As batidas na porta trouxeram uma carga extra de peso ao ambiente, que já estava mórbido. A Sombra, que estava de costas para a entrada, olhando para fora pela grande janela atrás de sua mesa, nada falou, apenas esperando para ver do que se tratava. Ouviu atentamente cada uma das palavras, sem se virar em momento nenhum para olhar a garota diretamente.

- Muito bem Jaina, eu... - ele parou, enquanto olhava para ela por cima do ombro, de repente omando um tom mais sombrio novamente - Não... é muito cedo. Apenas tome minha palavra como garantia de que você está mais segura sem saber de muita coisa... pelo menos por agora. Mas a hora virá, e não tardará, em que você e os da sua linhagem precisarão se levantar. Iwagakure precisará de vocês, apenas lembre-se disso.

Ao fim das palavras, ele se afastou da janela, sentando novamente em sua mesa enquanto procurava por alguns formulários, as fichas dos novos ninjas da Pedra.

- E por falar neles, vou pedir que você treine alguns desses novatos. Precisamos deles em forma, pois estamos em guerra e podemos ser atacados à qualquer momento. Isso é segredo de alto escalão, mas... em breve vai haver uma reunião entre os Kages de todas as Cinco Nações, após isso... você terá mais repsostas - disse, com o olhar vago e distante, e o rosto escondido na escuridão provida por seu estranho chapéu - Então antes de ir... preciso que cuide de algo. Encontre Pandora, e diga que são ordens minhas. Quando vocês se reunirem, um pergaminho lhes será entregue com os detalhes. Confio em vocês - agora falava abrindo um estranho sorriso no rosto, claramente escondendo mais por trás de suas palavras.

Considerações:

Assim que a primeira saiu, a segunda entrou. Aquela família parecia ter um imã para problemas. Sua irreverência reforçou os pensamentos da Sombra sobre o coração da garota; uma rebelde sem causa. Após todo o show, porém, sua postura mudou rapidamente. Seus olhos mudaram.

O loiro se afastou, voltando para a janela, de costas para a garota. Suspirou pesado, com as mãos massageando as têmporas de sua cabeça enquanto seus olhos permaneciam fechados.

- Eu teria todas as razões do mundo para jogar você em uma cela qualquer de prisão, e deixar você apodrecer por muito tempo lá. É o que costumamos fazer com traidores - soltou as mãos da cabeça, olhando agora para a garota do canto do olho por cima do ombro, com o olhar sérioe e fechado - Mas vou te dar a chance de se redimir. Até por que... se deixasse você na cadeia agora, só serviria para lhe oferecer de banddeja à eles - falou, guardando mistério sobre o que suas palavras enigmáticas significavam - Pegue este pergaminho, e vá para a fronteira do Páis da Terra, na região sudeste. Quando chegar lá, abra-o. Está dispensada - falou, enquanto jogava um pergaminho selado com seu chakra para a garota por cima do ombro, ainda de costas para ela - Se voltar viva... será recompensada com serviçoes epseciais que sei que vai gostar de realizar.

Considerações:

O loiro estava sentado em sua mesa, atendendo aos seus deveres enquanto preenchia relatórios; assuntos burocráticos. Foi pego de surpresa quando a porta foi aberta abruptamente, sem aviso prévio. Em sequência Jaina adentrou o gabinete sem um pingo de pudor, disparando uma longa enxurrada de informações, boa parte sobre o que ela não tinha o mínimo conhecimento. O homem arregalou os olhos em reação ao ouvir uma uma "marca" em Pandora; as coisas esstava indo rápido demais.

Ele se levantou, deixando o silêncio tomar o ambiente, enquanto se aproximava da ggrande janela atrás de sua mesa. Olhando pela vidraça, observou toda a extensão da Pedra, vila a qual dedicou 10 longos anos de sua vida à proteger. Ele desapareceu em um movimento rápido, e reapareceu logo atrás de Jaina, com uma kunai no pescoço da jovem Kunoichi.

- Você fala de assuntos dos quais não tem o mínimo conhecimento, garota. Você não faz ideia do quanto essa vila está afundada em corrupção, segredos e mentiras. Não imagina o quanto tudo isso já estava feio quando eu assumi aquele chapéu. O quanto eu lutei para desatar as cordas que prendiam esse cargo à mentiras e joguinhos políticos. Entra aqui arrotando sua arrogância, como seus ancestrais e parentes fizeram; típico de Uchihas. Você não entende, não é? Esses seus inocentes olhos não podem ver nada. Não se trata de saber ou não a verdade; se trata de como você vai lidar com o que sabe, mas que não deveria saber. - vociferou, irritado.

