Havia sido selecionado para uma missão B. Finalmente! Era o que gritava o meu interior. Finalmente uma missão de alto nível! Exibi um pequeno sorriso enquanto saltava. Estava indo em direção ao portão da vila, e pelo que sei, o próprio Kazekage solicitava essas missões. Tomei impulso com mais um salto por cima do telhado das casas. O que eu sabia conforme a leitura que eu havia realizado, era de que eu precisava controlar algumas mercadorias em carroças. Mas espera um pouco… Ergui uma sobrancelha, por alguns segundos eu fiquei confuso. Pousei sobre o portão e desci, caindo em direção ao chão para pegar o pergaminho.

Meus olhos rapidamente passaram pelo pergaminho. Carroças?! Trinquei os dentes momentaneamente, ficando irritado demais. Qualquer missão que envolvesse transportes de qualquer natureza me deixava irritado. Isso porque de todas as maneiras, eu precisava seguir com as minhas ânsias de vômito. E convenhamos, isso tira muito a concentração caso eu entre em combate. Grunhi algumas vezes enquanto guardava o dito objeto no meu bornal. E então, cruzei os braços sobre o peito, de maneira que eu poderia observar o céu com o astro rei sempre presente. Tudo o que eu tinha que fazer era esperar.

Não demorou muito para que o portão fosse preenchido por alguns mercadores. Eles estavam em carroças. Dava para ver que estavam cheio de mercadorias, algumas muito brilhantes, outras nem tanto. — Alguém aqui é o Shinobi que irá nos acompanhar?! — Gritou um deles. Rapidamente flexionei os joelhos e saltei no ar, de maneira que eu cai na direção deles. Pousei sobre o banco ao lado do condutor, em seguida, apontei o próprio polegar para mim enquanto o homem olhava para mim de olhos arregalados, como se estivesse vendo um fantasma. — Sou eu quem vou acompanhar vocês, seus putos e fracotes! — Falei brevemente.

Então, vi que o condutor do cavalo estava nervoso. — Que foi porra?! — Questionei rudemente. O homem negou a cabeça, eximindo algumas palavras em seguida. — N-Nada não senhor! — Falou, trêmulo. Com isso, alguns viajantes embarcados surgiu pela janela. — Certo! Você parece bem fortão! Então seja bem vindo! Seremos muitos amigos e ficamos gratos com sua proteção! — Falou, acenando com o braço de maneira leve e alegre. — Grr. — Trinquei os dentes. O homem que conduzia na frente, começou a chicotear o cavalo e eu me sentei. Mas o balanço começou a me incomodar, de maneira a me fazer passar mal, tentei segurar a vontade no processo.

A viagem poderia ter sido boa se não fosse o constante sentimento de que eu iria falecer. Tentando resistir a sensação de vômito, eram notórios os constantes inclinares de meu tronco para frente, de maneira que ao estender os lábios para fora da carruagem, vomitava as estranhas para fora devido ao movimento do móvel. Trinquei os dentes com irritação, cerrando os dentes com força devido a situação que eu havia sido posto. Uma missão com deslocamento por móveis ou cargas me deixava irritado e era o tipo de missão que eu detestava, sempre evitava fazê-las, mas, não era sempre que conseguia.

Estávamos subindo alguns morros íngremes. Digo, era possível ver que não nos localizamos em Suna, já estando um pouco distante da Aldeia. As dunas se faziam presentes enquanto o vento trazia consigo o seu som comum, bem como também grãos de areia que grudavam nas vestes e nos cabelos. Mais uma leva de vômito e eu precisei apoiar o tronco contra a madeira com ferro parafusado na borda. Mais vômitos para o campo de areia. Montanhas amarelas nascituras do monte árido se afiam presentes. Eram como desfiladeiros, estávamos subindo em uma velocidade até que razoável, e só esperava que acabasse logo.

