---

Minha carreira como chunnin estava gerando frutos e não podia negar que fiquei satisfeito com os resultados até então, afinal de contas pude me desafiar em missões de vida ou morte que me trouxeram a emoção que eu tanto buscava, mesmo que em alguns casos sentisse que ainda não tinha chegado exatamente onde queria, porém certamente já era melhor do que as missões que eu executava enquanto gennin.

---

Seja como for, além das missões eu também andava tentando progredir em minhas habilidades como um shinobi e superar uma de minhas deficiências, uma delas obviamente era a dificuldade com disfarces, no dia anterior percebi que possuía dificuldade até mesmo para me transformar em um simples vaso de flores igual a outro mesmo tendo o visto previamente.

---

Para progredir na solução desse problema fui até o centro da vila onde o fluxo de pessoas era maior e existiam alguns comércios, em uma mureta havia algumas estátuas de pedra no formato de pássaros, parecia um pouco mais simples já que todas eram cinzas e não se moviam. - Hummm, talvez eu possa começar com isso… - Murmurei comigo mesmo. Me posicionei próximo a mureta e visualizei bem as estátuas tentando gravar suas cores e formato, tentei até mesmo gravar seus detalhes como a mulher da floricultura tinha me instruído, coisas como algumas lascas quebradas por exemplo.

---

- Henge no jutsu. - Puuf! E lá estavam eu, uma bela estátua de passarinho sobre a mureta. Conforme as pessoas passavam pela rua percebi que eu estava atraindo olhares curiosos, o que me fazia questionar o motivo por trás disso, porém mantive o jutsu. Em determinado momento um garotinho com seu pai pararam na frente de onde eu estava transformado. - Papai, por que essa estátua é diferente? - Questionou o menino. - Huuum, você tem razão, essa aqui tem algumas penas a mais e seu bico está quebrado, será que alguém vandalizou? - Um bico quebrado? Penas a mais? Droga talvez eu tenha exagerado um pouco nos detalhes até demais…

---

Mais algum tempo passou e então desfiz a transformação. - Acho que os detalhes são importantes, mas são apenas isso, detalhes… - O meu erro da vez não tinha sido esquecer dos detalhes, mas exagerar neles. As estátuas tinham pequenas lascas quebradas e eu exagerei destruindo uma parte inteira, além disso as penas eram discretas e eu as fiz mais chamativas, a sutileza do disfarce estava então em não se destacar mas sim em se misturar, para se misturar os detalhes deviam estar na medida certa. - Aarg, certo da próxima eu com certeza acerto a mão. - E com mais esse aprendizado dei por encerrado por hoje, pois ainda existia uma missão que requer minha atenção.

---

A missão do dia era um pouco diferente das demais e também delicada, não que as anteriores também não possuíssem seu grau de periculosidade, mas essa em específico era delicada já que se tratava de uma tentativa de revolução, rebelião, golpe ou seja lá como queiram interpretar. - Seja lá quem estiver por trás disso tem coragem, ou é simplesmente louco. - Difamar os líderes da vila de forma tão aberta era um crime grave e podia trazer problemas sérios se mais pessoas se juntassem à sua causa, ou seja, eu precisava resolver isso logo antes que mais pessoas comprassem a ideia e a vila fosse envolvida em um caos generalizado.

---

Comecei a missão andando pela vila procurando esses panfletos, pelo que fui informado alguns deles estavam espalhados por aí, porém ainda não eram tantos, pelo menos não havia encontrado nenhum no centro da vila onde o fluxo era maior, provavelmente o criminoso estava operando na súdita tentando começar por baixo para não chamar muita atenção, uma atitude inteligente e covarde. - Me pergunto que tipo de idiota está fazendo isso. - A dúvida era genuína, pois era atitude imprudente que poderia trazer danos severos a vila, ainda mais dependendo da fonte por trás dessas informações, seria um cidadão infeliz, um inimigo de outra vila ou um funcionário vazando informações do gabinete? Eram muitas as hipóteses, mas eu precisaria encontrá-lo primeiro para confrontá-lo e tirar a prova.

---

Como não existiam pistas no centro da cidade fui caminhando por locais menos movimentados, como alguns bairros mais afastados e algumas vielas onde só os habitantes realmente frequentavam. Nos primeiros minutos tudo parecia em ordem e não percebi nenhum tipo de panfleto ou manifesto. - Será que realmente existe um movimento rebelde? - Me questionei da veracidade das informações que eu tinha recebido, mas se estavam pagando para investigar então eu precisava fazer meu trabalho.

