|野郎







— Suas folhas são assim, com cinco pontas. Dá pra ver?

— Acho que sim.

— O vaso sumiu nessa madrugada... Você tem que se apressar. Ó, pobre florzinha…  

O homem que se apresentou como Rikkin estava claramente preocupado. Temia por não conseguir entregar a preciosa encomenda ao cliente, visto que dentre as inúmeras mudas da floricultura, justo aquela sumiu. Tudo que havia sobrado era uma pequena folha já meio seca, mas que ainda assim exalava um cheiro bastante específico de perfume floral.

— Vou precisar disso pra me guiar.

— Tudo bem, leve! A Antúrio Prateada é o item mais caro que temos na loja devido à sua raridade e odor adorado pelos colecionadores. Por favor, encontre-a antes que eu perca essa venda! — Seus lábios tremiam como o de uma criança mimada, enquanto as mãos juntas formavam uma prece em minha direção.

Pensando bem, aquela flor deveria realmente valer algum dinheiro se levarmos em conta que o homem contratou serviços ninja para encontrá-la. Ok, tudo bem que eram os serviços de um Genin enviado sozinho para resolver o caso, provavelmente o pacote mais barato que o Quartel poderia oferecer, mas ainda assim era um gasto.

Além do mais, aquela seria minha primeira missão. Eu estava ansioso para descobrir quem poderia ser o malfeitor: Um animal selvagem, talvez? Ou quem sabe um ladrão com conhecimentos sobre a arte shinobi, que usa técnicas de camuflagem para cometer crimes? Só havia uma forma de saber, e quem melhor para rastrear flores do que insetos?

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|野郎







— Que estranho.

Por algum motivo, minha busca não havia me levado para mais longe do que três quarteirões além da floricultura. Eu estava parado em frente a um grande prédio no centro da vila. Conhecia-o bem, visto que foi o primeiro lugar que visitei ao chegar em Konoha. Naquela fatídica noite, choveu como se o céu descarregasse toda sua tristeza e insatisfação com a humanidade, lembro-me bem. Mas olhando agora, o hospital não parecia tão fúnebre quanto achei pela primeira vez: Era manhã de um dia quente de verão e o sol radiante esquentava meus ombros da mesma forma como iluminava as paredes da construção com sua luz reconfortante. Olhando assim, enquanto escutava o assobio dos pássaros nas árvores, o local aparentava ser calmo e agradável.  

Ainda assim, não deixava de ser muito estranho. Seja quem for o ladrão, provavelmente era péssimo naquele tipo de trabalho.

Os Kikaichū voaram tranquilamente, seguindo o curto rastro que o cheiro da flor havia deixado pelo caminho, até que pousaram sobre o parapeito de uma janela aberta no térreo. Aquele era o sinal de que a Antúrio Prateada provavelmente estaria ali. Logo, me aproximei e olhei para dentro do quarto perfumado com o odor floral agora perceptível até à mim.  

— O que você está fazendo? — Uma garota de olhos inchados e tomados por vermelhidão me indagou, se aproximando rapidamente para fechar a cortina. Ela tinha a mesma idade que eu e sua tristeza era quase palpável.

— Ali, é só o que eu preciso — Apontei para o vaso apoiado na mesa de cabeceira antes que ela pudesse me isolar do lado de fora. Na cama ao lado, sem respiração, uma mulher com os cabelos tão castanhos quanto o da garota estava deitada, pálida como leite. Não era difícil de compreender a situação. Eu precisava das flores, mas não conseguiria ser insensível — Eu sinto muito...

— Não sinta. Ela estava doente há tempo demais. Foi o último pedido dela, sabe… O cheiro da Antúrio Prateada a lembrava de sua terra natal, de onde ela foi tirada quando ainda era uma criança. Era sua única memória do lugar — A garota retomou seu choro, dizendo mais algumas coisas impossíveis de se compreender devido aos soluços — Ela não precisa mais, de qualquer forma. Me desculpe pelo transtorno, eu não sou nenhuma ladra…

— Eu teria feito exatamente igual — Disse, recebendo o vaso em mãos e dando as costas para o hospital mais rápido do que o esperado. Queria poder abraçar a garota, perguntar seu nome e se ela estava precisando de algo. Não o fiz. Me sentia triste. O grande problema é que, por algum motivo, sabia que isso não é nada comparado ao que ainda encontrarei no meu caminho como ninja.

Só espero que Rikkin não se importe com a pétala que eu arranquei e deixei naquele mesmo parapeito. Se cuida, garota.

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