim.

Uma hora se passou, e logo ela estava bem cansada e suando muito.

— Certo, chega por hoje. Amanhã te ensino mais.

E assim fizemos. A garota retornou no dia seguinte. Nosso treino dava seguimento dia sim e dia sim. A garota aprendia rápido e estava realmente disposta a aprender. A oba-chan nos mimava com uma tigela de ramen para cada um como prêmio por eu estar ensinando e deixando de ser um vagabundo e a menina por estar se esforçando tanto em se tornar uma espadachim.

— Já faz alguns dias, e não perguntei seu nome. Como se chama?

— Sayuri...

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Os dias de aulas continuaram. Porém, em certo dia Sayuri trouxe uma coleguinha.

— Quem é essa, Sayuri?

— Rina-chan, ela também quer aprender.

Erguia meu braço coçando a nuca. Minha expressão era de preguiça por ter que ensinar mais uma.

— Ahhh, só dessa vez.

Dessa vez... Quão ingênuo eu sou? Não deu duas semanas que ambas viam, e logo o irmão da outra também veio. Acho que ele apanhou pelo roxo no olho.

Então lá estava eu ensinando no meio da rua os 3 pirralhos. As aulas davam seguimento, e de alguma forma o número ia crescendo. Era a irmã que ganhava o irmão, o irmão que chamava seus coleguinhas, esses coleguinhas que chamavam primos e amigos aleatórios, e quando eu me dava conta, havia pelo menos uns 30 meninos e meninas reunidos no meio do centro da vila segurando pedaços de madeira velho, balançando pra cima e pra baixo, imitando os golpes que eu mostrava lentamente.

O povo na rua já tinha até acostumado. A oba-chan teve que parar com os ramen grátis, ou iria a falência. As aulas particulares deu lugar a uma espécia de projeto social ou algo parecido. Muitas crianças se juntavam que eu começava a perder o controle, e problemas começariam a surgir.

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As aulas todo dia chamava mais e mais atenção. Muitos shinobis de todos os tipos viam aquilo com bons ou maus olhos. Contudo, o problema era no caos nas vias públicas de circulação. A intensão por trás de tudo aquilo nunca foi causar problemas, tampouco ter tantos alunos dispostos a seguir os ensinamentos de um mendigo bêbado e depressivo. Mas querendo ou não, as notícias circularam e chegaram até a academia ninja.

— Senhor diretor, preciso relatar algo.

— Pois então fale.

— É que bem... Está havendo um certo "tumulto" no centro da vila por causa de um homem e diversas crianças.

— Um homem? Que homem é esse?

— Você sabe, aquele mendigo ninja. Veio a ficar muito conhecido nos últimos anos.

— Ah entendo, sei quem é. Parece ser amigo da princesa, inclusive.

— Nossa, eu não sabia disso. Mas enfim, ele parece estar dando aulas de espada na vila. Não sei se seria adequado.

— Compreendo... Precisamos fazer algo a respeito.

O diretor da academia e seu subordinado foram até mim. Lá eles interromperam a aula e vieram falar comigo.

— Com licença, senhor. Pode nos ceder alguns minutos.

Olhei pra eles calado, voltei atenção aos melequentos, e dei um aviso.

— Continuem o movimento até não conseguirem erguer mais os braços. — Me virei. — Pois não?

— Ouvi dizer que tem dado aulas, vim conferir.

— Sei... Idai?

— Sinto dizer, mas você não pode continuar com isso do jeito que está. Terá que parar.

— Ahhhn? Eu não vou fazer isso seu escro...

— Por isso quero lhe convidar a ser sensei da academia.

Aquilo me fez engolir em seco, interrompendo minha fala.

— Senhor diretor, o que está fazendo?

— Não entendeu? Temos um habilidoso shinobi mestre espadachim ensinando Kenjutsu para diversas crianças que nem mesmo são estudantes da academia. Só temos a ganhar. — Ele voltava sua atenção para mim. — Bercontz, correto? Iremos oferecer um dojo espaçoso e inteiramente a seu uso e dos alunos da academia. Terá acessos exclusivos e outros benefícios.

Aquilo me pegou de surpresa. Me virei pensativo, e refleti olhando pro chão. Me voltei a ele e questionei.

— E eles? Não comecei isso por interesse próprio. Se eu não mantiver aqueles que tornaram isso realidade, esqueça.

— Não há problemas. Traga todos seus alunos e novos, se quiser.

— Entendo, acho que não tenho mais exigências. Quando começo?

— Na próxima semana. Iremos providenciar a limpeza e material pro dojo.

A decisão foi rápida e a partir daquele dia eu me tornava Professor oficial de Kirigakure. Nem em sonho eu pensei que isso seria realidade.

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