Durante todo o trajeto de volta para a vila Shutara se manteve perturbada pelo que Kai havia lhe dito a respeito de sua tribo “Os melhores rastreadores do Vento? Como ninguém nunca antes havia me falado sobre isso?”. A garota desejava aprender tudo que podia sobre seus ancestrais e sentia que não encontraria nenhuma informação nova dentro dos muros de areia, onde os Mokarzel haviam sido esquecidos e os poucos que os conheciam guardavam rancor pela tentativa que estes haviam feito de raptar a Sombra. Procurando uma solução, ocorreu para Shutara que as demais tribos do Vento, que no passado haviam lutado lado a lado com os Mokarzel, poderiam lhe dar as respostas de que ela tanto procurava.
Quando os muros de areia se tornaram visíveis Shutara interrompeu sua corrida e alertou os membros remanescentes de seu grupo de que ela iria tomar um rumo diferente. Kai foi contra, mas deixou que a shinobi seguisse seu caminho - Sei que você conseguirá se cuidar, afinal, além de uma rastreadores nata você também tem o sangue deles correndo por suas veias -. Shutara acenou com a cabeça, sorriu e iniciou seu trajeto deserto a dentro. A garota se esforçou para não ficar remoendo pensamentos, afinal, ela estaria prestes a entrar em uma das área mais perigosas do deserto, área essa evitada por comerciantes e até mesmo por shinobis, o local onde as mais fortes tribos do Vento habitavam no passado.

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Após dias vagando pelo deserto, se hidratando a partir da água de muco de cactos, Shutara finalmente vislumbrou a distancia os contornos de pequenas tocas de areia, completamente expostas, sem nenhuma espécie de muro ou espetos para proteção. Inicialmente a mulher pensou estar vendo uma miragem, mas ao se aproximar mais do local ela pode sentir por meio de seu Kanchi a presença de diversas massas de chakra “Finalmente”. A mulher não conhecia aquela tribo e sabia que a cultura deles poderia ser muito diferente da sua, por isso decidiu se aproximar com cautela e livrar sua mente de pressupostos.
Um grupo pequeno de moradores aguardava pela chegada da mulher. As figuras se vestiam tal qual a marionete Número 1, com bandagens e sobretudo, roupas comuns para os moradores do deserto, que procuravam esconder sua pele do sol árduo e do calor - Fiquem onde estão -. O grito soou como um sinal de advertência, um aviso hostil dado a forasteira “Isso vai ser difícil”. Shutara ergueu lentamente seus braços, cortou os fios de chakra que controlavam Número 1 e agachou. A marionete despencou ao lado da mulher, que esperou um momento antes de colocar seu dedo na areia e começar a gravar palavras no chão. Os membros da tribo acharam aquilo estranho e curioso - O que foi? Arrancaram sua língua na viagem para cá? -.

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Shutara levantou sua cabeça e olhou para a figura que havia lhe questionado. Shutara levou a língua para fora de sua cavidade bucal e com seu polegar e seu dedo indicador, puxou o membro com delicadeza, revelando o selo amaldiçoado que impedia que a mulher fala-se. O espanto de todos foi evidente, todos encararam a marca como se encarassem o despertar de um defunto. Um burburinho começou entre os membros do vilarejo - Isso é impossível, os Mokarzel estão extintos a mais de uma década. Ninguém sobreviveu ao ataque do grande vilarejo -. Shutara apontou para si e assentiu com a cabeça. Não houve nenhum movimento por parte dos homens, que ainda pareciam em choque e desacreditados do que viam.
Após alguns minutos um garoto surgiu puxando um velho pelo braço. O velho estudou Shutara com seus olhos, se livrou das mãos do garoto que lhe puxava e então se aproximou da mulher - Deixe-me ver -. A pedido do homem Shutara revelou novamente a marca de sua maldição, que foi estudada pelo pequeno e frágil senhor - Não há duvidas, você é de fato um deles -. O burburinho aumentou e muitos questionaram o idoso - Mas como pode ser? Eles falaram que todos foram mortos, mulheres, crianças, todos… -. O homem deu de ombros - Eles falaram, não foi? -. De repente tudo pareceu ficar claro na cabeça de todos

