A noite em Suna como sempre poderia ser agradável. De certo modo, era comum para mim que pudesse vaguear por aí a noite. Isso porque quando não se tinha nada para fazer, nenhuma missão, treinamento ou tarefa, não gostava de ficar parado. Sempre fui alguém inquieto e cheio de energia. Então, era muito fácil para eu sair por aí, ficando a vislumbrar a aldeia e suas construções. O vento lá fora deixava o clima ainda mais frio que de costume. Soltando vapor quente pela boca resultante dos choques de temperaturas de meu corpo e o ambiente externo, me sentei sobre o telhado de uma casa alta, ficando a ajustar melhor o cachecol que usava.

— Está tão frio hoje. Por algum motivo. — Falei, baixando os olhos, observei a bandana colocada de forma a perfazer a extensão do meu braço quando me tornei Chunnin. Era algo interessante, pois havia optado por mudar a cor dela. Era preta, agora é vermelha. E ali dentro, naquele espaço metálico, estava o símbolo de um vira tempo, que simboliza a areia do deserto. Não havia sido fácil chegar até ali, mas estava caminhando, havia se passado seis meses. Ou alguns meses, para ser sincero, não me importava. Novamente tratei de olhar para o céu novamente, tão estrelado, envolto pelo luar.

Tirei um pequeno saco de batatas fritas de dentro do bolso e então, abri o mesmo para que eu pudesse comer algumas. Estavam boas, era algo muito bom de se ter por perto quando estava sozinho. Pelo menos, dava para desestressar. O tempo passou em um pequeno lapso, novamente havia terminado todas as batatas infelizmente. Amassei com as mãos e fiz uma esfera de plástico amassado, cujo qual atirei em uma cesta próxima. Estava com um mau pressentimento, por que será? Deveria ser só loucura minha. Mas só o fato de estar assim já servia para que me irritasse minimamente.

No fim, acabei tomando um impulso mínimo para um pequeno salto. Girando o corpo, pousei sobre o chão após cair em direção ao solo, fato que deslizou um pouco de poeira ao ar. Iria para casa, mas naquele dia estava tão escuro, mesmo que fosse apenas uma noite qualquer, por que será? Que coisa estranha. Coloquei as mãos nos bolsos e segui caminhando como se nada fosse um problema. Havia alguns becos e vielas entre as ruas, como sempre com o chão amarelo de areia, mas, eram apenas becos. Não deveria me preocupar com a existência deles, não era nada.

Senti uma leve coceira na nuca, o que me fez elevar a mão até a mesma, encostando os dedos ali. — Que bagulho bizarro da porra. — Resmunguei, e um punho de direcionou em minha direção advindo de um vulto. A ação repentina me fez arregalar os olhos e mover o corpo rapidamente para que pudesse me defender. Mas não deu tempo, acabei sendo acertado no rosto e jogado para trás. Aquilo fez com que meu corpo disparasse por alguns metros acima do solo, voando e caindo de costa dentro de um daqueles becos escuros. Meu corpo se estatelou, quicando algumas vezes ali.

O sangue escorreu minimamente dos meus lábios enquanto me levantava. Novamente, o vulto se fez presente próximo de mim, o que me levou a um movimento rápido, dando um giro para trás em uma volta completa, erguendo a perna e chutando com o calcanhar. Aquilo foi forte o suficiente para acertar o queixo do desconhecido, o jogando para trás, seu corpo girou algumas vezes e acertou a parede do muro, batendo de costas e causando o rachar daquele concreto. Com fumaças e barro, o corpo caiu sobre o chão, ficando ali por alguns segundos antes de levantar, limpando o que seria seu jaleco.

— Interessante. Você parece bem forte. Bem poderoso fisicamente. O que me leva a pergunta de que você seria compatível ou não. — A mulher elevou o dedo indicador aos lábios, pensativa. Aquela voz feminina, era de fato uma mulher. — Quem é você?! Como passou pelas defesas da vila, e o que quer comigo?! Vou acabar com você! — Rapidamente tratei de tomar as rédeas da situação, jogando as mãos para trás, tomei impulso da explosão e fui para frente, fazendo força com os meus braços para que eu pudesse girar o corpo, movendo a perna em um chute direto.