---

Mais alguns minutos se passaram e eu já estava em um bairro onde sequer haviam pessoas nas ruas, olhando em volta eu podia perceber alguns olhares por frestas nas janelas. - “Heee… Assustador.” - Pensei comigo mesmo enquanto olhava de forma discreta para não chamar atenção indesejada, apesar de que pelo visto minha mera presença já era o suficiente para isso.

---

Em determinado momento da minha caminhada eu pisei em algo estranho que grudou no meu pé quando o levantei. - Ha? - Arqueei uma das sobrancelhas. Era um papel sujo de lama, curioso me abaixei e o puxei para verificar do que se tratava. - Veja só, isso aqui certamente é alguma coisa. - Olhei com surpresa e curiosidade, eu finalmente tinha encontrado o que buscava: um panfleto bem chamativo com palavras fortes e o que parecia ser uma tentativa de incitar o ódio da população. - Parece que não era apenas um boato no fim das contas.

---

O panfleto estava um pouco sujo e não dava para entender bem tudo o que estava escrito, mas estava claro algumas palavras e frases como: corrupção, seus líderes mentem para vocês, os shinobis da folha alguma coisa e bla bla bla. - Quanta besteira. - Amassei o papel e joguei em uma lata de lixo próxima. - Agora entendi porque não estavam espalhando isso no centro da vila, eles estão mirando nos mais pobres. - Olhei em volta e percebi algumas frestas que antes estavam sendo utilizadas para me bisbilhotar se fechando. - E ele parece estar indo bem… - Cocei a cabeça em meio a um suspiro, pelo visto isso seria mais complicado do que imaginei inicialmente.

---

Continuei caminhando pelas vielas dos bairros mais isolados, pois agora pelo menos eu tinha uma pista de que o alvo deles eram essas pessoas nos bairros mais pobres da vila, de fato uma tática inteligente já que eram pessoas esquecidas e até vandalizadas, qualquer um incitando o ódio e prometendo melhorias os compraria facilmente. - “E então, por que está fazendo isso? É realmente um ataque inimigo usando as favelas?” - O motivo estava um pouco mais claro agora, mas ainda precisava chegar ao centro do problema, se fosse realmente um inimigo querendo começar uma rebelião interna as coisas seriam mais fáceis, mas se não fosse o caso… Bem, aí eu realmente teria um problema.  

---

Em determinado momento eu comecei a ouvir um barulho estranho, pareciam cochichos em um beco. - “Pessoas cochichando em um beco nunca é um bom sinal.” - Me aproximei do grupo composto por quatro sujeitos. - Qual é o grande assunto do dia? - Me aproximei mantendo um leve sorriso no rosto, mas eles me ignoraram e começaram a caminhar olhando para trás com o canto de olho.

---

Nesse momento percebi que havia um panfleto da tal revolução preso na parede do beco, me aproximei e puxei o papel. - Os líderes da vila mentem. - Li o que estava escrito no cartaz em voz alta. - É sobre isso que estavam falando? - Um dos rapazes parou e me encarou de volta. - E se for? Vai fazer o que, nos matar? - Os outros tentaram impedi-lo puxando-o pelo braço e pedindo que fique em silêncio. O sujeito que tomou a frente ainda era jovem, talvez poucos anos mais velho do que eu e no geral parecia um jovem comum da aldeia. - E por que eu faria isso? Por que esse papel está dizendo que os shinobis são lacaios da administração corrupta? Sério? - Balancei o papel no ar.

---

O grupo continuou cochichando e tentando puxar o rapaz que me confrontava. - Escuta eu não vou machucar vocês, nenhum shinobi da folha vai, nós lutamos pelo bem da vila e nada mais. - Tentei acalmar os ânimos do grupo, mas parecia inútil. - Ha! Mentiras! - Exclamou o garoto. - Sério… - Murmurei comigo mesmo. - Vocês por acaso já viram algum shinobi fazendo alguma coisa contra o povo? Se sim me digam quem era que eu mesmo resolverei isso. - Mantive uma postura séria, algo que era até incomum pra mim, mas o grupo apenas ficou em silêncio e desviou o olhar. - A pessoa por trás desses panfletos está mentindo, me digam quem é, preciso saber se é uma pessoa que realmente sabe de algo ou está apenas espalhando mentiras. - Insisti, mas novamente só obtive silêncio em resposta e o grupo apenas se afastou e sumiu nas vielas.

---

A influência do manifestante já estava tomando conta das pessoas daquela região e eu precisava agir rápido ou as coisas poderiam realmente ficar sérias. Voltei a caminhar pelas ruas, agora um pouco mais rápido até que ouvi uma voz vinda de um beco. - Ei, ei, você vem aqui. - Olhei em volta e notei uma silhueta escondida. - O que você faz aí? - Questionei enquanto me aproximava. - Não se aproxime muito, não quero que me vejam, finja que não está vendo ninguém. - Não entendi bem o que queria dizer, mas aceitei seus termos e virei o rosto.

