Estava andando para o campo de treinamento como sempre fazia todos os dias. O sol como sempre, estava a me causar picos de irritação, justamente porque eu odiava esse calor do caralho. Com um leve respirar, buscando conter meu pavio curto, resolvi continuar caminhando. O campo estava lotado como sempre, e não havia encontrado aquela garota, Yue Uzumaki, o que já deixaria o dia melhor. Se eu encontrasse essa maldita loira oxigenada, iria chegar em uma voadora. Depois de passar os olhos brevemente pelo campo, caminhei então a passos breves, quando fui interrompido por um garoto de cabelos verdes e sardento.

— Ahn?! Quem é tu?! — Questionei, erguendo uma sobrancelha de maneira bruta, abaixando os olhos avermelhados para aquele infeliz. — Que pergunta do caralho. Faz o que você quiser, só não me atrapalha. — Falei de maneira rude, bruta até, mas era o meu jeito de ser. Então continuei andando com as mãos nos bolsos, até que chegou próximo da barraca, onde estiquei os dedos para colocar o mochileiro dentro do ferro e fechar ali com a roldana. Tirei a camisa, atirando a mesma contra uma cadeira. Meu físico já demonstrava algumas gotas de suor por conta do calor. Retirando as sandálias negras, soltei-as rudemente contra o chão, levantando um pouco de poeira. — Aqui vou eu! — Bradei a ninguém em especial.

Com isso, passos foram dados até o saco de areia mais próximo, o que ocasionou um veloz chute disparado contra o mesmo provocando o estrondo, uma onda de choque seguida de uma vibração. Era o chakra explosivo entrando em contanto com o golpe fulminante. 100% de minha força fora posta ali.

Tratei de desenrolar meu treinamento. Meu corpo se movia em velocidade máxima, dando algumas passadas sob o solo, de maneira a parecer uma velocidade incomum. Isso era o que poderia se chamar de "Agilidade Sobre-Humana, ou até mesmo, monstruosa." Mas acertando um soco que fez o campo inteiro reverberar, rapidamente precisei mover a sola do pé contra o campo de areia no intuito de me parar. Em seguida, ergui a mão, passando os dedos sobre a testa suada. — Ahn? — Ergui uma sobrancelha. Aquele garoto de merda estava tentando me imitar? Ademais, que merda ele estava fazendo? Que porra? Era um amador completo. — Mermão… Que porra esse moleque tá fazendo… — Cheguei a falar em um tom baixo, comprimido os lábios.

No fim, respirei fundo. A imagem desse pobre bostinha, me remetia à imagem daquelas pessoas que não podem se proteger. Meu senso de justiça interior estava aflorando no fundo do meu âmago outra vez, ou melhor, do cerne da minha alma. No fim, fui até o garoto, ficando diante dele e o fitando de cima. — Ô, seu cabelo é tão verde, que porra, me pergunto se as pessoas não ficam nauseadas. — Falei, em um tom bruto. Era o meu humor grotesco inconsciente aflorando. — Deixa eu te ensinar como se dá um soco. Vou usar sua cara de espiga cagada para isso, e não tô pedindo permissão, é o melhor tipo de treinamento. — Expliquei impacientemente. Ergui o punho em direção ao garoto, fechando os dedos com cautela e pressionado bem os ossos flexionados pelo músculo. — Você fecha essa porra assim, deixa bem fechado. — E então, estendi o braço para trás. — Move o braço para trás, e estica o quadril semi-virado. — Ajustei o quadril, e em seguida, movi o punho com o quadril, trazendo o braço reto e direto, mirando o rosto do merdinha de verde.