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- Sim… ELES falaram… Aqueles miseráveis… Fizeram questão de usar o episódio como uma prova de seu poder, como um aviso para todos nós… Realmente, não me surpreende que eles tenham feito questão de escondeu uma sobrevivente -. O idoso confirmou com a cabeça - Exatamente… Mas afinal, o que você busca por aqui, tão longe, minha querida? -. Em resposta ao homem Shutara voltou a rabiscar a areia com seu dedo indicador, escrevendo - Ah sim, entendo… Venha comigo, vamos fugir deste calor insuportável que faz hoje -. O homem tomou o rumo da cabana central, uma das maiores e mais ornamentadas.
Ao alcançar o interior do local, Shutara foi convidada a se sentar em um enorme tapete que parecia ter sido tecido a mão e serviram chá para a mulher, que aceitou em sinal de confiança - Nossa tribo é tão antiga quanto a sua, mas nós originalmente não éramos guerreiros. Nós abastecíamos os vilarejos das tribos que dedicavam suas vidas ao embate e em troca éramos protegidos por elas também. Foram estas mesmas tribos que mais tarde ensinaram a gente a se defender também… Foram elas que transmitiram a arte do Kugutsu, do uso do leque de guerra e do controle do chakra. Acredito que devemos nossa longevidade neste deserto em parte ao nosso conhecimento e respeito pelo mesmo, mas acima de tudo, aos nossos mestres -. Shutara degustava o chá enquanto ouvia as histórias dos antigos povos do deserto, contadas por alguém que realmente havia vivido todas elas.

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Ao final das historias, Shutara voltou a desenhar no chão, mas desta vez questionando o homem a respeito da habilidade que havia ouvido de Kai que era algo comum a tribo dos Mokarzel, o Kagura Shingan. Ao ler o nome da habilidade o homem aventou com a cabeça - Sim, eu conheço este nome… Não havia um homem do deserto que não conhecia naquela época e nenhum sicários que não temesse tal habilidade, afinal, foi por meio dela que os Mokarzel se tornaram tão poderosos e mortais, mas também foi por ela que eles foram destruídos no final -. Shutara ficou nitidamente curiosa, mas não precisou questionar o homem, a resposta para seu questionamento não demorou a vir - Quando você domina a habilidade de rastreio mais poderosa do mundo, é difícil não se tornar confiante em seu poder e ao mesmo tempo arrogante. Os Mokarzel acreditavam que por poderem sentir a presença de todos dentro de uma vila inteira eles poderiam invadir Sunagakure sem serem pegos, ou pelo menos sem serem mortos… Arrogantes… Eles lutavam contra um número cem vezes maior que o deles, com técnicas estranhas e vindas do exterior… Morreram vitimas de sua arrogância -. Shutara compreendeu o que o homem queria dizer e questionou ele mais uma vez, mas dessa vez querendo saber como poderia encontrar tal habilidade.
O homem fez um gesto com a mão e uma assistente, parada no canto da sala, desapareceu por entre as cortinas de tecido que cercavam todo o interior da toca. Quando a mulher retornou ela trazia consigo um gigantesco pergaminho, pergaminho este que foi entregue a Shutara - Tome… É seu por direito. Talvez seja tudo que restou de sua tribo, afinal… Você é livre para permanecer aqui o tempo que quiser. Penso que não existe lugar melhor no mundo para treinar tal habilidade do que aqui -.

Shutara passou as semanas seguintes vivendo em uma toca de areia. A mulher passou suas manhas e tardes trancafiada no seu pequeno aposento, de olhos vendados e procurando despertar a habilidade que de acordo com todos, estaria dentro dela desde seu nascimento. Durante a noite a garota se permitia deixar sua toca, ainda vedada, para confraternizar e jantar lado a lado com os moradores da tribo.
Foi em uma noite, após um banquete de cerveja com carne de cordeiro, que Shutara, contemplando as luzes que uma fogueira produzia sobre sua venda, começou a despertar o Olho da Mente. Praticamente em transe, Shutara viu sua mentedeixar seu corpo e passar a focar na energia ao seu redor, que parecia dançar e fluir quase como na dança que os moradores do deserto faziam ao redor do fogo. A mente de Shutara foi longe, viajou pelo deserto, vasculhou cada duna e toca em busca de energia vital… E então, quando a fogueira se extinguiu, retomou para o seu corpo.

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Na manha seguinte Shutara deixou o vilarejo da pequena tribo do deserto. Enquanto rumava em direção a Sunagakure a mulher aproveitava para aprimorar sua mais nova habilidade, o olho da mente, que tornava a shinobi capaz de sensoriar grandes áreas ao seu redor, o que lhe tornava praticamente imune a emboscadas.
Levou bastante tempo para que Shutara conseguisse alcançar a grande muralha de areia. Quando se aproximou dos portões dois guardas surgiram em frente da mulher interrompendo sua passagem. Os homens reverenciaram a shinobi e a questionaram – Você é Mokarzel Shutara, certo? -. A mulher assentiu com sua cabeça – Estão esperando por você no quartel, senhora -.
Shutara se curvou ligeiramente em direção aos guardas e então passou direto pelos dois, indo em direção ao quartel “Será que terei problemas por minha ausência?”. Uma leve e passageira potada de ansiedade tomou conta da mulher naquele momento, que se perguntou o que poderia lhe acontecer devido aquela imprudente viagem que acabará de realizar.

A mulher foi recebida logo no saguão principal do quartel pelo gigantesco comandante que a alguns dias atrás havia encarregado a shinobi de realizar uma missão junto a um pequeno grupo de Shinobis. Para a infelicidade de Shutara o homem não parecia muito feliz.

