A noite havia caído rápido demais neste dia. Kaginimaru passava por uma insônia descontrolada, talvez por ter energia demais acumulada durante o dia ou simplesmente por estar pensativo demais quanto aos seus treinamentos. Por diversos momentos experimentava todas as posições possíveis na cama, na esperança de cair no solo e sair daquele tédio — também preocupado em não estragar sua rotina de sono, pois odiaria ter que acabar dormindo no próprio gabinete. Nada parecia adiantar. Nem mesmo encarar a Pandora por bons momentos foi capaz de lhe contagiar o sono necessário. Por um breve momento até pensava em acordá-la, mas não podia fazer isso. Sabia muito bem que a Heinstein era a Kunoichi com mais trabalho em todo o vilarejo, muito provavelmente possuía mais trabalho do que o próprio Tsuchikage, então o mínimo que podia fazer era deixar que a mesma descansasse sem interrupções.

Insatisfeito, levantar-se-ia da cama e passaria a perambular pela casa, com passos silenciosos para que ninguém acordasse, se dirigiria diretamente para a cozinha, indo em busca dos alimentos menos barulhentos para manipular e mais fáceis de ingerir no mesmo instante. Feito isso, depois de mais um bom tempo, retornaria ao quarto com seus passos lentos e cansados. Perguntava-se como podia estar cheio de energias e ao mesmo tempo intensamente cansado como neste momento. Bocejava diversas vezes, seus olhos chegavam até mesmo a lacrimejar, mas limpava o excesso no mesmo instante. Ao chegar no quarto, adentraria com maior cuidado e novamente deitava-se.

Ao contrário de todo o restante do dia, a hora parecia não passar mais agora que estava de noite. Kaginimaru suspirava. Estava começando a ficar de saco cheio em não conseguir controlar seu próprio sono, um dos pilares mais importantes para qualquer ser humano que almejava o desenvolvimento corporal mor. Um fato que o rapaz sempre dominou, pois ao fim da noite, depois de intensos treinamentos, sempre estava morrendo de sono e com as energias esgotadas. Agora, muito mais resistente e com muito mais energia, e ao mesmo tempo sem tempo livre para treinar arduamente como antigamente, momentos como este poderiam se tornar corriqueiros. Pronto. Uma nova preocupação surgia em seus pensamentos e o sono se afastava ainda mais — seria esse um dos estresses da vida adulta que tanto via as pessoas reclamarem?

377 palavras — 01/03 — @Pandora

A inquietação o impedia de notar as mudanças da Pandora Heinstein durante seu sono. Quando se deu por conta, já estava sendo vítima das garras da inconfundível Fênix Negra. Sabia desde o início que ali não estava predominando a alma da verdadeira. "É agora que não durmo mesmo..." — Refletia consigo mesmo, não respondendo o primeiro questionamento que lhe era feito. Pudera! a ameaça logo em seguida o transtornava ao ponto de apenas conseguir se concentrar em não mover um músculo sequer. Arrepios e calafrios intensificava e levava seu corpo ao estado de alerta mor, ficando rígido em busca de impedir ferimentos profundos diante dos arranhões de lava em potencial.

A frase seguinte, não — a exigência seguinte — o surpreendia. Fênix desejava livre acesso sobre todos os documentos do vilarejo, mas o Hachidaime Tsuchikage simplesmente não conseguia compreender até que ponto ela desejava chegar. A própria Pandora, como Sasaukage, já possuía livre acesso a todos os documentos sem nenhum tipo de supervisão, qual era o empecilho?! O semblante de confusão tomava conta do jovem, que nem mesmo necessitava refletir sobre a ameaça. — Mas a própria Pandora já tem esse tipo de acesso livre... e você é literalmente ela... então... não sei o que te falta. — A respondia de um modo que poderia soar irônico, mas estava sendo verdadeiro, realmente não compreendia o que mais a Fênix Negra desejava que Pandora já não possuísse.

Inspirava e respirava profundamente. As ameaças daquela entidade cósmica, conforme passava o tempo, pareciam cada vez mais vazias. Ela parecia não entender que a única preocupação do homem era a própria Pandora, todo o restante ele possuía oportunidade de dar sua vida para proteger, mas com a amada o caso era totalmente diferente. Como protegeria alguém de "si mesma"? Um insight repentino passava por sua mente, pela primeira vez em tanto tempo, percebia que se a Fênix causasse mal para a Pandora, ela também teria problemas. Isto poderia ser um fato extremamente interessante e útil em situações futuras, certamente não esqueceria e continuaria analisando este ponto. — Mas me diga... o que exatamente você é?! Nunca consegui compreender. — A questionaria diretamente, buscando se livrar do perigo iminente que descia.

360 palavras — 02/03 — @Pandora

Antes que pudesse receber qualquer tipo de resposta, sentia a imensurável dor da pegada mais firme, quase não conseguindo prestar atenção nas palavras seguintes. Ao fim delas, o aperto se intensificava ainda mais, praticamente impossibilitando o homem de reagir mesmo que somente com dizeres. — S-se... eu... tivesse... informações... desse... desgraçado, eu... mesmo... já... teria... acabado... com a... vida... dele. — Proferia diante de muito esforço, com pequenas pausas na intenção básica de conseguir reunir qualquer quantia de fôlego possível para buscar terminar a frase com uma resposta concreta.

Tentava ao máximo prestar atenção na explicação, mas seus sentidos constantemente o traíam. Sua audição ficava abafada e a visão completamente turva. Buscava ao máximo evitar os gemidos, mas hora ou outra deixava alguns escaparem, alguns mais intensos que outros, outros mais duradouros... parecia não ter como ficar pior. Mas, ao fim da explicação — que por acaso sequer havia notado o término, tudo ficou ainda pior. Neste ponto, vociferar a dor se tornou inevitável e sua visão turva se preencheu com o apoio de lágrimas que vazavam por ambos os olhos. — P-paaaraaa, foi mal!! — Proferia com as últimas energias restantes em seu corpo

Por último, ainda antes dela soltar, começava a acreditar que estaria melhor morto do que lidando com aquela dor. Sua vontade era de se espernear de um lado para o outro, visando tentar esconder a dor, mas qualquer movimento que realizasse seria muito pior, pois acabaria puxando a estrutura. Depois de pouco tempo, que mais pareciam décadas, finalmente foi liberto, podendo voltar a respirar novamente. Passado alguns segundos após a soltura, o alívio que preenchia seu corpo era inenarrável, estava em um estado tão profundo de sensações físicas e motoras que não mais conseguia escutar o que a entidade estava dizendo. Não demorou muito para que, após o choque de sensações, o homem acabasse caindo no sono.

Parecia não ser realidade, mas aquilo havia curado sua insônia. Comer não havia solucionado, insistir em fechar os olhos e esvaziar a mente também não, alternar entre diversas posições em busca da que fosse mais confortável também não. Apenas sofrer uma dor pior do que a morte havia se mostrado como uma solução capaz de induzi-lo ao sono.

365 palavras — 03/03 — @Pandora