Soltou-a, se afastando lentamente de volta à janela atrás de sua mesa.

- Eu não tenho as repsostas que você busca. Ou, talvez, não as possa dar. Mas há outra forma de descobrir. Embora você possa... se arrepender. Tem certeza de que deseja descobrir?

Ele escondeu, mas seu rosto demonstrava tristeza. Não, tristeza não;

Pesar.

Considerações:

Os olhos vazios assistiam à imagem do Vilarejo se formando no horizonte, conforme a luz do luar alumiava as ruas da Pedra. O vento balançou seus cabelos enquanto o homem correu os olhos pelas ruas que se estendiam abaixo do desfiladeiro onde estava.

- Vamos, Terukami. Está na hora. - Shin ordenou por baixo da máscara, assistindo enquanto seu servo obedientemente saltava lá para baixo. - É hora de começarmos à girar as chaves.

Precedido por seu servo fiél, o mascarado se lançou abaixo do penhasco, sumindo em meio à fina camada de orvalho da noite. Uma explosão ocorreu no Centro da Vila, lançando destroços da parede do Hospital por todos os lados. Cahmas se iniciaram na abertura improvisada, e foi por lá que Terukami fez sua entrada no edifício. Papéis bombas foram deixados para trás como rastros de sua passagem, explodindo diversos quartos e salas, ceifando vidas inocentes no processo.

Sua missão estava iniciada.

Não tão distante dali, a máscara de porcelana estampando um sorriso enigmático fez seu caminho tranquilamente pelos corredores do prédio central da administração, deixando o eco dos passos ser o único som no ambiente. Ao fim de seu destino, enxergava a porta que marcava sua chegada; a entrada do gabinete da Sombra. A quietude e silêncio dali apenas faziam com que a pressão do ambiente aumentasse, causando um nó na garganta de qualquer um. Cessou seu andar bem em frente à entrada da sala. Sabia que o homem que buscava estaria ali - ele sempre estava. Sem batidas na porta, seu corpo desapareceu em pleno ar, em um pequeno vórtice, e reapareceu no interior, atrás da cadeira onde o loiro se sentava.

- Boa noite, senhor Tsuchikage.

O ranger dos pés do loiro sob o piso de madeira foi como um réquiem aos ouvidos do mascarado. Ver como as sombras se comportavam diante dele era intrigante, diria. Seus olhos negros brilharam por trás da porcelana, enquanto desviava a atenção para a janela atrás dele, observando as ruas vazias. À uma hora daquelas, poucos agiam.

Mas ele certamente não era como os demais.

Colocou suas mãos dentro dos bolsos do sobretudo preto, dando alguns passos em direção à vista, para longe da Sombra; não havia poder o suficiente nele para representar uma ameaça real. Pelo menos ainda não. A pergunta, que veio tão ríspida quanto o olhar do líder local, foi deixada sem resposta por alguns instantes. A presença da Verdade era aterradora, e ele sabia disso; por mais que o outro tentasse talhar uma imagem diferente, devia estar quase sufocando com a pressão de suas capacidades sensoriais. Um revés irônico.- Desculpe o estrago - Apontou o dedo para o fumo que subia do Hospital - ..., mas um encontro como esse não seria a mesma coisa se fôssemos interrompidos.

Sua reação demonstrava o quanto era implacável. Ele sequer titubeou na resposta, sua voz era tão calma que chegava ao estado de serenidade. Poucos homens eram capazes daquilo diante de uma das cinco Sombras. - Me chamo Shin, e estamos aqui para falar de negócios. Há uma guerra vindo, Urahara - Com a citação do primeiro nome, levou a conversa à um nível diferente; de algum modo, ele conhecia o loiro - E preciso de você para vencê-la.

Mesmo enquanto se comunicava, o homem permanecia de costas. Nas laterais da máscara, as madeixas negras de cabelo balançavam com a brisa que penetrava pelas frestas da janela. Assim como o vento, o destino ali estava em movimento, seguindo seu curso. E agora era hora deste curso ser definido.

- Oh, interessante. - A figura mascarada comentou, enquanto percebia o chakra do outro se expandindo como uma forma de ameaça. Pífia, sem sucesso e incapaz de assustar alguém que já viu tudo o que ele havia visto, mas a tentativa era válida. - Não é azul. - Findou, retirando uma das mãos do bolso.

