Nessa época, eu tinha  por volta dos  9 anos quando comecei  a receber treinamentos mais intensos dentro de casa, em meio a rotina corrida que meu pai tinha e as minhas obrigações na academia ninja. Nosso tempo interagindo era um motivo de grande ansiedade de minha parte pois desde muito cedo tive grandes sonhos que hoje penso que talvez sejam fruto de uma genuína admiração tanto pelo meu pai como também pelos anciões de meu clã ao qual tive contato tanto em minha viagem, como também quando comecei a aprender mais sobre a história de nosso clã e a minha linhagem.

Passar por estas experiências desde muito cedo atiçaram a minha curiosidade e ainda que eu nunca tenha perdido minha própria expressão em minha vaidade, nunca foi obstáculo para que eu alcançasse meus objetivos de curto prazo e me orgulho muito disso. Nossa casa não era muito grande, pode se dizer que muito mais por uma preferência de meus pais do que por falta de dinheiro ou influência, uma vez que ambos tinham uma boa renda e poderiam trazer não só conforto como oportunidades que me ajudaram a me destacar ao treinar com pessoas mais experientes mesmo enquanto meu pai estava fora da vila em missões que poderiam proteger a nós.

Em um dos dias, paralelamente ao meu treinamento com a própria habilidade de meu clã,  por ter me interessado em seguir o caminho da espada, passei a acompanha-lo para um dos dojos de treinamento ao qual de forma colaborativa os membros mais velhos do clã mantinham a estrutura para que mais novos pudessem aprender, me lembro vividamente sempre que penso em um bom lugar para treinar desse espaço, por mais que ultimamente eu tenha preferido aprender a lidar melhor com a natureza volátil de nossa vila para simulações de combates mais reais.

No local haviam diferentes tipos de armas como Kunais, Shurikens e Fuuma Shurikens, além de armas como lanças, alabardas e diferentes tipos de espada. Talvez por aptidão natural, por desejo de grandeza ou por algo que eu não sabia explicar, logo me interessei em espadas de maior porte mas, estava claro que eu ainda não teria a força ou o treinamento o suficiente para sequer erguê-las, quiça usá-las em combate.

Era uma manhã tranquila,  haviam poucas pessoas jovens como eu de nosso clã presentes, algo que era muito bom se eu queria ter mais espaço e conversar de forma mais tranquila sem ter que levantar muito a voz ou forçar a garganta. Curiosa, logo comentei -  Pai, hoje iremos treinar com aquilo? Comentei apontando para as armas, por ter me saído bem em meus treinos de ninjutsu e por não demonstrar aptidão em genjutsu que justificasse eu treinar mais do que  o básico, o treino físico passou a ser algo lógico a se pensar e enquanto me perdi em meus pensamentos senti sua mão repousar sobre a minha cabeça.  - Sim mas, apenas se você tiver genuíno interesse, é importante a um ninja ter bons fundamentos mas nem sempre flexibilidade é poder e acima do talento natural, vem a vontade.- Eu não entendi por completo o que ele queria dizer com aquilo na época mas hoje entendo que sem interesse eu não me dedicaria a aquilo.

Sorri e comentei - Sim! Quero aprender como lutar com uma espada! E vendo o meu entusiasmo o vi caminhar, eram passos em pressa que o levaram a até o balcão onde haviam algumas espadas de treino, era um material  entrelaçado por algo que se assemelhava a bambu, devidamente dividido em seguimentos que diminuiam sua dureza mas não a resistência, por entre os espaços que existiam naquele emaranhado, havia também um espaço para que fossem adicionados elementos que dariam uma boa sensação do peso de uma espada real, fruto de um artesão muito dedicado.

O vi retornando com duas, uma que tinha um tamanho similar a uma Katana e a que o próprio segurava que mais se assimilou a uma espada bastarda, ainda que ambas fossem feitas do mesmo material e estrutura, fundamentalmente seus formatos replicavam armas de treino diferentes, em sua empunhadura o vi usar apenas uma mão, enquanto a outra mostrou-se livre como em uma plena demonstração de seu próprio estilo de combater

 Tive o beneficio da iniciativa mas, minha empunhadura ainda era muito errada, meu pulso estava  posicionado de maneira ao qual eu poderia fácilmente me lesionar e meus movimentos? O mais clássico levantar a arma acima da cabeça para  usar do peso da arma para bater de cima para baixo pareceu ali até mesmo vindo de um livro ao qual eu havia lido de tão fácil de se ler e como se todo o momento estivesse em câmera lenta eu pude ver o sutil movimento de ele apenas saindo da direção de meu ataque e então retornando, fazendo questão de bloquear e me empurrar para trás com um movimento leve e sutil.

Sua postura propositalmente servia pra me dar uma lição onde ouvi - Ataques simples e diretos são dessa forma pois são efetivos mas são previsíveis, um movimento previsível por vezes é pior do que movimento algum. Ele então teria segurado a espada a frente e transformando parcialmente o pulso em água enquanto girou a espada em 360 graus teria demonstrado algo que na época, ainda não havia compreendido totalmente. Nossas habilidades como clã poderiam ser extremamente fluídas...

Boquiaberta e com os olhos cheios de admiração eu sorri, não ter uma resposta tão clara ou direta abria portas e possibilidades muito grandes onde com uma frase simples me abriu um grande horizonte - Nossos corpos são fluídos como a água, flexíveis e maleáveis, nosso poder é maravilhoso defensivamente mas as aplicações para a espionagem, para ataques furtivos e para o combate direto é o motivo pelo qual nossos inimigos nos temem e nossos aliados sentem que podem confiar em nossas forças.

O vi se aproximando de mim e logo entendi que ainda havia muito para que eu pudesse me libertar das amarras da limitação de meu próprio corpo físico afinal, eu não estava presa a uma só forma.