Os ruídos mínimos provenientes dos ratos deambulavam pelo aposento imundo; as paredes manchadas de mijo e sangue crispavam através de bolores que mesclavam-se entre o verde e o cinza, teias de aranha e manchas pretas envolviam o teto, sobre o chão barroso comprimia-se uma poeira excessiva, migalhas de alimentos variados e rachaduras que evidenciavam um descuido na produção do edifício.

Baratas esgueiravam-se sobre a estrutura imóvel e infante aderindo uma busca ardilosa por mantimentos ao passo que examinavam as feridas abertas daquele que jazia prisioneiro, as patas leves e lépidas em conjunto as antenas igualmente alongadas permeavam o íntimo e decorriam em cócegas mínimas e momentâneas.

Os olhos rubros encontravam vagarosamente a consciência estabelecendo presença à medida em que investiam contra as barras metálicas e gélidas que compreendiam a diminuta porcentagem do aposento, a reclusão tornava-o receoso e temeroso, tão rapidamente sentia-se pressionado contra a jaula permitindo um descompassar da respiração e uma igual altivez desta, o sangue bombeava, o coração acelerava.

Uzumaki era um cativo, não somente em sentido literal uma vez que aprisionado pelos assassinos dos aparentados, mas também figurativo estando em uma constante detenção mental, esta que revelava-se por intermédio da repetição continuada e automática da noite que os invasores se deram como vitoriosos sobre o homicídio, era, para além de tudo, uma criança extremamente traumatizada vide as vivências e experiências trazidas que tendiam a circunda-lo como satélites.

Munido de agressões que deram gênese quando ainda muito criança sobre o contato e a relação familiar conturbada e abusiva que tangeu toda a finita história enquanto integrante desse mundo, associava-se, fundamentado ao sequestro, uma de maior violência e ofensiva, em fato, o pequeno jazia de escassa ou nula compreensão sobre a conjuntura peculiar em que se inserira, a este lhe sobrava ínfimas chances de escape e uma porcentagem quase certa para determinar sua morte.

Suspirou fundo cedendo entrada aos odores pungentes que perduravam frente a localidade, o pulmão preenchido pela quantidade nociva de poeira que espelhava-se sobre o ambiente e detinha, por consequência, um montante de espirros espalhafatosos. Suor postava-se entremeio a estrutura e decorria em um fulgor característico, liquido este que apossava-se em menor escala sobre as vestes imundas trajadas pela criança; tratava-se de uma blusa sem mangas, cortada e rasgada em coloração amarelada, um calção azul claro em igual condição de necessidade por reparo, não utilizava de sandálias, não recebera acesso as referidas.

Lagrimas não mais escorriam de seu rosto e encontravam o chão insalubre, haviam por muito secado haja visto o uso continuado destas em seus primeiros dias, assumira, face ao emprego exorbitante, que nada seria alterado e assim pereceria até que houvesse um possível resgate. Pousou a mão direita sobre a testa, retirando, com auxílio da referida, as porcentagens consideráveis do liquido que dispunha-se em concentração entremeio a mesma.  

Um estampido exorbitante ecoara por entre a área, o barulho emergia em sons metálicos que gradativamente encontravam o seco da madeira. O olhar conservava-se estático em direção a entrada, havia, ainda que no âmago, alguma esperança mínima. A introdução sóbria transmitira decepção e receio, tratavam-se das figuras criminosas. Olhos selvagens, postura agressiva, ranger de dentes e comentários acrescidos todos estes individualizados e lançados perante o cômodo.

Os lábios secos do infante suplicavam por hidratação, estava, devido a reclusão, sem contato ao liquido por mais de um dia. Os olhos gritavam por água, conquanto, as palavras inibiam-se à saída e censuravam-se em medo, mantinha-se, muito embora, concentrado sobre os bandidos ansiando que os pedidos silenciosos fossem, de algum modo, previstos e, consequentemente, atendidos.

Uma das entidades presentes aproximou-se do menino; era uma mulher de meia idade, longos fios escuros que traziam mechas dispersas e embranquecidas, rosto ligeiramente enrugado e corpulento que formava pequenos acúmulos avermelhados do contato direto ao sol, o corpo, por outro lado, incluía-se como grande e sinuoso comprimindo uma quantidade excessiva de curvas que alastravam-se por todo o campo e convocavam atenção, trajava roupas comuns, mas sempre incluía uma cabaça de dimensões consideráveis e aparência gasta.

A face acavalada relinchava em sadismo. – Está com fome querido? Talvez sede? – Questionou a morena, os globos oculares saltados miravam com desgosto para com a criança. Uzumaki assentiu timidamente para a segunda pergunta, necessitava do liquido para manter sua sobrevivência, por mais que aspirasse pela rejeição ao contato alheio estava sujeito e compelido ao mencionado.

Gargalhadas evidenciavam-se. – O que foi, o gato comeu sua língua? – Expressou em dúvida, a sobrancelha arqueava e um sorriso arrogante surgia. Embora não parecesse em primeiro momento a mulher detinha grande poder, o platinado conseguia sentir através de seu corpo as ondas categóricas e exacerbadas de chacra nativo à bandoleira, ele era nocivo e tóxico, mas extremamente poderoso. – D-desculpa senhora. – Gaguejava, o tom era trêmulo e havia alguma incerteza no que concerne o mesmo, em fato, o uso das palavras empregadas se deu unicamente porque fora o que conseguira conceber em apreensão e angustia.

O braço inseria-se sobre a jaula onde por auxilio da mão ela exercia suaves tapas sobre a epiderme delicada e fina do jovem. – Ora querido, não tenha medo, não somos monstros. – Tornou a rir. Seu polegar, indicador e dedo médio fechavam sobre o queixo do jovem empenhando pressão e força, ainda que esta não fosse o suficiente para machuca-lo o era para tornar imóvel. Pôs-se a frente e tão logo cuspiu em direção ao petiz, suas feições não outorgavam remorso, o movimento havia sido planejado. Aru emitiu nojo com o contato arrefecido da saliva.

– Vai ser tudo o que você irá beber hoje. – Explanou encarando profundamente os olhos avermelhados. As garras soltavam-no paulatinamente. O menino utilizou das vestes imundas para intentar uma limpeza sobre o rosto. – Sakura para de torturar nosso convidado, o chefe logo chega. – Proferiu o homem de fios rosados, sua voz era imponente e projetava-se através das estruturas reverberando-se e acometendo uma comoção. – Tem razão, porque deveria atormenta-lo se o chefinho vai fazer bem pior? – Comentou a mulher tomando-se em uma risada veemente que contagiava-se a todos aqueles que integravam o grupo de criminosos agressivos.

Bolsa de armas [21/25]:

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