Percebeu detalhadamente a intenção ofensiva, e não se conturbou com tal. Podia notar a perturbação no chakra do homem; sabia que não era apenas a ansiedade de atacar um oponente tão próximo, mas também o efeito do sensoriamento da Sombra sentindo as reservas de chakra do invasor. Suspirou brevemente, enquanto observava o vulto se movendo pela janela. - Bem, uma guerra é feita de várias batalhas... - interrompeu o discurso quando a lâmina cortou o ar pela sua lateral. Uma Sombra se fazia seu antagonista, mas nem isso era capaz de alterar sua postura. Os muitos anos de experiência em campos de batalha, diante de inimigos verdadeiramente perigosos, e até perdido entre esse e outro mundo, o fizeram perceber que pessoas como o homem ao seu lado eram apenas peças em um tabuleiro maior. Muito maior. ..., e esta se fazia necessária.

Sua mão ergueu-se, e a parte de trás de sua luva, onde era composta de metal, rivalizou a força atacante da espada, parando-a logo antes de seu pescoço sem grandes dificuldades. - Acho que posso ser um pouco mais claro, vai facilitar as coisas. Eu me chamo Shin, mais conhecido como... - pausou, virando sua cabeça na direção do loiro lentamente, deixando as orbes negras por trás da porcelana penetrarem os olhos parcialmente escondidos pelo chapéu - ... Shodai Hokage.

A melhor ofensiva contra um homem não se baseia em ferir sua carne. Consiste em destruir sua mente. Essa era a essência das habilidades do clã do líder daquele local, e também a mais valiosa lição que o mascarado aprendeu em seus anos como chefe de estado. Um filete de sangue escorreu por baixo de sua luva; quem sabe aquela Sombra fosse um pouco mais promissora do que ele esparava. - Palavras vão ao vento, eu suponho. - Respondeu em consenso com a dúvida disparada pelo loiro. - Mas não há como duvidar, se seus próprios olhos verem, não é?

O brilho por trás da porcelana mudou; as orbes negras de antes ganharam uma intensa radiação carmesin, que deixava um rastro com o mover do corpo da figura, que se lançou para o lado quando a ofensiva veio. - Subestimar alguém que carrega um mesmo chapéu que eu carreguei é um erro que não cometerei. - Após as palavras, de sua boca saiu uma onda de vento cortante, que bateu de frente contra as chamas do outro, dissipando-as em volta do ambiente. As janelas e parede em volta, no fundo da sala, irromperam em destroços que foram arremessados para fora com a força do choque das técnicas. Qualquer um que presenciasse a cena poderia discernir; estavam lutando em uma realidade completamente diferente dos shinobis comuns. Lutavam como em um duelo de Sombras. Os olhos do mascarado captaram a intenção do loiro, e este se lançou para fora da brecha aberta na parede. Com um pouco de chakra nas solas, prendeu-se à parte superior da parede e se dirigiu para o telhado do prédio, aguardando que seu antagonista o seguisse.

Suspirou, vendo as pequenas gotas de chuvisco começarem a despencar, molhando seu cabelo. Isso o lembrava daquele dia. Assim que Urahara se aproximasse, olharia no fundo de seus olhos, transmitindo suas memórias para ele de quando governava a Folha com mão de ferro. Dos dias em que a fundou com seus então aliados, de cada batalha e guerra que venceu por ela, e de cada conquista obtida lá. O genjutsu não seria uma mera ilusão, e a outra Sombra poderia discernir isso pela clareza das sensações nas memórias. - Percebe agora, Urahara? O tolo aqui é você. - Disse, cortando a distância entre os dois como um vulto fantasmagórico, desferindo uma joelhada na direção do estômago do homem. Suas mãos se juntaram tecendo os selos que deram vida à uma bola de ar vinda de sua boca como um disparo à queima roupa. O mascarado usou do impulso para levar seu corpo de volta para trás, aguaradando pelo desfecho.

- Você sabe por quê eu estou aqui, não sou seus pobres cães para quem você precisa encenar. Eu vim pela marca que você carrega nas costas. Quatorze anos atrás...

Com poucos movimentos, a batalha já tomava proporções visíveis por todos em volta. O palco do show estava posto e, com a cortina erguida, a plateia começava a se aproximar para contemplar. Os olhos vermelho-sangue romperam a escuridão daquela noite, assistindo a defesa abrupta do loiro. Por dentro da máscara, manteve-se sério e implacável. Cada segundo despendido naquela luta o fazia ter mais certeza de que subestimá-lo, mesmo que não tendo forças o bastante para vencer, seria um erro. Do tipo que custa caro. Sua boca inflou-se, e ele sabia o que vinha à seguir. - Muito bem, vamos jogar seu jogo. Mas, em minha defesa, eu tentei lhe advertir.

