O dia havia se iniciado com uma inesperada visita; o antigo mentor de Squall, Kenshi, batendo à sua porta cedo pela manhã. O rapaz terminou de se vestir e se preparar para sair, e então abriu a porta, onde encontrou o mais velho o aguardando com sua expressão seria de sempre.

- Demorou para atender - Falou, rígido como sempre, ao que teve como resposta o silêncio habitual de Squall - Algumas coisas nunca mudam, pelo jeito. Tanto faz. Se arrume e me encontro no portão da vila, fomos designados para sair em uma missão juntos.

"Missão juntos? Um Jounin e um Genin? Incomum. Bom, tanto faz" - Pensou, acenando co ma cabeça positivamente e fechando a porta, enquanto ia buscar seu equipamento e conferir se estava com tudo pronto.

O caminho pelas ruas da Folha foi objetivo e quieto, visto que aquela hora da manhã as pessoas mal haviam saído de suas casas ainda. De prédio em prédio, não demorou para que o Genin chegasse aos portões da Vila, onde avistou Kenshi o aguardando, escorado sob o muro perto da caserna de vigilância. Parou ali perto e se aproximou do mais velho, que parecia estranhamente quieto. Ao chegar perto, o outro se colocou de pé para receber o Genin, e indiciou para o seguir para fora dos portões.


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Informações:

Considerações:

A rasa penumbra produzida pela ausência do sol que ainda não havia nascido tomava o lugar, cobria o local, e dava um ar sombrio ao ambiente. O mais velho estava fumando, como de costume, quando se aproximou do rapaz.

- Bom dia, Squall. Vamos sair em uma missão, você está pronto?
"Porque tanta pressa? Isso não é normal" - Pensou, com uma das mãos na cintura.
- Que tipo de missão?- Questionou
- Vamos nos infiltrar no covil de um possível grupo de insurgentes que aparentemente planejam um ataque massivo contra a Folha, para descobrirmos se realmente são inimigos, e se for o caso,descobrir o máximo que pudermos. Só isso - Terminou com um pequeno sorriso, jogando seu cigarro fora.

O rapaz permaneceu em silêncio enquanto o seu mentor começava o caminho para fora dos portões, seguido por seu pupilo logo atrás. Os dois deram alguns passos vagarosamente, enquanto Squall não conseguia deixar de notar que seu mestre parecia estar diferente naquela manhã. Normalmente era alguém que falava bastante, e estava sempre cheio de energia, mas naquele dia, parecia quieto e distante. Observou-o silenciosamente por algum tempo, sem nenhuma palavra ser ouvida.

- Algum problema? - Finalmente questionou, sem olhá-lo nos olhos.
- Não se preocupe. É hora de despertar.

Informações:

Os dois permaneceram em silêncio após as palavras de Kenshi, que pareciam ecoar na mente do rapaz. "Despertar". Por algum motivo, essa palavra o incomodava profundamente. Olhou algumas vezes de canto para o mais velho, mas sem entender nada. Suspirou, desistindo de tentar, e apenas esperou por instruções. Após algum tempo de silêncio, Kenshi finalmente começou à explicar.

- Iremos atravessar a floresta antes do amanhecer. Precisamos chegar nos rochedos ao norte antes do sol nascer, para termos a vantagem da escuridão. Pelo que temos de informações, o grupo está escondido em uma caverna ali, acampando e reunindo membros velhos e os recém recrutados. A ideia é evitar confrontos, apenas reunir informações.
"Isso pode sair do controle facilmente"
- E se formos descobertos? - Indagou, antes de saírem.
- Bom, ai é bom você saber se defender - O outro brincou, arrumando seu equipamento e se preparando para sair.

Entendendo o recado, o rapaz consentiu e se preparou para a viagem. Ao longo da caminho foi estudando o trajeto e terreno, conforme ia se tornando mais rochoso e deixando de ser um espaço tão florestal. Isso, em caso de uma mudança no plano de curso, seria fundamental. Seguiram em silêncio, ambos, até chegarem perto do objetivo, onde o mais velho sinalizou para que parassem. Agachando-se em cima de uma árvore, os dois observaram o local.

- É ali - Disse, apontando na direção de uma pequena fenda na grande rocha que havia no local.

Informações:

Os dois permaneceram ali por alguns momentos, observando bem o local e todo o entorno deste. Squall correu seus olhos diversas vezes por todas as direções, identificando qualquer possível rota de fuga, em caso de necessidade, e também qualquer direção de onde inimigos pudessem vir. Em sua mente tentou desenhar o interior do local de acordo com a geografia externa, na esperança de ter ao menos uma ideia do que esperar.

