Estava com o rosto completamente avermelhado diante de tudo o que havia dito para Pandora. Não receber uma resposta direta era o que o deixava ainda mais tenso; ela simplesmente se levantava e começava a tirar sua roupa depois de alguns passos. O sangramento nasal era imediato e não conseguia saber o que fazer, estava olhando seus passos, mas não esperava que isto fosse acontecer. A troca de roupa era rápida, e quando a mesma se virou, o jovem passou a olhar pro teto. Não sabia o que dizer, mas tinha certeza que havia sido flagrado, afinal nada escapava dela — E-eu... não sabia que você ia se trocar — Dizia de forma honesta, mas não era tão inocente assim, pois só desviou o olhar para tentar não ser pego, sequer cogitando em fazer isso antes. Seus instintos e a situação inesperada o forçava a se manter.

Mesmo com ela se deitando ao seu lado e visivelmente o encarando, Kaginimaru não conseguia deixar de olhar para o teto, não conseguia mais olhar nos olhos da garota depois do que havia dito de forma direta. A descontração sobre a futura mudança, o fato de que esta seria sua última noite naquela casa e a afirmação que teria passe livre para a próxima residência o deixava extremamente mais corado do que já estava. — Não consegui frear... vim correndo muito rápido quando descobri que você estava na vila! Mas eu vou arrumar tudo que quebrei, assim você pode vender essa aqui — Confessava, se lembrando dos danos que havia causado na residência. — Se essa é a última noite... precisava ser especial... — Dizia, virando seus olhos para vê-la de relance, sem mover a cabeça.

A cada segundo que passava ao lado dela era mais do que o suficiente para o deixar com os sentimentos aflorados ao ponto de não conseguir usar seus sentidos básicos com clareza, a cada dia que se passava, estes sentimentos aumentavam ainda mais; não conseguia expressá-los como necessitava, mas este era só o começo misturado a gigantesca saudade que sentiu por todo este tempo, logo ficando mais conectado com a mesma. Em dado momento, perdido em seus pensamentos, só queria saber de não deixar que inimigos a afastassem novamente.  

Considerações:

Nesta situação, mesmo com uma conversa séria, Kaginimaru não conseguia pegar os gatilhos principais dos sentimentos de sua amada. A distração interior era tamanha que conseguia apenas conversar honestamente, nada além disso. Se mantinha calado perante aos dizeres sobre seu avô, embora aquilo não fosse suficiente para convencê-lo a não consertar as estruturas que danificou. Com a resposta dela sobre deixar para a nova casa, ele ficava ainda mais envergonhando, voltando seu olhar ao teto.

Obviamente a Pandora notava aquele afastamento e se incomodava, o que também incomodava-o. — Não é isso, é sobre... depois de tanto tempo distante, eu não sei como agir! Não quero estragar tudo de novo. — Confessava, finalmente criando coragem para olha-la de volta. E se perdia como nunca! Corava como nunca! Suas emoções estavam em um nível tão alto que sentia vontade de chorar mesmo sem um motivo aparente, mas resistia, afinal que homem seria se demonstrasse tamanha fraqueza sentimental para sua mulher? Buscava distrair-se perante a beleza imensurável e o perfume afrodisíaco dela, assim conseguiria, talvez, parecer um pouco menos bobo nesta situação. O cabelo dela em seu rosto se tornava uma deixa ainda maior para distrair-se, aspirava profundamente a fragrância daquelas doces madeixas até o momento em que elas suavemente eram reajustadas para um pouco mais longe. O beijo seguido chegava a ser surpreendente, Kaginimaru correspondia com desejo e intensidade até que, após o término do beijo, seu corpo era puxado para ficar mais próximo. Passaria uma perna por cima das pernas dela e neste momento recordava-se que ainda estava somente de toalha. Pela frase seguinte, a Heinstein tinha a mesma percepção. — Prefiro um cobertor — Dizia com a voz risonha quanto a ideia de que usaria uma camisola.

O elevar da alça que ameaçava descer do ombro fazia com que Kaginimaru prestasse mais atenção em sua roupa. No primeiro momento, a transparência o forçava a evitar o contato direto, mas logo visualizava o quão Bela era em todos os aspectos. Se perguntava como conseguiria dormir esta noite, e a resposta era simples, simplesmente não conseguiria. Tantos sentimentos e desejos, tudo unido em um corpo só! Não pretendia dormir nem se conseguisse, pois queria que aquela noite durasse para o resto de sua vida.

Considerações:

Podia se dizer que estava em um verdadeiro momento de família. Os responsáveis de ambos não viviam mais em Iwagakure, tudo o que restavam-lhes era apenas um ao outro e nada mais. Visitas inoportunas ainda aconteciam em raras ocasiões, como algumas horas anteriores o pai de Kaginimaru havia aparecido, mas nunca passava disto. Viver por conta própria desde cedo com toda certeza trouxeram muitos problemas para o casal, mas estando um junto do outro os dois se completavam, como Yin e Yang.

O comportamento de Pandora fazia com que Kaginimaru tivesse certeza de que não conseguiria dormir nesta noite nem que socasse seu próprio rosto até desmaiar. Não conseguia evitar de acompanhar a movimentação da mesma, na verdade sequer queria que isto acontecesse, precisava se distrair de toda a vergonha interior que sentia, e este era sem sombra de dúvidas a melhor forma. Arrumava o cobertor no entorno do seu corpo enquanto admirava o espreguiçar desinibido de sua amada, sentia toda a quentura do chakra daquela mulher como se estivesse em plena conexão com a mesma— mesmo não sendo ele um ninja sensorial. Naturalmente, acabava por ficar com os pés para fora da coberta, uma peça delicada e fina como aquela com toda certeza não daria conta das necessidades totais do Hanma, muito embora fosse o suficiente para se manter satisfeito, pois ao menos não permaneceria pelado. Feitos os ajustes com a coberta, dispensaria a toalha que vestia para se livrar do contato com o material molhado, visando evitar um resfriado e seus derivados.

Sorria quando o assunto se tratava sobre evitar pensar besteiras, parecia ser de propósito, pois estava mais do que evidenciado que isto era impossível. — Boa noite... — Respondia em tom alegre, ciente de que ela só podia estar de brincadeira. Horas poderiam se passar, mesmo que se virasse para um lado e para o outro insistindo em aceitar o sono, não conseguiria dormir nem mesmo se um milagre acontecesse no seu interior, como bem suspeitou desde o início. Toda aquela energia interior reprimida seria mais do que o suficiente para deixá-lo acordado por semanas! Precisaria lutar uma guerra sozinho e vencer um exército antes para que pudesse esvaziar o vigor insano que esbanjava em sua corrente sanguínea.

Considerações: