Meus requisitos para chunnin já batiam a minha porta, sendo bem sincero, já haviam dias desde que meu nome era citado entre os mais promissores gennins de kirigakure, aquilo realmente era extremamente gratificante visto todo meu esforço para obtê-lo. Orgulho é uma palavra que destoa sobre mim, mas acho justo nesse momento encher meu peito dele, sem dúvidas todo esforço aos poucos está sendo recompensado. Vestia minhas típicas roupas antes de perambular as ruas de Kiri atrás de mais uma missão, dessa vez outra uma rank C estava a minha espera.

O caminho até o quadro já era algo cotidiano, então era comum sempre um aceno aqui e outro ali, mas ser conhecido era algo a qual eu jamais me acostumaria. Após chegar ao quadro, dirigia minha destra celeremente até o documento que me aguardava, abrindo todo seu conteúdo e processando tudo que deveria ser feito. - Um ninja anda importunando os acadêmicos... Francamente, talvez isso seja mais fácil do que eu pensei – Refletia levemente descontente, mas sem pestanejar alocaria aquele documento entre minhas vestes e me preparava para zarpar rumo a academia ninja, local a qual tenho grande apreço.

É simplesmente incrível toda a nostalgia que bate ao chegar aqui, todos os grandes ninjas começaram aqui e, como sem dúvidas estarei entre eles no futuro, também vim daqui. - Sempre que passo aqui é como se nunca tivesse fim, na verdade não tem, somos eternos alunos. Nossa, essa foi bem profunda – Brincaria comigo mesmo.

Passaria por cada sala que já estudei, buscando professores ou até mesmo funcionários que trabalhavam no meu tempo, não custava nada dar um “oi”. Aproveitando toda aquela sensação nostálgica, me dispus de adentrar uma das salas vazias e sentar em um dos assentos. - Essa sensação. Quanto tempo faz desde que sai daqui? É estranho ver o quão forte fiquei e tudo que mudou – Apertaria minha bandana alocada ao meu bíceps direito enquanto seguia os devaneios. Até que, após certo tempo ali, uma das pessoas responsável pela missão emergia e, com um belo sorriso, parecia entender facilmente o que se passava ali.

Uma troca amigável de olhares era feita, sendo seu desfecho uma boa risada da situação. - É tudo muito rápido despois que saímos daqui, sendo bem sincero, é difícil de entender porque alguém importunaria um lugar como esse – Concluiria. A moça por sua vez me passava todo o parecer da situação e possíveis motivos que levaram a isso. Ao que tudo indicava, se tratava de um aluno repetente que volta aqui todos os dias para caçoar dos atuais estudantes. Sinceramente aquilo passava longe de ser algo compreensivo, na verdade, visto de fora era algo totalmente idiota. Confesso que ao ler a missão pela primeira vez, imaginei que precisaria de um combate franco ou algo voltado a imobilização, mas vejo que apenas um susto deve ser suficiente.

Faria uma breve confirmação com a cabeça para a moça, mostrando total compreensão do que deveria ser feito, como também por mero cortejo, perguntando apenas mais uma vez sobre um detalhe aqui e outro ali. - Qual é o horário que ele costuma vir? Desde que começou isso, segue um padrão? Porque se seguir, talvez seja uma marcação com algum aluno especifico – Indagava. - É todos os dias ou apenas certos dias da semana? Por alguma razão acho que não é contra a academia ninja, mas sim alguém que está nela. - Concluía pensativo. A moça levava sua destra sobre o queixo, adotando uma feição de extrema introspecção, parecia realmente dedicada em recordar algo e assim fez.

Ela me dizia que não era todo dia, mas na verdade a cada dois dias, sendo precisamente na aula de combate corpo a corpo. Raras ocasiões ele aparecia nas aulas de lançamento de shurikens e kunais, mas sem dúvidas sua maior presença seria na aula citada anteriormente. Bom, já temos carta branca para encontra-lo. Daqui a algumas horas começaria as aulas de shurikens e kunais, porém, graças a um pedido um tanto quanto ousado, sugeria a moça a dar uma aula extra de combate corpo a corpo, visando atrair nosso alvo para cá. - Será que você consegue fazer isso? Acredito que seria a melhor forma de encerrar esse tópico - Explicaria a situação. A moça parecia descontente, mas entendia perfeitamente que aquele assunto precisaria chegar ao fim de uma vez por todas.