Chakra Nagashi se espalhou pelo meu pé e perna, acertando o braço da mulher em cheio, o que causou o rasgar da manga do seu jaleco. Mas ela não estava mais lá. Erguendo o olhar para o alto, pude perceber que ela estava no ar, manobrando seu corpo sem nenhum apoio. Fazendo alguns selos, ela evocou duas cobras verdes que seguiram em minha direção. Saltei para trás, esquivando da primeira, mas a segunda deu uma volta e na curva de seu corpo, sua cabeça acertou a minha costela, me jogando contra o chão e causando uma cratera ali. Cuspi sangue enquanto me chocava com o chão.


Estendi a mão e toquei a cabeça da cobra. Com isso, sua cabeça explodiu em pedaços. A mulher estava de cócoras enquanto observava aquilo. — Interessante. — Falou ela, passando a língua nos lábios.— Um usuário de Bakuton diante dos meus olhos. Isso não poderia ficar melhor. Que raridade é essa sua Kekkei Genkai! — Falou animada enquanto passava as mãos sobre seus fios ondulados e laranjas com mechas amarelas. Seus olhos eram dourados e tinha sardas na região da bochecha, bem como uma pele clara. — Você parece bem resistente, Uraku Raoureki. — Comentou em seguida, com intuito finalizador.

Rapidamente me levantei, ergui o punho e limpei o lábio, expulsando o sangue da pele. — Como sabe meu nome, porra?! Como alguém estranho sabe meu nome?! — Questionei em alto som, irritadiço. — Tal qual como uma granada, irritado com poderes explosivos, não poderia ser a melhor combinação. — Calmamente, a mulher deixou o óculos mais ajustado contra os olhos grandes e expressivos. Tal qual como os cílios grandes e acentuados. Avancei novamente, saltando e movendo tanto meus pés quanto meus punhos, executando uma ação consecutiva de ataques na direção da cientista. — Morra de uma vez, sua puta! — Gritei a plenos pulmões.

A mulher rapidamente se defendeu dos meus golpes, dando alguns passos para o lado e para trás, evitando eles completamente enquanto explodiam. — Que coisa boa! — Gritou ela, em um tom ensandecido. Com isso, saltou novamente para trás, pousando sobre a murada novamente. Pousei sobre o chão e tomei impulso sobre as paredes, com o último me lançando em direção ao alvo. — Você vai morrer aqui e agora! Não vou deixar alguém clandestino dentro dessa porra de vila! Você vai sair daqui morta, custe o que custar! — Gritei, me aproximando rapidamente. E então, movi as pernas, chutando uma, depois a outra na direção do rosto da mulher, que ergueu os dois pulsos para defender-se.

Com o impacto sobre eles, tomei impulso no ar, usando ambos os braços da mulher como apoio. Girei o corpo em uma parábola e cai atrás dela, correndo em seguida. A loira apenas girou o corpo e avançou, correndo também. Saltei no ar, girando o corpo e executando uma série de chutes, que foram bloqueados de maneira extensiva pela maluca, que girou o corpo tentando executar um chute reto, o que me fez dar um passo para o lado e avançar, executando vários socos em sequência. Que poder.

A mulher esquivou de ambos e atacou, movendo a perna em um chute lateral que me fez dar um passo para trás e jogar o tronco para trás, da mesma forma, ela encaixou um soco direto e reto na direção do meu rosto, o que me fez erguer o punho para bloquear o mesmo. Com isso, ela girou o corpo novamente e executou um chute, tentando me acertar, dei um passo para o lado e avancei, movendo a perna e exercitando uma voadora, que foi ignorada pela adversária ao saltar para o alto e desaparecer no ar. Aquilo me fez arregalar os olhos. — Quê?! — Rapidamente tratei de olhar todos os ângulos possíveis, mas era só possível ver a fumaça deixada pelo rastro da velocidade alarmante daquela mulher. Com isso, ela surgiu atrás de mim, o que me permitiu saber pela sombra. Girei o corpo, movendo a perna em um pontapé direto, acertando seu rosto e a atirando para longe. Movendo o corpo no ar, a cientista pousou sobre o chão e disparou novamente, acertando uns cabeçada em minha testa, o que me fez cuspir sangue e este líquido vermelho sair pelo meu nariz com um chute em meu torso, ela me atirou ao chão.

Tossi, fechando os olhos com força. — Você não tem nada de especial na verdade. Seus ancestrais devem ter vergonha de você, Uraku Raoureki. Tendo uma Kekkei Genkai como esta e não sabe usar… — Falou a outra, lambendo os lábios. Com isso, abri os olhos lentamente, e com a ponta do dedo, executei o chakra nagashi, que se estendeu em energia explosiva por debaixo dos pés da mesma e explodindo ali, o que fez com que a mesma fosse atingida e perdesse o equilíbrio das pernas por um instante. Aquilo me permitiu me levantar e atacar de imediato.

