— Ah, mas que dia chato. — Resmunguei no dia seguinte após o primeiro ato como serial Killer.

A noite tinha sido divertida e a suposta morte de dois jovens que se mataram em um beco, circulava pela cidade. Qual razão daquilo tudo, afinal?

Nenhuma pista levava até mim, o que sugeria a morte de civis por desavença ou algo do tipo. Ainda não tinha ligação com a organização, pois o rapaz era novato, mas logo o pessoa da máfia saberia a respeito, e isso faria meu ego inflar com certeza.

Enquanto isso não acontecia, precisava preparar as próximas vítimas. Arquitetar um plano para ficar longe da suspeitas da própria máfia. Seria péssimo se soubessem que eu estaria envolvida em tudo. Colocaria meu plano a perder, e se tinha algo que poderia por isso a falhar, era o fato de que eu precisava me aproximar das pessoas e conseguir me envolver de certa forma pra conseguir a atenção dos mesmos.

— Acho que será melhor eu simplesmente estudar a rotina de alguém e aproveitar uma oportunidade, ou quem sabe, já usufruir de alguém que sei que fará certas coisas. Hum... Seria ruim alguém que está sem saindo da mansão, não retornar mais. Tem que ser um que sai pouco.

Continue Assim

Elaika achou intrigante o jeito que decidiu como começar a sabotar os criminosos e chamar atenção pra eles. Continue.

Eu tinha criado um perfil imaginário do alvo perfeito para dar continuidade a meus planos macabros. Precisei passar alguns dias analisando possíveis candidatos a serem escolhidos para os próximos desenvolvimento de minha coleção pessoal de mortes assinaladas com um tipo incomum de matança que em algum momento seria descoberto por algum investigador mais atento.

Eis que um novo membro da máfia foi escolhido. Era um outro rapaz que só saia para trazer comida pra si. Fazia trabalhos menores e ninguém parecia se importar com ele. Comecei a analisa-lo mais a fundo, e ver como era seu dia a dia.

Os dias foram se passando e eu achava ele cada vez mais um pobre coitado. Sem familiares no país, assim como eu, a diferença é que matei todos, fora meus próprios pais. Estava no País do Chá por azar do destino que trouxe ele em um navio ilegal com drogas sendo transportadas. Ele acabou sendo pego pelos mafiosos e virou uma espécie de escravo ou algo do tipo. Se livrar dele não faria mal algum a essa organização, pelo contrário, era menos um cachorro morto pra eles lidarem.

— Olá... — Fiz como anteriormente com a 1° vítima, dando um sútil, "olá".

Assim que chamei atenção do rapaz, ele respondeu ao cumprimento.

— Ah, oi... — Estava meio evasivo, como se não tivesse interesse.

— Hey, qual seu nome mesmo?

— Hiro, por que?

Ele não sabia conversar direito ou o que? Já imaginava o cansaço com ele.

— Bom, preciso de uma ajuda com algo. Tenho que ir no centro da vila, poderia me ajudar?

Ele olhava para os lados sem saber muito o que pensar. Sem ordens ou qualquer outra coisa pra fazer, ele aparentava escolher em me ajudar.

— Olha, eu não gosto de sair esses horários, mas vamos lá. Não deve ter nenhum problema, certo? Onde é?

— Temos um recluso, hihi. — Ele ficava envergonhado. — Bom, eu mostrarei o caminho. Vamos.

E seguimos adiante sem perder muito tempo. Durante todo trajeto ele ficava quieto e não puxava assunto. Eu fazia o mesmo, pois meu interesse era nada mais que usar ele como segundo ato da minha série de mortes. Comecei a guiar ele por lugares menos movimentados, procurando um segundo alvo pra começar o combate entre ambos. Ele ficava meio perdido com tantas e tantas voltas.

— Está tudo bem? Sabe pra onde vamos? — Perguntou quando perdeu a paciência.

— Sim, sim, não se preocupe, hehe. Estamos sim.

Em meio a mentiras e pretextos enquanto meus olhos percorriam ruas e mais ruas, finalmente encontrei alguém que seria adequado para poder começar a brincadeira mortal.

— Está vendo aquele portão branco meio sujo? — Apontava pra dentro de um beco sem movimento.

— Estou sim, por quê?

— Me aguarde lá que vou pegar a chave pra abrir o portão, e então poderemos adentrar lá e pegar o que desejo.

— Chave? Achei que estivesse com ela?

— Não, não, heh. Como divido com uma senhora o espaço, fica com ela. Então eu já volto.

Uma mentira atrás da outra me levava ao que eu queria, ter ele no ponto certo.

Fui atrás do alvo número dois pra criar o conflito. Era um homem bigodudo com provavelmente uns 50 anos. Estava limpando o chão ao coletar a sujeira que havia por ali. Respirei fundo, e corri até ele com um olhar com ar de amedrontada. Me aproximei dele e falava rápido e depressa.

— Senhor, senhor. Por favor!!! Me ajude. Ele quer me estuprar. Por favor, preciso que o senhor faça algo.

Ele ficava perdido diante tanta informação e minha atuação fraca, que era o suficiente com ele.