- Pode haver mais de uma entrada. Vamos precisar nos separar. Você entra por aqui, e eu farei a volta, procurando por outras entradas, afinal isso parece ser a "porta dos fundos".
"Separar? E se algo acontecer? Droga, eu mal sei o que viemos fazer aqui" - Pensou, antes de falar.
- E quando eu entrar?
- Procure por qualquer informação que puder. Darei um jeito de entrar e nos encontrarmos lá dentro. Enquanto isso, não seja descoberto, e se algo acontecer, proteja-se como eu sei que pode, entendido? - Questionou o mais velho, sem sequer olhar para Squall, que apenas suspirou e acenou concordando.

O rapaz assistiu o mais velho deixar o local sorrateiramente, indo na direção lateral do rochedo, procurando uma forma de atravessar para o outro lado, como havia dito. O genin revisou o local e o plano, antes de preparar-se para seguir.

Informações:

O plano de Kenshi, na teoria, era simples, mas na prática era outra história. Deixar um genin entrar em um esconderijo possivelmente cheio de ninjas muito mais fortes parecia descuido. Descuido demais para seu mestre; ele não era de fazer coisas do tipo. E desde que se encontraram, ele realmente parecia estar diferente. Era certo que algo estava acontecendo. Mas, de qualquer modo, aquele não era o momento nem o local para esse tipo de pensamento. Esvaziando sua mente, o shinobi revisou seu equipamento, o plano e o local em sua volta mais uma vez, para se assegurar de que tudo sairia da melhor forma possível.

Evitando barulhos, Squall desceu da árvore rapidamente, ocultando sua posição de movimento em movimento, progredindo furtivamente. Avançou pelo pequeno campo aberto que ficava antes da entrada do local, e parou um pouco antes de entrar, de onde tentou focar sua visão no interior da abertura, para ver se conseguiria enxergar qualquer coisa. Sua tentativa, entretanto, não foi muito bem sucedido, visto que, mesmo ainda não tendo nascido o sol, a luminosidade externa era mais forte do que no interior, e tornava a visão dificultosa, impedindo de discernir qualquer coisa que não fosse a escuridão. Um calafrio correu por seu corpo, e então ele moveu-se para ir em frente.

Informações:

A pequena formação rochosa ali formava uma perfeita abertura para quem quer que fosse se aventurar no interior daquela caverna, e consequentemente, proporcionava um perfeito local para um grupo de pessoas que precisava se esconder e ajuntar um grande grupo. Tudo fazia sentido. E com isso em mente, o rapaz redobrou sua cautela, reforçada pelo mau pressentimento que tinha daquele lugar. Deu alguns passos lentos em direção À entrada, e longe ao fundo, no interior, conseguiu ver o que parecia ser uma luz fraca, instável. Parecia luz de...
"Velas?" - Pensou, antes de se aproximar mais.

A luz fraca e instável começou À se multiplicar, à medida que ele se aproximava. Deu os primeiros passos no sentido da entrada, vendo mais e mais luzes iguais, espalhadas por todos os lados. Aquele lugar tinha uma energia macabra, capaz de assustar o garoto. Com o primeiro passa no interior do local, Squall observou os vastos corredores vazios que ramificavam para lados diferentes, dando acesso à vários quartos e salas. Pelo som, dava para notar que estava tudo completamente desocupado. Nem sequer m som de voz ou movimentos podia ser ouvido ali dentro. Ele adentrou, cautelosamente, e foi caminhando pelo interior do local, observando sua estranha formação. Corredores iluminados por vilas, com um ar sinistro.

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Quanto mais andava no interior daquele local, mais estranha ficava a situação. O local deveria ser um esconderijo de ninjas em grande número, mas para um local cheio de pessoas, estava quieto.

“Quieto demais”  - Pensou, levantando-se para sua postura normal.

Caminhou em volta dos diversos  corredores, procurando por qualquer sinal de pessoas, investigando cada centímetro do local. Atrás das portas nada encontrou senão quartos desocupados, todos bem organizados.

“Ninguém tem usado isso há algum tempo. E pelo jeito, isso não parece ser um esconderijo improvisado. Está aqui faz tempo. Droga, onde está Kenchi-sensei?” - Pensou, enquanto olhava em volta.

