A Murderer Was Born Here

Kirigakure havia entrado em um estado que não antes havia sido presenciado pelo jovem Genin. A morte da Mizukage aparentemente teria criado um buraco no qual não seria facilmente superado, e pelo o que ouviu, se tratava de uma calamidade a nível mundial. Satoshi nunca teve um contato próximo com a ex-líder da sua vila, mas respeitava a grande jornada e os planos que esta tinha com relação ao futuro e desenvolvimento da nação, deixando uma época sombria e sanguinária da história de Kirigakure para trás. Este contato nunca seria possível, afinal, mas nada além poderia ser feito. Tinha certeza que as próximas gerações não decepcionaria, o que poderia ser considerada uma fé.

Não poderia considerar-se um dos mais prejudicados emocionalmente pelo desastre ocorrido no exame chunin, visto que sempre fora um menino solitário, sem grandes amizades fora os jovens que havia conhecido na academia ninja, e felizmente nenhum deles havia sido recrutado para o combate. Todavia, ainda sentia pelo povo que costumava ver todos os dias, pelos pais que perderam os seus filhos, pela nação em si que perdera sua comandante, quase que por osmose. Satoshi decidiu ir ao funeral da sua líder, vestido com roupas negras que decretavam o luto de uma nação inteira.

Consequentemente, a vida de todos foi afetada, desde os mais velhos e experientes, como o seu mestre, Machida, que mesmo após se aposentar teve que retornar aos hospitais devido a grande lotação de vítimas inocentes dos ataques cruéis após a declaração de guerra. Satoshi estava no lado oposto da moeda, os menos experientes e mais novos, que não eram isentos da mão de obra para com a sua causa, para com o seu lar. Desde o retorno dos cadáveres, missões de escalonamento mais baixos, como a simples procura de um felino domesticado não eram mais empregadas ao Genin, sendo este indicado para tarefas um pouco mais altas, de ranqueamento C.

Ambos tão ocupados, mestre e aluno, que o treinamento frequente não mais era possível, deixando de se verem por longos meses sem nem ao menos trocar algum tipo de mensagem. Seu treinamento com as cobras acabava entrando em uma espécie de stand-by, ao menos com relação aos ensinamentos de Machida. O Genin por sua vez continuava aperfeiçoando e aprimorando o uso das técnicas que já conhecia como meio de evolução própria por meio da repetição, e da observação das ações e costumes dos próprios animais com quem tinha se vinculado por pacto de sangue.

Em suma, a vida não poderia, e nem muito menos de fato iria parar. A constante incerteza sobre como seria a vida e o temor de uma guerra iminente faziam com que os treinamentos fossem frequentes e, portanto, levados como ainda mais sérios do que outrora foram. As próprias missões de Rank C eram melhores para por seus talentos e capacidades em constante prática, sempre tendo que agir com mais poder incisivo do que as de ranqueamento D a qual por bastante tempo se acomodou desde a sua formação na academia ninja.

Inclusive, a missão recebida em determinada vez dentre o verão e o atual inverno fora bastante importante para a sua evolução pessoal, e que Satoshi aproveitou para testar efetivamente as suas condições em batalha, percebendo que mesmo se tratando de um Genin, já poderia ser considerado como um nível próximo a Chunin. Com a fragilidade tanto militar, quanto médica e de suprimentos da Vila devido ao estado de calamidade, as defesas expostas da aldeia não seriam apenas exploradas por estrangeiros, mas também por bandidos locais, sendo justamente este tipo de problema que o Genin havia sido encarregado de lidar pelos seus superiores.

Um meliante que era acostumado a fazer roubos a jóias e itens mais raros dos membros mais ricos da aldeia, precisando ser parado antes que pudesse aumentar os seus bens e deixasse de vez os crimes para uma fuga que o faria impune. Seu ego, de tão elevado, tornava o seu rastreio algo que até mesmo um civil seria capaz de realizar, visto que o próprio criminoso costumava revelar seu próximo alvo de ataques por meio de cartas que eram deixadas na cena do crime. Certamente gostaria de ser encontrado, talvez até mesmo ansiando por algum tipo de confronto.

O próximo alvo também fazia bastante referência a Satoshi, sendo a residência do seu mestre, Machida. Obviamente, não poderia deixar que este crime ocorresse, de modo que tratava a missão como questão de orgulho pessoal, visto que seria ele a parar o homem que tentaria tomar algo de valor da mansão do seu mestre, o homem que tanto lhe ensinou. No horário marcado, o Genin se dirigiu com preparo para os terrenos da residência do seu mestre, conhecendo com perfeição o amplo terreno exterior, que era usado justamente para os seus treinamentos, Satoshi se espreitou no escuro da noite sobre o galho de uma das árvores, esperando pelo seu alvo.

Deveria reconhecer a pontualidade do ladrão, o que ao seu ponto de vista não o fazia ser mais do que burro. Não se precipitou, permitindo que o meliante adentrasse a residência com uma técnica de roubo bem refinada, é verdade. Acreditava que a melhor abordagem seria durante a fuga do bandido, onde este estaria provavelmente muito mais nervoso do que antes de roubar a residência. O que parecia ser um profissional do roubo não demorou mais do que dez minutos para sair por uma das janelas traseiras da mansão com um saco de recursos financeiros claramente tomados da posse de Machida, aproveitando da ocupação do velho no hospital de Kirigakure para que o caminho estivesse livre e desprotegido a um nível tão elevado quanto o velho tinha.