Movendo os olhos rubros, ou melhor, castanhos avermelhados, não pude notar nada suspeito. Aproveitei para colocar a mão na boca tentando controlar o enjoô. Uma gota de suor escorreu pela minha bochecha, e eu pude então limpá-la com a costa da mão. A missão estava sendo mais difícil do que aparentava, e o primeiro obstáculo era o meu próprio defeito. Que merda hein. — Ei garoto! Você tem certeza que está bem?! — Questionou o mercador, esticando sua face para fora da janela enquanto sua barbicha longa trançada na cor marrom esvoaçava para lá e pra cá. Suas longas sobrancelhas grossas estavam erguidas indicando tamanha alegria.

— Você não sofre desse problema! Eu não preciso responder essa pergunta merda! Seria mais fácil você cuidar de mim do que de você mesmo não é?! — Gritei, devolvendo no mesmo tom enquanto cerrava os dentes ao final, tentando resistir ao enjoô. — Bravo! Pegue essa cabaça de água! — Falou com um sorriso, esticando o braço e lançando pela carruagem na minha direção.

Ergui o punho, pegando a cabaça com certa rapidez. — Se divirta, meu guarda costas! — Falou animadamente o mercante erguendo a mão no ar para balançar a mesma levemente antes de voltar para dentro. — Grr! Esse idiota! — Ralhei, fazendo uma mácula expressão de raiva. Mas, logo tratei de bebericar a água contente na cabaça depois de retirar o seu tampão. Assim, alguns filetes de água escorreram pelos meus lábios enquanto isso. Coloquei o objeto próximo do assento. O homem conduzia dois cavalos ao lado, estava tudo tranquilo por horas. O mais incrível era que aquela carroça era coligada com mais um vagão, contando com a cabine pessoal do mercante.

Então um brilho surgiu do céu e o vento zuniu, o que me fez arregalar os olhos. Sangue escorreu da minha bochecha e eu olhei para o lado, havia uma adaga fixada por corrente cravada no banco do assento, por pouco não havia acertado meu rosto. — Uh?! Droga! — Resmunguei, observando a sombra que começava a surgir perante minha pessoa. Rapidamente ergui meus braços e cruzei-os em frente ao corpo, bloqueando em seguida um potente chute dado pelo inimigo. Aquilo foi forte o suficiente para me jogar para trás. Sai me estatelado contra o vagão da cabine do mercante e fui parar no último vagão.

Fiquei de pé. Três sombras pousaram sobre o primeiro vagão de madeira, me fitando. O primeiro deles, mais magrelo, seguiu até o condutor e estendeu a alabarda no pescoço do homem. — Continua andando, manito. — Pediu ele, com um sorriso presunçoso enquanto seus fios longos esvoaçavam ao vento. Nervoso, o condutor seguiu, acelerando a velocidade da carruagem. Os outros dois deram algumas risadinhas, fitando a mim. — Um guardião da Areia hein?! Mandariam um ninja para proteger essas mercadorias! Passa pra cá e se renda! — Pediu o cara, girando as duas adagas em suas correntes. Exibi um sorriso. — Tenho cara de puto?! Você deveria ir se foder! — Gritei. — Não tenho medo de matar pirralhos pelutantes como você! — Gritou o ladrão, e este avançou contra mim.

Movendo as mãos, lançou as duas adagas, movimentando duas trajetórias pelas correntes e os punhos. Arregalei os olhos e dei um passo para o lado em seguida de um pequeno salto. Por pouco não fui acertado gravemente. Trinquei os dentes, pois alguns cortes começaram a se abrir na minha pele, no ombro, no peitoral e na coxa. Aquilo era rápido. Aproveitei a oportunidade e disparei com velocidade máxima. Próximo do primeiro adversário, deslizei o corpo para baixo, subindo a perna reta, imbuída de chakra no pé e mirando o queixo do outro. Este prontamente ergueu o punho com a adaga já em mãos, efetuando um bloqueio. Fora por pouco.