Os macabros corredores pareciam ser cada vez menos em quantidades, à medida que ele ia caminhando para o interior o do local, agora completamente despreocupado com ser visto ou não.  Seguiu em linha reta pelo último corredor, que o levou à uma sala grande, com uma estátua de uma grande cobra ao fundo, e velas espalhadas por todas as paredes do local, iluminando um pouco a penumbra. O ninja olhou em volta algumas vezes, tentando identificar onde raios estava, mas sem muito sucesso. Caminhou um pouco em torno da sala, tentando gravar sua formação, e encontrar alguma saída. Foi então que, atrás dele, de cima da estátua de serpente no fundo da sala, ele ouviu uma voz que penetrou em sua mente. Uma risada sinistra, que parecia ecoar por todo o local. O rapaz se virou rapidamente, olhando para cima, onde viu duas figuras. A primeira foi um homem pálido, de pele quase cinza, longos cabelos negros, aquele que estava rindo. O tom da voz que emanava dele era o suficiente para fazer o garoto sentir um forte tremor em suas pernas. Seus olhos fechados se abriram finalmente, e seu olhar direto quase perfurou através dos olhos de Squall. Ele conseguia sentir; aquele homem era como um predador, e a presa ali era ele. Sentiu suas pernas tremerem, e seus músculos se retraírem, gritando para que ele corresse. Exatamente como uma presa se sente diante de um predador que deseja sua avida. Sentiu seu corpo paralisar, e perder todo o controle sobre seus movimentos. O homem nada havia fito, senão olhar para o garoto e rir; mas até rindo, sua voz emanava uma forte e maligna ambição. Squall correu seus olhos para a figura ao lado dele, e então ele perdeu sua expressão fechada de sempre; bem ali estava Kenshi, seu antigo tutor. Por algum motivo, ele sabia que isso não era bom.
"Kenshi-sensei? O que é isso? O que está acontecendo aqui?" - Se perguntou, esforçando-se para conseguir se mover
- Squall - Kenshi disse, saudando-o, antes de desaparecer e reaparecer ao lado do rapaz - Desculpe, mas você não sairá vivo daqui - Disse, agora ao lado do rapaz, com a mão sob um de seus ombros.
- O que... - O rapaz mal terminou, e sentiu um soco em suas costelas que lhe empurrou para longe.
- Você é fraco demais. Não tem utilidade vivo.
"Fraco? Utilidade? Mas do que ele está falando? O que é tudo isso afinal?" - Gritou mentalmente, confuso.

Antes que pudesse ter qualquer reação, foi pego pelo pescoço, e sentiu seu corpo sendo levantado.

- Mestre, o que...
- CALE A BOCA, SEU MOLEQUE - Ele interrompeu, chutando o garoto para longe - Já disse que você não vai sair daqui vivo. Então, não se dê ao trabalho de gastar energia falando. Um fraco como você não merece sequer viver.

O mais velho caminhou em direção ao garoto, que estava caído ao chão mais ao fundo. Squall tentou juntar forças para se levantar e reagir, mas antes que pudesse, outro soco vindo de seu mentor o debilitou no chão.

- Então... vamos fazer isso do jeito fácil, pode ser? Apenas deixe-se morrer - Disse, começando uma sequência de socos contra o rapaz.
"O que está acontecendo? Porque Kenshi sensei? O que significa tudo isso?"

O garoto permaneceu em silêncio, sem reação, enquanto os golpes de seu mentor danificavam seu corpo com força, roubando sua consciência aos poucos. Quase inconsciente, o rapaz sentiu a adrenalina em seu corpo fluir quando ouviu a última frase de seu antigo mestre.

- É por isso que você nunca mais verá Rinoa.
- NÃO - Ele gritou, finalmente se colocando de pé e, em um movimento, empurrando seu mestre para longe de si.
- Olha... que interessante - O outro homem finalmente falou, deixando sua voz grave e sinistra ecoar pelo ambiente. Ao se virar para ele, Squall sabia; seus olhos estavam diferentes. Seu corpo já não tremia; seu coração já não titubeava. Havia alcançado um novo nível. Sabia que agora, em seus olhos, brilhava a cor do poder Uchiha, o vermelho intenso do Sharingan. Podia sentir a diferença em seu olhar agora. Observou o outro, que o olhava com um sorriso carregado de malicia em seu rosto.- Kenshi, é hora de irmos - Ele disse, ainda rindo - Esses olhos... cuide bem deles, minha criança - Disse, antes de desaparecer.

No chão, onde restavam apenas os dois, Kenshi olhou diretamente no profundo dos olhos escarlates que brilhavam no escuro, com sua expressão séria.

- Rinoa está com ele. Se for resgatá-la, terá que se tornar forte. Muito mais forte. Eu estarei aguardando Squall, não me decepcione - Ele falou, também desaparecendo em pleno ar.

