RPG ROLEPLAY AMBIENTADO NO UNIVERSO DE NARUTO
Shinobi World
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Lua Sangrenta
Arco 5 - Ano 785
Com a interrupção durante o Torneio Shinobi, Shin mostrou ao mundo seus verdadeiros poderes. O revelado Primeiro Hokage liberou sobre a Nuvem uma gigantesca besta de dez caudas que destruiu grande parte da Vila, se mostrando uma antagonista capaz de se opôr mesmo à quatro das cinco Sombras unidas. Com a união de todos os ninjas das cinco nações e alguns renegados, a besta foi finalmente derrotada.

Mas, para a surpresa de todos, o verdadeiro caos veio quando Shin liberou seu verdadeiro poder — Shinra Tensei —, assolando Kumogakure praticamente inteira. E, com o fim da batalha na Nuvem, um olhar sanguinário brilhou no céu, com a revelação da Lua Sangrenta.Um ano após os acontecimentos no País do Relâmpago, uma grande fissura surgiu na superfície da Lua Sangrenta, causando especulações de todos os tipos. As Nações, mais uma vez banhadas na incerteza e insegurança política, se vêem em uma tensão que pode eclodir em uma guerra à qualquer instante, entre qualquer uma delas. O ciclo, outra vez, se inicia.
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|野郎


[Gaiden] Além das cores que vestimos, 340?cb=20110103025704


"outro símbolo em sua bandana,



— Investigação na casa de chá é meu ovo. Você quer é vida boa.

Falava sozinho. Estava chateado, confesso. Já faz um tempo que meu treinamento com Amiyo-sensei havia começado, e sinceramente sinto que meu tempo de vida nesta terra não vai durar muito. Ela é um monstro. Tem o costume de marcar treinos e corridas surpresa às três da manhã, nos coloca pra fazer as partes pesadas das missões que são só dela e nem vão entrar na minha contagem de missões. Ah, também sempre inventa alguma viagem de última hora com desculpa que deveríamos estar prontos para qualquer intempérie - justamente, fato que estava acontecendo agora.

Dessa vez, descobri que viria até o país do Rio, pasmem, cerca de cinco minutos antes da partida. Mal pude arrumar a bolsa ninja e colocar o nariz vermelho que ela já estava acendendo seu cigarro do lado de fora da minha janela enquanto insistia pra que eu andasse logo. Até Squall havia se livrado dessa, sortudo como sempre, já que Amiyo decidiu levar apenas a mim dessa vez. Eu até me sentiria especial, não estivesse sozinho, atolado até as canelas no barro, ensopado da roupa aos ossos no meio da floresta de um país que eu nunca havia pisado antes e com o céu desabando em minha cabeça.

Minha missão era simples: Encontrar algumas plantas específicas que só cresciam naquela região à beira do rio... Embrenhado no meio da floresta desconhecida! - eu já reclamei disso? Tudo isso enquanto, segundo ela, investigaria a casa de chá para recolher informações importantes para a vila. Porra nenhuma. Tendo cumprido a missão, precisava encontrá-la no ponto marcado apenas em algumas horas. Isso me dava bastante tempo pra aproveitar a tempestade - ou encontrar essa aconchegante caverna pra esperar o tempo passar.  

O local não era nada mais do que uma formação rochosa que me forneceria abrigo temporário. Apenas um local seco, intocado pela chuva que caía com ferocidade. O céu estava negro e o vento fazia um zumbido irritante.

— A coisa tá feia mesmo — Disse, enquanto observava da entrada da caverna toda brutalidade da natureza personificada naquele temporal. Foi quando, de repente, uma silhueta se movimentando entre as árvores próximas fez meu coração quase saltar pela boca de susto — Opa! Muito cuidado, já tô avisando! Eu posso ser muito perigoso quando preciso.

Estava de pé, mantendo uma pose canhestra que vi algum usuário de taijutsu fazer. Com a guarda suspensa, vi que a pessoa do qual a silhueta se tratava era um ninja. Eu não conseguia reconhecer o símbolo em sua bandana, de qualquer forma, mas aquilo só mostrava que eu deveria levar as coisas mais a sério. Ele reconheceria o símbolo da minha?

