O clima vinha oscilando no vilarejo. Ora chovia como no inverno mais torrencial pelo qual já passaram os aldeões da Folha, ora escaldavam debaixo do gigante brilhante que lhes agraciava com a divina luz quente durante boa parte do dia. Para o bem ou para o mal, naquela manhã em si, na qual haveria de acontecer um encontro especial no topo de um dos prédios disposto no centro da aldeia, nem estava quente e nem chovia. O clima ameno das nove da manhã daquele sexto dia da semana se dava pelo simples fato de diversas nuvens colossais terem se instaurado pela grande maioria do vasto firmamento, deixando poucos espaços para o Sol conceder seu resplendor. A brisa que pairava e se envolvia em uma dança com as tantas folhas dispostas nas arvores espalhadas pela vila auxiliavam na climatização do ambiente. Saito estava trajando suas vestes padrões de um shinobi da Folha, sendo esta; uma camisa de mangas compridas de tom azul escuro com calças da mesma cor, sandálias padrão e o colete da elite. Em suas orelhas os brincos esféricos tão característicos e em sua testa as ataduras cobrindo a tatuagem.

Já havia algum tempo que o jovem Uchiha vinha tirando certa parcela de seu tempo para observar o andamento da evolução de alguns genin recém formados na academia. O objetivo disso era simples, encontrar alguém com as mesmas dificuldades que as suas quando mais novo para ajudar como um dia Kayoshi o ajudou. Apesar da maldição de ódio e do desejo constante por poder, Saito sentia que possuía uma dívida vital com o universo pois este o presenteou com alguém para lhe ajudar no momento de maior dificuldade. Não poderia deixar de fazer o mesmo. Esteja onde estiver, sensei. Pensava consigo mesmo. Suas observações o levaram até uma kunoichi em treinamento do clã Hyūga que possuía proficiência no combate corporal, mas pouca ou nenhuma resistência para tal. Aquela chamou sua atenção e para completar, ambos possuíam os olhos que descendiam dos deuses antigos. Era uma boa junção. O jovem marcou um encontro mediante aprovação de seus superiores para dar inicio a um acompanhamento, um mestrado. Iria auxiliar a garota Aiko no que precisasse e estaria presente quando a mesma realizasse suas conquistas. Do alto do prédio no horário marcado, aguardava.

Era esperada ali, mas parecia e transparecia em suas palavras que nem ao menos detinha conhecimento daquele encontro. Malditos. Praguejou mentalmente e de forma bem humorada contra aqueles que solicitou que avisassem a jovem Hyuga do desejo de Saito por encontrar a mesma e dar inicio a um treinamento, caso a menina estivesse de acordo. A realidade era única e inteiramente uma: o Uchiha estava ali para vê-la. Todavia, dizer com estas palavras estava fora de cogitação. Seu carisma não era avantajado atoa, tinha certo tato quando o assunto era lidar com pessoas, completamente alheio aos seus mais variados tipos, afinal, a mão é apenas uma, mas cada dedo possui suas características próprias e se curvam ao seu bel prazer.

— Na verdade eu vim aqui por quê gosto da paisagem — Respondeu com certa inverdade pois tinha em mente se fazer necessário certa teatralidade se fosse de seu desejo - e de fato era - treinar Aiko — E você, veio aqui para encontrar alguém? — Sua réplica encontrava o seu fim com uma pergunta relativa. Mesmo que a garota tivesse deixado claro que não tinha a menor ideia acerca daquela reunião marcada com antecedência, poderia ser o caso de ter se dirigido até ali com um objetivo minimamente parecido com o de Saito. A verdade é que como um Uchiha assolado pela maldição do ódio, o jovem rapaz detinha um desejo insaciável por adquirir poder para um fim completamente especifico: proteger a aldeia.

O sujeito se aproximou da menina com um sorriso amistoso que se estendia o suficiente para suas bochechas redondas fecharem indiferentes os seus olhos. Havia uma plataforma suspensa que contava ainda com uma cobertura feita de telhas de cor alaranjada que concediam certo tom arrojado a toda aquela construção arcaica. Saito sentou-se à borda e de maneira simpática efetuou três tapas singelos no que havia tomado como seu assento, oferecendo aquele lugar ao seu lado para a Hyuga que poderia ou não sentar-se — Daqui eu consigo ter uma visão muito boa dos rostos dos nossos antigos líderes esculpidos na rocha — Seus olhos abertos fitavam o horizonte onde a antiga escultura se erguia enquanto comentava despretensiosamente com sua futura aluna.