Ergui ambas as mãos e toquei o torso da mulher. — MORRA! — Gritei. E em seguida, usei todo o meu chakra nagashi em potência máxima. Cerrando os dentes, executei o mesmo e uma explosão aconteceu ali, causando uma furacão explosivo que acertou os céus com tamanha fúria. Aquilo permitiu varrer aquele monstro do mapa. Ela rapidamente revirou os olhos, começando a gritar loucamente. — Aaaaaah! — Urrou ela, sendo esmigalhada pela explosões contínuas. Com o tempo, tudo isso se dissipou. Fumaça subia no céu, eu estava ofegante, sorte que não havia afetado mais do que o necessário no ambiente. A mulher se levantou, sua jaqueta de cientista havia ido pro saco, havia ferimentos em sua pele, mas ela sorriso loucamente.

Arregalei os olhos, assustado. — Excelente, garoto. Vou te dar um presentinho. — Ela se aproximou lentamente, e então, executou um selo, emitindo um Kanashibari no Jutsu. Aquilo me fez paralisar por completo, e logo cai de joelhos. — Ugh! — Trinquei os dentes, tentando me mover, mas não conseguia. — Com isso, viva, me agradeça pelo que eu te dei. E um dia, se precisar de mim, estarei aí para você. — Falou em um tom maligno. Então, abriu a boca próxima da minha nuca, mordendo ali. Não vi na hora, mas uma marca ligeiramente curva apareceu. Era três riscos curvos.

— Estou te dando o Selo Amaldiçoado da Terra. Será um bom aperitivo. Então, viva, Uraku Raoureki. Ademais, esse poder consome parte do seu corpo, em troca, você recebe um enorme poder. Use com sabedoria. — E ela desapareceu. Arregalei os olhos, começando a sentir uma dor abismal. Tão poderosa que me fazia salivar, no exato local onde aquele monstro havia me mordido. — Arghn! Que dor! Wuaaah! — Gritei, não estava suportando tudo aquilo. Eu normalmente era forte, mas isso. O que ela havia feito comigo?! A dor era tanta que me fez desmaiar. Vi minha vista se apagar e depois não vi mais nada. Só escuridão. Trevas, preto, vazio.

[...]

Foi em uma noite em que acordei. Não sabia quanto tempo havia se passado. Mas as coisas não pareciam normais. Pisquei algumas vezes e quando percebi… Meu corpo transbordava de chakra, não apenas chakra, como também poder, velocidade, força. Eu me sentia nutrido por uma energia especial. Coloquei o pé no chão e me levantei, indo até um espelho. Meu corpo parecia tomado por linhas retas, que ora brilhavam em chamas, ora ficavam negras. Aquilo era… O arregalar dos meus olhos me trouxera a resposta vinda de memórias. O Selo Amaldiçoado da Terra. Isso era coisa daquela mulher do caralho.

As memórias também me lembraram de que a mesma cientista maluca dissera que eu iria até ela em busca de mais poder. Como estava errada. Eu não iria fazer isso, nem que o caralho morresse. Trincando os dentes com irritação, ergui o punho,socando o mesmo com força e causando uma explosão no espelho. Arregalei os olhos, a explosão havia saído mais forte do que o normal. Mas precisei me abaixar um pouco, pois meu corpo começava a doer.  — É verdade… Eu tenho que usar parte da minha vida para controlá-lo. — Falei, me abaixando um pouco. Com minha força de vontade, desejei que o mesmo voltasse ao normal, e as linhas entraram em chamas, voltando para a minha nuca.

[...]

Um ano se passou. As coisas mudaram bastante. Havia ficado mais forte, adquirido um poder indesejado que provavelmente carregaria para o resto da vida. A cientista maluca que o implantou em mim, passei os últimos meses procurando sobre ela, mas sequer fui capaz de encontrar respostas concretas. Mas ainda procuraria mais e acharia. Custe o que custar. Ergui os dedos, passando os mesmos contra a marca onde estava, diretamente em minha nuca. Ali fumegava, mas com o tempo aprendi a controlá-lo melhor e com isso, descobri que possuía dois níveis ao custo do meu próprio corpo como sacrifício, tendo em conta um tempo de duração até retornar ao selo comprimido… Era o Selo Amaldiçoado da Terra. Juinka.