— Você não quer me matar, quer? Te juro, não vai valer a pena. Sabe como é... Sou só um cara fugindo da chuva — Disse com sinceridade. Estava cansado e não queria briga. Será que éramos inimigos? Não sabia como reagir. Talvez nossas roupas de cores diferentes contassem um tipo de história, mas quem podemos ser além dessas cores?






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— Por que isso tem que sobrar pra mim? Sabe, tem tanto genin por aí que adoraria sair andando sem rumo fazer esse serviço de corno. — resmungou.

Date nunca se importou em trabalhar, mas naquele dia não estava nem um pouco afim de fazer qualquer tarefa, especialmente se tratando de uma longa caminhada. Mimi, a mulher que outrora tinha sido sua examinadora, agora era também a encarregada por delegar missões e atividades ao não tão experiente genin.

— Vai, Date! — exclamou a domadora dos ventos. — Você não precisa resmungar tanto. O país dos rios é logo ali, e você nem precisa se preocupar, já que é só um favorzinho pra mim.

Sentado à cadeira em frente a mulher, o rapaz de cabelos vermelhos se levantou e pegou seu flak jacket com rapidez. Como uma espécie de tutora, Date enxergava na mulher uma oportunidade para aprender mais sobre como ser um ninja, mas aquilo já era quase um abuso. A expressão de tédio e o cenho franzido do rapaz o fizeram encarar Mimi por mais alguns segundos antes de baixar a cabeça em um suspiro de convencimento. Date colocou seu colete abotoando-o ponto a ponto nos ombros e nos flancos, até olhar novamente para a tutora.

— Me fala de novo. — disse colocando ambas as mãos nas mesas, inclinando para a frente. — O que eu tenho que ir fazer lá no cu do judas?


[...]


A areia açoitava a cara do pobre genin. Com a cara feia, somente uma longa golada de água em seu cantil podia trazer algum alívio ao tormento de um vagabundo caminhando no deserto. Se quisesse sair da vila pra fazer qualquer coisa, precisaria de uma expressa autorização, mas com a influência de uma Jonin, até se quisesse aplicar um golpe de estado, um genin conseguiria sair tranquilamente do vilarejo.

— "Você precisa verificar o nosso suprimento de água no país dos rios." — resmungou desenhando aspas nos area enquanto repetia as instruções enquanto sua boca se transformava em um esgar. — Cacete. Você me paga, Mimi.

Com um mapa em mãos, era fácil observar os pontos de referência para se guiar e chegar ao sistema de encanamento que leva água à Sunagakure. Em algum livro, eventualmente, já tinha lido sobre o aqueduto construído entre os dois países, mas visitá-lo sempre foi uma das atividades turísticas que jamais passaram em seu planejamento de vida em viajens, que normalmente seria composto por dormir, jogar, comer, passar o tempo fazendo nada e dormir mais um pouco. Ler o mapa não era uma tarefa complicada; já tinha feito aquilo quando foi salvar a flor de Rikkin, e também tinha alguma noção geográfica pra se guiar sozinho mundo afora.

E uma gota mudou tudo.

Date já conseguia observar a vegetação mudar há algumas horas de caminhada. Vez ou outra, era possível recostar-se à uma sombra de árvore para se proteger do sol escaldante, mas à medida que se aproximava do País do Rio e a vegetação começava a se adensar, não só as sombras começavam a ser mais frequentes, como o astro-rei que estava à cabeça dos membros de Suna tornava-se mais fraco para dar vez a um grupo de nuvens extremamente carregadas. O aqueduto não estava muito longe dali, mas a primeira gota percebida pelo genin atingiu seu mapa, e deu lugar a uma saraivada.

— Não acredito, não acredito, não acredito! — gritou iniciando uma corrida contra o tempo. Se o mapa molhasse, dificilmente conseguiria se encontrar novamente e voltar para casa.

Tudo o que Date fazia era colocar o mapa, dobrado e parcialmente molhado, dentro de seu colete, mas as finas roupas preparadas para o sol escaldante não seriam páreo para a chuva torrencial que havia começado a cair. Tudo o que podia fazer era olhar para todos os cantos à procura de um abrigo, esgueirando-se por cada ínfima proteção que a copa das árvores mal conseguia fornecer até encontrar uma caverna... e uma outra pessoa. A chuva intensa mal podia fazê-lo discernir altura, sexo ou feições; tudo o que Date fez foi chegar o mais próximo da caverna para evitar a parte mais grossa da chuva; agora, parcialmente protegido, conseguia perceber que a outra figura também era um rapaz, mas com uma aparência completamente diferente e grotesca.