Nada disse quando o garoto falou que não precisava daquilo. Se não precisava, como iria saber na prática? Que idiota. Não disse uma palavra enquanto aquele garoto estranho parecia ter um hábito incomum de murmurar as coisas para si mesmo de maneira a achar que ninguém estava ouvindo. Ele era idiota ou o quê? Retardado até? Ficou observando o menino tomar alguma reação, então, os olhos vermelhos acompanharam o outro a tentar atacar o saco de areia mais próximo. Mas ainda assim, a sua técnica parecia pobre, faltava o manejo adequado do mesmo para com suas próprias técnicas físicas, bem como também, seu corpo.

Me virei então para o saco de pancadas mais próximo e então, movi o pé, dando um pequeno salto no ar, rodopiando o corpo em uma espiral, acertando um pontapé no objeto, causando uma explosão pelo impacto. A fumaça se fez presente no campo, bem como também a poeira levantava ajudava a deixar o mesmo ainda mais sujo e com aspecto de uma visibilidade baixa. — Ô moleque. Só pra constar, eu não acho que músculos são tudo! Baixa a porra da tua bola. — Falou, fitando o de fios verdes. — Vamos fazer assim, você pode me atacar e usar o que sabe fazer de melhor, mas deve analisar os teus erros merdas e aprender com eles, consequentemente desenvolvendo uma solução para como você pode melhorar nisso. — Falei, ríspido. Ergui o dedo e fiz o gesto para o mesmo me atacasse.

Novamente o garoto dos fios de ameba estava sendo estranho. Ele costumava murmurar as coisa para si mesmo? Isso era estranho pra caralho. Quando o garoto avançou, ditando aquelas palavras, um sorriso se fez presente em meus lábios, era um sorriso, que pela incapacidade de demonstrar sentimentos, poderia soar como psicopatia de alguma maneira, mas meus olhos vermelhos fitavam o padrão daquele garoto. Ele corria diretamente para si sem nenhum plano, e estava totalmente aberto, cheio de brechas. O punho fora o primeiro movimento, o garoto estava atacando finalmente. Dei um passo e esperei. O soco me acertou em cheio, me fazendo inclinar a cabeça levemente para trás.

Os fios loiros caiam sobre um dos meus olhos, deixando apenas um visível, o que fazia com que a íris rubra brilhasse por cima das sombras que engolfam. — Soco de bosta. Tem muito a melhorar. — Falou baixinho, mas havia causado só um arranhão, e havia me deixado ser atingido de propósito. Dei um passo para o lado e avancei. Primeiro, desloquei o punho direito em um soco que pararia no meio do caminho, sendo substituído pelo punho canhoto, servindo este primeiro como uma distração. O segundo visaria acertar o garoto dos fios cor de grama direto no queixo.

— Apenas fiz uma estratégia. — Falei erguendo uma sobrancelha enquanto fitava o garoto. — Primeiro erro além de não treinar o teu físico o suficiente, é deixar a tua guarda aberta. Eu tive pelo menos infinitas possibilidades de te matar ali, ou te deixar seriamente ferido. Não é brincadeira. — Expliquei, sistemático e rústico. — Se está no campo de batalha, nunca avance às cegas, ou vai acabar morto. — Aquelas palavras fizeram memórias dolorosas surgirem, do meu pai, sendo um filho da puta, agredindo a mim e minha mãe. — Eu usei uma finta. Se quer viver nesse mundo sórdido, seja esperto. Ou sua cabeça realmente vai parecer um pedaço de limo de bosta. — Exibi um sorriso de canto.

Mas não disse nada quanto ao garoto indagar que não aguentava mais uma sessão ou que precisava dos seus animais ou coisa assim. — Seu puto. Tinha dito para vir com o que sabe fazer de melhor, não apenas com o seu pior. Você é burro pra caralho, hein? — Questionei, erguendo uma sobrancelha. Com isso, iria me virar para continuar o treinamento quando o garoto perguntou o meu nome. Sua apresentação repentina fez com que o erguer exagerado das sobrancelhas loiras fosse feito. — Eu não perguntei, seu merda! Mas sou Uraku. — Falei, entreabrindo os lábios. Dei meia volta e segui para a barraca. Iria me sentar um pouco.