— Interessante! Então você não é um pivete comum! — Falou o homem, com um sorrisinho. Dando um passo para trás, ele rapidamente avançou após esse mesmo passo, lançando seus braços contra meu pé e me jogando para trás. — Nyah! — Grunhiu com um sorriso. Em um movimento de braços, ele rapidamente moveu as correntes, de modo a mover também as lâminas nas pontas destas. Não demorou muito para que por instinto, meu corpo se movesse para trás, inclinando a coluna para tal, evitando por pouco uma das lâminas, mas a segunda, passou pelo meu peito, abrindo um jorrar de sangue. — Gah! — Arregalei os olhos, cuspindo sangue.

— Não se distraia! — Falou o ladrão da katana, avançando rapidamente com sua espada em minha direção. Muito fácil falar isso estando com enjôo e náuseas. — Corte da Meia Lua! — Gritou o homem, movendo a espada sob o teto da cabine e evocando uma meia lua crescente em formato de energia. Aquilo me fez arregalar os olhos. Uma pequena explosão aconteceu, mas no momento eu já não estava mais lá. — Acabei com aquele ninja, afinal, ele não era lá grande coisa. Mas olha só, os marcantes estão mesmo aqui. — E inclinando as pernas sobre o rastro deixado por sua espada, observou com ganância a figura assustada do homem mercante e seu parceiro. — Droga! Estamos fritos! — Berrou.

O homem das correntes riu maliciosamente. — Tá na nossa mão. — Falou ele, limpando os lábios com a palma. Na frente, o terceiro,com uma foice na costa, ainda amedrontava o condutor do cavalo. Mas mal sabiam que eu havia usado um truque. Aproveitei e sacrifiquei parte do meu braço para me jogar para baixo, grudando na superfície daquele lugar. Agora, estava na parte debaixo da carroça. A fumaça passava próxima de mim, mas eu estava lá, tentando prender meu sangramento com as roupas rasgadas e arrancadas. — Isso deve bastar … Por hora. — Falei baixinho, cerrando os dentes.

Saindo de fininho, totalmente grudado pelo chakra em meus pés, e corpo, pude me segurar para fora, onde em um salto, voei para o alto, usando as explosões do meu chakra como impulso. O primeiro chute, totalmente explosivo, acertou o ladrão da espada, este voou para longe e bateu em uma parede do desfiladeiro. Pousei sobre o chão e tomei impulso e girei o corpo, não dando tempo para o ladrão das adagas acorrentadas. Acertei suas armas diretamente com um chute de cima para baixo, o acertando em seguida. Mas para melhorar, virei o corpo e chutei, tomando impulso no ar, acertando sua barriga gorda e o explodindo em seguida.

O mesmo girou rapidamente no ar e se estatelou em algum ponto da estrada. O homem que ameaçava o condutor se borrou de medo e simplesmente saltou para fora. Estava segurando o vômito, então vomitei tudo ali mesmo, o motivo pelo qual eu tinha sido acertado tão facilmente, era o enjôo que me atrapalhava. Ofegante, vomitei mais e mais. — Ei garoto! Você nos salvou, mas ainda tá nessa? — Questionou o mercantil, alegremente. — Vai se foder! — Grunhi e vomitei outra vez. Percebi que o enjôo havia diminuído consideravelmente. No fim, tudo correu bem, e eu pude chegar na vilazinha em segurança, bem como proteger o mercante e suas mercadorias. O único problema foi o enjôo constante que tive que lidar, mas não parecia tão escroto quanto da última vez.

Muita coisa aconteceu. Especialmente a última missão. Havia sido uma loucura. Por pouco eu não havia sido morto. Tive que lutar em um transporte de carga, foi uma das coisas mais escrotas que eu já tive na vida. Nunca mais desejaria passar por isso na vida e se eu precisasse fazer outra missão com algum transporte de carga em movimento,a primeira coisa que eu faria era matar o mandante. Ninguém merece esse tipo de coisa por aí não. Pra piorar, por conta disso, eu me machuquei feio demais, o que me fez lutar mal e não dar tudo de mim contra aqueles oponentes.