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O brutamontes cruzou seus braços e olhou feio para a shinobi – Desta vez eu vou ignorar a sua atitude irresponsável e ilegal, mas apenas porque perdemos um de nossos melhores rastreadores e os caçadores estão precisando de alguém para lhes auxiliar na busca e captura dos responsáveis pelo ataque aos muros da vila -. Shutara procurou manter sua postura, mas baixou sua cabeça para o homem, mostrando certo respeito e sinalizando que havia entendido o recado – Eles estão meio impacientes, estavam esperando você retornar já faz algum tempo... Você deve encontra-los numa base improvisada que foi erguida próxima ao local atingido pela explosão, vá, depressa -.
Shutara não ousou enrolar nem um segundo, deixou o quartel e correu em direção ao local onde a alguns dias um grupo de arruaceiros havia atacado os muros de areia. A estrutura já estava parcialmente concertada, mas ainda era possível ver as marcas do ato terrorisa.

A base improvisada eram na verdade meia dúzia de tendas. Em cada uma das estruturas um determinado departamento da vila trabalhava. Shutara logo identificou a tenda que deveria visitar... Na entrada desta tenda um grupo de três shinobis mascarados podiam ser visto, mas ao contrário dos demais shinobis que trabalhavam na região, estes não apreciam nada tensos “Seria isso conhecimento de que nada mais deve nos atingir, poder... Ou apenas confiança demais?”.

O trio olhou Shutara da cabeça aos pés quando ela se aproximou do local, mas não impediram que ela avançasse e adentrasse a tenda.

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Dentro da tenda havia apenas mais um trio de caçadores, analisando um grande mapa sobre uma mesa de madeira. Um dos homens era familiar para Shutara, ele que havia encarregado a shinobi e seu grupo para a missão onde ela havia descoberto sobre sua capacidade de rastreamento – Mokarzel... Shutara... Estavamos te esperando -. A mulher se aproximou do trio – Sabe, nós temos acesso ao relatório das missões e descobrimos que você se mostrou muito útil em sua ultima missão ao se mostrar capaz de rastrear os inimigos e descobrir um caminho para que a missão, quase arruinada, fosse cumprida com êxito -. Shutara confirmou com a cabeça – Bom, nós queremos que você nos ajude a terminar esta história de uma vez por todas, nós queremos que você nos ajude em nossa missão de rastreamento e captura dos responsáveis por este ataque -. As palavras finais do homem soaram com muito mais poder e excitação. Shutara abriu um ligeiro sorriso e novamente confirmou com a cabeça – Neste caso eu espero que você esteja descansada, pois sairemos imediatamente -.

O trio de caçadores, em parceria com Shutara, tomou o rumo do deserto – De acordo com as informações colhidas na ultima missão o grupo construiu sua base em meio a ruinas de um antigo vilarejo... Pelo menos é o local que consta para a entrega dos explosivos que foram utilizados... Shutara, precisamos que você fique muito atenta, está missão pode ser muito perigosa se não formos capaz de identificarmos a localização de nossos inimigos.

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Em determinado ponto da viagem Shutara sentiu uma grande quantidade de pontos de chakra. A mulher interrompeu seu avanço e focou nestes pontos, procurando entender onde cada um dos guardas se escondia em meio as ruinas do antigo vilarejo. A mulher transmitiu as informações para seus colegas por meio de desenhos na areia e estes então bolaram um plano para se infiltrarem no esconderijo dos arruaceiros.

Um dos shinobis atiçou os ventos, provocando uma espécie de tempestade de areia, que dificultava a visão das sentinelas que guardavam o local. Um a um os guardas foram abatidos pelos caçadores em parceria com Shutara. Os guerreiros eram frios, assassinavam seus inimigos sem piedade e com uma destreza impar, acertavam pontos que incapacitavam seus alvos, não lhes dando nem ao menos a chance de se defenderem ou alertarem seus colegas da invasão “Cirurgiões da morte”.

Após todas as sentinelas serem abatidas pelo grupo, a invasão ao interior do esconderijo teve inicio, mas esta foi mais rápida do que Shutara imaginou que seria. Bombas de fumaça foram lançadas em direção ao interior do local e esta foi contida dentro do mesmo graças as habilidade Fuuton dos caçadores. Os inimigos não tiveram escolha a não ser deixarem o interior do local, sufocados pela fumaça.
Os homens que saiam tossindo do esconderijo eram alvejados por kunais e senbons disparados pelos caçadores. Apenas um arruaceiro sobreviveu, um único homem, que provavelmente seria torturado e interrogado em Sunagakure – Você fez um bom trabalho Shutara. Por acaso já pensou em se tornar uma caçadora? -. A pergunta do homem atingiu Shutara em cheio... A garota sorriu “Por que não? “.  

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