O rapaz cerrou seus punhos, enquanto uma lágrima escorria pela lateral de seu rosto. O que quer que fosse fazer dali para frente, sabia que precisava dar um jeito de se fortalecer e encontrar Kenshi. Precisava entender o que tudo aquilo significava. Como ele sabia todo esse tempo onde Rinoa estava e nunca falou nada? Porque isso tudo agora? E quem era aquele homem? Tudo aquilo estava estranho demais, e difícil de entender. Seu corpo ainda doía - dor causada pela mão de quem lhe adotou, ensinou e treinou durante sua adolescência. Por que agora havia se voltado contra o rapaz? Ele o atraiu até ali usando uma missão como desculpa, e usou da situação para isso. Mas com qual propósito? E acima de tudo, o mais importante; Squall sabia que precisava resgatar ela. Era o mínimo que poderia fazer; era uma dívida de sua promessa.

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Seu corpo todo tremia, em raiva e confusão. O rapaz não conseguia, por mais que tentasse, entender o que havia acontecido ali. Seu mestre havia se voltado contra ele e lhe ferido, no que aprecia ser uma armadilha disfarçada de uma missão, embora fosse difícil acreditar que a Folha se quer tinha ideia do que estava acontecendo. Em seus olhos, o brilho escarlate dos olhos vermelhos chamava atenção no meio daquela escuridão. O rapaz olhou em volta, procurando por alguma saída, até que sua atenção se voltou para trás, ao ouvir um barulho de porta se abrindo e passos. Ao se virar, notou uma pessoa com uma espada em mãos vindo em sua direção, sem dar uma palavra. Correu em zigue-zague, tentando confundir o rapaz, e veio com uma investida superior com a espada, em um corte vertical de cima para baixo, mirando a cabeça do Uchiha. Com seus olhos, entretanto, o rapaz foi perfeitamente capaz de acompanhar cada movimento do outro, percebendo cada passo dado, como se fosse um filme em câmera lenta em sua frente. Quando o corte veio, o rapaz conseguiu mover seu corpo para o lado rapidamente, desviando-se do corte e levando sua mão à bolsa de armas em sua perna.

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Sua destra apressou-se em buscar o cabo frio de metal de uma kunai em sua bolsa, e rapidamente se moveu para cima, antecipando o próximo movimento daquele homem. A lâmina subiu velozmente, penetrando por baixo do queixo daquele sujeito, rasgando o interior de sua boca no processo. O sangue que começou a verter foi imenso, e parte dele caiu próximo dos olhos do rapaz. Ao remover a lâmina e deixar o corpo daquele homem cair no chão sem vida, o rapaz olhou seu reflexo na kunai em sua mão, e enxergou o sangue daquele homem escorrendo de seus olhos. Aqueles olhos que carregavam um poder tão imenso. Que habilidade é essa que ele experimentava agora? Já havia ouvido muito falar sobre os poderes oculares de sua linhagem, o Sharingan, mas nada eram senão boatos quando comparados à prática de seu uso. Mas haviam outras coisas mais importantes agora.

"Rinoa... o que está acontecendo? Você está em perigo? Droga... eu vou achar você, eu prometo" - Pensou, limpando-se.

Escaneou o ambiente à sua volta mais algumas vezes, enquanto seus olhos vermelhos continuavam a brilhar no meio daquela escuridão. Tratou de seguir pela porta por onde o sujeito que lhe atacou entrou, e procurar ali sua saída.

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Após um longo caminho por dentro daquele local, o rapaz conseguiu encontrar sua saída, enfim. Olhou em volta, e a luz do sol ofuscou sua visão. Deu alguns passos para fora daquela caverna estranha, e começou seu caminho de volta. Por um momento, fechou seus olhos, e quando os abriu em seguida, o Shringan havia desaparecido. Tratou de não demorar muito em seu caminho de volta à Folha, pelo conhecido trajeto por entre as grandes florestas do País do Fogo. Foi questão de pouco menos de uma hora até que finalmente pudesse enxergar os portões do vilarejo, e seu destino. Cerrou seus punhos enquanto lembrava de tudo que ocorreu, momentos antes.

"Kenshi... nós vamos nos encontrar de novo, e vamos acertar isso. É uma promessa" - Jurou mentalmente, agora caminhando.

Em um pergaminho, relatou todo o ocorrido em relatório ao Quartel General da Folha, sem se preocupar com demandar explicações ou qualquer coisa do tipo. Ao ouvir o nome de Rinoa, sabia que o que quer que fosse, nenhum líder ou ninja dali teria a resposta. Isso, ele mesmo teria que descobrir por conta própria, e daria um jeito de o fazer. Mas para isso, sabia que precisa ser mais forte do que agora, e era nisso que estava se concentrando.

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