Eles eram bem fortes para falar a verdade e tinham muita habilidade com as mãos. Era incrível de certa forma como tive que usar grandes armas do meu arsenal para que eu pudesse lutar de maneira adequada. No fim, Fui tratado por um curandeiro na vila vizinha, e se demorasse mais um pouco,eu poderia ter ido pro túmulo muito cedo.

Estava caminhando pela vila com esse pensamento em mente quando um pergaminho caiu do céu. Provavelmente um pássaro mensageiro tinha sido enviado para que eu pudesse apanhar a mensagem, e bem, eu iria ser convocado novamente.  

Abri o pergaminho e então, pude ver melhor qual era daquela missão. E novamente, como sempre eu tinha que lidar com mercantes novamente. Aquilo fez surgir uma veia no meu pescoço novamente, e no momento seguinte eu estava borbulhando de ódio. Com um respirar forte o suficiente para que jwtos de vapor pudessem disparar em alta velocidade pelas narinas, passei a partir pelas casas e construções da aldeia. O vento era bom de sentir, refrescava os ânimos e podia aliviar mais o meu ódio interno. Então, foi um tempo saltando até que eu pudesse estar finalmente no portão, pois a missão exigia que eu pudesse ir para lá.

Não demorou muito, pousei sobre a grande murada da vila, ficando de cócoras e apoiando os braços sobre as coxas enquanto o vento fazia meu casaco laranja vibrar ao mesmo. Então encontrei os mesmos idiotas daquela missão. — Ei! Ei! Menino das explosões! Somos nós de novo! — O homem acenou. Lembrava o nome dele, era Itoshi e o outro que o acompanhava era o Sae. — Ah, vocês os imbecis do caralho. — Falei, após pousar sobre o chão. — Ah, não seja tão grosseiro! Vai! Então, a gente tá com problemas de novo! — Falou o homenzinho, alisando sua barba.

[...]

A explicação era simples. Esses mercantes tem uma estreita ligação com a Aldeia da Areia. Por isso, eles estão sempre perfazendo suas rotas por estas bandas. Conforme explicaram, os ladrões são muito comuns fora da aldeia, e sempre de alguma maneira, tentam emboscar e fazer da vida dos atravessadores de mercadorias um inferno. Como da última vez que aconteceu, eu quase não sai vivo da missão. As coisas ao redor do trabalho estavam bastante nebulosas, mas ao menos consegui consertar tudo, até ser tratado pela equipe médica de um vilarejo vizinho. Agora, essa situação tinha se agravado, e podia manchar a reputação da aldeia para com seus atravessadores de mercadorias.

Então, o plano era sair durante a noite, com algumas mercadorias dadas pela vila. Como essa horda de ladrões já era bem conhecida, o importante era servir de isca. Bem, os mercantes Sae e Itoshi, haviam tido um problema na volta para a vila, onde perderam suas mercadorias, por isso recorreram ao trabalho e ajuda da vila, que foi permitida pelo Kazekage. De sobra, fui escolhido para lidar com essa horda. A lua estava começando a aparecer, as dunas pareciam mais frias, e até mesmo estava usando mais alguns agasalhos. Desta vez, pelo ritmo lento da carroça, me permitia andar ao lado. Então evitava problemas.

O tempo passou e parece que tiveram que parar. Isso porque em um determinado local da estrada, para atrair o dito bandido, um homem apareceu. E com alguma artimanha, ele acabou parando a carroça em movimento, surpreendendo o condutor, que soltou um grito. — Ahh! Droga! — Gritou ele, e um vulto pousou sobre o mesmo, o tombando contra o chão. — Cala a boca, mulherzinha! Eu assaltei vocês da última vez, mas parece que nunca aprendem, não é mesmo? — Falou com um sorriso. — C-cadê os outros?! — Questionou o condutor, e o ladrão usou sua grande mão para o socá-lo. — Eu trabalho sozinho, aquilo que vocês viram era só um truque meu para parecer que tinha mais gente comigo. Burros, caíram direitinho. — E atirou o condutor para fora da carroça.

