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Os dias passavam vagarosamente desde a morte da nona, eu nunca fui um admirador do seu trabalho, na verdade nunca sequer nos encontramos pessoalmente até o dia do seu assassinato e eu não estava lamentando sua morte, o que me frustrava era minha incapacidade de impedir o invasor de fazer o que fez, quer dizer, era correto chamá-lo assim? Afinal de contas ele é a primeira sombra. - Parece que a folha está fadada a viver esse ciclo. - Era engraçado pensar nisso já que antes da nona tivemos um golpe de estado também envolvendo o Uchiha que agora carregava a besta de três caudas. - Odeio admitir isso, mas entendo o que aquele assassino quis dizer agora. - Shin podia ser um assassino e usurpador, mas agora estando mais calmo eu podia entendê-lo, a folha tinha se tornado fraca e instável com suas constantes trocas de líderes. - Poder nas mãos de um incompetente só gera desgraça, senti isso ao longo do tempo, a vila sempre esteve envolvida em rebeliões por conta de seus lideres. - Comentei comigo mesmo enquanto observava os céus do telhado da minha casa. A atual décima sombra podia ser o mal, mas querendo ou não foi o mal necessário para me fazer enxergar isso.

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Ainda assim mal necessário ou não, isso não significava que eu concordava com sua maneira de fazer as coisas, comandar através do medo não estava correto também, o Hokage deve ser aquele que é aceito pelo povo caso contrário outras rebeliões terão início e esse ciclo se repetirá até o fim dos tempos. Pode me chamar de imaturo se quiser, mas esse era meu motivo para querer derrota-lo e tira-lo do poder, bem ao menos parte dele, porque no fundo eu também possuía um objetivo pessoal e mesquinho. De qualquer forma, a primeira sombra foi o primeiro a me derrotar de forma tão humilhante, minha primeira derrota esmagadora, mesmo que não soubesse na época esse foi o incentivo que eu precisava para galgar degraus ainda mais altos, buscar novas formas de utilizar meus poderes e eu tinha uma vaga ideia de por onde poderia começar.

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Deixando um pouco a reflexão sobre a vila de lado, eu precisava aprimorar minhas habilidades se não quisesse ser um peso morto novamente e isso me levava a uma memória relativamente recente. - Aiko. - A seguidora da divindade de três caudas que eu, Tengoku e Hayao enfrentamos no país dos rios.

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A garota possuía uma habilidade única que nos deu bastante trabalho para lidar, se não fosse pela habilidade de fuinjutsu do nosso companheiro talvez não tivéssemos conseguido derrotá-la. - O Shikigami de papel, parecia uma habilidade ridícula a primeira vista, mas confesso que não acho que teria conseguido derrotá-la sozinho. - Pensei comigo mesmo. Desde aquele dia continuei pensando e procurando a respeito dessa habilidade, minha mãe me contou um pouco que sabia sobre e me encaminhou até um templo nas redondezas do país do fogo onde diziam existir uma antiga usuária dessa técnica.

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Levando apenas a roupa do corpo e algumas poucas ferramentas ninjas me dirigi até o tal templo que se localizava em uma região bem afastada em meio uma densa florestas, seja lá quem fosse a usuária dessa habilidade não parecia que queria receber visitantes. A brisa do vento deixava as árvores sacudirem quase como se tivessem vida e, em determinado ponto comecei a notar algumas linhas amarradas entre as árvores com alguns papéis brancos. - Que sugestivo. - Arqueei uma das sobrancelhas mas continuei mesmo assim.

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Alguns minutos, talvez horas se passaram e então cheguei até o centro do templo, era um local bem aberto e com alguns papéis flutuando sem destino, sua estrutura estava bem acabada e com muitas folhas de árvores mortas espalhadas pelo chão,  era literalmente um lugar morto e abandonado. - O que aconteceu com esse lugar? - Murmurei comigo mesmo. - Nada que interesse a você, criança da folha. Volte se não quiser terminar como essas folhas sem vida.

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Minha chegada ao templo foi recepcionada por uma voz aguda e ameaçadora, olhei em volta por reflexo e notei uma mulher sentada ao pé de um monumento de pedra em ruínas. - Você é quem chamam de demônio branco? - Esse foi o apelido, ou talvez o título, que minha mãe informou. - Huh, faz anos que não escuto esse titulo ridículo. - A silhueta foi se aproximando e revelando uma mulher de longos cabelos lisos brancos, sua pele era tão pálida quanto as folhas de papéis que caíam por toda parte. - Vou ser direto, eu vim aqui porque me disseram que você conhece o segredo por trás da técnica do Shikigami. - Comentei enquanto a olhava dos pés à cabeça com cautela. - E se eu for? - Respondeu de forma presunçosa ao mesmo tempo em que começou a se aproximar da minha posição. - Eu quero que me ensine.