---

- Se você quer encontrar quem está por trás da manifestação vá até esse endereço. - A pessoa no beco jogou um papelzinho no chão. - Seja rápido, as pessoas estão começando a acreditar, mas eu vi… - A figura misteriosa  olhou em volta como se estivesse tentando conferir se não estava sendo perseguida. - Ele tinha uma bandana estranha escondida na mochila, talvez uma vila pequena das redondezas. - Aquela informação era realmente interessante,mas eu ainda precisava conferir com meus próprios olhos para ter certeza.

---

- Certo, agradeço a ajuda e vou conferir. - Me abaixei para pegar o papel. - E obrigado. - Quando me levantei e olhei para cima a pessoa já não estava mais lá. - Ok isso está ficando realmente estranho. - Talvez fosse uma das pessoas do beco de antes? Quem sabe, o importante era que o papel tinha um endereço e comecei a rumar em sua direção, pelo visto as coisas ficariam agitadas muito em breve.

---

O local que o bilhete indicava era uma casa comum a primeira vista, olhei em volta para ver se não era nenhuma armadilha ou pegadinha, mas não notei nada suspeito. - Essa situação toda é suspeita… - Murmurei comigo mesmo e logo em seguida bati na porta. Demorou alguns segundos até eu começar a ouvir passos do lado de dentro e logo em seguida um cochicho. - Drogas eles acharam a gente! - Aquela era minha deixa.

---

A areia de ferro que carregava comigo avançou derrubando a porta. - Oi de casa, espero que não se importe mas vi a porta aberta e já fui entrando. - No momento em que terminei de falar uma kunai voou em minha direção, um movimento inútil que foi parado pela areia. - É assim que você dá as boas vindas às visitas? - Questionei pegando a kunai que minha areia bloqueou. - Não me lembro de ter convidado você. - Um sujeito esguio de olhos profundos e vestido com maltrapilhos foi o responsável, atrás dele uma mulher estava recolhendo alguns papéis com pressa, provavelmente mais cópias da manifestação.

---

- Vocês vão ter que vir comigo por incitar o ódio e espalhar mentiras sobre os superiores da vila. - Cruzei os braços e a areia que me cobria começou a oscilar quase como se estivesse viva. - Há, o caralho que vamos! Raiton! - E então um raio partiu de um de seus braços, bateu na minha barreira de areia e a espalhou pela sala, um pouco do seu raio ainda conseguiu atravessar minha defesa e atingir meu ombro de raspão. - Tsc. - Claro, ele tinha que ser usuário de raiton. - Então vocês escolherem de forma difícil, ótimo eu também prefiro ela.

---

As técnicas de Raiton podiam ser um problema, mas apenas se fossem fortes o suficiente para superar meu magnetismo. - Faça isso ser interessante pelo menos. - Minha areia de ferro então começou a avançar, o interior da casa era pequeno então foi fácil cobrir o terreno diminuindo as rotas de fuga do meu adversário.

---

Encurralado tudo que o meliante foi capaz de fazer foi atacar, lançando algumas shurikens imbuídas com raiton, porém o reflexo de areia era mais do que o suficiente para impedi-lo. - Um raiton desse nível nunca vai passar pela minha areia. - Ergui a mão direita e a areia de ferro pulou sobre ele como uma onda. - Sabaku Kyu! - Em um último ato desesperado o rapaz ainda tentou contra-atacar com outro golpe elétrico, mas era tarde, a areia já tinha lhe envolvido até a cabeça.

---

A areia de ferro lhe apertava cada vez mais, até chegar ao ponto de provocar um estalo, a mulher que estava dentro do quarto embalando os papéis veio correndo. - Para por favor, não o mate eu imploro! - Ela se jogou no chão, ajoelhando e implorando pela vida do seu companheiro. - Se ajoelhando na frente do inimigo? Isso é… Decepcionante. - Olhei com desgosto aquela cena, comparado às minhas outras missões essa tinha sido uma decepção, pelo visto aquelas pessoas só eram bons em espalhar mentiras. - Eu imploro! Nós fomos obrigados a fazer isso, eu juro! - Suspirei fundo e liberei meu jutsu, porém o rapaz já estava inconsciente. - Que seja, não é pra mim que vocês precisam explicar qualquer coisa. Só estou aqui para capturá-los. - Enrolei a dupla com minha areia de ferro e os trouxe comigo, minha missão era apenas prendê-los, a inteligência cuidaria do resto e assim o fiz lhes entregando para as autoridades e concluindo mais um trabalho.