— Você... — disse arfando. — Você é perigoso? Bom, eu também sou! — bradou sacando uma kunai de imediato, sem disfarçar o cansaço pela corrida.

Parado observando o rapaz de aparência estranha e nariz de palhaço, Date conseguia também ver que aquela pessoa não era tão diferente dele. Ambos utilizavam coletes, e também tinham placas de metal com panos atadas à cabeça, mas a diferença é que tinham simbolos que não se pareciam em nada. "Um ninja de outra vila? Droga, que porra tá acontecendo?", teorizou com alguma certeza advindo de sua cabeça pensante. Quem quebrou o silêncio foi o rapaz, que aparentemente baixara a guarda, e assim Date conseguia abaixar sua kunai à altura da cintura, virada para trás, mas não guardá-la na bolsa ninja novamente.

— Eu não quero matar ninguém, muito menos você. Eu nem te conheço. — disse, frio. — Eu também tô fugindo da chuva. Essa merda acabou com meus planos. A Mimi me mata... filha da puta.

Date deu um passo a frente e conseguiu evitar a chuva por completo, dessa vez. Agora conseguia observar melhor a feição do rapaz, gravá-la com mais certeza e então recobrar a respiração, dando-o uma chance para pensar sobre a situação e avaliar quem poderia sê-lo... mas porque não fazer mais do que isso? Se fosse um estrangeiro, era esta uma oportunidade única de adquirir conhecimento.

— Eu sou Date. Quem é você?


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— É perigoso porra nenhuma. Já tá cansadão, olha aí — Retruquei, dando um sorriso — E o que você vai fazer com essa faquinha de passar manteiga?

Finalmente, com a aproximação do outro, consegui ter mais certeza sobre suas feições, embora o ruivo ainda não estivesse totalmente protegido da chuva. Não é que ele não representasse riscos, mas apenas nos cenários mais apocalípticos imagináveis um ninja vindo de outra vila se deslocaria até ali pra me matar por algum motivo específico. Amiyo-sensei podia ser meio maluca, mas ela não me colocaria em maus lençóis. Juro pra você: na casa de chá, ela tá só se embebedando e o único fazendo alguma missão aqui era eu. Aquela não era uma área perigosa, estava certo disso: Sendo assim, abri espaço ao ouvi-lo xingar alguém e deixaria que se acomodasse como quisesse.

— Então, onde seca um, secam dois, Date. Date, da-t — Dei de ombros, como se tentasse entender a pronúncia — Não parece o nome de um serial killer. Bom, eu sou Treze. Um Genin da Vila da Folha, então toma cuidado.

A última frase era mais excesso de confiança do que uma ameaça. Estendi a destra com o punho fechado, mantendo um soco no ar a meio caminho dele, tendo a canhota também desarmada. Quem sabe ali pudesse ser um local de paz onde duas crianças não precisassem se matar em nome de algo que talvez nenhum de nós entendêssemos agora. Logo, me escorei numa elevação de pedra próximo a entrada da caverna, sentando de frente para a chuva que não me alcançava ali. Me sentia um pouco mais relaxado após o susto de sua chegada.  

— Não é como se na minha vila as pessoas tenham nomes de números ou coisa do tipo — Minha cabeça parecia longe — É só que sempre me chamaram assim e eu acabei me acostumando. É um nome muito azarado. Vai ver, é por isso que eu tô aqui debaixo dessa chuva desgraçada fazendo todo o serviço da Amiyo enquanto ela enche o cu de saquê. É a minha sensei, totalmente maluca e folgada.

Dei uma pequena gargalhada, intrigado com o símbolo na bandana de Date.

— Na sua vila, como são as pessoas? Sei que parece estranho, mas é que sempre quando penso em ninjas de outras vilas, imagino malvadões com cicatrizes e caras de lagarto — Olhei para o garoto, curioso — Isso me faz pensar se nos contos do bicho-papão o monstro não sou eu. Não é tudo perspectiva?