Com isso, saltou diretamente para a porta da cabine dos mercantes, onde arrancou a porta. — Sem brincadeira, vocês são os mesmos caras de antes, não tô acreditando nisso! São uns jegues! — Falou, sorridente e em algo bom som. — Anda, me passa os… — Estendeu a mão enquanto falava. O que fez o arregalar os olhos no momento seguinte foi a mão que surgiu e parou seu punho. O punho segurava fortemente seu pulso, o impedindo de se mover. E ao lado dele, estava eu. — Peguei você. — Falei.

— Quem caralhos é você?! — Questionou o homem, erguendo uma sobrancelha. Eu parecia sério o suficiente para mostrar para ele que não estava brincando. Quando ele tentou retirar o braço, tudo o que se moveu foi seu punho, tremendo violentamente enquanto tentava sair do lugar. — Esse moleque… — Grunhiu, surpreso. Exibi um sorriso e com a outra mão, o segurei pela camisa e então rotacionei o corpo, lançando o cara diretamente na montanha ao lado, ou o que parecia ser. Talvez também fosse uma rocha. Tudo o que aconteceu foi que o local atingido se partiu em pedaços. Muita poeira foi levantada, bem como vários fragmentos de rocha caíram no chão.

— Parece que não é grande coisa… Deve ser só um li… — Não terminei de falar. Fui acertado no rosto e então, era como se um pedaço de ferro extremamente pesado tivesse acertado meu rosto. Cuspi sangue e soltei mais líquido vermelho pelo nariz, ao mesmo tempo que voei em alta velocidade pelo ar, acertando uma pedra. Antes que eu pudesse me mover novamente, um punho se deslocou por entre a fumaça, me acertando na barriga e cuspindo ainda mais sangue. — Que Deus proteja você, garotinho. — Exibiu um sorriso e soltou meu corpo contra o chão. Foi então que sentiu um filete de sangue escorrer dos seus lábios, ele estava sentindo os efeitos do meu dano depois. Deu meia volta e caminhou até a carroça novamente.

Mas algo parou o homem. Algo agarrou ao seu pé firmemente, e o fez parar. Ao virar o rosto para trás, de maneira a ver quem era, um soco lhe acertou diretamente na bochecha, o empurrando para trás. Alguns dentes voaram no ar, caindo em direção ao chão junto com alguns espirros sangrentos. Eu estava de pé, ainda que sangue estivesse espalhado pelo meu rosto ou pingando. Sentia fortes dores no rosto principalmente na região da barriga. Acho que havia fraturado algumas costelas. — Como ainda pôde estar de pé? — Questionou o homem, erguendo a sobrancelha. — Essa não, o garoto das explosões vai morrer! O plano não vai dar certo! — Gritou Sae, o mercante mais magro que tinha uma longa barba, colocando os dedos em frente ao rosto.

— Cala a boca, Sae! Ele não deve saber disso! — Gritou Itoshi, o mais forte, segurando o amigo pelo colarinho e o balançando. — Entendi. — Falou o ladrão, seu nome era Meguru. E ele agora, estava muito, muito irritado.  Com isso, ergueu meu corpo como se eu fosse um saco de bosta e levantou acima da cabeça. Em seguida, desceu, batendo seu grosso joelho contra minhas duas costelas. Aquilo fez minhas bochechas incharem e em seguida, cuspi muito sangue. — Não me importo que seja só uma criança, não passa de lixo com truquezinhos. — Falou o homem, me erguendo no ar e movendo sua mão pesada, acertando meu braço e fazendo com que eu vomitasse ainda mais sangue. Em seguida me soltou, indo em direção a carroça. — Vou quebrar os dois em migalhas, e levar todas as mercadorias. — Falou, estralando os dedos.

Aquilo era como um déjà vu. Onde eu havia visto uma coisa como aquela? Nas minhas memórias, tudo o que aconteceu me levou para o passado, onde eu poderia defender a minha mãe. Era como uma muralha. Era como algo intransponível diante de mim. Meu pai era como um gigante da força bruta que quebrava todos os ossos do meu corpo quando me agredia. Por isso, precisei tomar as rédeas e ficar mais forte para proteger quem não pode se defender. Com puro esforço, fiquei de pé. Não sentia minha barriga, não sentia meu braço, ambos estavam dormentes, meu braço estava mole. Sangue escorria pelo meu corpo, e eu estava quase beirando o inconsciente.

