Caos e ordem são subjetivas: o que é ordem para a aranha, é o caos para a mosca. Algo pesado para se pensar no meio de uma atividade tão simples quanto organizar livros. Aparentemente havia tido tanto sucesso da última vez que fora chamado de novo para realizar o ritual. Naka odiava aquele local com todas as forças, só pensava em crescer para ser tirado dali o mais rápido o possível.

Aquele local sem destino correto, unicamente cercado pelo silêncio, não contemplava sua grandeza ou sua potência de fazer com que a vida dos outros fizesse sentido - afinal, era assim como o jovem via que os outros viam ele: alguém que trazia sentido para suas vidas. Os livros que tinha em mãos eram uma perda de tempo, e aparentemente os mesmos era alugados semana após semana, visto que os volumes que tinha para repôr eram similares senão iguais os da última vez que esteve ali.

Naquele momento, na tarde, haviam mais pessoas ao redor das prateleiras em suas buscas alheias ao serviço de um serviçal qualquer. Não haviam formas fáceis de engajar em apostas, então de tempos em tempos o menino procurava dialogar consigo mesmo e murmurar a sorte para identificar quem levantaria antes de quem, ou quem leria mais rápido, ou quem amassaria suas anotações antes. Ver esse padrão nas pessoas era algo que ele buscava para se satisfazer.

Depois do dia quente, a noite se aproximou e não houve nenhuma interferência até a troca de turnos. A biblioteca era um ambiente claustrofobicamente monótono.