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A mulher misteriosa parou a alguns metros de onde eu estava e… Riu. - Kuahahaha! Faz anos que ninguém vem aqui e quando alguem decidi dar as caras é para me fazer um pedido absurdo desses, Kuahaha! - Não pude deixar de soltar um suspiro profundo. - E por que eu deveria te ensinar qualquer coisa, pirralho? - Seu tom ríspido continuou.

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- Porque eu quero matar o Hokage. - Minha voz soou firme e bem audível, sem deixar qualquer sombra de dúvidas do que havia sido dito. Sua gargalhada cessou e o silêncio tomou conta do ambiente. - Como é? - O semblante do tal demônio mudou e seu deboche deu lugar a uma expressão séria, quase ameaçadora. - Você sabe quem sou, me fez um pedido absurdo diz isso com a cara lavada? Explique-se antes que eu corte sua garganta, garoto. - E após conseguir sua atenção contei a situação atual da vila para a mestra do Shikigami.

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Passei algum tempo explicando a situação para a mulher misteriosa de branco, aparentemente a mesma estava alheia aos assuntos da vila a muito tempo e sequer sabia da queda de Danzo, muito menos que a primeira sombra havia retornado sob um mandato de sangue. - Isso não é possível… - Atordoada com a situação a  temida demônio branco sentou-se. - Pois é a verdade, eu não sei o motivo pelo qual você se isolou aqui, e não estou pedindo para travar nossa batalha, eu apenas estou pedindo que me ensine a habilidade que lhe tornou famosa até nos dias de hoje. - Diante essas palavras o que obtive em resposta foi apenas o seu silêncio.

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- Você sequer sabe o significado dessa técnica? - Foram suas primeiras palavras após alguns minutos de silêncio. - Significado? - Questionei sem entender direito o significado de tal pergunta. - Shikigami no Mai é uma técnica conhecida por poucas pessoas, minha família em específico sempre passou essa habilidade para um grupo seleto de shinobis em Konoha, sempre para aqueles mais leais a vontade do fogo e ao Hokage, mas isso mudou quando fomos praticamente extintos em uma antiga rebelião. - Mais uma vez a história de Konoha parecia estar manchada pelo ciclo de sangue sem fim.

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- Mas você não veio aqui para ouvir histórias de uma velha. Eu jurei que seria a última usuária dessa habilidade em minha linhagem e morreria junto a ela nesse templo de memórias dolorosas, mas se a nova geração está tão desesperada para proteger sua vila ao ponto de recorrer a um fantasma do passado como eu, então tudo bem, criança da folha, eu vou lhe ensinar o que um dia me fez ser conhecida como anjo para alguns e demônio para outros.  - Uma leve brisa de vento agitou as folhas e papéis espalhados pelo templo, de repente o clima mudou, tornou-se mais pesado fazendo-me sentir que deveria me preparar para que estava por vir.

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A situação mudou e o demônio branco começou a me ensinar o segredo por trás da técnica do Shikigami. - Essa técnica consiste em converter seu próprio chakra em origami, o controle de chakra é a chave dessa técnica, pois seus limites são os mesmos da sua imaginação e reservas. - A mulher levantou o braço direito e pequenas folhas de papel começaram a “descolar” do membro, até que sua mão se transformasse em papéis. - Comece com o básico, tente visualizar seu chakra moldando-se em papel, depois imagine e senta seu corpo em harmonia com essa forma. - Era uma explicação abstrata, mas acho que não podia esperar muito de uma habilidade tão singular.

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Sem perder tempo comecei o treinamento, me sentei no chão, cruzei as pernas com os olhos fechados e comecei a me concentrar. Durante meu treinamento em Senjutsu tinha aprendido a manipular meu chakra e uni-lo a energia natural, esse parecia um outro conceito envolvendo transformação do chakra também. Alguns minutos se passaram e a explicação inicial não tinha me ajudado muito, por isso minha mestra temporária continuou tentando dar outros exemplos.

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Após algumas horas praticando os primeiros resultados começaram a aparecer, concentrando e transformando meu chakra fui capaz replicar o exemplo que me foi mostrado mais cedo e minha mão se transformou em papel. - Ótimo, agora tente manipulá-lo, mesmo sendo papel ainda é a sua mão. - E conforme instruído me concentrei nas partículas de chakra presentes no papel, não era exatamente como mexer minha mão mas eu podia entender o porque dessa comparação.

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Passei mais algumas horas praticando o básico da técnica até que tivesse controle o suficiente para praticar sozinho depois. - Você progrediu bem, mas agora o restante do caminho é com você, torne essa habilidade sua e construa seu próprio nome com ela. - Cessei o treinamento e me levantei. - Agradeço o que me ensinou hoje, eu vou continuar o legado que sua família teve nessa vila, eu prometo. - E após me despedir parti do tempo em direção a vila novamente, ainda existiam outros preparativos a serem feitos.