I




　Não era relativamente uma tarefa difícil deixar Saito minimamente animado, mas se tinha algo que o deixava feliz de fato, esse algo com certeza poderia ser resumido a aprender uma técnica nova. Tal qual o céu se tornava mais escuro com o cair da noite e o vazio deixado pela lua adormecida no solo – ou pontuando melhor, perdida nele – fazia os que fitavam o firmamento a procura da mesma lembrar-se do que havia ocorrido dias atrás, ao passo que podia-se contemplar vagando por entre a vegetação da densa floresta nos contornos da Folha a figura do rapaz carregando em sua destra um pergaminho. Naquela hora da noite, antes de se dispor a jantar como era de se esperar, Saito dirigiu-se para o campo de treinos onde habitualmente se fazia possível encontra-lo, pronto para dedicar-se a assimilar e dominar uma nova técnica. Em punho, continha todas as informações acerca de uma ilusão criada para confundir a mente de quem fosse afetado de modo que sua visão se tornasse turva e desfocada e ainda houvesse a sensação de estar afundando em uma espécie de areia movediça que de certo modo mantivesse seus movimentos restritos ou drasticamente limitados.

　　Era facilmente alojável dentre as técnicas de ilusionismo e enganação que formavam o arsenal de Saito. Apesar de não obter qualquer destaque no uso de ninjutsus por conta de sua completa inabilidade de desenvolve-los, mesmo dispondo de um intelecto relativamente avançado, possuía em suas capacitações a arte do genjutsu, sendo proficiente no uso e criação de técnicas de tal vertente shinobi. É fato que as técnicas de ilusão eram a assinatura do rapaz, ao passo que o uso de espadas juntamente com sua velocidade monstruosa casavam bem como meio de suplementar as peripécias delirantes de suas técnicas ofensivas que visavam afetar a mente de seus alvos. Com isso em mente, não havia meio melhor de se tornar mais forte do que focando naquilo que já vinha se destacando.

　　O jovem rapaz se dispôs enfim no local onde iniciaria sua jornada em busca de dominar a nova habilidade. Sentou-se antes de mais nada no solo de grama mais rala que o campo amplo onde se encontrava disponibilizava. Sua destra foi a responsável por deleitar o pergaminho no solo e também por abri-lo ali mesmo. Seus olhos rolavam de ponta a ponta nas escrituras em busca de absorver o máximo que fosse possível e logo de primeira acertar no que era de seu objetivo: Dominar a técnica. Todavia, ainda que confiante e detentor de conhecimento acerca de suas habilidades e capacitações, era fato que manter suas expectativas devidamente controladas e focar em abusar do processo eram coisas muito mais importantes.

　　A contragosto, ainda tinha um fator importante quase que como uma lacuna para preencher. Mesmo possuindo o conhecimento acerca da técnica e de como utiliza-la, precisaria de um alvo no qual experimentar a mesma. Tinha em mente a pessoa certa. Há algum tempo vinha se engalfinhando com o dono de uma mercearia que tratava mal seus clientes e elevava o preço de tudo em seu poder caso não fosse com a cara de seus credores. Com o alvo em mente, Saito encaminhou-se até o lugar e encontrou o tal dono fechando o lugar. Realizou então os selos que se faziam necessários e lançou contra seu alvo a técnica que acreditava ter dominado, e mostrou estar certo em ter tal ideia. O sujeito ficou paralisado e parecia alucinar, questionando a todo momento quem estaria ali. No fim das contas, sem ter mais porquê torturar o homem, Saito saiu do campo de visão e com a distância máxima deu fim ao uso da técnica, evadindo do lugar satisfeito com o dia que havia tido.