Uma coisa em comum que muitos lutadores tinham, eram uma tremenda força. Mas eles, não tinham de maneira alguma uma grande velocidade. Nenhum deles conseguiram focar efetivamente em ser forte e ter velocidade ao mesmo tempo. Por isso, avancei sem medo. — VAI SE FODER! NÃO VOU PERMITIR ISSO! — Gritei. O homem arregalou os olhos. Talvez se eu não tivesse elevado minha resistência a nível Sobre-Humano, eu não conseguiria resistir. Rimuru deu meia volta e avançou novamente. — ORA SEU PIVETE!! EU VOU TE QUEBRAR TODO! — Gritou avançando. Movi o corpo abaixo, forçando meu braço quebrado a se deslocar, o que casou um cuspe de sangue, mas valeu a pena. Dando pequenos saltos em alta velocidade, pude evitar os golpes pesados, inclusive, pousei sobre o punho deste e avancei novamente.

Próximo do fim, o homem abriu os braços e quebrou a minha corrida, me deixando sem movimentação no ar. Mas Sae atirou um de suas mercadorias, acertando a nuca de Rimuru, que se distraiu. Aquilo permitiu que eu desviasse por pouco do soco desferido, e essa distração… Estendi o braço para trás e tomei impulso, indo para frente. Movi a perna em um giro e chutei, acertando o pescoço do ladrão. Com a outra mão, segurei seu rosto e grudei ambas pernas contra seu tórax. Com um movimento, seu punho pesado acertou a minha outra costela, o que provocou vômito de sangue. No fim de minha consciência, eu não podia perder. Por isso, joguei minhas duas mãos dentro da boca do cara.

— G-garoto das explosões! — Gritou o mercante Sae, totalmente domado pelo medo. Itoshi o outro mercante chorava, colocando as mãos contra o rosto. — É AGORA OU NUNCA! — Gritei. — HAAAH! — Gritou o bandido, movendo as mãos para tentar segurar minha cintura. Chakra começou a vazar das minhas mãos em alta quantidade. Com isso, dentro do palácio bocal do bandido, o chakra começou a pipocar. Devido a uma memória do passado, a única coisa que eu poderia fazer era matá-lo em um ato de defesa legítima. Na missão, não dizia qual modo que poderia emboscar Rimuru, então eu ia levar só o corpo de volta. Sem uma peça. O chakra pipocando dentro da boca do bandido aumentou e ligou começou a eclodir em esferas violentas de explosões.

Cuspi sangue por estar forçando meu corpo ao meu limite, mas iria dar o meu melhor. Ainda mais pelo meu braço quebrado. — GAAAAAH! — Gritei. E então, um cone de explosões se sucederam, rasgando a carne e saindo para fora,arrancando pedaços do que seria a estrutura cerebral do homem. Já sem sinais de consciência, meu corpo caiu para trás enquanto o chão se partia. O corpo de Rimuru tombava para trás, jorrando sangue em um chafariz. Então não vi mais nada.

Será que eu havia me saído bem?

[...]

Acordei. Pisquei algumas vezes. O sol era muito forte na janela. Gekkou, meu antigo instrutor de missões estava lá, sentado na cadeira. Me olhava de cima. — É você, seu puto. Há quanto tempo não vejo essa sua cara de bucho. Hehe. — Soltei uma risada. Rir doía. Notei que meu corpo estava com faixas, algumas partes, com gesso. — Oh! Você está vivo e bem! Consciência está com você, Uraku Raoureki! A missão foi um sucesso. Você se saiu bem, os mercantes me contaram que teve um embate difícil…. Sua mãe saiu para comprar comidas.— Falou, sem jeito. — Bom, eu tinha que ganhar. Vou voltar a dormir. — Seco, fechei meus olhos novamente.