Aquele era mesmo o melhor momento para agir e Satoshi tinha certeza absoluta disto. Selou rapidamente três vezes com as mãos, e em menos de um segundo lançou um emaranhado de cobras vermelhas que surgiam de baixo das mangas das suas vestes, avançando em direção ao alvo. O ladrão, entretanto, aparentava ser ligeiro o suficiente ao sacar uma katana da bainha negra nas suas costas, cortando a cabeça das cobras com um golpe no ar, às fazendo cair ao solo sem vida de modo que a técnica do Genin fosse neutralizada.

Se tratava de um oponente mais forte do que o próprio Genin estava acostumado a enfrentar, mas não deixou de achar este fator algo bastante interessante. Sabia que precisava o pegar de surpresa, selando novamente com as mãos, desta vez quatro vezes para a formação de uma técnica mais complexa. Reuniu algumas cobras no local onde se encontrava, ocultando o seu verdadeiro corpo na escuridão, enquanto ordenava por meio do comando do Chakra que o clone de cobras avançasse em alta velocidade contra o ladrão.

O clone retirava da sua pochete de ferramentas uma kunai clonada como objeto simples do seu portador original, que era empunhada defensivamente na mão destra enquanto o mesmo avançava em direção ao ladrão para colidir com tal ferramenta contra a lâmina da katana. Enquanto o seu clone lutava distraindo o alvo, o verdadeiro Genin selava mais três vezes com as mãos, convocando as cobras vermelhas gêmeas, que rastejavam fora do campo de visão do bandido, preparando a armadilha que seria o trunfo do rapaz para apanhá-lo. Satoshi obviamente era mais lento e débil na luta física contra o ladrão espadachim, logo o seu clone pouco tempo conseguiu trocar golpes ao colidir os metais das armas, até que finalmente era atingido por um movimento cortante na altura do pescoço.

A cabeça caía do corpo inerte, uma para o lado, outra para o outro, obviamente partindo o corpo do que parecia ser o Genin em dois. -- Hã. O bastardo discípulo do Machida não aguentou sequer um minuto, pelo visto. - Entretanto, ao notar que pelo pescoço partido não jorrava sangue, mas sim cobras vermelhas que se espalhavam pelo terreno, a primeira reação do bandido fora se assustar, tentando saltar para longe e retomar uma postura defensiva. Uma tentativa inútil, visto que a armadilha já havia sido preparada. -- M-mas que porra é essa?! - Indagou cuspindo saliva de tão apavorado. As cobras gêmeas já o apertavam com uma força que apenas as cobras conseguiam aplicar sobre o uma presa. -- A minha vontade era alimentar as gêmeas com o seu corpo, mas os Chunin já devem estar a caminho, você vai para o calabouço. - Gargalhou com a afirmação sobre qual seria o verdadeiro destino do ladrão capturado, que se encontrava entregue sem qualquer reação.

Percebendo que ainda restava tempo para manter o alvo imobilizado, decidiu apertar ainda mais a força das cobras sobre o homem, o que provavelmente já começava a rasgar os seus músculos por apertá-los contra os ossos, e se a pressão do abraço aumentasse, justamente os ossos seriam os próximos a se romper, mas não era este o desejo do rapaz. -- Seria um bom destino, não? Para um rato que aproveita do momento de fragilidade da própria aldeia para lucrar sobre as costas dos outros, contando com a baixa segurança disponível em determinados pontos. - Satoshi caminhou vagarosamente para frente do bandido retirando uma das kunais que tinha em sua pochete de ferramentas.

Parando a centímetros do corpo imóvel do homem, sabia que certamente a sua respiração fria ao entrar em contato com o ar invernal era suficiente para encher a sua presa de terror. -- Não. Eu mudei de ideia. Você não merece viver, um miserável como você sequer será lembrado entre as vítimas da nossa vila. - Aplicava a sua força vagarosamente sobre a testa do ladrão, cravando a kunai enquanto rompia o seu crânio com o objeto perfurante, até que a vida se esvaiu do agora cadáver largado ao chão. Obviamente, não poderia deixar suas cobras devorarem o corpo, que seria entregue aos Chunin como dito anteriormente, sendo assim, restava cancelar a técnica para desinvocar as cobras gêmeas, as mandando de volta ao seu lar. -- Queiram me perdoar, eu prometo que serão bem recompensadas futuramente. - Afirmou aos animais, os retirando do local.

Não demorou mais do que cinco minutos para que os Chunin se apresentassem. Dois deles, que vinham escoltar o ladrão até a prisão, mas encontravam na verdade o cadáver do mesmo ao chão. -- Peço desculpas pela cena. O alvo estava armado com uma katana e eu não pude o conter sem feri-lo. Os roubos ocasionados por ele, no entanto, irão ter fim a partir de agora. Nosso objetivo foi alcançado. - Satoshi entregava o relatório, sendo liberado para receber a sua recompensa e retornar ao seu lar. Dias extremos, pediam medidas não tão sãs, e certamente este foi o primeiro assassinato a sangue frio do ninja.

 

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