Pouco tempo havia se passado desde que Kaginimaru havia se tornado o mais novo Tsuchikage e já encontrava-se no mais puro tédio existente. Ninguém havia o avisado que teria de ler e assinar tantos papéis todos os dias, imaginava que o cargo envolvesse muito mais ação do que apenas enfrentar negociações que pouco se importava. O que salvava este fatídico dia era apenas o seu clima agradável, o calor na temperatura correta transpassado pelos raios solares que levemente o alvejava pelos buracos ainda existentes no gabinete desde a última invasão fazia com que o jovem relaxasse — assim como também se lembrava de ter que programar os devidos reparos na estrutura.

Respirava fundo. Estava prazente de estar onde estava no final das contas. Para sua surpresa, gritos em outras salas do gabinete chamavam a atenção do garoto, mas sequer tivera tempo para reações, quando se deu conta, o responsável por causar os alardes estava bem defronte à entrada da sala do Kage. Seu tamanho, o nível muscular e as cores de seu cabelo o tornavam um ser inconfundível, eram estes genes que Kaginimaru também havia herdado, mas visivelmente não estava tão bem desenvolvido quanto o homem em questão; Yujiro Hanma. Ambos se encaravam no predominante silêncio total, sequer parecendo ser o reencontro entre um pai e seu filho.

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Em um lugar distante, um pouco antes da visita que Kaginimaru recebera e também um pouco depois de sua nomeação como Tsuchikage, um veterano de guerra estava em um quarto luxuoso, sentado e transpassando a mais nova notícia. — Ele se tornou Tsuchikage... Como esperado do sangue Hanma, ou melhor, seu rival... não é, Ogro? — Proferia de maneira direta, dando um longo trago em seu charuto.

O silêncio pairou no ambiente por alguns segundos, a calmaria do momento era tamanha que podia-se ouvir o queimar do fumo que o mensageiro produzia e inclusive era possível diferencia-lo do barulho das chamas consumindo a lenha na lareira. A imprevisibilidade do que estava por vir era tamanha que até mesmo aquele homem, que aparentava não sentir medo de estar diante do ogro, ficava nervoso com a demora diante de sua reação.

Yujiro então começava a pegar mais firme no apoio direito de sua cadeira, tão firme que a quebrava em um piscar de olhos, enquanto começava a gargalhar. Ria como uma criança conhecendo uma nova e divertida brincadeira, ou como se tivesse escutado a piada mais engraçada de toda a sua vida. — Está falando do cargo de Kage de Iwa, não é? — Perguntava retoricamente, voltando a dar risada. — Não representa a força que ele tem e muito menos a resistência, no final é só um cargo que precisava ser preenchido... na verdade o antigo Tsuchikage seria um oponente muito melhor. — Finalizava, parando de vez o seu riso e expressando um semblante totalmente sério.

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De volta para o gabinete, Yujiro sorria na frente de seu filho. — Então é verdade... Tsuchikage. — Disparava, deixando claro que estava ali para confirmar a veracidade das notícias. — Eu precisava mesmo falar contigo, velho. — Kaginimaru o respondia com o semblante sério e determinado. Ambos se encaravam por mais alguns segundos, em silêncio, até que o próximo passo era dado: — Parece que você quer lutar aqui e agora. — A criatura mais forte do mundo confrontava. — Você não quer também? — O mais novo Tsuchikage lançava o questionamento no mesmo instante, mal deixando tempo para que a frase de seu progenitor se finalizasse.

O ogro levava aquilo como um desafio direto, suas sobrancelhas se arqueavam demonstrando a mudança no humor e um sorriso falso se estampava em sua face. Na verdade, estava forçando os dentes uns contra os outros para segurar a irritabilidade que tentava o dominar; odiava levar desaforos como estes, mas sabia que seu filho ainda não estava pronto e por isso desejava se controlar, visando guardar o melhor para o futuro. — Diferente de você, eu não tô nem aí para ser o mais forte do mundo. Se você fosse a criatura mais fraca daqui, eu estaria tranquilo de ser a segunda mais fraca. — Kaginimaru continuava, tocando no ponto onde sabia que o irritaria ao máximo.

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O ogro rosnava enfurecido diante de toda a provocação, mas mesmo com a sua alcunha de um ser truculento, a inteligência que possuía não era de se desprezar. Conseguia controlar-se mesmo que o toque em seu ego estivesse sendo direto, mas de fato este ainda não era o momento que pretendia usar todo o seu poder contra seu filho. — Já se passaram quantos anos? — Proferia com a voz seca, referindo-se ao confronto que tivera com o filho a anos atrás e culminou na morte de alguém que Kaginimaru jamais esqueceria. — E daí? Agora vai ficar com medo? — O questionava de volta, levantando-se da cadeira em que estava sentando e tirando a própria camiseta enquanto isso.

— Kagi... não se cobre tanto, suas pernas estão tremendo! — O ogro apontava. Por um milésimo, o Tsuchikage se desconcentrava da ação atual e olhava para as próprias pernas; este foi o seu maior erro. No mesmo instante, Yujiro avançava em uma velocidade descomunal, agarrando o jovem pela cabeça e o pressionando contra a parede. Uma grande rachadura se formava, tamanha era a força imposta. — Provocação ou não, pense bem em suas palavras... Nunca diga que estou com medo de você, amador do caralho! — Um Sakki imenso tomava conta da situação, intensificando ainda mais o poder das suas palavras.