Após o termino de nossa conversa, ela chamava um rapaz ao canto e com simples comandos ele sairia para anunciar o acontecido. Estava feito, tudo estava mais do que preparado para solucionar esse problema, agora só precisaríamos identifica-lo durante o ato em flagrante e agir de acordo com a situação. A moça mais uma vez me agradecia, afinal, era difícil pegar ele em flagrante e para precisar expor isso em missão, realmente já estava em um patamar acima. Irei me preparar, preciso me por como um aluno, faz poucas semanas que fui promovido, então talvez ele não perceba ou sei lá, me reconheça? Seria ele capaz de reprovar tantas vezes assim? Bom, se for alguem que eu conheço talvez fique tudo mais fácil.

Retirava minha bandana, alocando-a sobre minhas vestes para me misturar com os demais e, como nos velhos tempos, assistiria aquela aula de kunai e shuriken. O tempo passava celere, era incrível ver o tanto que aquelas crianças exalavam potencial, sendo um tanto quanto modesto, umas eram até mesmo superiores a mim no quesito lançamento. Após alguns momentos a aula era chegada ao fim e até então, nada de nosso alvo dar as caras. Até que alguns murmurinhos eram audíveis pelos alunos após a chegada de mais uma pessoa, esse que possuía um rosto estranhamente familiar. - Seria possível? É o kazuma? - Arriscava incrédulo. Kazuma era um dos alunos novos que entraram após a minha saída da academia que ficou conhecido por ter as calças rasgadas durante uma aula de combate.

Mas será possível mesmo que é ele, talvez seja só alguém muito parecido, mas ele só vir na aula de combate é um tanto quanto suspeito. Possivelmente ele não lembrará de mim, até porque quem ficou famoso foi ele, não eu, mas talvez seja melhor dessa forma. Por enquanto me limitaria apenas a observa-lo, precisaria pega-lo no ato para dar uma lição de vez no garoto e garantir que ele não fuja ou escape usando desculpas. Me posicionaria estrategicamente, visando deixa-lo o mais confortável possível, mas sinceramente, ele nem seque esperou para começar a agir. O suposto Kazuma primeiro empurrou um dos alunos que estava a sua frente, logo sem seguida colocou o pé para um outro cair e, por ser grande demais, nenhum dos garotos e garotas tinham coragem de enfrenta-lo.

Será que, se eu for em sua direção ele tentaria algo? Bom, eu poderia revidar ou apenas provoca-lo para assim tentar arrancar algo mais agravante. - Isso deve funcionar – Afirmaria, me dirigindo ao encontro do rapaz que era bem maior que eu. Passava próximo a seu ombro, não chegando ao ponto de colidir, mas perto o suficiente para instiga-lo a fazer algo e assim ele fez. O suposto Kazuma tentava colidir seu ombro em meu peito, nada como um golpe, mas sim um famoso ‘’chega pra lá” que era interceptado pela minha destra. O rapaz arregalava os olhos, não por medo, mas por surpresa, talvez os alunos jamais ousaram lhe contrariar e aquilo se provava na sua feição furiosa e seus punhos cerrados. Ele estava pronto.

Assim de perto, não restava dúvidas: era o Kazuma. Ele cerrava seus punhos e murmurava coisas como fedelho, pirralho, respeite o veterano e afins, parecia realmente enfurecido. - Ei, não precisa disso, não quero machucar você! - Provocava intencionalmente almejando instiga-lo a me atacar para que todos os presentes vissem. Kazuma, descontrolado, desferia um soco puramente movido pela raiva, era forte, mas totalmente sem precisão. Uma leve inclinação para a direita era suficiente para emitir um contra-ataque finalizador, mas não era preciso, ainda não estava bom, eu precisava de mais, me limitando apenas a esquiva e algumas provocações. - Ei, você realmente quis me acertar? Eu to bem aqui – Riria sutilmente.