Aquela era a primeira vez que eu tinha algum contato com um shinobi de outro vilarejo. Estranho pensar que os lugares onde morávamos possuíam certos tipos de regras que, inconscientemente, poderiam criar um clima conflituoso entre mim e Date. Não parava de pensar que as vilas deveriam muito mais trabalhar como peças que se apoiam do que como as que se derrubam, mas quem eu sou pra ditar as regras desse jogo, certo?

— Só acho que é melhor ter um amigo do que um inimigo, em qualquer ocasião.







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O tipo era estranho. A parte mais importante é que aparentemente não apresentava uma ameaça, apenas mostrava-se um garoto extrovertido que estava perdido naquela mesma localidade. Ambos tinham uma estatura mediana, de modo que fazia Date pensar que teriam idades próximas, e se a placa de metal com tecido realmente remetesse a um ninja, talvez teriam até mesmo uma patente de nível similar.

— Treze. — repetiu, fixando o nome do nariz de palhaço a sua feição. — Quem foi que te chamou assim? Esse sim parece o nome de um serial killer.

A parte mais importante, e que Date preferiu não comentar de imediato, foi o final da apresentação de Treze. Saber que haviam outras vilas com ninjas por aí era o máximo, em especial estar tendo uma experiência ali mesmo com um estrangeiro sem que fosse em um conflito. Para Date, os conflitos políticos que ocorrem por aí eram pura perda de tempo, quando na verdade os governantes poderiam estar como aqueles dois ali: em uma caverna, abrigando-se da chuva e dando uma oportunidade de um desconhecido tornar-se um bom conhecido.

— Eu sou da Vila Oculta da Areia. — explicou quando o rapaz questionou sobre o vilarejo. — Lá não tem gente com cara de lagarto, mas tem um pessoal barra-pesada que curte roubar e sequestrar gente. No geral, muitos comerciantes e gente que curte viajar. Eu sou mais do tipo que gosta de fazer nada da vida, mas cá estou eu como um genin da Areia, preso em uma caverna porque aceitei fazer um favor pra alguém. — continuou gesticulando com a mão e caminhando para o lado oposto em que Treze se escorou, fazendo o mesmo ao demonstrar uma expressão de cansaço. — Acho que todos nós podemos ser monstros. — riu. — Só basta você fazer uma merda grande o suficiente pra traumatizar muita gente.

Frente a frente, a dupla poderia finalmente observar todas as feições um do outro, gravar seus rostos para a posterioridade. Apesar de despreocupado como sempre, Date parecia empolgado de alguma forma com aquela situação. Perguntava-se mentalmente vez ou outra se os encontros de ninjas de outras vilas eram sempre tão amistosos, e se eram cordiais da forma como a conversa estava sendo entre os dois ali, porque haveria de ter tanto conflito entre as nações, se seria muito mais fácil se simplesmente podem se sentar e conversar, jogar o papo fora.

— Um amigo? — balbuciou baixando a cabeça. Há muito tempo Date não sabia o que esta palavra significava. — É, acho que uma chuva forte e uma caverna podem formar uma amizade mais forte do que anos a fio.

Ele ergueu a cabeça, exibindo um raro sorriso em seu rosto, para Treze.

— E como são as pessoas na Folha? Todas usam nariz de palhaço que nem você?


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A conversa seguia bem. Presos na mesma emboscada do destino, não havia muito que pudéssemos fazer além de nos conhecermos e tirar algumas dúvidas que dois garotos provavelmente teriam ao pensar em outra vila. Uma delas, inclusive, recaiu sobre meu nome. Quem me chamou assim? Que bom que tocou no assunto.

— As enfermeiras do lugar onde cresci. Sou uma cobaia de um experimento ilegal, mantido em laboratório enquanto estudavam meu corpo, sabe como é. Esse tipo de coisa — Disse de maneira totalmente despreocupada, dando de ombros — E Date? Você gosta das pessoas que te deram esse nome?

Escutei com curiosidade o garoto contando sobre o lugar de onde veio. Vila Oculta da Areia, então? Pela descrição, parecia ser um lugar que valeria a pena conhecer, quem sabe, algum dia.