[b]

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Na parede, a rachadura se intensificava de forma surpreendente, Yujiro continuava aplicando sua força de maneira descomunal e surpreendente. — Suma daqui! — Ele gritava enquanto rompia a estrutura e arremessava Kaginimaru para fora do gabinete somente empurrando com uma de suas mãos. O Tsuchikage rolava pelo chão até parar caído ali próximo. Seus olhos se esbugalhavam e só conseguia pensar em quão forte aquele homem era. Relembrava-se do passado, naquela mesma situação anterior que o oponente havia recordado, a força aplicada naquela época viera a ser grandiosa, e dada a exposição das veias em seus braços, muito provavelmente se tratava de toda que tinha. Apenas com esta demonstração podia concluir que atualmente ele estava próximo do dobro em comparação, e sequer parecia ser tudo o que tinha; Yujiro Hanma estava evoluindo ainda mais conforme o tempo se passava!

Com toda certeza acabou chamando atenção da população, que aos poucos e desconfiada se aproximava do garoto para entenderem o que se passava. Multidões neste momento era o que menos desejava, estava fazendo tudo aquilo para garantir que a raiva do ogro não fosse descontada em outro lugar, com outras pessoas, mas teria de redobrar sua atenção agora para impedir que os cidadãos acabassem envolvidos no embate que estava prestes a ter o seu início.

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Levantava-se lentamente, apoiando suas mãos em seus joelhos para ter apoio e dar firmeza ao movimento. A população em volta se afastava parcialmente para dar espaço aos movimentos do Tsuchikage. Com passos lentos e um salto ao final do caminho de volta, Kaginimaru retornava para o seu gabinete pelo mesmo buraco de onde havia sido forçado a sair. Para sua surpresa, Yujiro não estava mais presente.

O garoto firmava ambas as mãos, em um estado de diversas emoções diferentes e começava a tremer. Não havia tido tempo para se esforçar fisicamente, mas suava como se estivesse com o corpo diante de altas temperaturas devido ao grau de esforço; a verdade era que sentia-se aliviado dele não mais estar presente e aquilo o enfurecia consigo mesmo.  "COMO POSSO SER TÃO COVARDE?" — gritava em seu interior, surpreso com as atitudes de sua mente. Sentia-se traído pelo seu próprio corpo e envergonhado consigo mesmo por estar em um estado destes. Sempre se alegrava em enfrentar adversários mais fortes, então qual a razão para não ser igual? Talvez a iminência da morte, agora com suas novas responsabilidades, o assustava por desejar proteger seu povo ao máximo. Relembrava-se, por fim, dos ensinamentos de seu pai referente a laços: somente enfraqueciam o homem.

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Mas Kaginimaru discordava, foram estes mesmos laços e a consideração que tinha perante todos os moradores e shinobis da vila que o fez desafiar seu próprio pai com as palavras. Do contrário que lhe fora ensinado, a vontade de proteger a todos havia lhe concedido forças para realizar feitos que até mesmo seu subconsciente se acovardariam naturalmente. Conhecia aquele homem bem o suficiente para saber que ele não causaria mais nenhum mal pelo vilarejo, o ogro estava satisfeito do momento que tivera, muito embora quase não exercendo força alguma.

Seu objetivo de garantir a segurança da vila aparentemente havia sido um sucesso, o maior dano fora apenas o enorme novo rombo no gabinete do Tsuchikage, mas logo ele passaria por obras, então aquilo pouco importava. Kagi esticava seu corpo com alguns alongamentos e pequenos pulinhos para realizar a ativação dos músculos, visando garantir que ele superassem a dor do impacto sofrido anteriormente, não se curaria desta forma, mas era o suficiente para distrair-se da dor e focar em algo muito mais importante: verificar se todos na vila estavam bem, haja visto que mesmo antes de encontrar-se com o ogro, escutara gritos de alguém em outra sala do gabinete, portanto seria para lá onde dirigir-se-ia. 

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Com passos apressados, ou melhor, correndo em sua velocidade máxima, Kaginimaru passava de sala em sala para verificar a integridade de todos os presentes. Levou alguns poucos minutos até confirmar que todos estavam bem e nada havia acontecido, descobrira até o evidente motivo dos gritos; o susto de ver o ogro pessoalmente e sentir sua aura, afinal todos o conheciam — ao menos quem trabalhava no gabinete da vila.

Passado o susto, o garoto se retirava do interior de seu gabinete e partia em uma escalada pela parte de fora da construção. Concentrava o chakra na sola de seus pés para subir sem dificuldades, calmamente observando o horizonte de todos os lados do vilarejo. Como suspeitava, a mais pura paz reinava para todo lado que olhava, sem nenhum sinal de destruição ou mortes que geralmente o ogro deixaria. Havia conseguido se safar do caos iminente, mas até quando? Sabia mais do que ninguém que, em algum momento, teria de enfrentá-lo pelo bem da humanidade. Agora ciente de que seu rival também estava evoluindo, sentia-se mais do que obrigado a redobrar seus esforços e treinamentos.

As obrigações aumentava a cada dia que se passava e sentia-se como se estivesse ficando para trás. Mal havia se tornado Tsuchikage e começava a sentir a intensidade e o peso do cargo.

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