Já era bem tarde da noite, mas o Uchiha não estava em sua casa, como de costume. Passava as noites no campo da pedra memorial da Folha, onde costumava ficar observando o nome de seu antigo mestre talhado ali, dado como desaparecido; um mero eufemismo para manter as aparências e cobrir o que realmente aconteceu; uma deserção. Sentado sob o galho de uma árvore, recordava-se dos dias que passaram juntos, e de tudo que havia aprendido. Um misto de tristeza e raiva brotavam no peito do Genin toda vez que vinha até aquele lugar. Mas era sua maneira de tentar encontrar algum sentido em tudo que havia acontecido.

Mas, por mais que quisesse ficar ali sozinho, sabia que tinha uma longa caminhada à sua frente, e que para ela precisava estar pronto. Se quisesse se acertar com seu antigo mestre, e encontrar sua amiga, sabia que precisava encontrar um meio de se tornar mais forte, e precisava ser um ninja melhor. Desceu da árvore onde estava sentado, e fez seu caminho por entre as árvores, adentrando a floresta que rodeava a Folha, sozinho. Com suas mãos no bolso, caminhava sutilmente, com uma trilha em mente; o caminho que vez uma vez com seu antigo mestre, muito tempo atrás.

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O som do vento batendo nas árvores fazia aquela noite ainda mais nostálgica. Muitos anos atrás, o rapaz havia feito aquele mesmo percurso ao lado de Kenshi, seu antigo mestre, numa noite muito parecida com aquela. Não precisava fazer muita força para se lembrar do caminho que deveria seguir; uma trilha escondida, que só alguns poucos ninjas da Folha seriam capaz de encontrar e seguir. Cruzou aquele caminho relembrando a primeira vez que o fez, e o quão confuso estava naquela noite. Seu mestre havia o chamado e dito para seguir com ele, sem falar mais mais nada, nem sequer explicar para onde estavam indo.

Não demorou para que chegasse ao local que procurava; uma grande e antiga árvore, conhecida como a maior na Folha. Seu tronco era o mais largo da floresta, e algumas pessoas consideravam aquele local quase como um ponto turístico. Contornou o tronco da grande árvore, exatamente como seu mestre fez no passado, até que encontrou uma pequena abertura atrás.

"Cinquenta passos em torno do tronco, vindo do lado esquerdo. Embaixo dos arbustos crescidos, no canto inferior esquerdo, próximo do chão. No interior, na parte superior, está escondido o tesouro" - Relemebrou as palavras de Kenshi em sua mente por um momento, enquanto seguia os movimentos e passos descritos por ele.

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Sua mão passou pela pequena fenda na árvore, escondida debaixo de alguns arbustos grandes. Assim que entrou no buraco do tronco da árvore, moveu sua mão para cima, e finalmente encontrou o que procurava. Agarrou a base do objeto e puxou-o para baixo, arrancando-o do meio dos arbustos. Do meio das folhas, se revelou o objetivo do rapaz; um grande pergaminho lacrado. Em cima do lacre que mantinha o pergaminho enrolado, os mesmos dizeres que o rapaz viu ali anos antes.

"Gama" - Leu mentalmente.

Por um momento, fechou seus olhos, ainda segurando o grande pergaminhos em suas mãos, e relembrou do dia em que o viu pela primeira vez. Seu mestre manteve segredo sobre o que iam fazer ali durante todo o trajeto, mas assim que surgiu com o pergaminho em mãos para fora do arbusto, olhou na direção do rapaz com um sorriso no rosto.

- Esse é um dos grandes tesouros ocultos da Folha, garoto. O nome de todos aqueles que estão escritos aqui, são as assinaturas dos jurados guardiões da Folha, pessoas dedicadas à viver para proteger este local e seus sonhos, mesmo que lhes custe a vida. Este pergaminho é o selo de um poder imensurável, e um dia, será seu nome escrito nele, Squall.

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"Os guardiões da Folha, aqueles que protegem e lutam com suas vidas e tudo que tem para proteger esta vila e seus companheiros. Estas são as pessoas dignas de receberem este contrato" - Relembrou as palavras de seu mestre em sua mente, de olhos fechados.