Aquilo parecia fritar a cabeça do rapaz que incessantemente proferia ofensas e mais ofensas, exigindo respeito por ser veterano e mais forte. Poderia já ver de longe que a instrutora responsável já havia flagrado tudo, o que já era suficiente para puni-lo, mas eu precisaria dar uma lição no garoto. - Ei, venha com tudo, vai, não me deixa esperando tanto – Provocaria mais um pouco, visando encerrar aquela luta no próximo movimento. Kazuma então tentava um agarrão, esse que era respondido com uma evasiva para baixo, seguida de uma rasteira que o levaria ao chão. Uma vez ali, tratava de golpeá-lo com um soco na barriga seguido de um agarrar em sua gola, puxando seu rosto para próximo do meu. - Você é fraco, Kazuma... Se você voltar aqui, eu vou atrás de você e rasgo sua calça na frente de todo mundo! - Diria firme, esboçando uma expressão intimidadora.

Sua expressão facial produzida era impagável, Kazuma parecia não só surpreso por saber seu nome, mas se encontrava totalmente pasmo pela sucessão de movimentos. Foi questão de segundos até perceber que eu lembrava do ocorrido para vim à tona sua expressão de pavor, juntamente da ameaça, aquilo parecia ser mais do que suficiente para amedrontar o rapaz. Largava sua gola e me erguia em posição ereta novamente. Percebendo todos os olhares que a mim eram dirigidos, tratava de buscar atenção da responsável pela missão para solicitar controle daquilo. Ela ao perceber, claro, sinalizava para todos entrarem na academia, assim como também proferia algumas palavras inaudíveis para mim no ouvido de Kazuma, esse que levantava e desenfreadamente corria para longe.

A moça agradecia pela ajuda, mas também repreendia pela exceção utilizada. - Peço perdão, mas me senti no direito de revidar após ele me atacar tão abruptamente, sei que errei, mas foi o jeito mais viável que achei para dar uma lição nele e sanar isso de uma vez por todas. - Concluía confiante pela minha razão. Após todas as falas ali serem encerradas, ela me convidava para dentro para acompanhar a produção do relatório, esse que deveria ser entregue como relato do sucesso na missão realizada. Esperei o tempo necessário e, com um aceno cordial, de despedia daquele confortável e nostálgico lugar, seguindo direto para o quadro de missões, onde entregaria e buscaria as recompensas.

 

 


 



 

Aquela missão me fazia refletir em vários pontos, seja ele o de vingança e orgulho, como também superação e forma de enfrentar seus obstáculos. Kazuma decidiu enfrentar aquele seu passado triste de forma orgulhosa, passando por cima de tudo e mostrando a todos como ele se sentiu. É compreensível? Não, mas depende muito da narrativa de quem conta, é como aquele ditado: A diferença de herói e vilão é feita por quem está contando a história, e talvez Kazuma em alguma perspectiva seja o típico herói vingador. Nunca saberemos. Independente daquilo, eu me encontrava satisfeito com o resultado, afinal, nada melhor do que a sensação de dever comprido e sensação de progresso.

Andejava por aquelas ruas de forma lenta, aproveitaria e me deleitaria daquela brisa quente do verão, essa sempre acompanhada por pássaros nativos que gorjeavam durante todo momento, fazendo a sinfonia mais bela e no cenário mais incrível possível. Era como uma festa nos céus.  Me direcionava diretamente ao quadro de missões, adentrando aquela estrutura e procurando o responsável pela entrega. Ao encontra-lo, explicaria toda situação oralmente para dar o relatório em sucessão, mostrando domínio do que estava fazendo e claro, para melhor compreendimento. Após isso, recolheria meu dinheiro e partiria para casa, pois era chegado o momento de descansar depois de horas de missão. O espadachim novato volta para casa como um grande espadachim, essa ainda vai ser a minha narrativa!