— Que chato. — suspirou assim que colocou os pés para fora da academia.

Era oficial: finalmente Uzumaki Date havia se tornado um genin de Sunagakure. E aquilo não significava absolutamente nada. A surra que tomou da examinadora junto dos demais garotos não passou de uma provação de que para alcançar o mundo de liberdade que deseja, ainda haveriam muitas quedas antes do triunfo. Ainda assim, Date tentou elevar seu espírito, encarou o céu de sol escaldante e apertou a bandana contra sua mão, fazendo-a tilintar contra os pregos que faziam a placa de metal ficar fixa à parte têxtil.

Apesar de todo esse conflito interno, a parte mais difícil seria chegar em casa e mostrar para seus pais sua mais nova aquisição.

Date caminhou o percurso inteiro pensando na maneira menos brusca de dar aquela notícia. Para sua família, ríspida com os costumes que criaram e orgulhosa pela fortuna que construíram, abrir mão de tudo isso para se tornar um ninja era mero capricho do caçula; para ele, aquilo era tudo. Apreensivo, mordia os lábios e tamborilava os dedos nas coxas, nervoso como nunca havia se visto antes. Tocou a maçaneta e foi como se um raio tivesse passado por seu corpo.

— Estou em casa. — anunciou sem carga alguma na voz, como sempre.

A bandana da areia, escondida no bolso do casaco, pesava uma tonelada, e a família reunida na sala de estar não fazia com que a situação melhorasse; só piorava. Himawari, a mãe do rapaz, escrevia uma carta à mão na mesa central; a primogênita, Yumi, fazia a contabilidade da semana, próximo à matriarca, enquanto Yamato e Hideyoshi, respectivamente pai e irmão, jogavam uma partida de shogi. A entrada do caçula da família fez todos se desconcentrarem por apenas um segundo, antes de retornarem a seus afazeres uma vez mais. Date ficou mais um tempo parado na entrada da porta, baixou a cabeça e pressionou os dedos contra a bandana dentro do casaco.

— Eu consegui. — falou com a voz trêmula. — Eu me tornei um ninja da areia.

— Pare de besteira, Date. Você não é como seus antepassados! Os tempos são outros!— disparou Yamato, desfazendo do rapaz. — O clã Uzumaki da Areia é um clã de comerciantes e é isso que você deveria estar estudando para ser... Não um ninja vagabundo.

— Contenha-se, Yamato. — disparou Himawari, complacente. — Date é apenas um garoto, ele ainda vai entender que um dia seu caminho é dentro dos negócios.

— Não, mãe... pai... — balbuciou o rapaz retirando a bandana do bolso do casaco. — Eu não sou um comerciante, e meu lugar não é nos negócios. Meu lugar é onde eu bem entender, e pelo que eu consigo ver, é bem longe daqui. — uma lágrima escorreu do olho direito de Date, que apertou a bandana ainda mais forte e exibiu para seus parentes. — Eu não tô nem aí pra clã Uzumaki, me chamem de vagabundo, de desertor... eu não piso mais nesse lugar.

Date correu para seus aposentos, lugar onde preparou duas mochilas com as roupas que mais gostava. Aproveitou para trocar suas vestes sujas por novas roupas, um macacão simples de cor avermelhada que cobria o corpo inteiro. Quando retornou à sala de estar, a família ainda incrédula parecia um grupo de estátuas observando o jovem rapaz descer as escadas.

— Não que eu não reconheça vocês... disse virado de costas, tocando a maçaneta. Por um instante, sua mão deixou a peça metálica e atou a bandana da areia em sua testa, deixando o pano extra tremular por um momento assim que abriu a porta. — Mas a partir de hoje, vocês me conhecem apenas como Date.

240/240 240/240; 0/3

Considerações:

Bolsa de Armas: