Uma minuciosa investigação levou a dupla improvisada direto para o covil maltrapilho escondido entre as tantas moradias da aldeia. Infelizmente comum, o assassinato de um fazendeiro relativamente importante no vilarejo - por ser o principal fornecedor de especiarias para os mercadores locais - demandou muito mais esforços para ser solucionado do que era de se esperar. Tal fator foi o que levou os responsáveis por atribuir tarefas aos shinobi a convocaram dois membros de diferentes corporações da Folha para encontrar o assassino contratado, do qual já tinham as devidas informações acerca da localização, e extrair do mesmo quaisquer dados que levassem até o mandante.

O clima era relativamente ameno naquele inicio de noite, pendendo um tanto quanto mais para o frio expressivo do inverno. Os últimos fulgores do sol haviam cessado instantes antes de verem-se os dois naquela situação. A entrada do porão do assassino já havia sido identificada por um ninja proficiente na arte de sensoriamento. Saito se propôs a averiguar todo o ambiente de longe com seus olhos avermelhados em uso - como habitualmente o fazia - enquanto deixaria a encargo de seu atual companheiro decidir a forma como agiriam. Ambos ali eram dotados de um intelecto avantajado e relativamente superior quando comparados à grande maioria dos shinobi e não havia qualquer motivo plausível ou não para entrarem em conflito quanto as decisões.

O Uchiha se posicionou sobre o parapeito metálico de um prédio nas proximidades, de onde teria visão clara acerca da entrada do esconderijo. Com a destra tateou o comunicador alocado em seu pescoço que o permitia se comunicar com Tengoku — Estou aguardando o comando — Seu anuncio se dava em meio a um tom amigável e sereno, ainda que carregado de seriedade. Em sua mente, renderiam o sujeito e ali mesmo em suas imediações efetuariam um interrogatório nada benevolente. Fosse por meio de uma tortura física ou até mesmo mediante o uso de técnicas ilusórias que poderiam causar efeitos inimagináveis na mente de seu alvo, o fato é que estavam ali para obter uma delação mais do que premiada. O alto escalão já possuía suas devidas suspeitas, mas sabendo do paradeiro do carrasco apenas precisavam extrair dele o nome de seu financiador.

Para o bem ou para o mal, o local onde vinha se mantendo o dito assassino possuía uma misera entrada. Entretanto, por meio de experiências anteriores e estudos realizados, os quais o levaram a uma ascensão no que concerne a súbita subida de patentes dentro da policia militar da folha, Saito foi levado a crer que muito provavelmente não seria a única saída. Concomitante a todo o seu jogo de analises e possibilidades em busca de uma forma que fosse sucinta e livre de riscos para agir, obteve total autoridade para fazê-lo primeiro. Seu foco agora estava completamente inclinado única e inteiramente a identificar qual seria a rota de fuga adotada pelo alvo.

— Acho que nosso alvo não tá esperando nenhuma visita — Indagou enquanto se colocava de pé e direcionava o olhar cintilante para o do ANBU, agora mais próximo — Talvez bater na porta seja uma ideia ruim — A destra do ainda chunin tateou a borda do parapeito e serviu de apoio para o corpo em um movimento simples de lançar-se contra o solo. Enquanto despencava desinibido e alheio à gravidade, girou o tronco em seu próprio eixo e pousou no chão como uma pluma ao flexionar os joelhos corretamente, evitando um rompimento inoportuno em seus ligamentos. Passos curtos e relativamente carregados de autoconfiança guiavam-no até a entrada, enquanto suas mãos eram levadas à frente do tórax numa dança bem orquestrada que antecedia uma de suas técnicas ilusórias.

Seu chakra iria então se expandir indiferente à porta que o separava do interior daquele âmbito e de seu morador. Seu controle sobre a arte de técnicas ilusórias o permitiria excluir completamente de seu foco o companheiro a quem chamavam de Tengoku, mas não qualquer outro em seu alcance. O objetivo era única e inteiramente o de perturbar os sentidos e a percepção de seu alvo de modo que o mesmo sofresse com o efeito de ter sua visão completamente prejudicada, vendo tudo ao seu redor embaçar-se plenamente e de maneira frenética. Não obstante, sofreria ainda com a sensação de estar afundando-se em um solo feito de areia movediça. Saito sabia que estava ali, restava apenas rende-lo e tendo agora reprimido todos os seus movimentos, bastava entrar — Você trouxe a chave? — A questão era completamente retórica e carregava um humor ácido, mas era amigável.

Ambos ali eram, ao menos agora, dois shinobi da majestosa aldeia da folha e mesmo assim nunca haviam trabalhado juntos antes. Eles foram escolhidos pelos anciões da aldeia para realizar aquela tarefa, na qual precisariam extrair o alvo obter informações do mesmo acerca do mandante de seus crimes. Saito, como membro da polícia, já havia passado por muitas missões de interrogatório e era especialista em técnicas de tal vertente. Ele sabia como abordar um suspeito e extrair informações sem usar violência física, mesmo que de certo modo, abusasse da mental. Mesmo assim, Saito sabia que a falta de experiência em trabalhar juntos poderia ser um problema. Ele esperava que Tengoku pudesse contribuir com suas habilidades únicas, mas também sabia que precisava garantir que ambos estivessem na mesma página para realizar a missão com sucesso.

Saito havia feito uso de suas habilidades especiais para restringir os movimentos do assassino ainda do lado de fora, mas agora a dupla precisava encontrar uma maneira de entrar na casa. Tengoku, o ANBU, parecia dotado de certa paciência e grande parcela de confiança, seus olhos percorriam o exterior da casa em busca de uma solução rápida. Foi então que seu olhar se fixou em um grupo de barris perto da entrada, contendo líquido inflamável. Os olhos de Tengoku brilharam com excitação diante da ideia de explodir a entrada e entrar na casa à força. Enquanto o sujeito expressava seus pensamentos, Saito sorriu e então com uma voz calma e ponderada se pronunciou — Tudo bem, tudo bem. Tenha calma. Deve haver outras maneiras de entrar sem precisar destruir a entrada e quem sabe metade da viela — Colocando a mão no ombro do outro homem em um gesto de tranquilidade, deu continuidade a sua linha de raciocínios, ciente de que no interior ainda estava rendido o alvo.

Saito franziu a testa, pensando nas possibilidades de como abrir a porta sem causar danos desnecessários. Ele ponderou várias opções, mas todas pareciam arriscadas demais. Talvez tentar uma abertura silenciosa usando suas habilidades de arrombamento, mas o tempo era um fator limitante e nem mesmo era tão bom nisso. Poderiam tentar encontrar uma chave sobressalente em algum lugar próximo, mas era improvável que o assassino guardasse algo assim em um lugar tão óbvio. Talvez uma pequena explosão pudesse ser controlada e não causar muito estrago, mas a viela estreita e cheia de casas próximas tornava isso uma ideia muito arriscada. O Uchiha suspirou e sorriu, sabendo que não havia uma maneira simples de fazer aquilo. Ele virou-se de costas e começou a caminhar alguns passos, mas então parou de repente e se virou para Tengoku — Quer saber? Explode essa merda aí e vamos torcer pro alvo não morrer no processo. Depois disso a gente leva ele pra alguém mais interessado em extrair as informações e conclui nossa parte no trabalho.