Era quase algo engraçado, se não fosse tão triste, como alguém falava tanto em defender aquele lugar, e poucos anos depois se viraria contra sua terra e discípulo tão facilmente, levantando sua mão contra ele e depois apenas indo embora. Abriu seus olhos e cautelosamente arrancou o pequeno lacre sobre o fim do papiro do pergaminho, abrindo-o. Desenrolou-o logo à sua frente aos poucos, enquanto os flashbacks corriam em sua mente como um filme. A cena de seu mestre, de pé, bem ali em seu lugar, era vívida demais, quase como se não fosse somente uma lembrança.

"Um contrato de invocação. Um trato assinado com sangue, entre um Shinobi e uma espécie de animal de combate, treinados para lutar e seguir o comando daqueles que o conjuraram. Através do chakra e do sangue, você consegue transportar um animal para qualquer lugar, realizando a Técnica de invocação" - Ouviu seu mestre lendo, como se fosse ali pessoalmente.

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Dentro do pergaminho, vários Kanjis descreviam nomes e descrições de animais guerreiros, conjurados através do sangue do contratante que assinasse aquele pergaminho. Do mesmo modo que seu mestre, alguns anos antes, o rapaz tirou sua luva da mão direita e mordiscou a ponta do polegar direito, abrindo um pequeno corte, apenas o suficiente para que um pouco de sangue escorresse para fora. Molhou a ponto de cada um dos cinco dedos, lembrando como Kenshi havia feito em sua frente, e tocou a ponta de todos seus dedos simultaneamente no rodapé do espaço em branco do pergaminho, firmando sua identidade diante do pacto. Logo acima, na fileira vertical em branco, com o mesmo sangue, o rapaz escreveu seu nome completo, identificando-se como novo contratante e invocador daquela espécie.

"Através do sangue, nos ligamos com os animais através de um pacto, uma aliança. Isso não quer dizer exatamente que serão seus amigos, ou que lhe obedecerão, mas que você tem um tratado com eles firmado em sangue, ou seja, que sua vida é ligada à deles. Depois disso, você precisará entrar em contato com cada um dos animais da espécie. Geralmente fazemos isso invocando cada um deles, e para isso, basta medir a quantia de chakra que irá usar na invocação".

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Um pouco do sangue proveniente do corte de antes ainda escorria pela pequena abertura na carne do polegar direito do rapaz. Terminada a assinatura no papiro do pergaminho e relembrada a explicação de seu mestre, o rapaz fechou o rolo e novamente o devolveu ao local de onde o havia retirado; do interior do tronco da árvore mais antiga da Folha, local de proteção daquele pacto. Tirou sua luva da mão esquerda, e mordeu o polegar desta mão também, deixando um pouquinho de sangue escorrer para fora da ferida desta mão também, e então fechou seus olhos e levantou seu rosto.

"Javali, Cão, Pássaro, Macaco e Carneiro" - Repetiu mentalmente os selos, enquanto suas mãos se moviam junto, realizando a sequência, exatamente como viu seu tutor fazendo tempos atrás.

Terminados os selos, o Uchiha passou a ponta do polegar esquerdo sangrando na palma da mão direita, manchando-a com o seu sangue, e então levou a palma até o chão, batendo contra ele. Assim que o tocou, algumas marcações pretas surgiram em todo o derredor da mão do ninja, marcando o cão em formas de círculos e palavras espalhadas em todos os sentidos.

- Jutsu de Invocação - Falou, concluindo a técnica.

Uma grande fumaça branca cobriu o local, impedindo qualquer coisa de ser vista.

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Todo o arredor do rapaz ficou cercado de uma grande fumaça branca, impedindo a visão de qualquer coisa. O primeiro sinal de que algo estava errado foi o fato do relevo embaixo de sua mão estar diferente. Não era a mesma grama baixa que estava tocando na floresta; conseguia sentir sua mão tocando grama lata, que ia quase à altura de sua cintura. Levantou-se da posição agachada que estava para alcançar a mão no chão, e balançou as mãos em volta do seu rosto para dissipar um pouco da fumaça.

"Que lugar é esse?" - Se perguntou, sentindo até mesmo o clima e o ar em sua volta diferentes do que estavam antes.

De algum jeito, não estava mais na floresta da Folha. Quando finalmente a fumaça começou a se dissipar, o rapaz foi pego de surpresa, levando um susto. De fato, não estava mais na Folha, mas sequer fazia ideia de onde podia estar. Viu várias estátuas de sapos espalhadas, pequenas cachoeiras e formações de um líquido estranho, de coloração marrom. Vários tipos de insetos super crescidos andavam de um lado para outro, mas não havia sinal de nada que pudesse explicar onde estava. Foi quando ouviu um estrondo muito alto perto de si, em direção às suas costas que se virou correndo.

