Eu carrego o corpo do Raikage pesadamente, agora, coberto apenas com um pano. O efeito do meu jutsu tinha acabado a bastante tempo. A cada passo, sentia o peso me esmagando, já que meu porte físico não era dos melhores, mas não importava, era meu dever carregar esse peso.

A caravana chegava com vários ninjas da Nuvem sobreviventes, uma boa parte feridos e cansados, visivelmente com a moral baixa, quase se arrastando no caminho de volta e não era para menos, perdemos o Raikage, acabaram com a honra de Kumo e fomos humilhados no campo de batalha. Eu me encontrava para baixo também, mas diferente dos outros, eu detinha uma fagulha de esperança, que vamos recuperar nossa honra e encontrar os responsáveis por isso.

Assim que chegamos ao portão, obviamente somos parados pelos dois guardas jonins de elite, mas a reação deles representa preocupação e surpresa. Rapidamente atualizamos eles sobre todos os acontecimentos e a morte do Raikage. Logo, somos divididos nesse momento, os feridos seguem ao hospital e os inteiros se locomovem para o quartel, para dar todo o relatório do que aconteceu e de cada ponto de vista, principalmente sobre a morte da sombra.

O caminho até o quartel foi humilhante, a população que descobria nossa volta e nos olhava com esperança, são contribuídas com a visão de ninjas desgastados e deprimidos, além de vários feridos e corpos sendo carregados contaminando todo o restante das pessoas com esse sentimento. Vários familiares vinham até nos com falsas esperanças, procurando e perguntando sobre seus familiares ninjas que foram para a prova.

Ninjas também têm família, sentimentos, sonhos e tudo como um ser humano normal, não é porque sabemos táticas de combate e manipular o chakra que nos tornamos seres diferenciados. Para os perguntados, era ainda mais difícil responder, dizer que talvez o filho, irmão, pai, mãe ou quem quer que seja daquela pessoa foi morto no campo de batalha, mas morreu lutando e com honra.

Eu também pensava que se lutava com honra, por proteger seus ideais e objetivos, mas aquilo que presenciei não tinha nada de honrado, era a apenas a sujeira do campo de batalha. A população se aproxima cada vez mais para presenciar a volta de seus tão amados ninjas e as perguntas aumentam, até que inevitavelmente, uma mãe desesperada chega para mim questionando sobre seu filho.

Não sabia o que dizer, em seus olhos era possível ver a esperança de uma mãe, mas nos meus, apenas tristeza. Continuo andando, eu não conhecia o garoto, mas ela insiste, começando a gritar comigo, sua esperança estava se esvaindo e a mulher falar comigo como se eu tivesse matado seu filho.

Meu choque com a cena me impedia de falar algo, meu corpo se movia sozinho praticamente, com um único objetivo, o quartel, minha mente se distanciava daquilo tudo, eu só queria que acabasse. No fim, a mulher começa a perguntar aos outros, mas seus questionamentos continuavam a rodar minha cabeça e me atormentar, afinal, era meu dever como ninja proteger meus camaradas e a vila, sabendo do nome deles ou não, mas eu fiquei tão preocupado em ser reconhecido em uma prova idiota que não pude ajudar no momento necessário.

Assim que os ninjas chegam no quartel, todos formam uma fila e são escutados um por um. Na minha vez, é exatamente isso que faço, digo tudo que fiz, tudo que aconteceu e apresento o cadáver do Raikage, que é levado a um lugar seguro e logo terá um enterro digno e um pronunciamento oficial será realizado alguma hora.

No fim, sou nomeado como Tokubetsu Jonin por meus feitos no evento, era para eu estar orgulhoso e comemorar, mas não haviam motivos para tal feito, a única coisa que agradeço, é ter saído vivo.

Daqui para frente, devo levar o legado do Raikage e do Tamaki para frente, assim como faço com o dos meus pais. Conforme sigo minha jornada ninja, parece que o peso em minhas costas aumenta cada vez mais.

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