Aquele dia, sai do orfanato para poder caminhar por ai. Respirei fundo, e mesmo que não estivesse um clima tão quente - quanto característico - o vento era incessante. A ideia inicial era degustar de um bom café da manhã, pouco a pouco, ganhava certa relevância e as pessoas passavam a me respeitar como Gennin pela vila, cada trabalho, cada missão, de forma recompensadora se tornou uma forma para que todos pudessem reconhecer meu trabalho, mesmo que, lembrassem do meu rosto por algumas vezes.


Num novo lugar, em um pequeno bistro na área central de Suna, cheguei num dos balcões e pedi por um café da manhã tradicional, composto por legumes refogados e um bolinho de carne feito com farinha de arroz. Quando vi que chegou, como sempre, percebi que os legumes estavam secos e a qualidade da comida não era lá das melhores. Sem água, em uma nação, era difícil sobreviver. Aquilo precisava mudar, estava na hora de Suna impor um lugar de respeito no mundo ninja, e arrumar um jeito para que seus habitantes vivam um pouco mais felizes. A economia de Suna, entre todos os cinco países, era a pior, precisávamos arrumar um jeito verdadeiramente positivo para que Suna pudesse gozar da prosperidade.


Não sabia por que, mas naquele horário - por volta das 8 horas da manhã - aquele lugar estava estranhamente vazio, e como não havia tirado a máscara para comer, ninguém se espantou com minha presença. No entanto, começou a me incomodar que parecia estar mentindo, sobre quem realmente era. No entanto, a fim de evitar casos, fiquei com minha máscara, e mesmo que fosse estranho, pude curtir meu café da manhã sem que ninguém viesse me incomodar. Se alguém visse perto de mim, falaria Bom dia, como forma de cumprimentar e ser educado, como Irmã Teresa, havia me ensinado.


— Bom dia! - Mesmo sendo frio, tentei colocar uma intensidade incomum no diálogo, como quem quisesse passar felicidade, mesmo que meu rosto, demonstrasse uma face neutra, que me acompanhava como carranca, por muito tempo. Esperei que talvez, pudesse começar um diálogo saudável e também, talvez pudesse superar e mudar meu jeito de conversar e socializar-me.

Degustei de uma boa refeição, mesmo que os ingredientes dessa não fossem lá de primeira linha. Os legumes estavam murchos, o peixe mais tinha espinhos do que carne. Pedi por um chá verde também e quando me dei conta, tinha começado uma conversa com um desconhecido. Era um Gennin da vila da areia, seu nome era Aru e era Uzumaki. Mal sabia como manter uma conversa, mas aproveitei para comer um doce feito com farinha de arroz e qualhada. Virando para o meu companheiro Shinobi e dizendo de forma amigável. — Sou Senju Yuno. Prazer em lhe conhecer! - Aquele sorriso que eu lhe dei, era tão característico quanto flores na primavera.

No mais, após terminar minha refeição, levantar-me-ia do meu lugar e falaria: — É um prazer! Querendo treinar, estou sempre por ai. Agora, no entanto, acho que vou patrulhar a vila, se quiser vir comigo, vai ser muito bem vindo! - Respirei fundo e sai pelas portas do local, tomando o cuidado de acertar a conta tanto minha, quanto do garoto ao meu lado, deixando alguns Ryous de caixinha também. Caso viesse comigo, iriamos andar pelas ruas de Suna, pelas principais, alamedas, e vielas. Passearíamos e vivenciaríamos todas as sensações que aquele lugar nos havia de proporcionar. Aquela hora da manhã, o sol já queimava minha pele, e tomei o cuidado de tomar um gole de água de um recipiente que sempre carregava comigo.

Passeando, o movimento nas ruas começava a aumentar, as pessoas saiam de suas casas em torno de 10 horas da manhã, para resolver o que precisava ser resolvido, trabalhar, namorar, e ir ver seus familiares. O semblante, era de tristeza, e os poucos abençoados por alegria, não deixavam-se contaminar com aquela negatividade, geralmente crianças, que jogavam bola na areia, brincavam e curtiam suas vidas. O amargor daquele clima, e da vida naquele lugar no entanto, deixava os adultos cada vez mais tristes e cansados. — Ta vendo isso? A gente tem que lutar para que todos tenham esperança. Temos que lutar, para que cada sorrisinho daquele não seja apagado. É para dar esperança ao nosso povo, e aqueles que por não poder se defender, sofrem os abusos e maldades dos mais fortes, e pra isso, existem nós, Shinobis. Eu nunca mais vou deixar com que esses abusos façam nosso povo sofrer, se formos invadidos de novo, vou usar tudo que há de mim para parar todos os abusos. - Uma criança apareceu na nossa frente, brincando com um brinquedo característico local. Abaixei e passei a mão em sua cabeça, dando um toque no seu nariz, em um sorriso sincero, continuando andar em seguida.

— Desculpe, mas tomei o cuidado de escutar a conversa de vocês. Isso é realmente verdade? Qual a disposição de vocês para com a vila, e mais importante ainda, para com o próximo? - Interessei-me em ambos, mesmo que o garoto mascara foi embora assim que havia chego, sumindo de vista. Restava o pequeno garoto, cujo tinha mais o menos meu tamanho, mesmo parecendo ser bem mais novo. Talvez existia uma peculiaridade em Suna, devido a condição de vida ruim, talvez, só talvez, existiam pessoas genuinamente boas. Ao menos, deu a entender isso.

— E como seria seu nome, rapazinho? - Perguntei, enquanto cheguei bem, mas bem perto mesmo do menino. Olhei bem sua testa, colocando o dedo indicador nela, e circundando o seu rosto, o que talvez, lhe arrepiasse a alma. Tanto eu, quanto meu demônio interior vimos uma peculiaridade, uma joia rara ali em nossa frente, teriam realmente heróis em meio a um mundo tão escuro quanto o mundo shinobi? Existiam pessoas que não se corrompiam com as merdas que aconteciam a sua volta?

— Besteira, ele deve estar falando da boca pra fora. - Mas, tanto eu quanto ele sabiamos que aquele espécime era diferente, sua pureza era algo que diminuiu a maldade dentro de mim, e purificou boa parte dos pecados que havia acometido até ali. Era certo que, eventualmente, talvez, aquele garotinho se corromperia, mas a cada momento que fiquei perto dele, algo dentro de mim brilhou.


Friamente olhei e passei a tentar entender os comportamentos da sua alma. — Vamos conversar a sós - Colocando chakra na palma da minha mão, bati contra os seus olhos, gentilmente, para tampar sua visão. Quando abrisse e percebesse a sua volta, estaríamos em um campo de rosas, aonde podíamos sentar no chão, rolar, cheirar o doce aroma das flores, e conversar. Todos em uma área de cinco metros foram envoltos naquela dissipação de chakra que causou o Genjutsu, sendo assim, algumas pessoas não entendiam nada, e agora estavam em um sonho, em uma vida tranquila e leve.

— Então, me conte sobre você? O que um garotinho tão legal está fazendo em uma vila tão cruel, e um clima tão rígido quanto aqui? É um shinobi?