— Você quer dizer que mora em um deserto de verdade? Com dunas e tudo isso? Cacete, deve ser uma experiência incrível — Ponderei, enquanto ele terminava de expressar sua opinião sobre “monstros” — Você tem razão. Conheço alguém que diz que não existe bem ou mal, são só pontos de vista diferentes. Só que… eu acho que tenha o mal, sim, e você resumiu bem quando disse que se prejudicarmos o outro, isso é mal, porra, ainda que sua desculpa pra fazer merda seja muito boa.

Parei um pouco pra pensar em tudo aquilo, sorrindo da conclusão de Date em que alega que uma chuva daquelas é capaz de estreitar laços. Bom, com toda certeza, soava bem mais saudável do que se tentássemos enfiar kunais na jugular um do outro. Sua pergunta sobre os habitantes da folha fez-me refletir ainda mais:

— Na verdade, o nariz vermelho é o meu charme, sacou? Foi presente do cara que me salvou disso tudo. Lá na minha vila também não é comum pessoas serem cobaias de nada — Reparei que o som estrondoso das gotas estava menos violento agora — Acho que no fim, são só pessoas bem normais. Vivem suas vidas, trabalham e cuidam de suas famílias. Algumas pessoas também têm o mau hábito de roubar e sequestrar, claro, com a diferença que fazem isso na floresta ao invés do deserto. Lá é cheio de florestas, você ia adorar. De qualquer forma, tudo que eu sei é que o sangue das pessoas que moram na sua vila é tão importante quanto dos que moram na minha. Tão vermelho e viscoso quanto, imagino.

Fiz uma pausa teatral, mostrando ao Date que a chuva perdia a força pouco a pouco. Fiz algum comentário sobre o tempo daquele país ser louco e, quando a tempestade já não existia mais, me levantei da pedra onde havia me encostado durante todo esse tempo e me despedi, antes de partir.  

— Que dê tudo certo em sua missão, garoto da areia — Sorri e estendi minha mão — Tomara que a gente nunca tenha que se matar por aí.






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Enquanto a voz de ambos ecoava pelo fundo inexplorado da caverna, um laço parecia se criar entre ambos, apesar de nunca terem se visto outra vez na vida. Date, apesar de extremamente antipático e desleixado, sentia como se aquela situação fosse, na verdade, uma oportunidade para ele criar vínculo com outra civilização, o que na mente dele era algo inimaginável a considerar a época de conflitos que viviam. Não era nada sobre dinheiro, sobre fortuna ou sobre como eles prosperariam na vida... era somente sobre seus nomes e quem realmente eram.

— Se eu gosto? — murmurou. Date engoliu em seco. — Eu... eu não sou o maior fã. Eu costumava ter um segundo nome, um que acompanhava o Date. Mas eu o abandonei; agora sou só Date.

Treze parecia gostar de conversar, o que não era muito o tipo do sunense. Mesmo assim, Date entrava na onda apenas para aprender mais sobre o peculiar morador da Vila da Folha, e assim como o garoto do nariz de palhaço se maravilhava com as possibilidades levantadas pelo deserto, o rapaz ruivo também se questionava milhares de vezes como deve ser viver no centro de uma floresta... com certeza rodeado de mosquitos e mais outros insetos.

Todavia, Date também se preocupava com o que estava acontecendo ali. Embora tivessem tido um primeiro encontro amistoso, isso jamais poderia significar que as demais pessoas dos respectivos vilarejos teriam o mesmo comportamento, na verdade, na cabeça do rapaz, provavelmente se matariam no primeiro instante que constatassem símbolos diferentes em suas cabeças. Talvez aquele encontro fosse algo para redefinirem este conceito; quem sabe quando se encontrassem novamente, no futuro, pudessem evitar conflitos... apenas por conta de uma chuva forte que os uniu naquele instante.

— Tão viscoso e vermelho quanto o nosso. — repetiu, concordando. — No fim das contas, todo mundo vai querer mais poder. E eu não quero estar no meio desse fogo cruzado, quando e se acontecer.

A chuva começava a se dispersar, um bom sinal para o prosseguimento da missão de Date, e a deixa para que o primeiro encontro entre dois moleques da Areia e da Folha tivesse seu fim.

— Pra você também, garoto perigoso da Folha. — Date retribuiu o gesto, apertando a mão de Treze com cordialidade. — Se a gente tiver que matar um ao outro, é só a gente se fingir de morto. Dá menos trabalho, sabe?

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