- Quem diabos é você, humano?

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Era inacreditável o que os olhos de Uchiha estavam contemplando. Eles se arregalaram por um minuto, perplexo. Já havia visto muitas coisas em sua vida, coisas difíceis de acreditar, mas aquilo estava longe de qualquer uma delas; alguns metros atrás de si estava parada, literalmente, um sapo gigante, que estava o encarando e até FALANDO com ele. O anfíbio tinha em sua boca um estranho tipo de cachimbo que era compatível com seu tamanho.

"Colossal" - Pensou, olhando para aquilo.

Em suas costas, uma bainha com espada dentro era visível, e só o tamanho daquilo era o bastante para desintegrar o Genin facilmente. Ele engoliu seco por um momento, vendo que o sapo o encarava diretamente, e que a pergunta anterior era para ele. Fechou seu semblante logo em seguida, mas ainda com medo, e tratou de responder.

- Sou Squall, um ninja da Folha.
- Ninja? Você mais parece um pirralho. Me poupe dessas baboseiras garoto, eu não tenho tempo para isso. Como veio parar aqui? E o que diabos veio fazer aqui em nossa terra?

Pela resposta do maior, era claro para Squall que estava bem longe da Folha. Só restava descobrir onde e como voltar. E como raios veio parar ali?

- Eu assinei um contrato com os sapos e usei a técnica de invocação. De repente, estava bem aqui.

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Por alguns momentos, o sapo de grande porte não fez nada senão observar em silêncio o garoto, como se estivesse o estudando. As palavras ditas por Squall lhe trouxeram este silêncio. Deu uma longa tragada em seu cachimbo, deixando a fumaça escapar pelo canto de sua boca úmida, cobrindo a área acima dele, quase como uma nuvem, tamanha a quantidade de fumo ingerido. Seus olhos se esgueiraram depois de um tempo, fica semicerrados, e seu olhar parecia penetrar a alma do Genin.

- Quer dizer que você assinou o contrato, criança? E com a instrução de quem? Quem foi que lhe confiou o segredo do pacto?

O olhar do Genin baixou por um instante, e seu silêncio falou por si. Queria evitar ao máximo sequer citar aquele nome, mas sabia que momentos como esse chegariam. Suspirou fundo, fechando os olhos por um breve momento, e então soltou o fardo interno.

- Kenshi, meu antigo mestre - Ele falou, voltando à encarar o sapo gigante.
- Hmm. Antigo mestre? - Questionou.
- Ele desertou de Konoha.

Os olhos do sapo se fecharam ainda mais um pouco, quase por completo. Ele parecia muito irritado com a alegação. Talvez por não ter ouvido nada sobre aquilo antes, ou por qualquer que fosse o motivo; o fato era que seu incômodo era notável.

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O olhar do anfíbio gigante parecia claramente incomodado, e ao passo que ele deu uma última tragada em seu cachimbo, se afastou um pouco para trás, voltando à postura e olhar normal anteriores.

- Escute bem, seu fedelho. Nosso poder não deve ser subestimado. Não é porque você assinou o pacto que seremos amigos. Se quiser nosso poder, nem todos irão lhe dar ele assim tão facilmente. Se quiser, terá que conquistá-lo, um à um. E lhe garanto, moleque; não vai querer cruzar meu caminho para me desafiar, então fique atento. Para voltar para casa, basta fazer a técnica de invocação novamente. E lembre-se; um dia, você verá o Kenshi de novo. Esteja pronto; vai precisar - Disse o grandão, antes de saltar de novo para longe; MUITO longe dali.

O Uchiha levantou seu rosto, ainda olhando em volta vez ou outra para admirar o local estranho onde estava, por mais estranho que fosse. Juntou suas mãos logo à frente de seu peito, e realizou rapidamente a sequência de selos de mão para a realização da técnica, e bateu a palma da mão no chão assim que terminou. As mesmas marcações pretas se espalharam em volta do local, e uma fumaça branca cobriu o local outra vez. Quando se deu por conta, estava mais uma vez na Folha. Assegurando-se de que o pergaminho estava no devido local, caminhou de volta pela trilha por onde veio para fora dali, indo em direção à sua casa.

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