Sua destra cortou o ar de cima à baixo, produzindo uma lâmina de ar que rasgou a cortina de cinzas ao meio. Mas, para a surpresa de seu antagonista, não se moveu, não fugiu, sequer utilizou qualquer técnica. Seus olhos ainda tocavam-se com o da Sombra; ele era perspicaz, poucos eram capazes de identificar e desvencilhar-se de um genjutsu dele com tamanha facilidade. O que só contribuía para lembra-lhe de outra Sombra, presente em seu passado. Assistiu enquanto o chakra era lançado do corpo de Urahara. A capacidade sensorial do mascarado lhe permitia saber o momento preciso em que ocorreria o contato, então ele apenas fecharia seus olhos, mergulhando no mundo interior.

Por mais que aquela não fosse a técnica padrão de transferência mental, ele sabia que o algoz seria capaz de ver e ouvir tudo. Cada lembrança, cada memória, cada canto negro daquela mente que tanto viu. O que ele talvez não soubesse, é que a Vontade de ferro daquele homem poderia esmagá-lo facilmente ali dentro. Talvez não ter usado a Transferência Mental tenha sido uma boa escolha, para ele ao menos. Mas, por alguns breves instantes, ele permitiu que o outro ficasse ali, não para provar nada, mas para que as cartas na mesa fossem dadas por ele, e não o contrário. Assim que alcançasse o pretendido, despediria a técnica do Tsuchikage para fora, abrindo os olhos outro vez. - Como agora deve saber, eu sei de muitas coisas, Urahara. - Disparou duas kunais na direção do loiro, mas que estranhamente desaparecem em pleno ar, no meio do caminho. Suas mãos teciam selos com velocidade absurda; sua boca soprou uma cortina de poeira que avançou rapidamente para frente, rasgando a distância entre os dois, mirando rasgar-lhe o corpo ao meio. Quaisquer que fossem seus movimentos defensivos, assim que ele oferecesse qualquer brecha, o loiro veria um pequeno vórtice surgir bem acima dele, e as duas kunais reaparecendo, mirando cravarem suas lâminas nos ombos do homem, uma em cada lado.

- Eu sei sobre o pequeno fardo que você carrega no seu corpo. Eu sei o que você precisou aceitar para ser chamado de Sombra. - Disse, desaparecendo outra vez diante das vistas de seu adversário. - E é por isso que eu vim. O poder que eu busco, está atrás desta fechadura. - Disse, reaparecendo imediatamente atrás do homem, tocando suas costas com a destra, no exato ponto onde a marca repousava. - Tudo poderia ser mais fácil, se aceitasse cooperar com isso.

Jutsu usado:

Uma gargalhada quase escapou por trás da máscara de porcelana. Por mais difícil que fosse, o homem se conteve. Mas era inegável; Uraha agora sabia. Ele havia visto, sentido. Entendido. Ele estava diante de mais que apenas um homem. Ele estava diante de — Um deus. - Disse, para que seu algoz pudesse ouvir antes do ataque. Seus pés tocaram o pouco sangue do loiro, sob o concreto molhado do telhado. O som das gotas de água batendo contra o solo se misturava ao das explosões vindas do Centro da Vila; Terukami estava ocupado.

— Última chance, Urahara. - Alertou, quando percebeu a alteração no mesmo solo de concreto. Suas mãos desenharam os selos, e o solo se converteu de lama para algo arenoso. Como um redemoinho, tudo foi sugado para dentro, levando a lama toda embora. O mar de chamas disparado pelo homem veio impetuosamente, e com apenas uma das mãos, outra série de selos foi realizada, e uma parede de vento se ergueu do chão, levando as labaredas para o céu. Uma pequena explosão tomou lugar, graças à mistura dos dois elementos, causando uma forte e breve iluminação sob todo o céu do vilarejo. — Chega de jogos. Por que não para com o teatro? Você, dentre os cinco Kages da última geração, é o único que sabe a verdade. Você sabe o que está escondido em seu corpo - Bradou, enquanto corria em alta velocidade. Seu corpo realizou movimentos em zigue-zague, buscando confundir o outro enquanto avançava. Assim que se aproximasse o bastante, uma pequena bola de ar deixaria sua boca, em linha reta, contra o outro. Usaria do momento em que ele se esquivasse do ataque simples para desaparecer em outro daqueles vórtices, reaparecendo atrás do mesmo. Um soco seria desferido contra seu rosto, acompanhado de outra joelhada contra seu estômago; o objetivo era jogá-lo para longe. Oculto em sua mão, porém, estavam dois papéis-bomba que seriam presos no corpo do outro quando o primeiro soco conectasse.