— Calma, calma, quem está tentando fazer isso? — Questionou a seguir.

O senhorzinho que seria vítima da minha armação, parecia preocupado e queria ver do que se tratava. Acho que citar estupro, foi um pouco longe demais. Porém, era a desculpa perfeita pra conseguir atenção dos outros, hehe.

— Bem, bem... eu posso te mostrar. Você me acompanharia?

— CLARO! Leve-me até esse desgraçado que irei dar uma surra nele como jamais teve.

— Você não vai se machucar? Ele parece forte?

Precisava bancar a fraca e indefesa garota. Minha aparência reforçava essa característica de delicadeza e necessidade de proteção.

— Não se preocupe, mocinha. Trabalho pesado por muitos anos. Não será um abusador que irá me vencer.

O homem parecia confiante do que dizia, e talvez fosse até verde. Pude notar que seu arquétipo revelava uma vida de muito trabalho braçal, o que dava força física para ele.

O caminho era percorrido, e logo mais chegava na entrada do beco. Me escondia virando a esquina, e olhava o integrante da máfia meio entediado, encostado na parede e olhando pra lua.

— É aquele ali, senhor. O que esta fazendo nada.

— Então é esse, hã?

O homem juntava os punhos e estalava os dedos e depois o pescoço. Estava totalmente motivado para bater no sujeito que ele nem conhecia.

Totalmente motivado pelas minhas palavras, o bom samaritano daquela aldeia se preparava para duelar com o criminoso que supostamente tinha feito barbáries comigo.

Ele chegava já empurrando o rapaz que não esperava por aquilo. Seu corpo trupicava duas vezes para o lado, quase fazendo-o cair no chão, mas ele conseguia evitar a queda e manter seu equilíbrio. Seus olhos se voltaram para o civil com sangue nos olhos. Ambos pareciam irritados sem causa real.

— Cole a sua tiozão, está maluco? Quer MORRER? Sabe com quem está se metendo, hã??

— Vá se fuder, seu verme escroto. Como ousa tentar fazer isso? Irei te punir aqui mesmo e agora, até não sobrar mais nada que juntar do seu corpo.

— Do que está falando, seu lunático? Já está gagá? A idade chegou forte para você, seu monte de tripa seca.

— Olha boca, seu infeliz.

Foi quando o garoto cuspiu na cara do homem que fechava seus olhos na hora, passando a mão na saliva imunda para remover o excesso da face.

— Desgraçado, agora você vai ver uma coisa...

O sujeito cerrava o punho e a cara, avançando com uma expressão de ódio. Ele rugia alto ao movimentar seu punho em um soco certeiro.

O punho do velhote limpador de rua ia preciso na cara do trombadinha da máfia que fazíamos parte. O corpo do rapaz acabou sendo empurrado para trás, obrigando o mesmo a recuar três passos naquela direção por tamanha a força da raiva do civil.

— Não acabou! — Disse o homem.

Ele avançou e deu mais dois socos contra o garoto, quando ia desferir o terceiro, ele foi surpreendido por um abraço forte que impedia o sujeito de se movimentar como bem quisesse.

— Velho maldito!! — Bravejava o garoto.

Começava agora uma briga entre ambos para o rapaz larga o senhor de meia idade. Parecia uma dança muito mal ensaiada, eles iam de um lado para outro, esbarrando em lixo e objetos velhos que por ali estavam. Em dado momento o rapaz não conseguiu segurar mais e aplicou um soco no velhote que virou sua face pro lado.

Cambaleando, o civil tentava se recuperar, mas o criminoso avançava com violência pra cima dele a base de socos e ponta pés na barriga e na cocha, além de um na bunda por não haver onde mirar e ele não ser tão bom lutador assim.

O velhote acabava por cair no chão e o jovem tinha agora uma vantagem.

O rapaz ia se aproximando do homem caído e cansado. Não estava habituado a lutar, e havia trabalhado o dia todo. Seu corpo exigia mais do que ele podia oferecer.

— É seu fim velhote. — Anunciava o garoto, certo da vitória.

Entretanto...

Ele não contava com minha presença. Quando ele foi dar seu golpe de misericórdia, eu o paralisava com a sombra. O garoto não entendia que acontecia.

— Me-meu corpo... Não se mexe!

O tiozão não deu atenção, somente viu a oportunidade e puxou uma garrafa de vidro no canto e acertou a cabeça dele, e depois estocou sua barriga. Após isso eu liberei o rapaz da sombra, e agora prendia o tiozão que também ficava assustado.

— Hã? O que está havendo?

O rapaz não notou que o mesmo aconteceu com seu oponente, e sem piedade alguma ele pegava o pedaço de garrafa pontiagudo e brandiu horizontalmente contra o pescoço do cidadão comum que teve sua garganta rasgada.

— MORRA!

Logo a seguir, o próprio rapaz que virava as costas ao corpo desfalecido, ia tombando também pela perda de sangue. Ele me via se aproximando, erguia seu queixo para olhar em minha face risonha. Eu me abaixava ficando a poucos centímetros do rosto dele.

— Então foi você... — E morreu.