— Pare de bancar o durão. Você viu com seus próprios olhos, sabe com quem está lidando. Você só está vivo ainda porquê estou permitindo. Mas lhe aconselho… — Disse, removendo a máscara com sua destra, desferindo-lhe o olhar penetrante que Urahara encontrou momentos antes, no interior de sua mente. … não abuse da sorte. - Com o fim da ameaça, um forte sakki se espalharia pelo campo de batalha improvisado, agora composto de um solo instável.

Jutsus usados:

— O preço do poder é alto, não é? - A referência trazia de volta as lembranças do dia em que o selo que o loiro carregava nas costas lhe foi atribuído. — Eu sei sobre o preço que pagou para vestir esse chapéu, Urahara. Mas tudo bem, já que insiste, há outras formas de fazer isso. Seus olhos escrutaram a Sombra, em sua tentativa de um grande cartada final. Era engraçado, ver como os peões se debatiam insistente e incansávelmente no tabueleiro, buscando uma posição que não era sua. Buscando um destino que não lhes pertencia. A mascara de porcelana retornou ao rosto dele, enquanto analisava a áura diferente que surgia em torno do homem. Mais do que isso. O olhar seguro, confiante. Ele estava prestes à fazer seu último movimento, e isso estava nítido. Os olhos do mais velho se arregalaram quando o calor intenso teve início, com o princípio das chamas incandescentes que o cercaram rapidamente. Seus olhos buscaram seu poder defensivo máximo, o trunfo que o fez vencer até mesmo o homem mais forte. Por alguns poucos segundos, as chamas nada lhe fizeram. Mas foi ai que perdeu sua postura indiferente.

Seus punhos se fecharam, e sentiu a pele esquentar. O fogo o tocou, e seu corpo todo foi abraçado pelas labaredas, como uma fogueira viva. A tormenta de chamas se ergueu até o céu, abrasando gritos de dor da figura que agora não passava de um pilha de cinzas escuras, empilhadas sob o teto do Gabinete do Tsuchikage. Um alívio certamente se estamparia no rosto do líder da Vila, ao perceber que seu ataque fora bem sucedido. A Pedra e, talvez o mundo todo, estavam salvos. O grande herói já podia ser condecorado. Enquanto tentava se recompôr, porém, sentiu uma mão tocar seu ombro. — Eu já estive lá. - Replicou sobre o purgatório. — Mas consegui escapar. E o homem que procuro também esteve. A voz mórbida deu lugar ao silêncio utópico, desolador. Apenas o som da chuva podia ser ouvido. Nem um único músculo do corpo de ambos se moveu; no lugar das cinzas onde seus restos estavam, agora não havia nada. — Eu lhe avisei. Você está lidando com um deus. - A mão deixou o ombro da sombra. Recuou o punho para trás, e quando voltou, atravessou o peito o homem com um soco, rasgando-lhe de um lado ao outro. — Eu vou construir um novo mundo. Das cinzas deste, que será queimado, começando com o Fim (Owari), eu reconstruirei tudo. - Agora falava em um tom ríspido, quase gritando, agressivo, em total contraste à postura de antes. A marca nas costas de Uraha brilhou intesamente, quase à ponto de cegar o outro, e a marca negra desenhada em sua pele sumiu. Um feixe de luz se expandiu, quase como uma explosão, iluminando até os céus. — Quatorze anos atrás... - recitou, sabendo que seriam as últimas palavras que o loiro ouviria antes de partir para o próximo mundo. — Você, Shanks, Rukia, Lawliet e Katara aceitaram o fardo de se tornarem a nova geração de Kages. Os anteriores foram depostos em termos do tratado de paz mundial, uma exigência do mundo. Isso, todos sabem. Mas o que só vocês sabiam, é que um selo foi separado entre vocês cinco, não é? Uma tranca embutida nos seus corpos. E o que apenas você sabia... era que essa tranca está prendendo um poder mosntruoso, além da compreensão de qualquer um. Algo maior, algo desconhecido. Até agora. - O homem, que portava vestes meio queimadas, e a máscara rachada em uma lateral, revelando um dos olhos agora vermelhos, sorriu. — No purgatório, que você mesmo citou, eu aprendi alguns segredos que estão ocultos neste mundo. Mas, você escolheu não viver para ver o novo mundo. Por isso, desapareceça com o antigo. - Onde seu corpo estava, um vórtice distorceu o espaço, rasgando e desfazendo os restos mortais do Tsuchikage.

Caído sob um dos joelhos, o homem arfou. Mesmo tendo se precavido, acabou subestimando seu adversário, e estava pagando o preço. Suas vestes estavam queimadas, e sua máscara quebrada. Mas sua missão estava cumprida; a porta estava começando a se abrir.

Considerações: